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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Arte e Ciência - (matéria publicada em 2005)
Professor da Universidade de Londres, o escritor Arthur Miller fala sobre os pontos comuns entre Einstein e Picasso
Publicado em 19/07/2005
Por Renata Costa, de Fortaleza
O escritor e professor de História e Filosofia da Ciência na Universidade de Londres, Arthur Miller, fez hoje na SBPC uma conferência sobre Ciência e Arte, analisando e comparando vida e obra do Albert Einstein e do pintor Pablo Picasso, um dos maiores - se não os maiores - representantes de suas respectivas áreas no século XX.
O professor afirmou que o trabalho mais importante da carreira de cada um deles teve o ano de 1905 como marco. Neste ano, Einstein publicou a Teoria da Relatividade, e Picasso começou a pintura de "Les Demoiselles d´Avignon". "A melhor maneira de saber se é coincidência é analisar a primeira década do século XX, época inovadora, de mudanças, quase parecida com Renascença", disse.
Miller contou que, durante esta época, poetas e rebeldes questionavam o conhecimento tradicional na arquitetura, arte e na física. "Einstein e Picasso foram motivados por isso. Estavam na casa dos 20 anos, eram rebeldes, pobres e viviam se metendo em encrencas", explicou.
No início do século passado, Einstein era funcionário público, conseguiu um emprego no escritório de patentes graças à indicação de um amigo, porque não havia sido tão brilhante na universidade. Em 1904, já casado com uma ex-colega de universidade, Mileva Maric, teve seu primeiro filho e passava por dificuldades financeiras. "Foi, no entanto, de 1902 a 1909, seu período mais criativo", afirmou Miller.
Já Picasso morava em Paris, e embora seu talento tenha sido reconhecido quase imediatamente, seus admiradores eram seus amigos escritores, entre eles Guillaume Flammarion, e não outros pintores. Seu ateliê era no pico da região de Montmartre, na capital francesa - até hoje refúgio de pintores -, onde o pintor sofria com o frio no inverno e com o calor no verão.
Estética
Os físicos, naquela época, faziam distinção entre ondas e partículas. Para Einstein, segundo Miller, bastava uma representação. "Einstein achava que duas formas de medida eram redundantes, ele não considerava estética esta dupla possibilidade", disse o professor.
Na mesma época, Picasso também buscava uma nova estética, que começou com "Les Demoiselles d´Avignon", quadro concluído em 1907. Já nesta obra, há uma mulher cujo rosto já tem as marcas do cubismo. "A preocupação dele em fazer um quadro não era menor que a de um cientista em sua pesquisa", afirmou Miller.
Picasso faz pesquisa a respeito de novas criações tecnológicas, como o avião, o telégrafo, automóvel e a fotografia. Esta última não era para o pintor uma mera representação da realidade, mas sim como meio criativo, uma forma de mudar nossa percepção do mundo. "O raio-x, por exemplo, mostrou a 3ª dimensão. Discutia-se muito que nem sempre o que vemos é o que é na realidade", explicou o professor.
Com a matemática, Picasso descobriu a geometria multifuncional e começou a fazer uma série de experiências geométricas na pintura, buscando maneiras de desenvolver a 4ª dimensão na tela. "Ele descobriu que a geometria era o conceito certo para a expressão de sua arte. A linguagem informal da arte se tornou formalizada na mão de Picasso, ela se tornou matemática".
Analisando todos os pontos importantes e comuns para a obras de ambos, Miller destaca a geometria, a ciência, a tecnologia, a estética, a competitividade, o sexo, a filosofia e a literatura como pilares para o desenvolvimento de Einstein e Picasso. "Pensando na criatividade dos dois, podemos refletir que no momento da criatividade não há barreira entre ciência e arte", diz Miller.
FONTE : http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=7846

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