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domingo, 28 de junho de 2015

DO RUGGERO, PAULISTA COM AUGUSTA, AO GLAUBER ROCHA, NA BOCA DO LIXO - OTÁVIO MARTINS


             


DO RUGGERO, PAULISTA COM AUGUSTA,     
AO GLAUBER ROCHA, NA BOCA DO LIXO.
                                   
ALGUMAS LEMBRANÇAS

                                                                               Otávio Martins

Glauber Rocha já detectava o PELEGO, no seu “TERRA EM TRANSE”. Lula surgiria, somente, pra valer, com a fundação do PT, em 1980, no meu bairro, o Bexiga, centro de São Paulo, próximo à minha casa. Eu morava no Jardim Francisco Marcos. A sede do PT ficava na Travessa Brigadeiro Luiz Antonio, parece. Eu morava no Jardim Francisco Marcos, que começava e terminava na Rua da Abolição, onde ficava o portão dos fundos do Teatro Brasileiro de Comédia, na Major Diogo (a gente dizia a Rua de cima).


Center 3 –Paulista c/Augusta – Ruggero’s Bar – Na Galeria Center 3, ao lado do Restaurante do Antonio, “Queijo e vinho”, amigo do Ruggero, mais adiante, um supermercado, acho que era um Pão de Açúcar – do outro lado, quem saía para a Avenida Paulista, antes de atingir a escadaria, o restaurante do chinês. O LP do Rui Guerra e músicas do Chico Buarque de Holanda, “Calabar”. Teria a peça, também, Acho que não vingou. Não deu tempo nem de comprar o disco pra mim (tempo e dinheiro).

Ruggero Fanelli, italiano (dos bons) havia fugido do regime do Mussolini, durante a segunda guerra mundial, trauma antigo, montou o Ruggero’s Bar, onde eu trabalhava de caixa – no almoço - e de seu ajudante, pelas madrugas do bar. Preparávamos alguma comida para o dia seguinte, o pessoal da CESP, do prédio ao lado, pela Paulista, vinha tudo de uma só vez, loucos de fome. As panquecas, ótimas, são desse tempo. O nosso trauma, contemporâneo. Instalado com o regime militar, com o golpe de 1964. Desde o primeiro, Castelo Branco, até o último João Figueiredo (ditador cavalar), todos, sem exceção, uns verdadeiros gorilas. Claro, o pior, o meu conterrâneo, sou de Bagé - RS – Emílio Garrastazu Médici, El Carnicero – que mandou bala, mesmo, “mas o Chico cantou a pedra: Um dia ele vai embora, Maninha, pra nunca mais voltar...” Dito e feito, Parece, morreu lá pelo Rio de Janeiro. Um verdadeiro troglodita, qualidade rasteira de ser “humano”, melhor dizendo, da pior qualidade. Quem não concordar, levante o dedo.

Levei o meu amigo, Toninho Ramos para acompanhar a cantora Flora Vidal, minha amiga íntima, depois o Toninho Ramos foi, acompanhando, com o seu violão de sete cordas, o Martinho da Vila, lá pela Europa, chegou a Paris, ficou. Tomara que não volte mais. 1974. No seu lugar, ficou o seu irmão mais novo, o Luizinho, que, também era tecladista. O Paulinho, violão e percussão se mandou pro Canadá. Não soube mais dele.
Teatro TAIB – Velho Ateu, com o MPB4 – peça do Millôr Fernandes... Musical, parece que chamava “Bons tempos, hein?”. QUATRO PERSONAGENS, MPB-4 E UM BONECO VESTIDO DE MILICO. DAVA A IMPRESSÃO QUE ERAM CINCO, NO ELENCO. FUI COM O RIBERTI, LÁ NO BOM RETIRO. NEM SEI SE AINDA
EXISTE O TEATRO. 1978, parece.

GOTA D’ÁGUA”, no Teatro Aquários, Medéia de Eurípedes, vista pelos autores Francisco Buarque de Holanda e Paulo Pontes. Idealizada e iniciada por Oduvaldo Viana Filho. Era mais ou menos 1975, num Teatro na Rui Barbosa, no Bexiga. Milani era o Jasão, a Bibi, a Medeia e o Renato Consorte, o Creonte. O Martinez e o Reis diziam, sempre, que eu tivesse cuidado na hora do clic, ainda mais sem flash, não tremer. O problema não era a máquina, era o elenco. Depois, firmei, mas, no começo, tremi. Graciano Dantas, namorado da Elô, era o editor de reportagens, mandou eu fotografar a peça para o Correio do Povo de Porto Alegre. A sucursal ficava na Praça da República, num predinho antigo. Quem me conseguia os frilas, era a Elô, secretária do Audálio Dantas, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, ali na Rego Freitas, 550, logo que descia da Igreja da Consolação. Apesar dos dois serem Dantas, não eram parentes.

Do Correio do Povo – ainda era aquele jornalão em preto e branco – acabávamos os últimos dias da semana no Bar do Batista, garçom que nos atendia, devidamente paramentado, ali na Rua Antonio Machado, antes de chegar a Galeria Metrópole. Entre nós e a Galeria, tinha um bom restaurante, ficávamos só com o cheiro das carnes na chapa.

Em compensação a freguesia dele não comeu e deixou de provar as delícias do Batista: bolinho de bacalhau e bolinho de batata. Tinha também a dona Odete, tia do Mário Covas, que morava no Copan; só bebia conhaque. Até eu já tinha morado no Copan, 29º andar – no meu tempo chamavam de Trepan. Fazia jus. O manda-chuva, mesmo, lá no Correio, era o Anísio Barreto (parceiro do Riberti), padrinho de casamento de um Caldas Júnior, em Porto Alegre. Viajou para o casamento e nunca mais o vi, talvez nunca mais tivesse voltado de Porto Alegre. O Graciano, ainda o encontrei lá em Vitória, capital do Espírito Santo, acho que em 2001, nos meus tempos de rábula, num escritório de advocacia, do meu primo, Zé, em Sampa.



JANAÍNA – FILHA DE LEILA DINIZ, TRISTE – NO CORREDOR MEIO ESCURO, NO FUNDO DO APARTAMENTO DO RUY GUERRA – EU NUNCA A TINHA VISTO, MAS, JÁ CONHECIA AQUELE OLHAR. PERDER UMA LEILA DINIZ, TÃO JOVEM... AINDA BEM QUE FICOU COM O PAI, O RUY GUERRA.

O RUY GUERRA E O GUDIN, SENTADOS, MEXENDO NO GRAVADOR. UMA FITA COM A MELODIA PARA O RUY COLOCAR A LETRA EM “OLHOS FRIOS”. NO RIO DE JANEIRO, em 1979. DEPOIS, FOMOS PARA O HOTEL, NA MARIA QUITÉRIA, ENCONTREI COM O BENITO  DI PAULA E O LUIZ CARLOS.



OS DOIS, RUY GUERRA (Os fuzis) E GLAUBER ROCHA (Um monte) FORAM CINEASTAS ATIVOS e MUITO IMPORTANTES DO CINEMA NOVO, QUASE TODO PRODUZIDO ALI PELA BOCA DO LIXO, ONDE EU JÁ HAVIA MORADO, RUA AURORA. POR ISSO ME LEMBREI DOS DOIS, LÁ NO CENTER 3. NO EXATO MOMENTO EM QUE OS MILICOS VIERAM, NA MÃO GRANDE, PEGAR OS DISCOS.

NO LP “CORAÇÃO MARGINAL”, DE 1979, PELA GRAVADORA CONTINENTAL, O MESMO QUE TINHA “MARIA FERNANDA DE SÁ”, COM O PAULO CESAR PINHEIRO. FIZ UMA FOTO, EM BRANCO E PRETO, DO GUDIN. O PRODUTOR, OU DIRETOR, SEI LÁ, ANTONIO CARLOS CARVALHO, PREFERIU A OUTRA, A CORES. NEM SEI SE TEM CRÉDITO AO FOTÓGRAFO DA FOTO INTERNA. FIZ DE PRIMA, NO APARTAMENTO DELE, EM PINHEIROS, NA CÔNEGO EUGÊNIO LEITE. UMA SÓ CHAPA.



ESTÚDIO DO MARTINEZ, Rua Augusta, 1118 e 1124 (uma galeria), sobreloja, onde moravam a Irene Ravache e o Edson Paes de Mello, editor do Caderno Divirta-se, alguns chamavam o roteiro de frescura, do Estadão. Muitas vezes, 1979, por aí, talvez por ter-me visto por ali, colocava, com fotos e tudo, os shows que eu produzia com o Gudin e Riberti. Por vezes, com a Márcia, também, além do Paulinho Nogueira. Até apresentações em Faculdades. Saudades dos dois, da Irene e do Edson. Foi no Estúdio do Martinez e do Reis que eu trabalhei e aprendi com esses dois ótimos fotógrafos, tudo o que sei de fotografia. Isso foi antes de ir trabalhar no Bar do Ruggero. Durante o curso de fotografia, eu trabalhava na Rua Gravataí, numa sucursal de uma fábrica de enceradeiras – LUSTRENE - travessa da Praça Roosevelt. Fazia as apostilas do curso, - lá tinha um mimeógrafo - em troca da mensalidade. A fábrica de enceradeiras ficava no Rio de Janeiro, o nosso manda-chuva se chamava Vinícius.

Um dia, havia passado pela Praça Roosevelt, numa agência do Correio, num corredor, comprido, uma exposição de fotos, branco e preto. Perguntei pro Martinez e pro Reis se eles conheciam aquele fotógrafo: Sebastião Salgado. Depois ele ficaria conhecido pelo mundo inteiro. Grande Sebastião Salgado.










VELHO ATEU


http://www.kboing.com.br/beth-carvalho/1-49708/

 


Compositor: Eduardo Gudin E Roberto Riberti


Um Velho ateu
Um bêbado cantor poeta
Na madrugada
Cantava essa canção-seresta
Se eu fosse Deus
 
A vida bem que melhorava
Se eu fosse Deus
Daria aos que não tem nada.
E toda janela fechava
 
Pros versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas.
Se eu fosse Deus...





*Trecho do livro e-book "Algumas Lembranças" de Otávio Martins Amaral - Editora Novos Rumores 
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