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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ridículo


ridículo foi estudar arte
numa faculdade que não queria expos de arte

os estudantes, e eu dentre eles
resolvemos fazer por nossa conta uma exposição
no jardim do prédio que é onde hoje
funciona a pinacoteca do estado de são paulo
no mesmo prédio da pinacoteca funcionava a faculdade.
(eu sou esta caminhando do lado esquerdo da foto)
era 1977, e precisávamos xerocar coisas
para exposição e para uma outra "greve" que fizemos,
íamos do prédio da pinacoteca até o prédio da FATEC,
que fica perto da estação tiradentes do metrô,
e neste pequeno trecho éramos perseguidos
pelo camburão do DOPS, éramos perigosos
estudantes subversivos! ohhh!!!!
precisávamos fazer este percurso porque a direção
da faculdade fechava suas portas para não nos apoiar.
quem nos apoiava e nos dava permissão para usar banheiros
e etc, era a diretora da pinacoteca na época,
a querida e gentil Aracy Amaral.
éramos  na maioria, muito jovens,
adolescentes ingênuos e muito mal informados,
tanto era verdade isto que nestas épocas de manifestações
podíamos constatar a diferença de consciências
entre nós e os estudantes da PUC e USP, que lá
compareciam para nos dar apoio.

a questão pelo qual nos manifestávamos
era referente ao uso indevido das instalações
arquitetônicas, mezaninos demais
colocando em risco a estrutura
do prédio e as obras de arte
do acêrvo da pinacoteca.
outra questão que acordou logo
a maioria dos estudantes não muito
conscientes, foi o valor abusivo
das mensalidades e as péssimas condições
dos ateliês de cerâmica, gravura e etc.
isso tudo se deu entre 1976 e 1978,
época ruim demais para ser estudante
universitário em plena ditadura militar.
nunca se falava em história da arte brasileira,
vejam que absurdo ridículo!
uma faculdade de arte que se recusava
a promover exposições de arte dos próprios alunos,
e ainda colocava em risco as obras de arte da pinacoteca.

Max Feffer era na época o secretário da cultura,
um grupo de alunos reuniu-se com ele para reinvindicar
ações que pudessem deter os abusos em relação aos mezaninos
ou até que a faculdade saisse de tal edifício.
passados alguns anos, talvez 4 ou 5, a faculdade de lá saiu.
me senti bem com isto, me senti fazendo parte
da minha cidade de verdade por cooperar
com nosso patrimônio artístico, histórico e cultural!

nadia gal stabile - 22 de setembro de 2014











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