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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

CHAPA BRANCA, MARROM, TARJA PRETA...



Jornalismo Chapa Branca, Imprensa Marrom, Jornalismo Tarja Preta, Blogosfera, Blogueiros Progressistas, Redes Sociais, e o diabo à quatro!


















O que é jornalismo chapa branca



É a defesa de privilégios da “plutocracia predadora”, para usar a grande expressão de Pulitzer.

Eliane Cantanhede, da Folha
*Eliane Cantanhede, da Folha: não é o modelo Pulitzer de bom jornalismo


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O que é um bom jornalista, segundo talvez o maior deles, Joseph Pulitzer, o editor que há mais de um século simplesmente inventou a manchete e a primeira página como as conhecemos hoje?
Ele sempre é contra os privilégios e os injustamente privilegiados, disse Pulitzer.
Isso porque privilégios vão sempre dar em iniquidade, ao destruir a meritocracia e favorecer um pequeno grupo de “plutocratas”, para usar uma expressão de Pulitzer na descrição do bom jornalista.
O bom jornalista também não deve esquecer nunca os pobres, disse Pulitzer, numa frase que lembra o papa.
Os princípios de Pulitzer ajudam a refletir melhor sobre um debate jornalístico que se trava no Brasil de hoje: o que é jornalismo chapa-branca?
Examinemos os jornalistas das corporações jornalísticas. Sobretudo os articulistas políticos, de Merval Pereira a Dora Kramer, de Arnaldo Jabor a Eliane Cantanhêde, e daí por diante.
Eles combatem privilégios ou ajudam a mantê-los?
Vejamos alguns exemplos de privilégios.
Nos anos 1990, o Brasil se abriu à concorrência estrangeira e as empresas nacionais foram submetidas à competição das estrangeiras.
A mídia bradou por isso.
Mas o que os brasileiros não souberam é que, para as empresas jornalísticas, jamais foi tocado o privilégio do mercado protegido.
Nos subterrâneos, com o grau de intimidação que o jornalismo traz, elas conseguiram manter o que pode ser chamado de mamata.
Os argumentos foram infantis, como demonstrou um artigo relativamente recente do advogado Luís Roberto Barroso dos dias em que ele cuidava dos interesses lobísticos da Globo, antes de ir para o STF.
A reserva, escreveu Barroso no Globo, protege o “patrimônio cultural” que são as novelas e impede que os brasileiros sejam repentinamente assaltados pela “pregação maoísta” de uma tevê chinesa que se instalasse no Brasil.
Não era piada. Barroso não escreveu aquilo para que o leitor risse.
Algum jornalista das grandes corporações criticou, uma única vez, o privilégio da reserva de mercado da mídia? Tocou, ao menos, no assunto? Notificou seus leitores?
Recentemente, a Globo foi pilhada numa fraude fiscal na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002.
(Aliás: o que não deve ter acontecido na compra dos direitos de 2006 e de 2010, ainda com a presença do amigo global Ricardo Teixeira na Fifa? Mas de novo: algum jornalista investigou?)
Documentos da Receita, vazados num blog, o Cafezinho, provaram a trapaça, da qual resultou uma dívida da Globo perante a Receita de 615 milhões de reais em dinheiro de 2006.
Para usar os princípios de Pulitzer, é um tipo de jornalismo que defende privilégios e esquece o interesse público.
Também se soube que uma funcionária da Receita tentou simplesmente fazer desaparecer os documentos que comprovam o crime de sonegação.

Merval e Ayres Britto: jornalista chapa branca
*Merval e Ayres Britto: jornalista chapa branca

Imagine o frenesi que tomaria conta da Inglaterra, para efeito de exercício especulativo, se fosse noticiado que uma funcionária da Receita tivesse tentado dar sumiço a uma dívida da News International, de Rupert Murdoch.
Algum jornalista das grandes corporações brasileiras defendeu o interesse público?
Ou a “plutocracia predadora” – mais uma expressão de Pulitzer – foi protegida pelo silêncio?
Onde, na sonegação da Globo, a combatividade da Folha, o jornal “sem rabo preso”? Onde a indignação dos Lacerdas de hoje?
Jornalismo chapa branca, no Brasil de 2013, pode ser definido assim: a defesa, pelas palavras ou pelo silêncio, da “plutocracia predadora”. E o consequente abandono do interesse público.
O resto é mistificação.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
*links acima
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(...)No Maranhão, ainda temos o jornalismo ligado à velha estrutura oligárquica (a típica “imprensa marrom”) e outro ligado ao governo do Estado e à prefeitura de São Luís, o antigo e mal disfarçado jornalismo “chapa branca”. A partir das conversas com os artistas que farão parte da nossa festa de aniversário, foi lembrado que se tem a “marrom” e a “chapa branca”, a nossa é a “tarja preta”. Apesar do tom de brincadeira, nós consideramos a definição. Senão, vejamos. A tarja preta está associada à loucura ou insanidade, a uma “anormalidade” para os padrões de uma sociedade. E o que é o normal nos ricos e tradicionais veículos de comunicação do Maranhão? E principalmente, o que é normal para os que sustentam e mandam nesses veículos?
O normal é promover, ficar indiferente ou banalizar, as sucessivas mortes de camponeses, indígenas e sem-teto (como Fagner, Eusébio Ka`apor e Raimundo dos Santos, assassinados, este ano, vítimas do poder econômico e político); é contribuir para o famigerado “modelo de desenvolvimento” da Vale, Alumar e Suzano; é promover ou aceitar a censura da opinião pública; é apoiar o latifúndio e a grilagem; é a repressão à mobilização e participação popular; é entrar no jogo da cooptação e do aliciamento; é criminalizar negros e pobres; é não ter noção do que é direitos humanos; é dar licença ambiental para madeireiros; é favorecer grandes empresas que devastam o meio ambiente; é apoiar a mudança do Plano Diretor de São Luís, em favor de indústrias e empreiteiros; é contribuir para a destruição das reservas; é pagar pela notícia favorável, é fazer pactos com a máfia, é bajular governo, é calar diante dos abusos dos que tem poder.
Tudo isso é o normal para eles... Então, nós somos, de fato, um veículo “tarja preta”. E queremos seguir nessa nossa “loucura”, numa caminhada assumidamente subversiva, marginal, bem longe dessa “normalidade”...
Em 2006, o grupo que fundaria este jornal, se articulou no Vale Protestar. Naquele ano, com o nosso teatro de rua, músicas e panfletos, denunciamos a oligarquia, a “Rosengana”, a violência contra diferentes bens culturais, a miséria maranhense, com nossas inúmeras “catirinas famintas”. Entre o final de 2008 e começo de 2009, o mesmo Vale Protestar, ao lado de outros militantes e organizações sociais, ajudou a denunciar o golpe judiciário que cassou Jackson Lago. Aquele processo, vivido em praças e ruas, entre 2006 e 2009, ajudou a parir este jornal, que seguiu agregando outras pessoas, ganhando nova vida, fazendo autocrítica, criando novas formas de organização e aberto a diferentes participações. Seguimos nossa caminhada, em grupo, aprendendo juntos, buscando novas formas de expressão, para continuar participando do processo político e social do nosso estado.
E no meio das mudanças tecnológicas, seja no impresso, no site ou nas redes sociais, nossa mensagem segue sendo assumidamente política, nunca comercial ou pretensamente neutra. Aqui a notícia e a opinião não são, e nem serão, tratadas como mercadoria ou “serviço” alienante. Nossa atividade não está associada ao consumo de informação. Aqui não é um bazar. Somos um coletivo, que entre outras coisas, põe em circulação este jornal. E é bom que se diga, este coletivo seguirá desvinculado dos grupos políticos que disputam o poder institucional no Maranhão.
Nossa opção é agir com liberdade, sem cabrestos, cobrando das autoridades públicas, tratando a todos como nossos servidores. Desde o início deste projeto, nós pretendemos estar ligados a um processo de pedagogia popular, de formação, mobilização e participação social, um processo que, já falamos aqui, tenta estimular a denúncia, a crítica e o debate em torno de questões que consideramos fundamentais.
Celebraremos, então, este processo que tem nos mantido ao lado de pastorais sociais; movimentos; comunidades e militantes ameaçados; organizações populares; alguns sindicatos; coletivos de estudantes; professores que certamente fazem a diferença; grupos de estudos; grupos culturais; livreiros; diferentes artistas; de alguns “benditos malditos”, músicos, poetas, cantoras, escritores, galera hip hop, gente do cinema, do teatro, solrealistas; indigenistas, quilombolas, indígenas, ambientalistas, anarquistas, marxistas, cristãos progressistas, alguns pós-modernos, ativistas, sem-terra, sem teto, pessoal do candomblé, do santo daime, os grupos LGBT, black blocs, as diferentes turmas dos direitos humanos; de homens e mulheres, “lúcidos e perigosos, pensando por conta própria, que caminham para o centro da cidade”; de fóruns, de redes; de advogados populares, mídias livres, de acampamentos, greves de fome, de um bem articulado tribunal popular que denunciou juízes e desembargadores maranhenses; de um artesão que se vestiu de gazeteiro e mudou a história desse jornal, de um crítico de cinema e literatura (disfarçado de dono de bar) e até um sério e dedicado escritor de românticos folhetins, que é também editor, pitombeiro e “forrozeiro”. Enfim, tem uma “meia dúzia”, que andou e anda com o pessoal da “tarja preta”(...) http://www.viasdefato.jor.br/index2/index.php?option=com_content&view=article&id=1277:editorial-o-barulho-da-turma-da-tarja-preta&catid=34:yootheme&Itemid=204

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