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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

EU TE AMO - OTÁVIO MARTINS AMARAL




EU TE AMO
Otávio Martins

De tanto ela repetir, insistir em declarar que o amava muito, ele passou a não acreditar.

O horário do seu trabalho, desde a manhã até a noitinha, era mais um bom pretexto para que ele não se certificasse de algo que estava claro, a olhos vistos. Poderia faltar um dia de serviço, com um argumento qualquer e pronto. Mas, aí, deixaria escapar o seu trunfo, que era, apenas, um pretexto, dando a impressão de que nem se importava.

Depois, ao zanzar pelas ruas, praças e avenidas, na feição de um detetive, dirigiu-se a casa, onde ela já o esperava. Exatamente para tratarem daquilo. Olhou bem nos olhos dela - não eram os mesmos - e perguntou:

Você não me ama mais?

Por sobre o rubor de suas faces, ela deixou escapar algumas – poucas -lágrimas. Ele deu as costas e foi até o bar, onde costumava tomar qualquer coisa. Pediu uma garrafa de cachaça. Entrou para “dentro” dela, sentindo-se transformado numa simples mensagem. Poderia, quem sabe (pensou), ser a salvação de algum outro náufrago.

Antes de “capotar” sobre a mesa cantarolou: “Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar...”




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