Quando a esperança aquecia corações e iluminava mentes: Primavera de Paris... |
P. ex., o evidente interesse das potências ocidentais em derrubar o ditador líbio Muammar Gaddafi fez os desnorteados de esquerda, em nome do antiimperialismo, correrem a alinhar-se, explicita ou implicitamente, com um dos tiranos mais brutais e repulsivos do planeta.
Aí vem a Inteligência da Otan e assinala a presença de integrantes da Al Qaeda e da milícia xiita Hizbollah entre os revoltosos. Ué, mas Al Qaeda e Hizbollah não são mocinhos para a esquerda brasileira? E os insurgentes não são teleguiados pela CIA?
Depois, ficamos sabendo que o grande aliado ocidental de Gaddafi é, nada mais, nada menos, do que o neofascista-mor Silvio Berlusconi.
Tanto que Franco Frattini, o ministro italiano do Exterior, empenha-se em salvar a vida e a liberdade do ditador, tentando encontrar um país africano que aceite receber esse traste e não se disponha a entregá-lo, como merece, ao Tribunal Penal Internacional, para que seja julgado como o foram os criminosos de guerra nazistas em Nuremberg.
Resumo da opereta: quem participa desse jogo político rasteiro e promíscuo do sistema -- ou, dizendo de uma forma mais sofisticada, da realpolitik -- tem a consistência ideológica da gelatina. Move-se por interesses, embora os fantasie com retórica oportunista de esquerda, centro ou direita.
...Primavera de Praga... |
Ou seja, cabe-nos defender, intransigentemente, princípios, ao invés de copiarmos o que há de pior no utilitarismo político dos inimigos -- como a postura estadunidense de que certos ditadores são grandes fdp's, mas são nossos fdp's.
Não, os verdadeiros revolucionários repudiamos a todos e quaisquer ditadores, até porque é assim que pensam e sentem os melhores seres humanos, dos quais não podemos nos dissociar, se quisermos tê-los ao nosso lado na investida contra os podres poderes do planeta.
Hoje somos uma minoria pouco significativa. Precisamos desesperadamente romper o isolamento atual, voltando a representar uma alternativa de poder em escala mundial.
Mas, na era da internet, ou direcionamos nossa atuação para os homens com mente aberta e espírito crítico, ou para os sectários fanatizados. Não há meio termo.
E é mais do que tempo de optarmos definitivamente pelos primeiros e a eles endereçarmos nossas mensagens, instando-os a cerrar fileiras conosco para a salvação da espécie humana (sob gravíssima ameaça de ser extinta pela ganância capitalista) e acenando-lhes com a perspectiva de concretização das duas maiores bandeiras da humanidade através dos tempos: a liberdade e a justiça social.
Em 1968, éramos capazes de sensibilizar os corações e convencer as mentes porque erguíamos as bandeiras corretas e travávamos o bom combate.
O desafio é reatarmos os fios da História, tendo como referecial aquele último grande marco por nós atingido -- e avançarmos.
Podem-se cortar muitas flores, mas não impedir a chegada da primavera.
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