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terça-feira, 4 de novembro de 2014

FOGUETES


se aquele trem  tivesse
explodido em janeiro de 1958
eu não seria.

e em não sendo, não estaria a ver
tantas barbaridades neste planeta
eu não seria nada, ou seria sim,
seria uma poeirinha cósmica
a flutuar pelo universo.

em abril de 1957,
quando colocaram-me no trem,
e iniciei a viagem,
fiquei sem saber se ia ou se ficava,
se desistia...desta enorme confusão...
desistir - não existir - ficar onde se estava para sempre,
ser nada...e deixar de saber
sobre bombas atômicas, ou foguetes explodindo,
ou jogos políticos de última categoria.

para que pegamos trens errados?
porque queremos tanto dar asas a egos?
para que nascemos se a maioria de nós,
nem são tão esperados assim?
e... para que continuamos vivos
se a maioria  sente-se
na viagem errada,
a maioria pegou o trem errado,
a maioria nem consegue descobrir
qual seria o trem certo,
e mesmo assim continuamos aqui
a tentar entender o que não tem explicação.

continuamos aqui sempre muito mal acompanhados,
ou exilados, injustiçados, prisioneiros de situações
ridículas, sendo feitos de palhaços...
pra que tanta miséria humana?
pra que tanto caos urbano?
pra que tanta destruição da natureza?
pra que tantos mistérios de meia dúzia de canalhas?
pra que estou viva até hoje?
porque não fui eu a escrever o poema em linha reta de Pessoa?
http://www.releituras.com/fpessoa_linhareta.asp
a palavra, a poesia é a única resposta que consigo ver agora.

nadia gal stabile - 04 11 2014

http://pt.wikipedia.org/wiki/Esta%C3%A7%C3%A3o_Espacial_Internacional

 http://www.swissinfo.ch/por/explos%C3%A3o-de-foguete-antares-exp%C3%B5e-riscos-de-voos-contratados-pela-nasa/41087624











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