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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Florbela Espanca

NEURASTENIA 

 

Sinto hoje a alma cheia de tristeza! 

Um sino dobra em mim Ave-Maria! 

Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias, 

Faz na vidraça rendas de Veneza ... 

 

O vento desgrenhado chora e reza 

Por alma dos que estão nas agonias! 

E flocos de neve, aves brancas, frias, 

Batem as asas pela Natureza ... 

 

Chuva ... tenho tristeza! Mas porquê?! 

Vento ... tenho saudades! Mas de quê?! 

Ó neve que destino triste o nosso! 

 

Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura! 

Gritem ao mundo inteiro esta amargura, 

Digam isto que sinto que eu não posso!! ... 

 

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