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quinta-feira, 18 de março de 2010

"O Despertar da Primavera" reúne sexo, drogas e rock and roll

14/03/2010 - 14h15

MILENA EMILIÃO
do Guia da Folha

O musical "O Despertar da Primavera" está no teatro Sérgio Cardoso (região central de São Paulo), desde sexta-feira (12), após temporada de sucesso no Rio, onde atraiu 40 mil espectadores, principalmente adolescentes, e recebeu cinco indicações ao prêmio Shell.

A montagem é mais uma da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho (de "7 - O Musical" e "Avenida Q"). Escrita pelo alemão Frank Wedekind, no século 19, a peça trata dos questionamentos de um grupo de jovens e aborda temas como abuso sexual, suicídio e homossexualismo.

O elenco, formado por 19 atores com idades entre 16 e 25 anos, se expressa por meio de músicas modernas e transgressoras. Möeller confessa que o espetáculo é um sonho realizado. "Quando jovem, ia aos musicais e desejava trazer esse público para o teatro também", diz. "Hoje, vejo que 'Despertar' virou o hino dos adolescentes."

A saga de "Despertar"
Antes mesmo de chegar aos palcos, em 1891, "O Despertar da Primavera" --"Frühlings Erwachen", no original em alemão, escrito por Frank Wedekind-- foi proibido, acusado de incitar os jovens ao suicídio. A primeira montagem, com cortes, ocorreu em Berlim, em 1906. Em 1974, o texto estreou em Londres; sua versão musical surgiu na Broadway, em 2006.

Cariocas lotaram teatro
Nos seis meses em cartaz no Rio, "O Despertar da Primavera" conquistou fãs fiéis. Na sessão que o Guia acompanhou, em janeiro, jovens contavam as vezes que tinham ido ao musical (alguns assistiram a mais de dez performances). Durante o intervalo, os audaciosos sentavam-se no chão, mais perto dos atores, para entoar aos brados a última canção. A atriz Malu Rodrigues, 16, afirma que há identificação por causa da idade do elenco. "Somos tão novos quanto o público. É quase como se não estivesse interpretando, falamos de questões atuais ainda hoje."

Sem papas na língua
As músicas do espetáculo são a "expressão do pensamento dos personagens", segundo o diretor Charles Möeller. É por meio delas que os temas polêmicos são tratados. Confira exemplos:

>> Relações sexuais: "Venha me tocar onde eu gosto, eu te peço e eu quero mais e de novo e outra vez" ("Venha").

>> Incesto: "Na hora que eu vou dormir, minha mãe sorri. Será que ela não sabe? (...) Então você chega e boa noite, amor, e me abraça e me sussurra sob o cobertor: 'Somos só nós dois, nós e um segredo'" ("Um Escuro Sem Fim").

>> Opressão: "O que faz você arrepiar é que essa merda ainda vai cheirar. E você pergunta 'hey, que é que eu fiz?'. Você é um cão que os caras gostam de chutar" ("Se Fodeu!").


http://guia.uol.com.br/teatro/ult10053u705925.shtml

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