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sexta-feira, 16 de abril de 2010

SERRA SE UNE AOS LINCHADORES DE BATTISTI

Em sua marcha acelerada para a direita, o presidenciável tucano José Serra finalmente desceu do muro em relação à exigência italiana de extradição do escritor Cesare Battisti: somou-se aos linchadores dos dois continentes, contra a posição do Governo brasileiro, dos defensores dos direitos humanos e das pessoas imbuídas de espírito de justiça.

Eis o que ele declarou nesta 4ª feira (14/04) à rádio Metrópole de Salvador, respondendo à pergunta de um ouvinte do programa de Mário Kertész, na contramão dos seus antigos ideais, da soberania nacional e até da gramática:
"A Itália é um país democrático, é um país que tem um estado de direito, é uma bela democracia representativa, um estado de direito.

"O Cesare Battisti foi condenado pela Justiça italiana.

"Se ele foi condenado pela Justiça italiana, em respeito à autodeterminação dos povos, ele devia (!) ser entregue à Justiça italiana, porque se trata de uma democracia, não de uma ditadura que persegue de maneira arbitrária alguém.

"Foi condenado num processo normal, legal, por terrorismo, por ter matado pessoas.

"Na minha opinião ele devia (!!) ter sido entregue à Justiça italiana."
Para quem não quiser acreditar que ele tenha ido tão longe em sua capitulação aos antigos inimigos, eis o link para download : http://www.radiometropole.com.br/objetos/audios/2010_04_1422_03_00992serra_mk.mp3, à altura de 33'30''.

Quanto ao que se deveria ou não fazer, Serra continua esquecido de que deve a liberdade, a integridade física e, talvez, a vida à solidariedade dos melhores seres humanos para com perseguidos políticos: foram as desesperadas gestões de Fernando Henrique Cardoso, mobilizando um sem-número de apoios humanitários, que o livraram do matadouro de Augusto Pinochet, no pior momento do golpe chileno.

Face à contrapartida nenhuma que ele dá e ao cidadão nocivo que se tornou, fico me indagando se FHC deveria mesmo ter se preocupado tanto...

O certo é que, cada vez mais, tenho motivos para concordar com a terrível frase final de uma trilogia do escritor francês Maurice Druon: viver envilece.

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