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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Goethe: Eu sou Mephistópheles por Abujamra



Abujamra vende a alma ao diabo 
1º de maio de 2003

 DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu sou Mephistópheles desde sempre", anuncia o homem de corpo arqueado, bastas sobrancelhas, sorriso colérico, a convencer o interlocutor de que, "como todo mundo", ele também gostaria de vender sua alma ao diabo.
A partir de hoje, Antônio Abujamra, 71, veste a capa do personagem que travou aposta com Deus para tentar Fausto na retidão científica, racional, e conduzi-lo às vias do prazer.
Também um personagem de si, sobretudo no período de "tensão pré-estréia", como diz, Abujamra tinha o romance de Goethe esperando há anos na lista de projetos teatrais. Ele o faz agora, na nova produção do Teatro Popular do Sesi (orçado em R$ 450 mil, segundo a Folha apurou), em São Paulo, adaptando o texto, dirigindo a encenação e interpretando o papel que emana ocultismos e bufonarias que já serviram de metáforas ao cinema e à literatura.
"Quero mostrar que Mephistópheles tem uma alegria, e que provavelmente todos venderiam sua alma a ele", discursa Abujamra.
Além de Fernando Pessoa e Paul Valéry, poetas com os quais alinha o clássico de Goethe, à sua moda, o ator realiza algumas provocações: faz o místico Fausto envenenar-se literalmente pela sedução de Margarida. Ou leva o mesmo personagem a noitadas de orgia para desfrutar erotismo.
"A cabeça não é nada, vá às sensações", aconselha-o Mephistópheles. Segundo Abujamra, "Goethe continuará sendo melhor do que os diretores que o encenam". O alemão Peter Stein montou o texto há cerca de três anos. A francesa Ariane Mnouchkine, do Théâtre du Soleil, adaptou o livro do alemão Klaus Mann, "Mephisto", cuja versão cinematográfica, nos anos 80, foi feita pelo húngaro István Szabó.
Na raiz de tudo, está a obra de Johann Wolfgang von Goethe. (1749-1832), inspirada na lenda alemã dos séculos 15 e 16. A obra-prima teve versões, como "Fausto Zero" e "UrFaust", o Fausto Um, antes do formato derradeiro.
As atrizes Selma Egrei (Fausto) e Mariana Muniz (Margarida) contracenam com Abujamra em "Mephistópheles". Imagens projetadas em vídeo, a música de André Abujamra, filho, e a parceria com o diretor Hugo Rodas, de Brasília, ajudam Abujamra, pai, a traduzir em cena a sua concepção para o romance de Goethe.
"No final do espetáculo, eu, Mephistópheles, digo que a razão é muito menor que a imaginação; a razão não quer nada, a imaginação quer tudo", diz o ator. (VS)


MEPHISTÓPHELES - de: Johann Wolfgang Goethe. Tradução, adaptação e direção: Antônio Abujamra. Com: Abujamra, Selma Egrei e Mariana Muniz. Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/11/3146-7406). Quando: estréia hoje; de sex. a dom., às 20h. Quanto: entrada franca (retirar ingressos com uma hora de antecedência).

fonte : 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0105200327.htm#_=_

Johann Wolfgang von Goethe: Eu sou Mephistópheles. Mephistópheles,...

Eu sou Mephistópheles. Mephistópheles, é o diabo. E todos vocês são Faustos. Faustos, os que vendem a alma ao diabo.
Tudo é vaidade neste mundo vão, tudo é tristeza, é pop, é nada. Quem acredita em sonhos é porque já tem a alma morta. O mal da vida cabe entre nossos braços e abraços.

Mas eu não sou o que vocês pensam. Eu não sou exatamente o que as Igrejas pensam. As Igrejas abominam-me. Deus me criou para que eu o imitasse de noite. Ele é o Sol, eu sou a Lua.

A minha luz paira sobre tudo que é fútil: margens de rios, pântanos, sombras.

Quantas vezes vocês viram passar uma figura velada, rápida, figura que lhe darei toda felicidade. Figura que te beijaria indefinidamente. Era eu. Sou eu.

Eu sou aquele que sempre procuraste e nunca poderá achar. Os problemas que atormentam os Deuses. Quantas vezes Deus me disse citando João Cabral de Melo Neto: Ai de mim, ai de mim. Quem sou eu?

Quantas vezes Deus me disse: Meu irmão, eu não sei quem eu sou.

Senhores, venham até mim, venham até mim, venham. Eu os deixarei em rodopios fascinantes, vivos nos castelos e nas trevas, e nas trevas vocês verão todo o esplendor.

De que adianta vocês viverem em casa como vocês vivem? De que adianta pagar as contas no fim do mês religiosamente, as contas de luz, gás, telefone, condomínio, IPTU?

Todos vocês são Faustos. Venham, eu os arrastarei por uma vida bem selvagem através de uma rasa e vã mediocridade, que é o que vocês merecem.
As suas bem humanas insaciabilidade, terão lábios, manjares, bebidas.

É difícil encontrar quem não queira vender sua alma ao diabo.

As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: Luz, luz, mais luz!!
 
Johann Wolfgang von Goethe

http://pensador.uol.com.br/frase/NTI3MTg2/

https://www.youtube.com/watch?v=Wtmn4GdSc44


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