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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

BONS TEMPOS EM 2016! (JUNG, KHRONOS E KAIRÓS)


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Francesco_Salviati_005.jpg

https://pt.wikipedia.org/wiki/Kair%C3%B3s

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronos

bons tempos em 2016, é o que espero pra mim e pra todos, bons tempos...aqueles que são os mais importantes (Khronos e kairós, o segundo parece ser bem mais importante)...sempre o tempo do coração, o outro é sabotador.

nadia gal stabile - 21 12 2016



http://www.ijep.com.br/index.php?sec=artigos&id=67&ref=khronos-e-kairos

O Contemporâneo e o moderno - Khronos e Kairós*
 
khronos e kairos são dois seres mitológicos advindos da cultura greco-romana. khronos refere-se ao tempo de Saturno que é cronológico, quantitativo, lógico e seqüencial, o tempo que se mede, o tempo que nos resta para a morte, o "tempo dos homens" - que pode ser dividido em anos, meses, semanas, dias, horas, etc. Enquanto kairos representa o tempo de Urano, um momento indeterminado onde algo especial acontece, é a experiência do momento oportuno, teleologicamente é usado para descrever a forma qualitativa do tempo, o "tempo de Deus" - que não pode ser medido e, por isso mesmo, supera o medo da morte, representado pela expressão latina: Carpe Diem.
Khronos também é associado à  figura das três Parcas ou Moiras, as "Fiandeiras do Destino", filhas de Nyx, deusa da noite: Clotho é a tecelã, responsável por tecer o destino com seu fuso mágico, Lachesis é a medidora, distribui e avalia o fio da vida e Atropos é a que corta e dá fim à vida. Ele é cíclico e representa as estações e o tempo rítmico do Sol, entre dormir e acordar, nascer e morrer.
Kairós, por sua vez, nos dá a capacidade artística de compreender a qualidade do tempo. O tempo certo de cada coisa que nos possibilita transformar o presente em um agradável presente! É simultaneamente o tempo de ter tempo, perder tempo e correr contra o tempo. O tempo do encantamento, do Once Upon a Time - o era uma vez dos contos de fadas. É o tempo do agora, além da ilusão do tempo do relógio, com peso, cheiro, cor, sabor e som únicos, que nos faz re-cor-dar - lembrar para sempre. Ou seja, gravar na memória do coração aquela experiência que pode representar toda a existência em apenas um atmo de tempo. Em função da existência do tempo de Kairós nenhum experimento é passível de ser repetido nas mesmas condições. Porque cada momento é único. Com isso, toda a base da ciência mecanicista causal fica abalada, pois por mais que se tente controlar as variáveis, a mente dos experimentadores e do seu entorno jamais poderá ser a mesma da época do experimento anterior!
Carl Gustav Jung (1875-1961), uma das mais vigorosas expressões da ciência psicológica, que trabalha muito mais para e no tempo de Kairós do que de Khronos, sempre esteve comprometido com a ampliação da consciência do homem contemporâneo, que é menos abrangente que o homem moderno, por não saber reconhecer e integrar seus aspectos primitivos e ancestrais presentes na sombra individual e coletiva. Desta forma, passamos a perceber que o homem contemporâneo, sem o engajamento com a modernidade, torna-se um ser individualista, consumista que vai se alienando de si mesmo, tornando-se anestesiado, apesar de normoticamente adaptado a essa sociedade doente e cada vez mais dependente de substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas, e de uma infinidade de produtos supérfluos e descartáveis, num crescente desencantamento do mundo e dessacralização da vida!
O homem contemporâneo, preso exclusivamente no tempo de Khronos, fica oscilando entre as mágoas ou culpas do passado e ansiedade ou medo do futuro e acaba, cada vez mais, angustiado com a celeridade do tempo. Devido sua incapacidade de tirar proveito saudável e pedagógico do passado ou de fazer planejamento com significado e sentido para sua evolução existencial. Perde-se de si mesmo e acaba, de forma defensiva, e muitas vezes numa atitude reativa à depressão, buscando apenas o consumo e o acúmulo material. Isso faz com que ele confunda amor com desejo, transformando toda sua vida numa rotina de conquistas materiais e efêmeras.
Neste sentido, ser moderno é estar alinhado com o presente, consciente da trajetória temporal do passado rumo ao futuro, numa atitude de amor, que deveria ser o pleno exercício da liberdade e da consciência de si mesmo, apesar das contínuas e presentes interferências do Estado e das religiões, que nos afastam, simultaneamente e reciprocamente destas duas conquistas! 
*Waldemar Magaldi Filho, Psicólogo, analista junguiano, mestre e doutor em ciências da religião, professor e coordenador dos cursos de pós-graduação, lato-sensu, que titulam e formam especialistas em Psicologia Junguiana, Psicossomática, DAC e Arteterapia do IJEP – Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa – www.ijep.com.br






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