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sábado, 31 de julho de 2010

Células-tronco e a ditadura do comportamento

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31/07/2010

Em 09 de março de 2009, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama suspendeu as restrições ao financiamento público de pesquisas com células-tronco embrionárias impostas pela administração Bush, cumprindo uma promessa de campanha. Células-tronco possuem a capacidade de se converterem em quase todos os tipos de células humanas e, por isso, são alvo de pesquisas com potencial ainda não totalmente compreendido – tratar a doença de Parkinson, devolver movimentos e visão a vítimas de acidentes, curar diabetes…

Agora o órgão que controla os medicamentos por lá liberou nesta sexta (30) o primeiro teste no mundo em humanos de um tratamento derivado de células-tronco embrionárias (obtidas a partir de embriões com menos de uma semana de existência). A empresa Geron irá escolher até dez pacientes com lesão recente na medula espinhal que receberão as células e serão acompanhados por um ano.

Já abordei este tema neste blog várias vezes e não sou um especialista em ciência feito jornalistas como Claudio Ângelo e Marcelo Leite, mas a notícia vale nota e anima não apenas pelo avanço médico que simboliza, mas também por mostrar que estamos conseguindo dar importantes passos contra a ditadura da religião e seu manual de comportamento.

É claro que não sou inocente de achar que a indústria da saúde nos Estados Unidos (talvez a mais selvagem das selvagens indústrias do capitalismo, que ganha bilhões explorando o sofrimento) não lucrará muito com o know-how que será acumulado a partir das portas que se abrem. Como noticiei aqui antes, o próprio Obama, na época, reclamou – básico – que os EUA estavam ficando para trás do ponto de vista técnico-comercial. Mas o uso desse tipo de terapia deve ajudar a reduzir o sofrimento de milhões de pessoas no futuro, ricas e pobres, e portanto, deve ser incentivado.

Por aqui, após um longo debate, o Supremo Tribunal Federal aprovou em maio de 2008 as pesquisas com células-tronco embrionárias, rejeitando uma ação direta de inconstitucionalidade que tentava barrá-las. A votação foi apertada, seis a cinco, com os ministros Carlos Ayres Britto, Ellen Gracie, Carmen Lúcia Antunes Rocha, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello votando a favor.

Há aqueles que defendem apenas as pesquisas com células-tronco adultas, para evitar o descarte de embriões. Essa linha também é promissora, mas não pode ser a única adotada frente à versatilidade das células células-tronco embrionárias. E vamos sem racionais, pelo amor de Deus! Um grupo de algumas células embrionárias congeladas após terem sido preteridas em um tratamento de fertilização e que seriam lançadas para virar pó em um incinerador não podem ter o mesmo valor de um ser humano nascido. Ou de alguém que perdeu o movimento das pernas. Ou de uma pessoa que é obrigada a injetar insulina todo santo dia. Ou alguém que, religiosamente, teve que alterar sua rotina porque perdeu a visão em um acidente. Se for necessário utilizar essas células para que alguém volte a andar, ouvir e enxergar ou seja curado de uma doença degenerativa fatal, que se faça.

O pior é ter que ouvir que o uso desses embriões é assassinato… A humanidade já deveria ter evoluído para deixar as cruzadas de lado, mas os conservadores (atenção, não estou colocando as igrejas todas no mesmo balaio como muitos dizem que gosto de fazer por aqui – apenas as suas alas mais reacionárias) botam cada vez mais lenha na fogueira de uma guerra santa contra a dignidade do ser humano. Que, ironicamente, é o desejo do Criador de acordo com as diferentes escrituras.

Vale lembrar que, nem bem Bento 16 aterrissou por aqui em 2007, e já foi condenando o aborto, a pesquisa com embriões para obtenção de células-tronco e a eutanásia. “Escolhe, pois, a vida” foi o tema da Campanha da Fraternidade da CNBB em 2008, quando a crítica ao direito ao aborto, às pesquisas com células-tronco embrionárias e à eutanásia foi grande. As Campanhas têm um papel fundamental na vida dos católicos do país e são importantes. Por isso, defendo que haja liberdade plena para qualquer grupo se manifeste como quiser sobre esses temas. Liberdade, contudo, que deve ser estendida a todos. Por isso, vamos aproveitar esse momento para abrir o debate à sociedade a fim de que ela possa fazer suas próprias escolhas e não ser guiada por terceiros.

Ao final, se determinado grupo for contra o uso de células-tronco embrionárias no futuro, sem problema. Oriente seus fiéis a viver (ou morrer) sem utilizar o tratamento e receber seu prêmio em um plano superior. Não tenho certeza se serão ouvidos por muita gente.


http://blogdosakamoto.uol.com.br/2010/07/31/celulas-tronco-e-a-ditadura-do-comportamento/

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Exercício criado para pessoas com e sem deficiência promete boa forma e inclusão

Por Miriam Temperani


Qualidade de vida e boa forma para todos! Essa é a proposta da “Moving Chair”, primeira aula feita especialmente para as pessoas com mobilidade reduzida. Criada pelo professor de educação física e de tae kwon do Cleuton Nunes, de 30 anos, a aula foi apresentada pela primeira vez na 20ª Fitness Brasil, realizada em maio na cidade de Santos, São Paulo.

Após sofrer um acidente de moto em que perdeu as duas pernas, Nunes passou a vivenciar uma nova realidade em que a atividade física não fazia parte dela e resolveu mudar essa situação. “Percebi que os cadeirantes ativos necessitavam de melhor condicionamento físico em seu cotidiano, tornando os obstáculos fáceis, inspirando a uma atividade física que não viesse apenas do esporte e que pudesse fazer parte dos movimentos de inclusão”, relata. Foi assim que nasceu a aula que integra todos. O nome “Moving Chair”, que numa tradução livre seria “cadeira móvel”, tem tudo para fazer sucesso, junto com os benefícios que ela proporciona.

Muito dinâmica, a aula mescla movimentos do boxe e do pilates, trabalhando principalmente os membros superiores. Realizada com músicas empolgantes e acessórios como cordas e elásticos, ela trabalha o corpo, a força e o equilíbrio, permitindo mais controle do tronco sobre a cadeira, o que facilita na locomoção e nas tarefas funcionais do dia a dia. “O fortalecimento da musculatura faz com que a pessoa com deficiência tenha mais funções e controle do corpo, e que suas atividades em ambiente aberto sejam realizadas com maior destreza, deixando-a cada vez mais independente nas suas obrigações e passeios”, diz Cleuton. A atividade é praticada em grupo e isso proporciona o benefício de integração social, o aumento da autoestima, a qualidade de vida e bem-estar. Para quem não possui deficiência, os exercícios melhoram a postura, o condicionamento físico e o fortalecimento cervical.


http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/59/artigo179162-1.asp

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SOS COMUNICAÇÃO


Dizer coisas que sejam de verdade relevantes e ainda conseguir atingir os devidos ouvidos,as devidas almas,
nunca foi fácil.
Comunicar-se e conseguir não aprisionar quem quer que seja,me parece o maior desafio humano!

Os irracionais não são fanáticos por nada, os animais não precisam de escolas e nem de emissoras de tv.
Não se agrupam por qualquer razão ou porque exista um lider a convencê-los de algo!
Irracionais unem-se pela sobrevivência! a única ideologia que poderia existir pra eles seria a da vida!

Se eu fosse uma leoa,agora estaria a defender minha cria e a caçar,e se eu conseguisse caçar somente um animal de pequeno porte,comeria antes do macho,ou ele nem comeria aguardando o dia de amanhã quando eu não estaria tão enfraquecida e pudesse caçar ,quem sabe um animal maior que o alimentasse fartamente.

Me parece que não somos assim tão diferentes de leões,os machos às vezes deixam as mulheres comerem antes!rsrss... o que quero dizer mesmo, com toda minha falta de talento em escrever, é que tento dizer coisas,e espero sempre tentar dizer,mesmo com todas as minhas deficiências na escrita ou no conteúdo.

Nestes últimos tempos tenho percebido que a comunicação precisa ir adiante rápido pra que possa auxiliar urgentemente a educação neste país! Por exemplo, outro dia assisti parte de um documentário sobre lan houses,numa certa parte um professor de escola da periferia de São Paulo,perguntava a uma classe de quinta ou sexta série, quem jogava um determinado game. Pelo menos a terça parte da classe levantou a mão.

Este professor, ou a maioria dos professores nunca jogou tal game!

Este SOS COMUNICAÇÃO seria também, que os professores tivessem um tempo nas escolas para
aprenderem a jogar estes jogos, ou a entenderem porque que os alunos gostam de jogá-los.
Para mim é impossível que a verdadeira comunicação aconteça sem que as partes envolvidas se integrem através do conhecimento mútuo! Educar é se comunicar,e se o professor souber como é a vivência do aluno,
e respeitá-la,poderá conversar, fazer análises que poderiam até serem incluídas nas aulas de qualquer disciplina!  Os jovens, as crianças, andam abandonadas ,porque na maioria das vezes existem muros que separam suas vidas da vida dos adultos!

Outra questão que queria dizer aqui é sobre a mídia, os jornalistas que tendo tanta capacidade, tantas experiências importantes,poderiam tentar serem mais diretos, mais didáticos sobre questões relevantes que poderiam cooperar substancialmente com a transformação de nossa educação e nossa cultura!

Este SOS COMUNICAÇÃO que escrevo aqui tem o objetivo de mobilizar muitos que poderiam ler esta postagem,a tentarem refletir quais seriam suas importantes contribuições a nossa vida!
Assim como as leoas, a sobrevivência, a educação das crianças sempre esteve nas mãos das mulheres.
Está na hora dos homens pararem de agir como leões interesseiros e que abusam do trabalho das mulheres!
A educação das crianças, dos jovens e de todos nós, pois educação nunca termina, até morrermos podemos estar nos transformando! Entretanto os homens deste país continuam a agir como filhinhos mimados e alheios a educação! Melhorar-se deveria ser algo que estivesse em primeiro lugar para os racionais!
Os exemplos ruins que os homens dão a seus filhos e a subordinação da mulher ao homem,detonam de saída a cabeça das crianças!

Aqui neste blog, o Sarau Para Todos,temos tido momentos incríveis com reflexões de seus colaboradores,
reflexões hiper pertinentes,que urgem serem debatidas neste país!
Enfim, ser blogueira tem me parecido ser alguém que consegue reunir ou integrar vários setores,
poetas com jornalistas, com artistas,com educadores, com escritores, com empreendedores,com cientistas, com simples blogueiras como eu...enfim, é preciso que esta união ocorra rápido,não temos mais tempo pra perder,este presente quem tem que fazer somos nós mesmos!

Nadia Stabile - 30/07/10 

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ENCONTRO COM FORO

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Um ser cabeludo, deste tamanho assim, apareceu e disse: “Eu Sou Foro!”. E a sua voz tonitroante tonitroava, ameaçadora. Respondi: “Como vai, senhor Foro?”

      – “Como vai, não, ser impuro!” – trovejou o ser, deste tamanho assim, enquanto eriçava os cabelos, que eram muitos, e seguiu dizendo, a tonitroar: “Deves tremer ao me ouvir!”

      Tremi, para não fazer desfeita, enquanto dizia – “Mas eu estou tremendo, senhor Foro” – e mostrei minhas mãos vermelho-pálidas que fingiam oscilar como se tremessem de verdade, enquanto ele continuava a tonitroar.

      - “Eu Sou Foro, Foro, Foro, o Senhor das Verdades escritas e por escrever, o Superior Poder de todos os poderes, o Sereníssimo, o Muito Augusto, Mestre Secreto, Perfeito, Íntimo, Preboste e Juiz; Sou o Grande Eleito Soberano, Ilustre e Perfeito, domino sobre a Acha, o Machado e o Arco Real; sobre a Serpente, a Águia e o Pelicano; Sou o Grande Inspetor Geral de todos os Mestres dos Mestres, Sublime em Tolerância e Compreensão, o que ouve e pondera e a quem todos se curvam quando fala e decide os destinos miseráveis dos seres profanos – eis o que Sou!” – falou de um só fôlego, enquanto seus cabelos, que eram muitos, eriçavam-se no ápice de Sua Suprema Pessoa, deste tamanho assim, a olhar-me com severo olhar como a esperar a confirmação de minha pequena pessoa para as suas exclamativas palavras.

      Eu, para não parecer mal educado, disse: “Que bonito! quanta coisa o senhor é...”

      E ele voltou a falar, com a voz mais alta do que antes, como se desejasse me deixar surdo.

      – “Como, que bonito?! Não percebeste ainda que Eu Sou Foro, Foro, Foro, o senhor de todos, o determinador e o exterminador, céus e terras estão cheios de Minha Glória, bendito Eu Sou nas alturas e planuras de onde observo todos os fatos e me enfastio a julgar e a decidir. Quando bato o meu martelo, universos são feitos e desfeitos!...”

      – “Momento, seu Foro” – eu disse, para interromper a falastronice que já me atordoava – “Que martelo?” - e ele, um ser deste tamanho assim, com os cabelos a baloiçar como se fossem uma peruca solta, olhou para as suas grandes mãos vazias, olhou para os lados, olhou para mim, agora com um grande olhar perplexo, suplicante, e gritou, tonitroante: - “Meu martelo!... Onde está o meu martelo?!”

      E eu comecei a rir, a rir e a gargalhar sem parar, enquanto aquele ser, deste tamanho assim, foi diminuindo, diminuindo e, com a voz cada vez mais débil, dizia, quase a chorar – “Meu martelo...” – e foi sumindo, diluindo seu poder e sublimidade a cada gargalhada minha.

Sem Frescura - Silvio Tendler 1 - 3


Peréio e Silvio Tendler
A História do Brasil é a matéria-prima de Silvio Tendler. O documentarista já filmou as biografias de JK e Jango, além de ter registrado a última entrevista de Milton Santos. No programa, ele comenta as idéias do geógrafo, relembra o início do trabalho no cinema e se define como um fã da tecnologia.
fonte: Canal Brasil website
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PATOS, GANSOS E OUTROS BICHOS

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A convocação da seleção brasileira de futebol pelo técnico Mano Menezes obedeceu aos novos critérios da CBF, que, visando uma reformulação da seleção após o vexame na Copa da África do Sul, declarou, através do seu presidente Ricardo Teixeira, que a nova seleção deveria ser composta por jogadores com idade até 23 anos.

      Com uma ou outra exceção, assim foi feito pelo novo técnico. Mano Menezes parece ser uma pessoa flexível às ordens da CBF, maleável às circunstâncias e adequando-se ao novo ambiente de trabalho. Mas nem CBF – leia-se Ricardo Teixeira – nem Mano Menezes, que é um rapaz obediente, buscaram priorizar a qualidade e a técnica. Ficaram de fora alguns excelentes jogadores, que qualificariam a seleção.

      O mais óbvio e gritante é a nova não convocação de Ronaldinho Gaúcho. Dunga não o convocou porque, ao que se diz, não gostava dele, principalmente após determinado Gre-Nal em que Ronaldinho fez algumas coisas que não deveria fazer ao driblar Dunga – e perdeu a vaga na seleção. É o que se diz.

      Mas acho que isso que se diz não deve ser inteiramente correto. Quem não gosta do Ronaldinho deve ser a própria CBF, e, é claro, os seus contratados. A outra razão, é que a CBF quer jogadores que tenham, no máximo, 23 anos, e Ronaldinho parece que passou da idade prevista. Outros que não foram convocados, contra todo o bom senso, foram, por exemplo, Rogério Ceni, Kaká, Juan, e principalmente Lúcio, que foi o melhor jogador do Brasil na recente Copa. Também não tem a idade requerida.

      Desta forma, temos, literalmente, uma seleção de novos, com patos, gansos e outros bichos que a mídia oficial tanto implorou fossem convocados. E Mano Menezes, um rapaz obediente, calmo e amistoso com os microfones, obedeceu.

      Claro que é uma convocação para enfrentar a seleção dos Estados Unidos em uma partida amistosa já prevista no calendário da CBF. E para jogar contra eles bastaria fardar com a camiseta canarinho o time do Avaí, por exemplo, e ganharíamos de goleada. Mas a idéia não é essa.

      A CBF, desmoralizada pelas suas péssimas escolhas nos últimos oito anos, precisa mostrar uma nova cara, e a escolhida foi a do Mano Menezes. Obviamente, Scolari foi preterido devido à sua forte personalidade e ao seu caráter não subserviente.

      Mas o mais triste de tudo isso, além do fato de Mano já começar “queimando” jogadores de excelente nível, como os citados acima, é a discriminação por idade. Acredito que deva estar previsto em algum artigo da nossa Constituição que isso é ilegal.

      Qualquer tipo de discriminação é ilegal, mesmo que não esteja escrito explicitamente: “Não se deverá discriminar por idade quando da convocação de jogadores para a Seleção Brasileira de Futebol”. Não está escrito, é claro. Não desta maneira. Mas, qualquer pessoa com um mínimo senso de ética deve saber que isso não deve ser feito. É feio, deseduca, atenta contra a moral e os bons costumes.

      Mas é a CBF que manda no futebol brasileiro, e quem manda faz as leis, segundo a nossa pobre idéia de civismo, neste Brasil tão pouco brasileiro. E é tão importante o futebol para o povo brasileiro que vitórias ou derrotas no futebol podem eleger ou derrotar candidatos à presidência da República. E as eleições estão aí. Como se sabe, eleições e ética não combinam. Aliás, política e ética atualmente são antônimos, no país dos mensalões.

      CBF é apenas uma sigla que esconde dirigentes de futebol que foram escolhidos pelo governo, que, supostamente, deveria governar. Então, ao se fazer discriminação de idade na seleção brasileira de futebol, quem faz essa discriminação é, de fato, o governo brasileiro, que se esconde atrás da sigla CBF.

      E pode o Governo - leia-se Lula (Hoje. Amanhã Dilma, Serra ou qualquer outro(a) que seja cúmplice do mesmo sistema) – ser a favor da discriminação, da falta de ética, do descaso com o bom senso e contra a educação moral do povo, escudado por siglas e por nomes, e escondido atrás da máscara parva da embriaguez moral?

Caso Battisti: Vendettas sem Férias

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Carlos Alberto Lungarzo
Anistia Internacional (USA) – 2152711
Nos últimos meses, a grande imprensa deu algum sossego à campanha de difamação e ódio contra o escritor italiano Cesare Battisti. A Folha de S. Paulo chegou a abrir sua frequentada sessão Tendências/Debates a Luís Barroso, um dos advogados defensores. Uma exceção é uma revista de atualidade muito lida por executivos, empresários e classe média fascistoide, cujo conteúdo prima pela grosseria, a injúria, e a agressão procaz.
Há outra exceção, mas esta não pertence à grande mídia, nem faz parte do chamado “partido da imprensa golpista”. É uma revista de média circulação, que apoia o governo, e representa os interesses dos empresariados nacionalistas.  Um número significativo de intelectuais tem considerado esta publicação como um órgão de centro-esquerda, e se sentiram “traídos” quando a revista empreendeu uma campanha obsessiva contra Cesare Battisti, não poupando seus amigos, seus defensores, e até aos indiferentes.
Esse órgão continua no ataque, e esta semana apresentou uma matéria reforçando suas já recorrentes acusações contra o romancista latino. A causa de me referir a isto não é prazer masoquista, mas o fato de que as antigas acusações encontraram uma “fonte” nova. Desta vez, as velhas histórias estão temperadas com as fofocas sobre Cesare escritas por um apresentador italiano de rádio e TV. Ele se chama Giuseppe Cruciani, e sua “fabricação” da história de Battisti foi compilada no livro: Os Amigos do Terrorista, que ainda não foi traduzido, talvez porque a Embaixada Italiana no Brasil desistiu de gastar dinheiro.
Não posso colocar scans desse livro em meu site, porque está protegido por direitos autorais, mas você talvez se arrependa de comprá-lo, gastando 15 euros mais o frete. Não quero analisar o livro todo, senão apenas a matéria dessa revista “progressista”, cujos editores tiraram alguns fragmentos do livro para se inspirar. (Nem revista nem o autor do artigo são relevantes)

O Livro de Giuseppe Cruciani

Giuseppe Cruciani (n. 1966) é um jornalista romano, apresentador de rádio e televisão, que se ocupa de assuntos gerais e mantém diálogos com tele-espectadores. Seus programas tanto por rádio como em TV, são semelhantes a alguns programadas de rádio no Brasil, onde o apresentador atende perguntas da audiência sobre coisas diversas: futebol, sexo, política, etc. Mas, não há um programa idêntico na TV brasileira. O mais parecido a Cruciani, numa versão muito menos educada, poderia ser o jornalista José Luiz Datena. Creio que dificilmente algum leitor consiga imaginar Datena escrevendo um livro sobre um complexo assunto jurídico que envolve delicadas questões históricas e políticas.
Num país onde é surpreendente que um membro da mídia não seja de direita, Cruciani foi acusado de ser incondicional do premier, mas ele se defendeu dizendo: “Qualquer um que não diga que Berlusconi é um monstro é rotulado dessa maneira”. (Vide) Seu livro foi publicado pela Sperling-Kupfer, um ramo da editora Mondadori, que, por sua vez, é controlada pela holding Fininvest, da família Berlusconi, que ganhou o controle da editora após uma sentença contra Carlo de Benedetti, em 1991, num escândalo de propinas e subornos.
O livro de Cruciani é um acúmulo de anedotas, alinhavadas por uma trama que lembra, numa qualidade infinitamente menor, as narrações “históricas” de John Forsyth. (Quem leia isto, não pense que vai obter a mesma emoção que lendo O Dossiê Odessa, por exemplo.) As anedotas não apenas visam mostrar uma imagem maniqueísta de Battisti, pintado como um sujeito diabólico, no estilo Bin Laden, como também denegrir alguns (os mais conhecidos) dos milhares de intelectuais, artistas, jornalistas e políticos prestigiosos franceses e italianos que apoiaram Battisti Cesare entre 1990 e 2005, e os brasileiros a partir de 2007.
Não é difícil perceber que o livro tem o forte toque racista e (para usar um termo vulgar) “invejoso”, que sempre opôs os grupos semibárbaros da direita italiana com a França em geral e, em particular, com a esquerda. Tampouco os mais conhecidos amigos de Battisti no Brasil se salvam a ira de Cruciani, que parece mais misericordioso conosco: porque, se os franceses são arrogantes e vaidosos, nós somos um país de miseráveis e bandidos que só pode ser tratado com desprezo.
Na matéria que estou analisando, se mencionam algumas poucas das numerosas “descobertas” de Cruciani. Vou referir-me apenas a essa matéria, e se for necessário, deixo para o futuro o resto do livro, embora haja muitos que entendem que não vale a pena.

O Caso de Saviano

Cruciani revela com grande alvoroço, que Roberto Saviano, jovem autor do livro Gomorra sobre a máfia napolitana (Camorra), que inicialmente tinha assinado um manifesto em favor de Battisti, retirou recentemente sua assinatura, aduzindo que ele assinara sem conhecer quem era o imputado e porque foi pressionado por amigos. E daí? Por que é tão importante que Saviano se tenha arrependido e agora “apoie as vítimas de Battisti”?
Aceitar um critério de autoridade (isto é bom porque o mestre disse) saiu da moda já em 1789, e hoje só é sustentado por fanáticos incapazes de pensar, sejam fundamentalistas católicos, xiitas ou stalinistas. Mas, se acreditarmos realmente que é possível aceitar critérios de autoridades balançados por dados reais, e levar em conta a opinião de pessoas tidas por esclarecidas, devemos pensar o que significa este simpático garoto (que escreveu, com muita coragem, uma denúncia da Camorra), comparado com os grandes escritores que apoiaram Cesare. Só para dar os exemplos mais importantes: temos Fred Vargas, que além de ser a mais lida e traduzida romancista da França atual, é arqueóloga e historiadora; Valerio Evangelista e Roberto Bui, ambos italianos, a celebérrima Jeanne Moreau, que fez mais feliz a adolescência da minha geração, e muitos outros. E, como broche de ouro: Quantos Savianos cabem num Gabriel Garcia Márquez? (Bom, esta última comparação foi covardia da minha parte).

O Caso de Guido Rossa

O articulista da revista Brasileira menciona (como também fez em muitos outros locais), o sindicalista Guido Rossa, que foi executado por membros das Brigadas Vermelhas.
Guido Rossa (1934-1979) foi membro da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), e representante sindical na siderúrgica IItalsider de Cornigliano, uma vila de Genova. Ele devia ter algum posto distinguido, pois era conhecido como figura de destaque no principal clube de alpinismo e era quase impossível que um operário médio pudesse financiar esportes como alpinismo e fotografia naquela época.
Em outubro de 1978, Rossa viu Francesco Berardi, um operário do mínimo escalão, que tentava distribuir panfletos num local da empresa. Ações como estas durante a ditadura brasileira foram amiúde ignoradas ou punidas com alguns dias de detenção em delegacias. Mas, na Bela Democracia, a coisa foi diferente.
Sabe-se pouco de Berardi, estigmatizado por jornalistas e intelectuais do sistema. Em mais de 1300 documentos sobre Rossa, Berardi é descrito como títere da esquerda, fraco, miserável, analfabeto e marginal. Também é injuriado por sua condição de operário não qualificado, um insulto esquisito em membros de um partido comunista, que se gabava de defender as classes exploradas. Só sabemos que chegou a Genova no começo da década de 50, que tinha pertencido a Luta Contínua, e que nunca militou nas Brigadas Vermelhas. Mas, para enlamear sua memória, é qualificado às vezes de brigadista.
Quando Rossa viu Berardi colocando os panfletos perto do bebedouro, este tentou fugir com natural medo de ser delatado. Guido foi mais rápido e o fez deter pela guarda da fábrica. Conduzido à justiça, onde foi indiciado por distribuir propaganda terrorista (o texto dos volantes não aparece nas crônicas sobre o caso), foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão especial (“especial” quer dizer isolamento e tortura). Rossa levou seu deduração a todos os limites, e confirmou o “crime” de Berardi na polícia e nos juizados. Tempo depois, a polícia declarou que Berardi tinha cometido suicídio, mas uma pesquisa pedida por organismos de Direitos Humanos foi impedida.
As Brigadas Vermelhas pensaram vingar Berardi, apesar de ser um simpatizante sem nenhuma militância. Houve muita discussão porque, apesar da repugnância que inspirava o Partido Comunista em seu papel de alcaguete, todos respeitavam o legado histórico do antigo comunismo, cuja tradição revolucionária continuava viva em alguns países da América Latina.
 Decidiu-se aplicar de novo uma praxe absurda dos grupos armados: ferir levemente o delator como advertência. Rossa foi emboscado por dois brigadistas, mas a tensão levou um deles a disparar um tiro mortal. A autopsia encontrou projéteis nas pernas, mas apenas um no coração. Apesar disso, Vincenzo Guagliardo, responsável só pelas feridas leves estava ainda preso em 2008, ou seja, 31 anos após o atentado. Membros da Brigadas que não tinham participado no crime também foram condenados a penas draconianas.
Na matéria da revista que comentamos, distorcem-se vários fatos: (1) Oculta-se totalmente o caráter de delator de Rossa, que não apenas passava informação aos patrões, mas perseguia os membros da esquerda até conseguir sua prisão.(2) Sonega-se que tinha um altíssimo nível de vida, incompatível com o melhor salário de operário. (3) Oculta-se que foi morto pelas Brigadas, e não pelos PAC, que nunca foram processados por isso, nem mesmo acusados, apesar do acúmulo de culpas que a justiça italiana colocou sobre eles. (4) Distorce-se a autoria do ataque, que não foi feito pela Prima Linea, como diz o libelo, mas pelas Brigadas, cuja estrutura autoritária e militarista, própria da esquerda católica, era repudiada pelos outros grupos. (5) Omite-se o dado importante de que as Brigadas não tencionavam matar Rossa, mas apenas feri-lo, o que, sem dúvida, é uma aberração, mas de menor tamanho.
Há algumas semanas, em outra das recorrentes citações de Rossa por parte do libelista, eu escrevi um e-mail perguntando: “Você atribui a Battisti a morte de Rossa?”. Um auxiliar dele me respondeu: “Não, imagina, ninguém disse isso. Apenas mencionamos o assunto, porque o assassinato dele e parecido aos que cometeu Battisti!”.
Parecido? Os crimes que se atribuem a Battisti tiveram como vítima dois policiais e dois empresários. Qual é a analogia com a morte de um sindicalista? Por que não incluir o nome de Rossa, então, em qualquer outro anúncio fúnebre?
Se quiser ver uma matéria redigida na Itália, e que não é de esquerda (pelo contrário, seus autores elogiam Rossa), veja isto. Neste texto, você pode ver, entre outras coisas, que é falso que o assassinato de Rossa fosse executado por Prima Linea; eles deixam claro que foram as Brigadas. Informação adicional pode ser vista no blog de nada menos que Luciano Violante, um magistrado italiano que já foi deputado pelo stalinismo, e um dos mais acérrimos inimigos da esquerda. Por que ele preferiria culpar as Brigadas e não Prima Linea, sendo que esta tinha alojado ex membros do PAC?
Se você quiser escolher e gerar sua própria opinião dentre mais de 2.000 artigos sobre Rossa, veja aqui. Acredito que fica claro que esta história de Prima Linea como assassina de Rossa (que aparece em todos os artigos do libelista sobre o tema), tem por objetivo vincular esse crime com uma organização que parece ter relação com os PAC e, ao mesmo tempo, criar um sentimento subliminar de que Battisti colaborou nesse crime também.
Eu acho interessante o caso Rossa porque mostra de que maneira é manipulada a informação para sujar o máximo possível a imagem de Battisti.
O libelista disse que Rossa era o Lula da época. Independentemente de apreciações políticas (que não são relevantes à minha atividade), Lula é conhecido como uma pessoa que sempre foi leal a seus companheiros. Compará-lo com um delator é ofensivo.

O Caso de Pietro Mutti

Cruciani, em seu livro, e o autor da matéria comentada, enfatizam a “mentira” de que Battisti fosse condenado pelo único delator, Pietro Mutti, e que também é falso que tenha sido premiado com a liberdade.
Eventualmente, algumas pessoas do Círculo de Apoio a Battisti mencionam apenas Mutti, porque foi o mais importante, e quem inventou junto com os promotores toda a armação. Mas não negamos que houve outros. Dissemos e comprovamos com citações das sentenças, que os delatores foram vários, sendo Mutti o principal. Os outros delatores foram Sante Fatone e Maria Cecília Barbetta, cujos testemunhos foram corroborados por outros que também estavam presos e precisavam descontos nas suas penalidades. Por exemplo, Tirelli, e possivelmente Memeo e Grimaldi.
Pessoalmente, penso que houve entre 6 e 8 delatores e não apenas um. Então, concordo com o libelista do magazine: não foi apenas Mutti. O que nós afirmamos é que não houve nenhuma testemunha, objetiva, isenta, presencial, documentada, etc. Será que o libelista pode dar algum exemplo?
Também não dissemos que Mutti ganhou a liberdade. Ele teve sua pena de prisão perpétua comutada a oito anos. Calculando que sua expectativa de sobrevida na época fosse de 48 anos (tinha uns 27 ou 28, e chegar aos 80 anos na Europa não é excepcional), ele teve uma redução de 80% (4/5). Estão achando pouco?

As Garantias de Battisti

O libelista cita os processos originais contra Battisti, como provas de que ele esteve bem defendido e teve todas as garantias. Em meu site, pode encontrar-se a totalidade dos documentos que a Itália liberou ao público, e alguns que pude obter por via de contatos. Talvez o libelista e o escritor Cruciani tenham outros documentos, que a justiça italiana lhes confiou sigilosamente, quem sabe? Seja como for, esses documentos não podem ser aduzidos como provas se não foram divulgados. O que se conhece publicamente é:
1.        Mais de 400 intelectuais e políticos franceses protestaram várias  vezes pela inusitada cumplicidade de Chirac com o governo italiano, em troca de vantagens econômicas, o que constitui um grande motivo de vergonha para a brilhante cultura francesa, tão rica em libertários e iluministas. A Liga dos Direitos do Homem, a mais antiga organização de DH fundada no século 19, enviou duas cartas às autoridades brasileiras.
2.       A organização Antígone, a mais importante OGN de DH de prisioneiros (políticos ou comuns) que opera na Itália, enviou em novembro de 2009, uma nota ao presidente Lula, advertindo sobre o péssimo estado das garantias individuais no estado italiano.
3.       Os advogados de Battisti, Pellaza e Fuga, que já tinham intervindo num julgamento anterior, não foram autorizados pelo réu para representá-lo. As procurações foram falsificadas como denunciou Fred Vargas numerosas vezes, sem obter a menor atenção do Supremo Tribunal Federal do Brasil nem da mídia.
4.       Argumenta-se que o processo de Battisti foi analisado por mais de 60 juízes togados, e o libelista acusa de “caraduras” e de outras obscenidades aos que não leram os autos nem atentaram para esse aspecto. De fato, é verdade que foram muitos os que aparecem mencionados na sentença de 1988, mas não sabemos quem redigiu o relatório, e o único protagonista do caso Battisti que mostra frequentemente as caras é Armando Spataro. Não é evidente, mas um raciocínio detalhado mostra que o discurso de Spataro é contraditório, embora possa ter, sem dúvida, algumas afirmações verdadeiras.
5.       A displicência da Corte Europeia de DH no caso Battisti não é um argumento que mostre que foi desprezado porque ele era culpado. Talvez isso fosse sensato, se essa corte estivesse muito preocupada realmente com a defesa dos cidadãos. Já em 2008, a Corte arquivava cerca de 95% dos processos sem tê-los monitorado. (1.543 casos atendidos sobre cerca de 32 mil ignorados). Os únicos casos que funcionam nessa Corte são os que têm grande repercussão como foi o dos crucifixos em locais públicos da Itália. Textos do próprio Conselho da Europa se referem com alarma a esta irregularidade. (Vide)

Os Crimes

Cruciani e o libelista reiteram o que a justiça italiana já afirmou milhares de vezes: que Santoro e Campagna foram assassinados por Battisti.
No relatório da sentença do processo concluído em sua primeira instância em 1981 se deixa claro que Mutti foi o executor de Santoro, secundado por uma menina e com a cumplicidade de duas pessoas que guiavam o carro. Não se fala em absoluto de Battisti. Sugiro que o leitor se informe nesse documento.
O caso de Campagna se atribui a Memeo, um membro da organização famoso por ter sido fotografado numa passeata com uma arma na mão. Ele e MUTTI eram conhecidos por especial inclinação à violência. Na época (1979), ainda não existia nenhum interesse em culpar Battisti, pois os promotores não tinham pensado nas vantagens de ter um bode expiatório para todos os crimes. Portanto, os jornais da época, alguns dos quais o leitor pode encontrar na Internet, reproduzem a notícia assertivamente. Veja especialmente Corriere della Sera e Repubblica. Quem tiver acesso aos jornais italianos em papel, pode ver também Il Giornale e muitos outros diários menos famosos, porém todos eles comerciais e sem interesse partidário.
O caso de Sabbadin e o de Torregiani já foi discutido ad nauseam e polemizar sobre ele seria fazer o papel de ingênuo, o que não me parece respeitoso com o leitor.
A transferência das culpas a Battisti aconteceu em 1982, quando Mutti e os promotores decidiram colocar todos os crimes dos PAC numa única pessoa. O leitor pode ver que a sentença de 1988, que possui mais de 700 fólios, é muito confusa ao se referir a Mutti. Não se menciona que os crimes eram atribuídos, antes, a outras pessoas. Também aparecem muitos e redundantes elogios a Mutti, que, por sua condição de ultraesquerdista violento não deveria merecer, supomos, tanta simpatia dos juízes. Uma leitura atenta (o que pode ser muito cansativo, mas a verdade exige esforço) mostra que a sentença de 88 foi forjada, pois é rica em inconsistências. O que não está provado fisicamente, embora existam alguns testemunhos de ativistas da época, é que Mutti tenha recebido dinheiro, mas nunca usamos esse argumento, justamente por não ser apodictico. Quanto a sua condição de delator, é reconhecida pela própria Itália, sob o eufemismo de pentito.

O Caso Barbetta

Maria Cecília Barbetta é uma jovem que estudava filosofia e entrou no PAC, como aconteceu em outros países com muitos estudantes de humanidades. Ela é atualmente professora em Verona, mas recusou conversar com qualquer contato nosso na Itália. Tanto a justiça, como Cruciani, como o STF brasileiro, como centenas de interessados na execução de Battisti, repetem uma declaração que ela fez em Milão em 1982, dizendo que Battisti lhe tinha confessado que tinha matado Santoro.
Qual é a validade dessa informação? Segundo os autos, Maria Cecília disse que ele lhe contou como era a sensação de ver sangue correndo, ou coisa semelhante. Se eu dissesse a alguém de minha intimidade que participei do atentado de 11 de setembro, seria levado a sério? Pode parecer ridículo que me detenha neste argumento absurdo, mas o caso de Barbetta foi citado digamos mais de 200 vezes, pelos mais variados panfleteiros.

O Caso de Giacomini

O libelista cita como amostra de canalhice dos PAC que Giacomini tinha dito que eles  consideravam o roubo como um método legítimo para pessoas que tinham sido privadas pela burguesia do direito de trabalhar. Qual é a novidade? Já os socialistas utópicos, em 1850, diziam que a propriedade privada era roubo. O direito a roubar dos ricos pelos pobres foi o motor da lenda de Robin Hood, que, mesmo que seja imaginária, reflete o espírito da época, e aquela fábula surgiu há mais de 3 séculos, pelo menos.
Ou seja, a ideia de que existe uma grande injustiça social e que a pessoa que rouba para sua subsistência apenas está reequilibrando as relações sociais, é tão velha como a sociedade de classes. Hoje em dia, há numerosos sociólogos, especialmente de países avançados, como a França, que defendem este ponto de vista. Ele também está implícito em alguém tão conhecido como Foucault, que coloca em juízo todo o sistema punitivo e prisional, e não apenas a punição de presos comuns.
Em fim, o caso Battisti está cheio de declarações e interpretações que se multiplicaram durante estes dois últimos anos, de maneira proporcional à vontade de Itália de investir em sua condenação. Essa vontade parece ter piorado. O serviço secreto de exército já perdeu em 2004 a soma de 2 milhões de Euros, ao encomendar o sequestro de Battisti, Loiacono e outro ex-ativista, a um grupo paramilitar neofascista. Os criminosos não fizeram nada, afinal, porque, como toda gangue, queriam mais dinheiro.
Vale também salientar que o ex embaixador no Brasil, Michel Valensisi, foi afastado do país e destinado a outra embaixada, a meados do 2009, quando se descobriu que tinha recebido uma pessoa do círculo de defesa de Cesare Battisti. A demora da decisão do presidente Lula no caso de Cesare preocupa a todos nós, mas há algo que preocupa ainda mais aos linchadores: o presidente não está disposto a entregar carniça aos abutres. Se quisesse, teria tido numerosas oportunidades para fazer isso desde dezembro de 2008, ganhando o aplauso da cúpula do STF e de milhares de neofascistas.
Daí que ainda existam essas fofocas histéricas tanto na Itália como no Brasil. É bom perceber, porém, que eles não confiam muito em sua vitória, e seus uivos são cada vez menores. O mesmo Cruciani respondeu a um jornalista italiano, quando lhe foi perguntado se ele acreditava na extradição de Battisti:
-Io non credo.

Nota Final

É interessante comprovar que esta matéria está postada num dos sites do Ministério de Relações Exteriores, que sempre trabalhou pela extradição de Battisti, e por todas as causas reacionárias que estivessem por perto.

domingo, 25 de julho de 2010

BOLETIM ABRADIC - [nucleojosereis] Notícias ABRADIC - nº110 - Julho de 2010 - NJR-ECA/USP



Nesta edição:
Fato/Foto: Aziz Ab'Saber é o Cientista Homenageado este ano na SBPC


SBPC e a Coleção Divulgação Científica
Glória Kreinz


Divulgação Científica no Séc. XXI:
Poeta do Orkut - Marcelo Roque - "Halleys"


Festa da Divulgação Científica na SBPC
Osmir Nunes


O uso da imagem na divulgação científica: Os Cientistas
João Garcia

 PARA LER NA ÍNTEGRA,CLIQUE NO LINK OU NO TÍTULO DA POSTAGEM :
http://www.eca.usp.br/nucleos/njr/

A Comissão Editorial da ABRADIC cumprimenta os Congressistas da SBPC
Mauro Celso Destácio, Renato Pignatari e Marcelo Afonso
Fato/Foto
Fotos: Yuri Gonzaga



AZIZ AB'SABER É O CIENTISTA HOMENAGEADO ESTE ANO NA SBPC
23/03/2010

Professor Aziz Ab'Saber com a Professora Glória Kreinz do NJR e da ABRADIC

SBPC E A COLEÇÃO DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Glória Kreinz


A Coleção Divulgação Científica completa 13 anos nesta 62 SBPC. Nossa história se liga à história da Associação Brasileira de Divulgação Científica. O primeiro volume da coleção, A Espiral em Busca do Infinito, organizado por mim e por Crodowaldo Pavan, foi lançado durante o lançamento das comemorações do qüinquagésimo aniversário da SBPC, na USP. Era reitor Jacques Marcovitch, que compareceu ao nosso lançamento.



Chegamos ao volume 12, Olhares, em homenagem a Crodowaldo Pavan. O volume 13 será lançado agora. Lançamos ainda nesta SBPC Ciência, Amor e Poesia, pela ABRADIC, Associação Brasileira de Divulgação Científica, que julga o Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPq. A SBPC é a festa da divulgação científica no país.

A Coleção Divulgação Científica tem como projeto agrupar nomes representativos da divulgação científica nacional, como queria José Reis, um dos fundadores da SBPC.Este momento é então um momento em que nos voltamos para a história do patrono da divulgação científica brasileira, e com ele fazemos a festa da SBPC, começando hoje.Em nome de José Reis e Crodowaldo Pavan saudamos os Congressistas. Nossos Cumprimentos. Tradição é Tradição. Vida Longa.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%B3ria_Kreinz

http://coletivocientificanjr.blogspot.com/
http://pavanbrasil.blogspot.com/
http://stoa.usp.br/gkdivulga/weblog/
http://www.blogdonjr.wordpress.com/
http://www.eca.usp.br/nucleos/njr


Século XXI
POETA DO ORKUT: "Halleys"
Marcelo Roque
Leia mais no Clipe Ciência

Lindos são estes teus olhos
atravessando a noite
Flamejantes e silênciosos
Quais cometas diantes do meu olhar,
cruzando os céus pela primeira vez

Vídeo Homenagem a Crodowaldo Pavan - Marcelo Roque


http://www.youtube.com/v/9dtOP6wlY6I&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b

Marcelo Roque
Leia mais no Clipe Ciência
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/marceloroque

http://www.blogdonjr.wordpress.com

http://marceloroque.blogspot.com/




CONHEÇA O NOVO BLOG CIENTISTAS BRASILEIROS
EM HOMENAGEM A CRODOWALDO PAVAN

http://pavanbrasil.blogspot.com


Vagas abertas para o segundo semestre de 2010
www.eca.usp.br/nucleos/njr/curso


Júlio Abramczyk, Octavio Henrique Pavan e Caetano Ernesto Plastino
cumprimentam a Diretoria da SBPC, na 62ª Reunião Anual

FESTA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NA SBPC
Osmir Nunes

A 62ª Reunião da SBPC abre com a entrega do 30º Prêmio José Reis de Divulgação Científica
Estamos em festa! A ciência brasileira com as reuniões anuais da SBPC é como Carnaval, Natal, São João. Tem todo ano. A diferença dessa festa é que ela não é repetitiva, o seu ritual são as novidades que ela traz. Cria-se uma expectativa para se saber o que esta sendo feito nos recônditos dos laboratórios, das universidades, dos institutos, enfim um encontro marcado com os novos conhecimentos.

Esta 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) acontece de 25 a 30 de julho de 2010, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN).O tema central deste ano é “Ciências do Mar: herança para o futuro”.

Os idealizadores, entre eles José Reis, desde 1948, planejaram para que os encontros anuais ocorressem cada vez em um estado brasileiro, diferente e usando como sede do evento a universidade local. Todos esses aspectos traduzem a preocupação para por em prática a divulgação científica em todos os aspectos. Além das atividades principais, a chamada programação científica, com as conferências, simpósios, mesas-redondas, uma série de atividades são postas à disposição dos participantes. É uma verdadeira feira das diversas áreas do conhecimento, permeadas por uma grande discussão das políticas públicas. É a plenitude da divulgação científica.

O CNPq aliado natural do encontro comemora especialmente a divulgação científica, promovendo anualmente a realização do Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPq, desde 1978. A entrega do prêmio ocorre na abertura solene da reunião,e melhor espaço nobre que esse, oferecido pela SBPC, não existe.
A ENTREGA DO PRÊMIO JR NA SUA TRIGÉSIMA VERSÃO, 2010,
TEM A SEGUINTE PROGRAMAÇÃO:
Dia 25/07/2010, 19h, domingo, Sessão Solene de Abertura da SBPC, entrega do 30º Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPq ao Prof. Dr. Roberto Lent, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Local: Centro de Convenções de Natal , Av. Dinarte Mariz, s/n, Via Costeira.
Dia 27/7/2010, 15h30, terça-feira, Palestra: A Divulgação Científica no Brasil: do Paleolítico ao Neolítico, do Prof. Dr. Roberto Lent, o ganhador do Prêmio José Reis. O evento será na sala 5 do Prédio da Escola de C&T da UFRN
Lançamento e distribuição do livreto 30 anos do Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPq
Lançamento da Edição Especial de Ciência e Cultura, com encarte Homenagem a Crodowaldo Pavan, com texto de Glória Kreinz e Osmir Nunes.
Lançamento livro Ciência, Amor e Poesia de Glória Kreinz e Marcelo Roque, volume 3 da coleção temas da Ciência Contemporânea da ABRADIC em Homenagem a Crodowaldo Pavan.

Leia mais: http://www.sbpcnet.org.br/natal/home/


O USO DA IMAGEM NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
OS CIENTISTAS - João Garcia


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Inicia hoje Reunião Anual da SBPC que coloca os oceanos no centro das discussões - coAgência Solidária de Notícias Ambientais

Foto: Wikimedia
Tema central de 2010: “Ciências do mar: herança para o futuro”






Serão 71 conferências, 53 mesas-redondas e 29 simpósios, entre os quais 41 estão relacionados ao mar. O evento também abrange encontros, minicursos e sessões de pôsteres de trabalhos científicos.

Por Fabio Reynol - Agência FAPESP

Começa neste domingo (25/7) a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que será realizada no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal.

Realizada a cada ano em um Estado diferente, a nova reunião, que terá cobertura da Agência FAPESP, tem a capital potiguar como cenário para ilustrar debates a respeito do tema central de 2010: “Ciências do mar: herança para o futuro”.

“Após duas reuniões voltadas à Amazônia [Belém, em 2007, e Manaus, em 2009], voltamos agora para o outro grande ecossistema brasileiro: o mar, a nossa ‘Amazônia azul’ de área de 4 milhões e 500 mil quilômetros quadrados e para a qual a ciência tem olhado muito pouco”, disse Marco Antonio Raupp, presidente da SBPC, à Agência FAPESP.

Segundo ele, a ciência está intimamente ligada a dois pontos fundamentais ao desenvolvimento do país e que devem ser partilhados com a população: inovação e sustentabilidade ambiental. “Precisamos não somente produzir o conhecimento, mas também difundi-lo para toda a sociedade a fim de que ela se desenvolva e aprenda com os erros do passado, quando não havia a preocupação atual com o meio ambiente”, disse.(...)

LEIA MAIS EM :
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?open=noticias&id=VZlSXRFWwJlUspFWOZlVaN2aKVVVB1TP

EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais

SBPC COMEÇA HOJE-MARCELO ROQUE, DIVULGADOR CIENTÍFICO, EM AÇÃO-CUMPRIMENTOS CONGRESSISTAS; SARAU PARA TODOS; GLÓRIA KREINZ DIVULGA

A SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA INICIA HOJE, 19 HORAS, SUAS ATIVIDADES. O NJR/USP, A ABRADIC E O SARAU PARA TODOS CUMPRIMENTAM O MINISTRO SÉRGIO REZENDE COM POESIA DE NOSSO DIVULGADOR CIENTÍFICO, O POETA MARCELO ROQUE, FEITA PARA A OCASIÃO, LEMBRANDO JOSÉ REIS E CRODOWALDO PAVAN.


Halleys
Lindos são estes teus olhos
atravessando a noite
Flamejantes e silênciosos
Quais cometas diantes do meu olhar,
cruzando os céus pela primeira vez
Marcelo Roque

Silêncio... POR FAUSTO BRIGNOL

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Silêncio...

     Respiração...

          Prana...


Olhos ardidos fechados...
Olhos agudos penetram...
Olhos...

Dentro o Universo ressuscita...
Dentro universos renascem...
Dentro...

Eus conspiradores murmuram...
Eus latentes germinam...
Eus...


Silêncio...

     Respiração...

          Prana...

APARTAMENTO 105 - POR FAUSTO BRIGNOL

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Não, não acreditei quando vi pela segunda vez aquele rosto largo me cumprimentando. Palavra que não acreditei. Ou, por outra, tinha que acreditar: ali estava ele, sorridente, olhos azuis enormes, irônicos...

      Pensei primeiro: vou virar o rosto, fingir que não vejo. Mas em seguida me dei conta do absurdo de tal atitude. Talvez fosse justamente o sinal que esperava. Era inevitável que o olhasse, cumprimentasse, tomasse meu café e fosse embora. Era inevitável que, enquanto tomava meu café, ele ficasse me olhando e eu a ele - como dois cavaleiros prestes a quebrar lanças. Era inevitável que eu derramasse café no balcão - pois não se pode, ao mesmo tempo, cuidar o inimigo, tentar acender um cigarro e beber o café. E ele ali, impávido, não tão colosso assim, mas, enfim, impávido, esperando a falha, o descuido, e sempre sorridente: “não quer usar meu lenço, amigo?”.

      Não quis, é claro que não quis.

      Já desde ontem eu sinto que não é apenas ele, o homem do café, que me olha como quem diz “eu sei, te conheço...”. Não foi por acaso que vieram me entregar a roupa da lavanderia. Aliás, um sujeito também sorridente, também de olhos azuis, dizendo com aquele característico tom servil: “a sua roupa, senhor”. E eu espantado com a minha roupa - um smoking e duas camisas sociais de seda - quase a recebendo, quase dando gorjeta ao entregador, quase agradecendo pela entrega. Eu, que nunca tive um smoking, jamais uma camisa de seda, ali, espantado. “Mas este não é o apartamento 105, senhor?”.

      Parece que todos estão sabendo onde moro. E de meus hábitos, vícios e costumes.

      Hoje de manhã resolvi dar uma volta por um bairro até então desconhecido para mim, e, ao entrar num bar para comprar cigarros, o caixa foi logo me entregando um maço - antes mesmo que eu o pedisse. O ato foi tão espontâneo que não me surpreendi. Somente agora, ao unir os fatos, ao remoer tudo o que tenho feito nestes últimos três dias, é que me dei conta que o caixa do bar também tinha rosto largo, olhos azuis e sorriso irônico.

      Quando decidi tirar tudo isso a limpo - pois não sou homem de deixar acontecer - percebi que eles estavam me esperando. Que sabiam que eu ia sair e o momento de minha saída. Desde o primeiro passo fora de minha porta senti estar sendo vigiado.

      Primeiro foi aquele garotinho que brincava de skate no corredor do edifício. Um garotinho de cara larga, olhos azuis e óbvio sorriso irônico, que me cumprimentou: “oi, tio!”. De onde teria saído? Foi o suficiente para que eu me resolvesse abordar a vizinha da frente, obrigando-a a contar tudo. Até ela parecia que sabia que eu iria bater na porta da sua casa: por mais que eu batesse, não apareceu ninguém - embora eu não precisasse chegar muito perto para perceber as risadas abafadas do outro lado da porta.

      Resolvi, então, que no café ou no bar deveria encontrar a solução, ou, pelo menos, uma explicação satisfatória. Mas não pude nem sair do edifício. No térreo, um porteiro novo - cara larga, olhos azuis, sorriso irônico - me preveniu: “parece que vai chover, senhor”.

      Ignorando-o, tentei sair à rua e lá estavam eles. Nunca poderia imaginar que eram tantos.

      Uma multidão que aparentava apenas tratar de seus próprios assuntos. Roupas as mais diversas, andares os mais estranhos - mas com a mesma expressão nos olhos azuis e no sorriso irônico estampado em todos aquelas caras largas, que, aos poucos, foram-se transformando em uma única e compacta cara larga, em um único e petrificado sorriso irônico, em dois imensos olhos azuis que me empurraram de volta escada acima, escada acima.

      Senti que queriam me atropelar, me esmagar de vez, e foi o quanto deu para entrar no meu apartamento, resfolegando. Fiquei por muito tempo com o rosto colado em minha porta, como se quisesse ouvir meus próprios segredos... Esperando. Quando ouvi os primeiros passos no corredor comecei a recuar instintivamente, mas os primeiros passos passaram.

      Tranquei tudo. Estou trancado e retrancado. Jamais sairei daqui. Resolvi tomar meu último café, fumar meu último cigarro. Depois, não sei o que acontecerá. Só tenho uma certeza: eles virão. Mais cedo ou mais tarde. Não sei se poderei encará-los novamente. Eles conseguiram todos os trunfos, mas esta última vitória eu não lhes darei: a de verem minha bela, única e perfeita cara, larga, pois tenho testa larga; olhos azuis únicos e um sorriso que alguns dizem irônico, mas que eu sei que é meu

sábado, 24 de julho de 2010

Como se fosse a primavera


Como Se Fosse a Primavera

Composição: Pablo Milanés/Nicolas Guillén/Chico Buarque

De que calada maneira
Você chega assim sorrindo
Como se fosse a primavera
Eu morrendo
E de que modo sutil
Me derramou na camisa
Todas as flores de abril

Quem lhe disse que eu era
Riso sempre e nunca pranto?
Como se fosse a primavera
Não sou tanto
No entanto, que espiritual
Você me dar uma rosa
De seu rosal principal

De que calada maneira
Você chega assim sorrindo
Como se fosse a primavera
Eu morrendo
Eu morrendo
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1° Encontro de Blogueiros Progressistas

Abertas inscrições para 1° Encontro de Blogueiros Progressistas

O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas acontecerá nos dias 21 (sábado) e 22 (domingo) de agosto em São Paulo, capital. O objetivo é contribuir para a democratização dos meios de comunicação e fortalecer as mídias alternativas. As inscrições já estão abertas. Poderão se inscrever não apenas blogueiros, mas todos os interessados nas novas mídias sociais.

Nós nos esforçamos ao máximo — mesmo! — para viabilizá-lo em Brasília, mas o elevado custo de auditórios, acomodações e refeições e o prazo exíguo nos forçaram a rever o local. Ou fazíamos em São Paulo ou o Encontro não sairia antes das eleições. Optamos pela sua realização, pois é fundamental para este momento que a blogosfera vive. Tentaremos fazer o segundo em Brasília. O importante, pessoal, é acontecer o 1º Encontro.

A programação está sendo montada. Por enquanto, temos apenas as linhas gerais. Na próxima semana, ela será concluída e divulgada.

O encontro começará no sábado às 9h com debate sobre o papel da blogosfera na democratização dos meios de comunicação. Participarão Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna e Leandro Fortes.

À tarde ocorrerão sessões com palestrantes para se discutir as questões legais: orientação jurídica para atuar na web, medidas contra ameaças, cerceamento à liberdade de expressão. Também ocorrerão oficinas sobre twitter, videoweb, rastreamento de trolls e debates sobre a sustentabilidade financeira dos blogs.

No domingo das 9h à 12 h, em reuniões em grupo, blogueiros dos vários estados trocarão experiências e discutirão os desafios da blogosfera. À tarde, plenária para apresentação, discussão e aprovação da Carta do 1º Encontro Nacional dos Blogueiros.

INSCRIÇÕES, PASSAGENS, ACOMODAÇÃO E REFEIÇÕES

As inscrições custam 100 reais. Quanto mais rápidas, melhor para a organização do evento. Basta enviar e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou telefonar para (011)3054-1829 begin_of_the_skype_highlighting (011)3054-1829 end_of_the_skype_highlighting. Falar com a Daniele Penha.

Para se inscrever, serão necessários os seguintes dados

* Nome/nickname

* E-mail

* Endereço do blog

*Twitter ou outra rede social, caso participe. Preencha com a URL completa

* Telefone

* Cidade/Estado

A comissão organizadora está buscando patrocínios para garantir a gratuidade da hospedagem. Está em contato com uma empresa aérea para garantir desconto nas tarifas. Dependendo dos recursos levantados, o encontro também arcará com as despesas de refeições e parte das passagens para os blogueiros de outros estados.

Daremos total transparência à origem dos recursos e à prestação de contas. Os blogueiros poderão acompanhá-la online.

AMIGOS DA BLOGOSFERA

Para custear a participação de palestrantes e parte das despesas de blogueiros de outros estados, lançamos a campanha Amigos da Blogosfera. São 20 cotas de 3 mil reais.

Já confirmaram a compra de uma cota: Apeoesp, Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Viomundo , Conversa Afiada e Seja dita a verdade.

Se quiser ser mais um dos Amigos da Blogosfera, ligue para (011)3054-1829 begin_of_the_skype_highlighting (011)3054-1829 end_of_the_skype_highlighting.

(*) Comissão Organizadora: Luiz Carlos Azenha, Altamiro Borges, Conceição Lemes, Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães, Conceição Oliveira, Renato Rovai, Rodrigo Vianna e Diego Casaes.

Apoio institucional: Instituto Barão de Itararé, Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e Movimento dos Sem Mídia (MSM).


http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16805&alterarHomeAtual=1

Carta Maior - Política - Abertas inscrições para 1° Encontro de Blogueiros Progressistas

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sexta-feira, 23 de julho de 2010

QUAL É O TAMANHO DO SEU MEDO? POR FAUSTO BRIGNOL

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Há quem afirme que a vida nas cidades, a vida sedentária, faz com que tenhamos mais medo. A acomodação leva ao medo. Aqueles medos cotidianos. Medo de perder o emprego, o status, a vida conhecida e rotineira, a estabilidade.

      Mas, também os homens mais primitivos, morando no campo e não, necessariamente, em aglomerações, tinham medo. E o medo do desconhecido talvez tenha sido o sentimento mais forte a uni-los, na busca da auto-proteção e conforto. Mas essa união natural, à medida que as sociedades evoluíam e tornavam-se mais complexas em conhecimento e tecnologia - dividindo as pessoas em classes sociais e separando famintos de bem alimentados – deteriorou-se, fazendo com que o ser humano aumentasse os seus medos na mesma proporção em que se tornava mais antagônico em relação à natureza que o havia gerado e protegido.

      Os animais não tem medo, a não ser “o medo animal” de ser devorado pelo mais forte, de ter o seu habitat invadido, coisas assim... Agem naturalmente, em harmonia com a natureza. Os homens, predadores antinaturais, devastadores da natureza, poderosos em tecnologia e em saber, vivem com medo.

      Há os medos que se avultam na nossa mente: perder o amor, as amizades, o carinho dos mais próximos – porque necessitamos desse aconchego para viver. E os medos drásticos: a guerra, a perda dos entes queridos, as catástrofes, o desconhecido que poderá, a qualquer momento, nos tirar a vida e tudo o que temos. E o medo cruel, que é o medo da solidão; ou o medo pânico provocado pela própria solidão, aliada à incompreensão dos demais. Este é um medo que pode levar a universos mentais demasiado introspectivos, a prisões e fugas internas.

      O medo das perdas é a principal razão de todos os medos. Porque perder tem o sentido negativo de “ser menos” e somos levados a acreditar que somos mais à medida que temos mais. Quando perdemos alguém muito próximo, alguém que é “nosso”, as nossas emoções são questionadas, desestabilizadas e o medo nos invade. Estamos sempre agarrados a coisas, situações ou pessoas que “temos”, que “adquirimos”. E qualquer perda nos provoca medo.

      Todos vivemos com medo. Aqueles que dizem que não tem medo, com certeza devem sentir medo da possibilidade do medo. Em sociedades consumistas, como a nossa, sociedades selvagens, perder também tem o significado de não conseguir alcançar determinada meta. E isto, sempre em relação ao outro, que poderá alcançá-la antes. Como se a vida consistisse em alcançar metas que levam a outras metas, indefinidamente. Nestas sociedades, onde o capital tornou-se o motor da vida, viver é sinônimo de competir. E competir passou a significar ser mais que o próximo, ultrapassá-lo, vencê-lo – e sempre de maneira cruel, desleal e predadora. E o medo de perder essa corrida iníqua é o que corrompe a alma. Um medo escalonado entre classes sociais e idades.

      As pessoas mais pobres tem medo de que a luta pela sobrevivência diária não seja o suficiente para sobreviverem. Na classe média, há o medo de não conseguir subir acima da média. E os burgueses lutam com seus medos de serem derrubados do seu pedestal, de não conseguirem suplantar o rival mais próximo, de não conseguirem, ao final, dominar a tudo e a todos.

      E todos tem medo da velhice. Inventaram até a expressão “terceira idade” para tornar a velhice menos feia e angustiante.

      Para os burgueses, a velhice parece não ser tão ruim, porque conseguem comprar todos os lazeres e prazeres; todas as bajulações. Aspiram ao supremo poder, mesmo quase às vésperas da morte, com o rosto repuxado por mil operações plásticas, quando já resolveram que o cérebro encarquilhado ficará em alguma urna de cristal. Sonham com a possibilidade de clonar-se – posto que a alma já está perdida - para preservar a sua mediocridade banhada a ouro; constroem gigantescos mausoléus para guardar seus ossos. Pensam-se deuses.

      Na classe média, a velhice torna-se mais asfixiante. É quando os remédios amontoam-se nas gavetas, junto com as queixas diárias; quando são remoídas as ilusões perdidas e as possibilidades não alcançadas; quando a última esperança está nos filhos e netos, que poderão um dia, quem sabe, vir a ser burgueses – e ter uma velhice mais ilusória.

      Nas classes pobres, a velhice é um desafogo da vida escrava e martirizada. Transforma-se na ante-sala da morte, na possibilidade de – “além” – todos os sonhos se tornarem realidade.

      Independente da classe social e além de todos os medos cotidianos, das torturas mentais a que nos submetemos, todos temos medo da morte. É quando pensamos em ser, e no Ser. Um medo enraizado, atávico, que passa de geração para geração, porque o homem é o único animal que, mesmo sabendo que morrerá algum dia, não acredita nisso até o último instante. Os animais irracionais, ao contrário, vivem em harmonia com a natureza e a morte pertence à natureza. Mas nós usamos o raciocínio. Usar o raciocínio nos traz a dúvida e a dúvida leva ao medo.

      Por isso, os cultos humanos, em sua grande maioria, reverenciam a morte e todas as religiões devem a sua existência a essa realidade que não conhecemos. E da qual temos medo e esperança ao mesmo tempo.