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quinta-feira, 17 de março de 2016

Então você quer mudar o país - Caio Dezorzi

Então você quer mudar o país - Caio Dezorzi

 

As manifestações do dia 13 e os dilemas da burguesia - por Esquerda Marxista -

*via Caio Dezorzi

Então você quer mudar o país. Para melhor, espero!
Quer tirar a Dilma e o PT do governo. Não posso te culpar.
O PT traiu seus compromissos históricos com o povo trabalhador brasileiro. E não é de agora. O PT foi construído pelo povo trabalhador para ser uma ferramenta de mudança, de enfrentamento à elite parasita e corrupta deste país. Mais que isso, o PT nasceu para dar voz e vez aos explorados, colocando abaixo o sistema que privilegia os exploradores.

No governo, o PT fez e faz o oposto disso tudo. Se mancomunou com seus inimigos de classe, reproduziu sua política econômica e seus métodos corruptos. Acolheu no governo a elite derrotada pelo povo nas urnas e desarmou politicamente os milhões que depositaram seus sonhos de mudança no metalúrgico do ABC. Qual é a solução então?
Tirar o PT e colocar no governo os representantes da velha burguesia parasitária e corrupta? Afinal, para que você acha que serve ir a uma manifestação convocada e apoiada pela FIESP, GLOBO, ABRIL, PSDB, DEM, PMDB, PP, PSC? Você realmente pensou sobre o assunto e acha que este é o caminho para mudar o Brasil pra melhor?
Você realmente acha que Aécio, Alckmin ou Cunha, para ficar em 3 exemplos de entusiastas do ato de hoje, não são corruptos ou representam os interesses do povo brasileiro? Você quer caminhar pelas ruas de mãos dadas com eles? Ou melhor, você quer servir de massa de manobra para os interesses deles e desta oligarquia que é a verdadeira responsável pelo sofrimento do povo, não nos últimos 13 anos, mas nos últimos 513 anos?
Boa sorte. É o seu direito. Vai lá.
Não conte comigo.
Dia 18 o PT está chamando um ato para defender o governo.
Não conte comigo também.
Dia 31 sim, vamos pra rua contra a política dos que estavam no dia 13 aplicada no governo pelos que estarão no dia 18.
Dia 31 é dia de lutar contra o ajuste fiscal e o pagamento da dívida pública! Contra a reforma da previdência e o PPE! Contra o fechamento de fábricas e por estabilidade no emprego! Por saúde e educação públicas e gratuitas para todos! Contra o PL Antiterrorismo e a Criminalização dos movimentos sociais! Por uma Assembleia Popular Constituinte! Por um governo dos trabalhadores! Sem burgueses e sem traidores!

  
*vídeo entrevista Telesur - protestos contra aumento das passagens de ônibus
 
https://www.facebook.com/CaioDezorziOficial/videos/vb.487732718057865/519382938226176/?type=2&theater


As manifestações do dia 13 e os dilemas da burguesia

http://www.marxismo.org.br/content/manifestacoes-do-dia-13-e-os-dilemas-da-burguesia




As manifestações do dia 13 e os dilemas da burguesia

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14/03/2016 - 18:00
Esquerda Marxista

Os três grandes jornais burgueses se apresentaram nesta segunda como a burguesia e seus políticos, divididos. Cada um pensa uma coisa diferente.
Apresentaram três editoriais distintos. O Estadão continua na linha de tirar Dilma o mais rápido possível. Sua palavra de ordem é “Impeachment Já!”.
A Folha diz que “a palavra está com a presidente. Os atos superaram as previsões mais pessimistas do Planalto... o país permanece dividido – e numa crise que, de uma forma ou de outra, é urgente superar”, ou seja, gostaria de uma renúncia.
O Globo não conseguiu chegar a nenhuma conclusão sobre o que fazer. Parece estar em outro mundo e discute sobre a prisão (ou não) de condenados em segunda instância.
Todos eles dizem que as manifestações deste domingo foram maiores que as Diretas Já e teriam sido “as maiores manifestações do Brasil”. Mentem como sempre. Inflam os números e dizem o que desejam que tivesse acontecido. As manifestações das Diretas Já foram realizadas há 32 anos atrás e colocaram milhões nas ruas em todo o Brasil. As manifestações do “Fora Collor” foram ainda maiores. E milhões estiveram nas ruas em junho de 2013.
Como sempre, a PM e a imprensa diminuem pela metade as manifestações militantes e duplicam as atuais manifestações aguadas.
Aliás, esta é uma diferença brutal. As manifestações militantes pelas Diretas Já, Fora Collor e de junho de 2013 tiveram a capacidade de mudar a situação política no país. De abrir um novo momento político.
As atuais manifestações pelo impeachment são desnervadas e se dissolvem como pó logo após seu encerramento. A grande diferença é de classe. As manifestações deste domingo foram convocadas por grandes empresas, federações patronais, Associação Nacional de Médicos, jornais burgueses e partidos. Todas as TVs se dedicaram a convocar e divulgar em transmissão permanente, PSDB, DEM, PPS, Solidariedade e outros se lançaram com força.
E reuniram uma numerosa pequena burguesia que tem visto seu padrão de vida ameaçado e que, desiludida e chocada com o aprofundamento da crise, destila seus preconceitos de classe e sua raiva impotente.
Mas, também nestas manifestações, que só existem por causa da traição da direção do PT e seu governo, se expressou a raiva contra a corrupção, contra os políticos e suas instituições. Alckmin e Aécio foram hostilizados e postos para fora na Avenida Paulista. A trânsfuga Marta Suplicy teve que sair corrida. E isso Brasil afora.
Em diferentes manifestações pelo país se viam cartazes contra o PT, mas também contra o PSDB e outros políticos burgueses.
O caráter destas manifestações aparece nas pesquisas feitas pela Folha e pela Veja. Elas mostram que, apesar dos atos terem crescido, eles continuam sendo uma reunião da pequena burguesia e de camadas médias, insufladas pela grande burguesia e sua mídia. Os dados da Folha mostram que a idade média dos participantes era de 45,5 anos, 77% tinha cursado universidade, e 63% com renda superior a 5 salários mínimos, enquanto a maior parte da população no país ganha até 5 salários mínimos (72%).
Estes números revelam que, amplamente, a classe trabalhadora e sua juventude não foram arrastadas pela propaganda enganosa e não aderiram ao chamado para os atos.
Mas, este não é o maior problema para os dirigentes da classe dominante. As vaias que os políticos dos partidos burgueses, principalment e a clara hostilidade contra o PSDB, são um mau presságio para suas saídas “institucionais” (Impeachment, cassação, etc.). A pesquisa da Veja entre os manifestantes deixa esta situação mais às claras: mais de 78% querem novas eleições e apenas 11% acham que o vice, Michel Temer, deveria assumir (que é o resultado se houver impeachment). 65% acham que a oposição não está cumprindo nenhum papel positivo na crise e 91% acham que há membros dos partidos de oposição envolvidos nos escândalos de corrupção (a taxa para Dilma e Lula é de 99%). Os manifestantes convocados pela burguesia, cuja maioria votou a favor de Aécio, acham que a oposição de direita é quase tão corrupta quanto o governo Dilma.  Aí está o dilema da burguesia.
A questão “com Dilma está ruim, mas quem pode entrar no lugar dela? E o que pode acontecer?” virou um pesadelo para essa gente. Não é à toa que o PMDB resolveu pensar mais 30 dias antes de desembarcar do governo.
Os trabalhadores e a juventude estão observando toda esta situação. A maioria condena toda a corrupção e a política do governo. E não está disposta a defender um governo e um partido que traiu o seu voto e a sua confiança e que está aplicando uma política de ataques à classe trabalhadora.
Como defender a Lei “Antiterrorismo”, instrumento de criminalização dos movimentos sociais, o ajuste fiscal com cortes em áreas sociais, mais privatizações e mais Reforma da Previdência aumentando a idade mínima e anunciando congelamento do Salário Mínimo e novos impostos?
Assim, muito provavelmente os atos do dia 18 chamados pela Frente Brasil Popular (PT, PCdoB, CUT, UNE, MST e outros) não terão muita força. Os jovens e professores que fazem manifestações diárias no Rio em defesa da educação e dos seus salários dificilmente irão. Os operários que estão ocupando fábricas no interior de São Paulo também não.  Os trabalhadores com razão sentem-se traídos pelos antigos dirigentes e não estão dispostos a defendê-los.
A Esquerda Marxista está nas ruas e nas lutas com os trabalhadores e, portanto, nada tem nada a fazer nos atos do dia 18 que defendem este governo. Nossa condenação, nossa acusação contra as investigações da Lava Jato é de que ela é um instrumento de ataque às liberdades democráticas e de criminalização das organizações dos trabalhadores e da juventude sob a capa de combate à corrupção do PT. E, de fato, de acobertamento de todos os políticos e partidos burgueses corruptos.
O judiciário não é neutro. Ele tem lado e tem classe. É um instrumento da burguesia e seu Estado para garantir a opressão e a exploração da classe trabalhadora. E hoje o judiciário e sua polícia estão na frente do ataque contra as organizações dos trabalhadores e da juventude, contra as liberdades democráticas. Eles não nos enganam com sua falsa moral e suposta neutralidade. Eles são a espada que pretende cortar todas as cabeças da esquerda para poder descarregar nas costas da classe trabalhadora o custo catastrófico desta gigantesca crise que eles mesmos criaram.   
Eles não perdem por esperar. Estaremos no dia 31 em Brasília com as nossas bandeiras, pela construção de uma saída para a atual situação que nada tem a ver com a direita e nem com os reformistas desmoralizados. A classe vai encontrar um caminho político para sua resistência como está fazendo, de uma forma ou outra em todo o mundo.
Nossa luta é contra a reforma da previdência, contra o ajuste fiscal, pelo não pagamento da dívida, pela estabilidade no emprego, por uma Assembleia Popular Constituinte e um Governo dos Trabalhadores. 
  

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