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quarta-feira, 30 de março de 2011

UM PROGRAMA PARA A ESQUERDA DO SÉCULO 21

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Quando a esperança aquecia corações e
iluminava mentes: Primavera de Paris...
Um dos grandes diferenciais da minha atuação na internet, em relação a outros articulistas de esquerda, é ir além desse maniqueísmo tosco a que muitos deles reduzem os acontecimentos políticos, numa época em que nada é tão simples como parece.

P. ex., o evidente interesse das potências ocidentais em derrubar o ditador líbio Muammar Gaddafi fez os desnorteados de esquerda, em nome do antiimperialismo, correrem a alinhar-se, explicita ou implicitamente, com um dos tiranos mais brutais e repulsivos do planeta.

Aí vem a Inteligência da Otan e assinala a presença de integrantes da Al Qaeda e da milícia xiita Hizbollah entre os revoltosos. Ué, mas Al Qaeda e Hizbollah não são  mocinhos  para a esquerda brasileira? E os insurgentes não são  teleguiados pela CIA?

Depois, ficamos sabendo que o grande aliado ocidental de Gaddafi é, nada mais, nada menos, do que o neofascista-mor Silvio Berlusconi.

Tanto que Franco Frattini, o ministro italiano do Exterior, empenha-se em salvar a vida e a liberdade do ditador, tentando encontrar um país africano que aceite receber esse traste e não se disponha a entregá-lo, como merece, ao Tribunal Penal Internacional, para que seja julgado como o foram os criminosos de guerra nazistas em Nuremberg.

Resumo da opereta: quem participa desse jogo político rasteiro e promíscuo do sistema -- ou, dizendo de uma forma mais sofisticada, da realpolitik -- tem a consistência ideológica da gelatina. Move-se por interesses, embora os fantasie com retórica oportunista de esquerda, centro ou direita.

...Primavera de Praga...
Mas nós, os revolucionários, não podemos chafurdar nessa lama, sob pena de sermos vistos pelos explorados apenas como  mais do mesmo.

Ou seja, cabe-nos defender, intransigentemente, princípios, ao invés de copiarmos o que há de pior no utilitarismo político dos inimigos -- como a postura estadunidense de que certos ditadores são grandes fdp's, mas são  nossos  fdp's.

Não, os verdadeiros revolucionários repudiamos a todos e quaisquer ditadores, até porque é assim que pensam e sentem os melhores seres humanos, dos quais não podemos nos dissociar, se quisermos tê-los ao nosso lado na investida contra os podres poderes do planeta.

Hoje somos uma minoria pouco significativa. Precisamos desesperadamente romper o isolamento atual, voltando a representar uma alternativa de poder em escala mundial.

Mas, na era da internet, ou direcionamos nossa atuação para os homens com mente aberta e espírito crítico, ou para os sectários fanatizados. Não há meio termo.

E é mais do que tempo de optarmos definitivamente pelos primeiros e a eles endereçarmos nossas mensagens, instando-os a cerrar fileiras conosco para a salvação da espécie humana (sob gravíssima ameaça de ser extinta pela ganância capitalista) e acenando-lhes com a perspectiva de concretização das duas maiores bandeiras da humanidade através dos tempos: a liberdade e a justiça social.
...e a contestação à Guerra do Vietnã.

Em 1968, éramos capazes de sensibilizar os corações e convencer as mentes porque erguíamos as bandeiras corretas e travávamos o bom combate.

O desafio é reatarmos os fios da História, tendo como referecial  aquele último grande marco por nós atingido -- e avançarmos.

Podem-se cortar muitas flores, mas não impedir a chegada da primavera. 

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