http://projetodraft.com/em-pernambuco-o-primeiro-conflito-feminino-do-brasil-ainda-reverbera-e-empodera-as-mulheres-de-hoje/
Quando
ouviu pela primeira vez os detalhes da história das bravas guerreiras
de Tejucupapo, dona Luzia Maria da Silva, 70 anos, lutava pela própria
vida. Foi durante a recuperação de uma cirurgia para retirada de um
nódulo no seio que, ainda no hospital, uma acompanhante de outro
paciente contou para ela como mulheres simples do seu vilarejo
expulsaram sozinhas os invasores holandeses, armadas apenas com panelas
de água quente e pimenta e utensílios domésticos. O episódio, no século
17, seria o primeiro relato da participação feminina em um conflito
armado no Brasil.
Luzia guardou aquelas palavras até que a vida a colocou novamente em um campo de batalha. “Fiquei doente novamente e fiz uma promessa a Deus: se eu ficasse boa, ia contar a história dos meus ancestrais”, lembra. Ela montou uma peça sobre a Batalha de Tejucupapo, um ato que foi encenado por mais de 300 moradores durante 22 anos na fazenda Megaó, o palco original do confronto.
“Já fizeram até filme sobre esse teatro, porém paramos de encenar dois anos atrás, por falta de apoio governamental”, conta a guardiã do legado das heroínas de sua terra, que atualmente trabalha para retomar a encenação. “A bravura não está em lutar, mas em enfrentar os problemas”, ensina.
Embora haja poucas referências historiográficas sobre esse ato heroico, o professor de história da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bruno Romero, ressalta o valor cultural da Batalha de Tejucupapo. “É algo que reverbera no empoderamento das mulheres da própria comunidade e de modo geral”, analisa.
Uma das moradoras que participava do teatro de Tejucupapo, Aurenita Bezerra, 64 anos, se orgulha de ser valente como suas ancestrais. Criou oito filhos sozinha, trabalhando como doméstica. “Agora, minha luta é pra me manter e ainda cuidar da tia idosa apenas com o dinheiro do Bolsa Família”, revela.
Outra tejucupapense, Genesilva Maria da Costa, 79 anos, também aprendeu na vida o significado da palavra coragem. “Criei nove filhos com muito sacrifício, trabalhando na roça e pescando de noite para garantir a mistura da comida”, relata. “No meu tempo ninguém estudava; eu ainda aprendi a assinar o meu nome”, completa, dizendo que espera um destino diferente para a neta Adriana Costa, 22 anos.
Luzia guardou aquelas palavras até que a vida a colocou novamente em um campo de batalha. “Fiquei doente novamente e fiz uma promessa a Deus: se eu ficasse boa, ia contar a história dos meus ancestrais”, lembra. Ela montou uma peça sobre a Batalha de Tejucupapo, um ato que foi encenado por mais de 300 moradores durante 22 anos na fazenda Megaó, o palco original do confronto.
“Já fizeram até filme sobre esse teatro, porém paramos de encenar dois anos atrás, por falta de apoio governamental”, conta a guardiã do legado das heroínas de sua terra, que atualmente trabalha para retomar a encenação. “A bravura não está em lutar, mas em enfrentar os problemas”, ensina.
A história de resistência das guerreiras do passado funciona como uma metáfora para as batalhas enfrentadas por Luzia e por tantas outras mulheres de Tejucupapo dos dias atuais. Em Tejucupapo, distrito do município de Goiana, Zona da Mata de Pernambuco, a população carente de cerca de 2 mil habitantes sobrevive basicamente da pesca, mas a degradação ambiental torna a atividade menos rentável a cada ano.É na coragem de personagens como Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Joaquina – líderes da batalha contra os holandeses – que as marias contemporâneas encontram força. Mesmo com o fim do teatro, a memória das guerreiras se mantém presente nas conversas e nos monumentos do vilarejo.
Embora haja poucas referências historiográficas sobre esse ato heroico, o professor de história da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bruno Romero, ressalta o valor cultural da Batalha de Tejucupapo. “É algo que reverbera no empoderamento das mulheres da própria comunidade e de modo geral”, analisa.
Uma das moradoras que participava do teatro de Tejucupapo, Aurenita Bezerra, 64 anos, se orgulha de ser valente como suas ancestrais. Criou oito filhos sozinha, trabalhando como doméstica. “Agora, minha luta é pra me manter e ainda cuidar da tia idosa apenas com o dinheiro do Bolsa Família”, revela.
Outra tejucupapense, Genesilva Maria da Costa, 79 anos, também aprendeu na vida o significado da palavra coragem. “Criei nove filhos com muito sacrifício, trabalhando na roça e pescando de noite para garantir a mistura da comida”, relata. “No meu tempo ninguém estudava; eu ainda aprendi a assinar o meu nome”, completa, dizendo que espera um destino diferente para a neta Adriana Costa, 22 anos.
Adriana nunca quis “o caminho da maré”, nem da roça, como sua avó. Começou a escrever um destino diferente há quase dois anos, quando passou em uma seleção para auxiliar de produção no Polo Automotivo Jeep, seu primeiro emprego. Desde então, todos os dias deixa Tejucupapo às 4h30 da manhã e só volta tarde da noite, depois do curso técnico de administração.“É cansativo, mas vejo como um investimento. Foi esse trabalho que me deu a oportunidade de estudar, viajar e, recentemente, realizar um grande desejo de comprar um notebook”, ressalta, dizendo que não se considera uma referência como as heroínas do passado, mas espera inspirar os jovens do seu vilarejo a lutarem por seus sonhos.
Esta matéria pode ser encontrada no Mundo FCA, um portal para quem se interessa por tecnologia, mobilidade, sustentabilidade, lifestyle e o universo da indústria automotiva.
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Quando
ouviu pela primeira vez os detalhes da história das bravas guerreiras
de Tejucupapo, dona Luzia Maria da Silva, 70 anos, lutava pela própria
vida. Foi durante a recuperação de uma cirurgia para retirada de um
nódulo no seio que, ainda no hospital, uma acompanhante de outro
paciente contou para ela como mulheres simples do seu vilarejo
expulsaram sozinhas os invasores holandeses, armadas apenas com panelas
de água quente e pimenta e utensílios domésticos. O episódio, no século
17, seria o primeiro relato da participação feminina em um conflito
armado no Brasil.
Luzia guardou aquelas palavras até que a vida a colocou novamente em um campo de batalha. “Fiquei doente novamente e fiz uma promessa a Deus: se eu ficasse boa, ia contar a história dos meus ancestrais”, lembra. Ela montou uma peça sobre a Batalha de Tejucupapo, um ato que foi encenado por mais de 300 moradores durante 22 anos na fazenda Megaó, o palco original do confronto.
“Já fizeram até filme sobre esse teatro, porém paramos de encenar dois anos atrás, por falta de apoio governamental”, conta a guardiã do legado das heroínas de sua terra, que atualmente trabalha para retomar a encenação. “A bravura não está em lutar, mas em enfrentar os problemas”, ensina.
Embora haja poucas referências historiográficas sobre esse ato heroico, o professor de história da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bruno Romero, ressalta o valor cultural da Batalha de Tejucupapo. “É algo que reverbera no empoderamento das mulheres da própria comunidade e de modo geral”, analisa.
Uma das moradoras que participava do teatro de Tejucupapo, Aurenita Bezerra, 64 anos, se orgulha de ser valente como suas ancestrais. Criou oito filhos sozinha, trabalhando como doméstica. “Agora, minha luta é pra me manter e ainda cuidar da tia idosa apenas com o dinheiro do Bolsa Família”, revela.
Outra tejucupapense, Genesilva Maria da Costa, 79 anos, também aprendeu na vida o significado da palavra coragem. “Criei nove filhos com muito sacrifício, trabalhando na roça e pescando de noite para garantir a mistura da comida”, relata. “No meu tempo ninguém estudava; eu ainda aprendi a assinar o meu nome”, completa, dizendo que espera um destino diferente para a neta Adriana Costa, 22 anos.
Luzia guardou aquelas palavras até que a vida a colocou novamente em um campo de batalha. “Fiquei doente novamente e fiz uma promessa a Deus: se eu ficasse boa, ia contar a história dos meus ancestrais”, lembra. Ela montou uma peça sobre a Batalha de Tejucupapo, um ato que foi encenado por mais de 300 moradores durante 22 anos na fazenda Megaó, o palco original do confronto.
“Já fizeram até filme sobre esse teatro, porém paramos de encenar dois anos atrás, por falta de apoio governamental”, conta a guardiã do legado das heroínas de sua terra, que atualmente trabalha para retomar a encenação. “A bravura não está em lutar, mas em enfrentar os problemas”, ensina.
A história de resistência das guerreiras do passado funciona como uma metáfora para as batalhas enfrentadas por Luzia e por tantas outras mulheres de Tejucupapo dos dias atuais. Em Tejucupapo, distrito do município de Goiana, Zona da Mata de Pernambuco, a população carente de cerca de 2 mil habitantes sobrevive basicamente da pesca, mas a degradação ambiental torna a atividade menos rentável a cada ano.É na coragem de personagens como Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Joaquina – líderes da batalha contra os holandeses – que as marias contemporâneas encontram força. Mesmo com o fim do teatro, a memória das guerreiras se mantém presente nas conversas e nos monumentos do vilarejo.
Embora haja poucas referências historiográficas sobre esse ato heroico, o professor de história da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bruno Romero, ressalta o valor cultural da Batalha de Tejucupapo. “É algo que reverbera no empoderamento das mulheres da própria comunidade e de modo geral”, analisa.
Uma das moradoras que participava do teatro de Tejucupapo, Aurenita Bezerra, 64 anos, se orgulha de ser valente como suas ancestrais. Criou oito filhos sozinha, trabalhando como doméstica. “Agora, minha luta é pra me manter e ainda cuidar da tia idosa apenas com o dinheiro do Bolsa Família”, revela.
Outra tejucupapense, Genesilva Maria da Costa, 79 anos, também aprendeu na vida o significado da palavra coragem. “Criei nove filhos com muito sacrifício, trabalhando na roça e pescando de noite para garantir a mistura da comida”, relata. “No meu tempo ninguém estudava; eu ainda aprendi a assinar o meu nome”, completa, dizendo que espera um destino diferente para a neta Adriana Costa, 22 anos.
Adriana nunca quis “o caminho da maré”, nem da roça, como sua avó. Começou a escrever um destino diferente há quase dois anos, quando passou em uma seleção para auxiliar de produção no Polo Automotivo Jeep, seu primeiro emprego. Desde então, todos os dias deixa Tejucupapo às 4h30 da manhã e só volta tarde da noite, depois do curso técnico de administração.“É cansativo, mas vejo como um investimento. Foi esse trabalho que me deu a oportunidade de estudar, viajar e, recentemente, realizar um grande desejo de comprar um notebook”, ressalta, dizendo que não se considera uma referência como as heroínas do passado, mas espera inspirar os jovens do seu vilarejo a lutarem por seus sonhos.
Esta matéria pode ser encontrada no Mundo FCA, um portal para quem se interessa por tecnologia, mobilidade, sustentabilidade, lifestyle e o universo da indústria automotiva.
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As batalhadoras de Tejucupapo
quarta-feira, 8 de março de 2017
Palco do primeiro conflito feminino do Brasil, o distrito pernambucano até hoje inspira mulheres em suas lutas modernas
Quando ouviu pela primeira vez os detalhes da história das bravas guerreiras de Tejucupapo, dona Luzia Maria da Silva, 70 anos, lutava pela própria vida. Foi durante a recuperação de uma cirurgia para retirada de um nódulo no seio que, ainda no hospital, uma acompanhante de outro paciente contou para ela como mulheres simples do seu vilarejo expulsaram sozinhas os invasores holandeses, armadas apenas com panelas de água quente e pimenta e utensílios domésticos. O episódio, no século 17, seria o primeiro relato da participação feminina em um conflito armado no Brasil.
Luzia guardou aquelas palavras até
que a vida a colocou novamente em um campo de batalha. “Fiquei doente
novamente e fiz uma promessa a Deus: se eu ficasse boa, ia contar a
história dos meus ancestrais”, lembra. Ela montou uma peça sobre a
Batalha de Tejucupapo, um ato que foi encenado por mais de 300 moradores
durante 22 anos na fazenda Megaó, o palco original do confronto.
“Já fizeram até filme sobre esse
teatro, porém paramos de encenar dois anos atrás, por falta de apoio
governamental”, conta a guardiã do legado das heroínas de sua terra, que
espera em breve retomar a encenação. “A bravura não está em lutar, mas
em enfrentar os problemas”, ensina.
A história de resistência das
guerreiras do passado funciona como uma metáfora para as batalhas
enfrentadas por Luzia e por tantas outras mulheres de Tejucupapo dos
dias atuais. Distrito do município de Goiana, Zona da Mata de
Pernambuco, em Tejucupapo a população carente de cerca de 2 mil
habitantes sobrevive basicamente da pesca, mas a degradação ambiental
torna a atividade menos rentável a cada ano.
É na coragem de personagens como
Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Joaquina – líderes da
batalha contra os holandeses – que as marias contemporâneas encontram
força. Mesmo com o fim do teatro, a memória das guerreiras se mantém
presente nas conversas e nos monumentos do vilarejo.
Embora haja poucas referências
historiográficas sobre esse ato heroico, o professor de história da
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bruno Romero, ressalta o valor
cultural da Batalha de Tejucupapo. “É algo que reverbera no
empoderamento das mulheres da própria comunidade e de modo geral”,
analisa.
Uma das moradoras que participava
do teatro de Tejucupapo, Aurenita Bezerra, 64 anos, se orgulha de ser
valente como suas ancestrais. Criou oito filhos sozinha, trabalhando
como doméstica. “Agora, minha luta é pra me manter e ainda cuidar da tia
idosa apenas com o dinheiro do Bolsa Família”, revela.
Outra tejucupapense, Genesilva
Maria da Costa, 79 anos, também aprendeu na vida o significado da
palavra coragem. “Criei nove filhos com muito sacrifício, trabalhando na
roça e pescando de noite para
garantir a mistura da comida”,
relata. “No meu tempo ninguém estudava; eu ainda aprendi a assinar o meu
nome”, completa, dizendo que espera um destino diferente para a neta
Adriana Costa, 22 anos.
Adriana nunca quis “o caminho da
maré”, nem da roça, como sua avó. Começou a escrever um destino
diferente há quase dois anos, quando passou em uma seleção para auxiliar
de produção no Polo Automotivo Jeep, seu primeiro emprego. Desde então,
todos os dias deixa Tejucupapo às 4h30 da manhã e só volta tarde da
noite, depois do curso técnico de administração.
“É cansativo, mas vejo como um
investimento. Foi esse trabalho que me deu a oportunidade de estudar,
viajar e, recentemente, realizar um grande desejo de comprar um
notebook”, ressalta, dizendo que não se considera uma referência como as
heroínas do passado, mas espera inspirar os jovens do seu vilarejo a
lutarem por seus sonhos.
Texto: Mariama Correia
Fotos: Mariama Correia / Associação Heroínas de Tejucupapo (Divulgação)
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