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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ENTREVISTA DA LIVRARIA DA FOLHA COM CARLOS LUNGARZO





ENTREVISTA DA LIVRARIA DA FOLHA
com o autor de
Os Cenários Ocultos do Caso Battisti

 Há duas semanas, a livraria do jornal Folha de S. Paulo fez uma detalhada entrevista telefônica comigo, em relação com meu livro "Os Cenários Ocultos do Caso Battisti". Agradeço a gentileza do jornalista Fabio Andrighetto, bem como a forma precisa em que foram reproduzidos os dados.
O link da reportagem é:
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/1227599-julgamento-de-battisti-e-uma-farsa-diz-autor-ouca.shtml
Nele, se encontra o texto completo e um breve trecho da gravação feita por telefone.
A analogia entre John Lennon e Charles Manson (o primeiro como possível instigador moral de crime cometido pelo segundo), foi uma feliz idéia do jornalista, na qual eu não tinha pensado anteriormente, e acredito que ilustra perfeitamente a intenção de justiça italiana ao acusar Battisti de concurso moral.
 

Carlos A. Lungarzo




07/02/2013 - 16h51
Julgamento de Battisti é uma farsa, diz autor; ouça
da Livraria da Folha
Acusado exclusivamente de delitos políticos em 1979, Cesare Battisti foi condenado a duas prisões perpétuas anos depois. Ao processo, foram adicionadas acusações de quatro homicídios, em um deles como "cúmplice moral". Para Carlos Lungarzo, autor de "Os Cenários Ocultos do Caso Battisti", o julgamento é uma farsa.
Membro dos Proletários Armados para o Comunismo (PAC), movimento antifascista da década de 1970, Battisti foi julgado à revelia e sem advogado. Por segredo de justiça, as provas do caso nunca foram apresentadas. Em apenas uma das acusações, a de cúmplice moral, existe uma testemunha. O delator de Battisti, que não testemunhou os crimes, trocou a prisão perpétua por oito anos de detenção.
Divulgação
Militante antifascista foi o estrangeiro mais mencionado pela mídia brasileira
Em entrevista à Livraria da Folha, Lungarzo defendeu que o julgamento é uma violação aos direitos humanos. Ouça. 

Neste trecho está inserido o reprodutor de voz no texto original


Enquanto morou na França, Battisti se tornou um escritor popular, seus títulos eram publicados em formato de bolso e vendidos em bancas de jornal e em estações de metrô. Os livros, escritos como romance policial, denunciavam torturas que aconteciam na Itália.
Segundo o autor de "Os Cenários Ocultos do Caso Battisti", esse é o ponto de partida para o que chama de "linchamento" da mídia e de grupos revanchistas. "A Itália queria, de qualquer maneira, apagar uma voz que estava a denunciando", disse. "Não havia outro, com tanta representatividade, que causasse um impacto tão negativo ao país".
A acusação de "cúmplice moral" pode parecer estranho. Cúmplice, normalmente, é usado para designar alguém que contribuiu para a execução de um delito, com a colaboração simultânea ou anterior ao crime. Cúmplice moral seria o indivíduo que influenciou de alguma forma --com palavras, por exemplo-- para que um criminoso agisse. Uma pessoa que inspira outra a cometer atos ilegais. Fazendo uma analogia, seria o mesmo que condenar John Lennon pelos crimes de Charles Manson.
A única testemunha dos crimes foi exatamente no caso de cúmplice moral, cuja justiça italiana reconhece que Battisti não estava presente. As denúncias surgiram no início do inverno de 1982, quando um ex-militante foi torturado e contou uma história que envolvia Battisti. Entre os mortos, estão três membros de grupos fascistas e um policial acusado de participar da tortura.
"Os Cenários Ocultos do Caso Battisti" traz a pergunta: "Por que tamanha mobilização contra Battisti?". "Um grande projeto de linchamento precisa de um alvo adequado", diz Lungarzo. A edição também conta com uma entrevista exclusiva com Battisti. Lungarzo, doutor em ciências sociais e ciências exatas e pós-doutor em sociologia matemática, é professor titular da Unicamp e participa de organizações de direitos humanos e de refugiados há mais de 30 anos.
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