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sábado, 18 de julho de 2015

O Relógio - poema de João Cabral de Melo Neto

 

 

O Relógio

Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade


*poema enviado pelo amigo Walder Maia do Carmo
 
http://www.revistabula.com/449-os-10-melhores-poemas-de-joao-cabral-de-melo-neto/

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