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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ATAQUE A AGÊNCIA DA ONU COM ARMA QUÍMICA É CASO DE PUNIÇÃO DISCIPLINAR?

Deu na BBC Brasil: Israel pune oficiais por uso de fósforo branco durante ofensiva em Gaza.

Como tardia e insuficiente satisfação à opinião pública internacional, o Exército de Israel comunicou à Organização das Nações Unidas haver aplicado punição disciplinar a um general de brigada e um comandente de divisão por terem "arriscado vidas humanas" ao autorizarem a utilização de armamentos com fósforo branco no bombardeio do bairro de Tel El Hawa.

O episódio se deu em 15/01/2009, durante os massacres israelenses na Faixa de Gaza -- aquela campanha singular na história militar, que terminou com 1.434 palestinos mortos e apenas 13 baixas do lado dos agressores...

Eis os trechos mais significativos do despacho da agência noticiosa britânica:
"É a primeira vez que Israel admite a utilização de fósforo branco, armamento proibido pelas leis internacionais, contra civis na Faixa de Gaza.

"É a primeira vez que o Exército israelense anuncia a punição de comandantes militares por atos cometidos durante a ofensiva.

"Antes do envio do documento à ONU, a versão do Exército israelense era de que o fósforo branco teria sido utilizado apenas para fins de 'dificultar a visibilidade das tropas pelo inimigo' e não diretamente contra civis.

"O armamento, que cria uma especie de 'cortina de fumaça', é altamente perigoso quando atinge pessoas pois gera queimaduras profundas.

"No caso mencionado no relatório do Exército israelense, projéteis com fósforo branco atingiram a sede da Agencia de Refugiados da ONU (UNRWA) na cidade de Gaza, deixando vários civis feridos e provocando um incêndio no local".
Salta aos olhos que punições disciplinares são simplesmente risíveis face à gravidade do crime cometido pelos militares israelenses, além de deixarem a impressão (para não dizermos certeza) de que tudo não passa da velha artimanha de tapar o sol com a peneira, produzindo dois bodes expiatórios para levarem a culpa de decisões que envolveram toda a cadeia de comando.

Alguma resposta Israel tinha de dar à acusação frontal do Relatório Goldstone. Deu essa. E seus porta-vozes militares correram a trombetear que "o documento enviado à ONU demonstra que o Exército israelense não tem o que esconder".

Para os leitores entenderem ainda melhor o tema em pauta, eis alguns trechos do artigo que escrevi no final de setembro, quando a lebre foi levantada: Investigadores da ONU concluem: Israel massacrou civis em Gaza:
"Os genocídios e atrocidades perpetrados por Israel durante sua campanha de intimidação dos palestinos em dezembro/2008 e janeiro/2009 foram veementemente condenados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em relatório [recém] divulgado.

"Segundo o documento, a ofensiva de Israel foi direcionada contra 'o povo de Gaza em conjunto', configurando 'uma política de castigo'.

"Mais: 'Israel não adotou as precauções requeridas pelo direito internacional para limitar o número de civis mortos ou feridos nem os danos materiais'.

"Portanto, o estado judeu 'cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade'.

"A missão recomendou à Assembleia Geral da ONU que promova uma discussão urgente sobre o emprego do fósforo branco, que foi usado indiscriminadamente pelos israelenses contra a população civil de Gaza. A utilização militar do fósforo branco é proibida tanto pela Convenção de Genebra quanto pela Convenção de Armas Químicas".
Aliás, seria educativo indagarmos ao Exército israelense se o general de brigada e o comandante de divisão, únicos culpados, fabricaram pessoalmente os armamentos com fósforo branco, que jamais deveriam estar disponíveis no arsenal de uma nação civilizada.

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