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quarta-feira, 15 de julho de 2015

O DESENHO - VILANOVA ARTIGAS (PRÉDIO DA FAU - USP)


O DESENHO

Vilanova Artigas

Texto da Aula Inaugural pronunciada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em 1 de março de 1967. Reedição da publicação do Centro de Estudos Brasileiros do Grêmio da FAU-USP, 1975.














(...)No Renascimento o desenho ganha cidadania. E se de um lado é risco, traçado, mediação para expressão de um plano a realizar, linguagem de uma técnica construtiva, de outro lado é desígnio, intenção, propósito, projeto humano no sentido de proposta do espírito. Um espírito que cria objetos novos e os introduz na vida real.
 
 
O “disegno” do Renascimento, donde se originou a palavra para todas as outras línguas ligadas ao latim, como era de se esperar, tem os dois conteúdos entrelaçados. Um significado e uma semântica, dinâmicos, que agitam a palavra pelo conflito que ela carreia consigo ao ser a expressão de uma linguagem para a técnica e de uma linguagem para a arte.
Em nossa língua, a palavra aparece no fim do século XVI. Dom João III, em carta régia dirigida aos patriotas brasileiros que lutavam contra a invasão holandesa no Recife, assim se exprime, segundo Varnhagem: “Para que haja forças bastantes no mar, com que impedir os desenhos do inimigo, tenho resoluto...” etc.

Portanto, desenho – desígnio; intenção; “planos do inimigo”.

Um século mais tarde, o padre Bluteau registra no seu vocabulário português e latino:

Dezenhar – ou dezenha no pensamento. Formar uma ideia. Idear. “Formam in animo designare”. “Quais as Igrejas que dezenhava no pensamento”. (Vida de S. Xavier de Lucena).(...)


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