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terça-feira, 19 de outubro de 2010

MERA COINCIDÊNCIA OU OS VOTOS DE MARINA?

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A última pesquisa da Vox Populi dá 12 pontos de vantagem de Dilma sobre Serra. Vantagem folgada para vencer facilmente. Isto, depois de Dilma e Serra estarem em “empate técnico” nas pesquisas até antes da convenção do Partido Verde, que declarou “neutralidade” ou “independência” – conforme disse a ex-petista Marina Silva.

     Mera coincidência ou, de repente, surgiram eleitores de Dilma de todos os lados, convencidos de que ela é melhor do que Serra e deve ser sufragada nas urnas?

     Já tinha sido bastante estranha a decisão de Marina de somente declarar o seu apoio no último dia 17 – na reta de chegada das eleições do segundo turno. Surgiram todas as especulações possíveis sobre isso, mas não a que eu acredito ser a verdadeira: os votos espontâneos para Marina, no primeiro turno se transformariam em votos petistas no segundo turno, em sua grande maioria, porque Marina apenas cumpriu o seu papel de amealhar os votos dos descontentes da classe média para, depois de perder no primeiro turno, revertê-los para o PT.

     O Partido Verde não conta, nem as suas propostas, para esse povo que votou em Marina e que agora está se decidindo por Dilma. Não é uma questão de ter certeza de que Dilma fará um governo em defesa da natureza, do bem-estar dos cidadãos brasileiros e do nacionalismo.

     Dilma não convence ninguém. Sem o Lula ela não se elegeria nem para vereadora da última cidade da Cochinchina. Ela é apenas um quadro do PT, devidamente emoldurado e obediente, que cumpriu as suas funções e obrigações e foi escolhida para suceder o Lula talvez por ter a voz mais grossa ou o temperamento mais forte. Ela própria sabe disso. Que bastaria uma boa turma de marqueteiros e o Lula dizendo que era “o Cara” nos seus comícios para eleger-se facilmente.

     O PT tem uma rede de propaganda e contra-propaganda na imprensa e na Internet açulando as pessoas contra o Serra vinte e quatro horas por dia. Pessoas devidamente preparadas, arregimentadas dentro dos melhores quadros petistas, pagos para a missão de desmoralizar o Serra, PSDB e FHC de maneira constante e exaustiva. Com verdades e mentiras. Com tudo o que estiver ao seu alcance.

     Além disso, Serra sempre se mostrou passivo e devagar nos debates do primeiro turno, com jeito de bom menino acomodado na possibilidade da derrota iminente.

     Quando foi para o segundo turno, Serra chegou a sonhar em vencer, mas os ataques petistas recrudesceram e o PSDB não soube tirar vantagem das imensas falhas estruturais do PT – além das prováveis corrupções anunciadas – e conservou Serra com a mesma imagem de “bom homem”, educado e paciente, que espera que o povo compreenda as suas boas intenções. Não exatamente um Serra passivo, mas um Serra apedrejado por Dilma e que somente sabia sorrir das pedras.

     Mas tudo se decidiu na convenção do PV, no dia 17. Marina já tinha assinalado que apoiaria Dilma, quando disse que “o Brasil já estava preparado para ter uma Presidente mulher”. Era tão óbvio o seu apoio a Dilma que até o PSDB ficou cego. Quando as luzes são muito próximas fica muito difícil enxergar.

     Mas naquela convenção ela preferiu a neutralidade, que chamou de independência. Uma neutralidade que aconteceu depois de longas conversas entre ela, membros do PV e membros do PT.

     Marina passou a ser a Heloísa Helena de 2006, que reuniu os descontentes da centro-esquerda do PT, fundou o PSOL, foi para o primeiro turno sabendo que iria perder e, no segundo turno, mesmo “neutra”, reverteu os seus votos para o PT. E aqueles votos ajudaram a reeleger Lula.

     Agora Marina faz a mesma coisa, Dilma dispara nas pesquisas, o PSDB e Serra não sabem o que fazer – como nunca souberam, nestas eleições – e está tudo decidido.

     Apenas uma questão de estratégia bem montada pelo PT, que é especialista em usar as pessoas e depois, quando não servem mais, jogar o bagaço no lixo.

Fausto Brignol.

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