Sally Nixon (@sallustration)
Oito ilustradoras feministas que você gostaria de conhecer no Instagram
Mulheres em situações do cotidiano ou feminismo para millenials. Conheça as artistas que não podem faltar no seu feed
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/29/cultura/1498753060_587159.html
Mulheres lendo,
tomando banho, calçando meias ou untando uma torrada. Meninas em
situações do cotidiano fazem coisas do dia a dia. Sem poses, sem olhar
“para a câmera”. Esta é a premissa da qual partem as ilustrações de Sally Nixon, uma ilustradora
norte-americana que desafiou a si mesma desenhando uma mulher em seu
cotidiano durante os 365 dias do ano. Um projeto com o qual todas as
suas seguidoras (113.000 no Instagram)
podem se identificar. As protagonistas de seus desenhos se distanciam
dos julgamentos aos quais as mulheres são permanentemente submetidas (na
publicidade, por exemplo), mostrando-se naturalmente e sem complexos. É
uma maneira de representá-las que conquistou até mesmo Lena Dunham, que não hesitou em mencioná-la como ilustradora de cabeceira em sua newsletter feminista Lenny Letter. Mulheres sendo simplesmente mulheres, sem poses provocadoras, sorrisos forçados nem hipersexualização. Não pode faltar.
Os
desenhos de Bodil Jane chamarão a sua atenção pelas cores e prenderão
você pelo conteúdo. As plantas, os animais e, sobretudo, as mulheres são
os protagonistas de suas ilustrações. Bodil Jane (Amsterdã)
se formou com todas as honras em desenho há três anos e desde então não
parou de angariar adeptos. Seu trabalho combina técnicas manuais e
digitais para criar um universo próprio cheio de meninas, também em
situações do cotidiano, pintadas de rosa, verde e tons pastel. Uma opção
estética reconhecível, na qual a moda
cumpre um papel importante e que acabou por leva-la a trabalhar com
empresas como Marks and Spencer. Só falta Alessandro Michele conhecer o
seu trabalho para a vermos assinando alguma colaboração com a Gucci.
“Temos consciência de que a palavra feminista tem conotação negativa.
Os mitos existentes em torno do movimento são muito prejudiciais. Não
conta com credibilidade, e só de ouvir a palavra já se ergue uma
barreira invisível que impede de se compreender o discurso de uma
maneira lógica”, afirmam em seu site
María Murnau e Helen Sotillo, criadoras da Feminista Ilustrada. Para
combater os preconceitos, as duas espanholas decidiram aproximar o
feminismo do grande público, de todos aqueles que talvez não façam a
menor ideia do que é essa segunda onda, mas que, graças aos seus
desenhos, aprenderam a captar os micromachismos que nos cercam. Feminismo
para millennials com altas doses de ironia e mensagens muito diretas e
claras. Seus mais de 66.000 seguidores refletem sobre a defasagem
salarial, o manspreading,
a cultura do estupro ou o machismo presente nos brinquedos infantis.
Sem grandes teses e com apenas um golpe de vista. Um perfil muito
necessário, tanto por seu conteúdo quanto pelo seu frescor.
Não se deixe enganar pela aparência. Julie Houts não é apenas mais
uma ilustradora de moda. Durante o dia, ela trabalha desenhando tops e
vestidos para J. Crew. À noite, ironiza sobre o mundo da moda e o
significado de ser mulher no século XXI em seu perfil no Instagram. A
edição norte-americana da Vogue a elegeu como sua “ilustradora favorita” e sua popularidade não para de crescer: 179.000 seguidores no Instagram e a recente publicação de seu livro, Literally Me.
Houts as cria para desenhar meninas com traços perfeitos que falam
sobre muito mais coisas do que moda. A ilustração abaixo sintetiza
perfeitamente a sua postura: “Quando alguém me pergunta se sou
feminista... Que outra porra eu poderia ser?”
Ela criou para empresas como Monki, Nike ou Lacoste, e seus desenhos apareceram, já, nas páginas do The New York Times ou da The New Yorker.
Com apenas 28 anos de idade, esta ilustradora sueca radicada em Londres
já tomou conta de uma boa quantidade de títulos. E ainda consegue tempo
para editar o BBY Magazine,
uma publicação que luta “contra a sexualização das meninas e a
infantilização das mulheres adultas” por meio da arte. “O mundo da arte é
dominado pelos homens. As instituições artísticas são dirigidas por
homens. Continuamos a falar de gênios masculinos. E essas estruturas
precisam mudar”, apregoa em seu site. Por isso, em sua publicação, há
espaço para artistas femininas e queer, e seus próprios desenhos giram
em torno de mulheres empoderadas em tons rosa, vermelho e violeta.
Formas simples e contrastes geométricos contra o machismo.
Suas ilustrações e gifs têm alguma coisa de hipnóticos. Esta artista argentina se inspira na obra de Hockney, Matisse
ou no Grupo de Memphis para criar um universo ultracolorido com um
traço dos anos oitenta. Não faltam referencias maias e astecas e plantas
tropicais, animais exóticos e mulheres, muitas mulheres. “Quero encher o
mundo com mulheres fortes”, diz a ilustradora. Sua obra produz uma imagem das meninas dos dias de hoje (quase sempre em movimento), dançando, tirando um selfie ou dirigindo. Lena Dunham também está de olho nela, que é mais uma artista encarregada de emprestar cores (e traços femininos) à newsletter da polivalente diretora e atriz.
Flavia Álvarez, mais conhecida no universo digital como Flavia
Banana, é o exemplo perfeito de que verdades podem ser ditas com
recursos simples e poucos: branco e preto, traço simples, personagens
sem rostos e mensagens diretas e em letras maiúsculas. Esta catalã, que
desenha sem parar desde criança, mostra, em seu perfil no Instagram (no
qual tem 230.000 followers), que não existe arma mais poderosa do que a
ironia para retratar situações com as quais muita gente se identifica.
Seus desenhos tratam de uma infinidade de assuntos, mas se destacam por
seus personagens femininos. Mulheres que não falam sobre “coisas de
menina”, mas de temas universais. Porque gosta da etiqueta “ilustração
de mulheres” e o demonstra desenhando-as.
“Não preciso saber sua opinião sobre o meu corpo”, “o feminismo é
para todos” ou “todos os tamanhos são válidos” –essas são algumas das
mensagens que, às vezes em espanhol, às vezes em inglês, acompanham as
ilustrações de Daniela Crow ou @danielacutre, que adota esse nome no
Instagram em sua maneira de erguer a voz contra a ditadura da beleza.
“Aos 11 anos, eu ficava traumatizada quando alguém via as minhas pernas
com dois pelinhos quase imperceptíveis, mas que eram pelos, enfim”, conta ela nesse post.
Na adolescência, começou a odiar seu corpo e entrou em depressão, até
que um texto bastante básico sobre feminismo a ajudou a perceber que
existem corpos diferentes e que todas as mulheres têm estrias. Agora,
ela expande essa mensagem para o mundo com frases diretas e traços
coloridos.
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