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sábado, 7 de junho de 2014

Sobre fogueiras, livros e liberdade

50 anos depois
desde a copa de 70 , 44 anos

meu pai morto pela metade ou quase inteiro
a fogueira mais triste de nossas vidas
não era festa de são joão
eu me queimei muto também
a ditadura militar levou nossas vidas
levou nossos sonhos, levou nossas almas
almas sem expressão, não são almas
são zumbis que
na copa de 70 festejaram
naquela tal avenida de meu bairro
festejaram o que?

sonhei com meu pai, me abraçava
ontem a noite assisti trechos do tele teatro da cultura
electra de eurípedes...
filha e pai mortos na fogueira de livros de 1964
e com almas perseguidas e exiladas pra sempre
malditos fascistas
mundo cão
humanos sem liberdade de expressão,
sem poderem pensar,
sem poderem ter livros
não são humanos...
não são pessoas
oprimidos por si próprios
a subvivência mata
isto aqui é só ilusão, tudo acaba, a verdade está morta
as verdades não podem ser ressuscitadas
as mentiras sim, sobrevivem por meio século ou para sempre...
todos se alienam e acham normal
normose a pior das pestes!

Nadia Gal Stabile - 07 06 2014


http://pt.wikipedia.org/wiki/Fahrenheit_451_(filme)



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