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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Rizoma: uma introdução aos Mil Platôs de Deleuze e Guattari

Cléber Cabral e Diogo Borges

Resumo:

Nosso objetivo é fazer uma apresentação à proposta de pensamento expresso na obra Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia, de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Este texto busca, inicialmente, apresentar uma proposição sintética do conceito "rizoma", tal como proposto pelos autores referidos acima. Após a exposição do conceito, apresentaremos algumas perspectivas de análise da situação contemporânea a partir desse conceito e da rede conceitual deleuze-guattariana.

Palavras-Chave: rizoma, sistemas centrados e a-centrados, cartografia, inconsciente.


Introdução

Em Anti-Édipo: Capitalismo e Esquizofrenia a dupla formada pelo filósofo Gilles Deleuze e pelo psicanalista Félix Guattari busca fazer uma crítica ao mesmo tempo histórica e ontológica da psicanálise, passando pelo pensamento de Marx e Nietzsche. Tal como aludem os autores no prefácio à edição italiana do volume da obra Mil Platôs "O Anti-Édipo tinha uma ambição kantiana: era preciso tentar uma espécie de crítica da razão pura no nível do inconsciente." (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 06). Para melhor compreendermos a proposta-trajeto iniciada em Anti-Édipo, faz-se conveniente relembrarmos seus três temas fundamentais, que seriam:

1- Substituição da idéia do inconsciente enquanto teatro pela idéia de inconsciente como usina (questão de produção de inconsciente e não de representação de conteúdos do inconsciente).
2- O delírio é histórico-mundial, não familiar: deliram-se raças, tribos, culturas, organizações, posições sociais, etc.
3- Existe uma história universal, que não é a da necessidade, e sim da contingência (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 07).

Já na seqüência de Anti-Édipo, os Mil Platôs, a preocupação apresentada pelos autores é de outra ordem: A construção de conceitos capazes de pensar a contemporaneidade importa mais que fazer uma crítica da mesma. "O projeto é construtivista" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 08), dizem os autores.

O Anti-Édipo foi um livro escrito no calor dos eventos do Maio de 68, e escrito para aqueles que estavam fartos da psicanálise: "Sonhávamos em acabar com Édipo" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 07), mas as reações ao Maio de 68 e o desenrolar da história mostraram o quanto Édipo era forte e ainda dominava - e, como um olhar mais cuidadoso pode observar, ainda domina certa parcela considerável do pensamento psicanalítico contemporâneo. Era preciso tentar algo novo, e o que se propõe com os "platôs" é justamente esta tentativa, a de constituir um pensamento que se efetue através do "múltiplo" - e não a partir de uma lógica binária, dualista, do tipo "um-dois", "sujeito-objeto", que se efetue por dicotomia, tal como vemos na psicanálise, na lingüística e na informática -, de modo a construir uma teoria das multiplicidades que fosse imanente, que colocasse propostas concretas de pensamento ao invés de simplesmente se limitar à crítica da psicanálise.

O primeiro conceito criado para propor esta teoria das multiplicidades é o conceito de "rizoma". Veremos ao longo dos platôs como o conceito de rizoma funciona perfeitamente como o ponto de partida para se pensar as multiplicidades por elas mesmas, visto que o fundamento do rizoma é a própria multiplicidade. Vejamos a definição dada pela botânica:

"Em botânica, chama-se rizoma a um tipo de caule que algumas plantas verdes possuem, que cresce horizontalmente, muitas vezes subterrâneo, mas podendo também ter porções aéreas. O caule do lírio e da bananeira são totalmente subterrâneos, mas certos fetos desenvolvem rizomas parcialmente aéreos. Certos rizomas, como em várias de capim (gramíneas), servem como órgãos de reprodução vegetativa ou assexuada, desenvolvendo raízes e caules aéreos nos seus nós. Noutros casos, o rizoma pode servir como órgão de reserva de energia, na forma de , tornando-se tuberoso, mas com uma estrutura diferente de um tubérculo ."

O conceito desenvolvido por D&G amplia muito esta definição, justamente pelo fato de que o conceito na botânica não comporta a multiplicidade, se limitando a definir um tipo específico de caule. Para D&G, este tipo de caule em conjunto com a terra, o ar, animais, a idéia humana de solo, a árvore, e etc formariam o rizoma, não se limitando apenas à pura materialidade, mas também à imaterialidade de uma máquina abstrata que o arrasta, sendo, portanto, um conceito ao mesmo tempo ontológico e pragmático de análise.

Rizoma
"Um platô está sempre no meio, nem início nem fim. Um rizoma é feito de platôs." (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 33)

Um rizoma é uma segunda espécie de conjunto de linhas. Um primeiro conjunto de linhas é aquele no qual uma linha é subordinada ao ponto, à verticalidade e horizontalidade, que estria o espaço, faz um contorno, submete multiplicidades variáveis ao Uno, ao Todo de uma dimensão suplementar ou suplementária. As linhas deste tipo são as linhas molares, e formam sistemas binários, arborescentes, circulares e segmentários .

Um rizoma é totalmente diferente deste primeiro tipo de linhas, o rizoma não é exato, mas um conjunto de elementos vagos, nômades, de maltas e não de classes: "Do ponto de vista do pathos, é a psicose e sobretudo a esquizofrenia que exprimem estas multiplicidades." (DELEUZE e GUATARRI, 1997: 221) É oportuno enumerar agora algumas características aproximativas do rizoma, para, posteriormente pensarmos esse conceito numa perspectiva mais ampla.

1º e 2º - Princípios de conexão e heterogeneidade

Qualquer ponto de rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo. Descentramento do sujeito, negação da genealogia, afirmação de uma heterogênese em oposição à ordem filiativa do modelo de árvore e raiz. O rizoma é distinto disso tudo, pois não fixa pontos nem ordens - há apenas linhas e trajetos de diversas semióticas, estados e coisas, e nada remete necessariamente a outra coisa. Para demonstrar estes princípios, D&G recorrem à ontologia da linguagem, e conseqüentemente à lingüística: "A árvore lingüística à maneira de Chomsky começa ainda num ponto S e procede por dicotomia" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 15), sendo assim "um marcador de poder antes de ser marcador sintático". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 15) Tais modelos não dão conta nem da abstração nem da materialidade da língua,

"por não atingir a máquina abstrata que opera a conexão de uma língua com os conteúdos semânticos e pragmáticos de enunciados, com agenciamentos coletivos de enunciação, com todo uma micropolítica do campo social." (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 15)

É preciso levar sempre em conta as formas de organizações de poder, pois

"não há universalidade da linguagem, mas sim um concurso de dialetos, de patoás, de gírias, de línguas especiais. (...) A língua é, segundo uma fórmula de Weinreich, "uma realidade essencialmente heterogênea". Portanto, é impossível pensar em "uma língua-mãe", mas somente em uma "tomada de poder por uma língua dominante dentro de uma multiplicidade política" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 16).

De modo que "a unidade de uma língua é sempre inseparável da construção de uma unidade política". (GUATARRI, 1988: 25) A língua se forma e se estabiliza em torno de uma comunidade, de uma coletividade, espalhando-se como uma mancha de óleo, "evolui ao longo das linhas de uma estrada de ferro". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 16) Uma prática analítica do tipo rizoma procura analisar a linguagem efetuando um descentramento sobre outras dimensões e outros registros, pois a análise lingüística que se fecha sobre a própria linguagem só o faz "em uma função de impotência". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 16) Isto equivale a dizer que estaríamos, neste caso, subordinando linguagem à linguagem apenas, definindo-a ao mesmo tempo como ponto central e elemento local. Uma analítica rizomática, ao contrário, procurar "estabelecer conexões transversais entre os estratos e os níveis, sem centrá-los ou cercá-lo, mas atravessando-os, conectando-os". (GUATARRI e ROLNIK, 1986: 322)

3º - Princípio de multiplicidade

Pensar o múltiplo efetivamente como substantivo, pois é aí que ele não tem mais nenhuma relação com o uno como sujeito ou objeto, como realidade natural e espiritual, como imagem e mundo, pois a multiplicidade não constitui sujeito e muito menos objeto, mas apenas determinações, grandezas e dimensões, "que não podem crescer sem que se mude de natureza". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 16) As multiplicidades se definem pelo fora, pelas linhas que compõe um rizoma, linha abstrata e linha de fuga. O plano de consistência (ou plano de imanência) é o fora de todas as multiplicidades, e nele a linha de fuga marca ao mesmo tempo "um número de dimensões finitas que a multiplicidade preenche", assim como "a impossibilidade de toda dimensão suplementar" e também a "possibilidade e a necessidade de achatar todas estas multiplicidades sobre um mesmo plano de consistência ou exterioridade". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 17)

Uma boa maneira de compreender esta idéia de multiplicidade é olhando uma marionete, os fios e o manipulador: os fios de uma marionete constituem a multiplicidade, nem o que controla, nem o boneco controlado com as cordas, mas as próprias cordas, que comunicam uma parte à outra. São as linhas de um ponto ao outro que importam, não os pontos em si. Um outro exemplo de multiplicidade evocado por D&G é a escrita de Kleist, um "encadeamento quebradiço de afetos e velocidades variáveis", onde numa mesma página se expõe toda a exterioridade: "Acontecimentos vividos, determinações históricas, conceitos pensados, indivíduos, grupos e formações sociais". D&G opõem esta escrita rizomática, composta em platôs "(...)que se desenvolve evitando toda orientação sobre um ponto de culminância ou em direção a uma finalidade exterior" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 33) ao livro clássico, romântico, sendo este definido e constituído pela interioridade de um sujeito ou substância. O livro-máquina de guerra contra o livro-aparelho de Estado: Kleist versus Goethe, Nietzsche versus Kant, multiplicidade versus unidade.

4º - Princípio de ruptura a-signficante:

Um rizoma pode ser rompido e quebrado em algum lugar qualquer, mas também retoma segundo uma de suas linhas ou segundo outras linhas.

"Todo rizoma compreende linhas de segmentariedade segundo as quais ele é estratificado, territorializado, organizado, significado, atribuído, etc; mas também compreende linhas de desterritorialização pelas quais ele foge sem para". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 18)

Cada vez que há ruptura no rizoma as linhas segmentares explodem numa linha de fuga, mas estas linhas de fuga são parte do rizoma: as linhas não param de remeter umas às outras. Traça-se uma linha de fuga quando se faz uma ruptura, mas nela podem encontrar-se com elementos que reordenam o conjunto e reconstituem o sujeito. "Como é possível que os movimentos de desterritorialização e os processos de reterritorialização não fossem relativos, não estivessem em pérpetua ramificação, presos uns aos outros?" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 18)

A orquídea se desterritorializa, forma uma imagem, um decalque da vespa, e a vespa se reterritorializa sobre esta imagem, o que, no entanto, é uma desterritorialização, pois ao se tornar parte do aparelho de reprodução da orquídea ela também reterritorializa a orquídea ao transpor o pólen. As duas juntas formam um rizoma. No nível dos estratos: paralelismo, entre dois estados determinados, cuja organização de um imitou a do outro. Mas trata-se de algo completamente diferente: Não mais imitação, mas captura, mais valia de código, devir-vespa da orquídea e devir-orquídea da vespa, cada um assegurando ao outro os movimentos de desterritorialização e reterritorialização de uma das partes - "dois devires se encadeando e revezando segundo uma circulação intensidades que empurra a desterritorialização cada vez mais longe". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 19) Se introduzirmos mais uma parte no rizoma vespa-orquídea, levaríamos a outros pontos e processos tal relação: quando um homem entra neste sistema e introduz, por exemplo, um agrotóxico, ou desmata uma região. Toda uma reorganização das relações no rizoma. Não havendo mais orquídeas, as vespas terão de procurar outras flores.

"Os esquemas de evolução não se fariam mais segundo modelos de descendência arborescente (...) mas segundo um rizoma que opera imediatamente no heterogêneo e salta de uma linha já diferenciada à outra." (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 19)

Nossa evolução e morte se deu mais por gripes, vírus e bactérias polimórficas e rizomáticas do que por doenças hereditárias.


5º e 6º - Princípio de cartografia e de decalcomania:

"Um rizoma não pode ser justificado por nenhum modelo estrutural ou gerativo". Toda a lógica dos sistemas arborescentes é uma lógica do decalque e da reprodução, tanto na lingüística quanto na psicanálise, faz-se um decalque de algo que já está dado, a partir de "uma estrutura que sobrecodifica ou de um eixo que suporta". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 21)

Faz-se um decalque do inconsciente, ou da linguagem, colocando-o segundo uma ordem de complexos codificados, que cabem ao psicanalista ou lingüista interpretarem seguindo uma certa lógica que também já está dada: a árvore articula e hierarquiza os decalques, fazendo destes as folhas da árvores. O rizoma é mapa, e não decalque. "A orquídea não reproduz o decalque da vespa, ela compõe um mapa com a vespa no seio de um rizoma". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 22) O mapa é aberto e desmontável, pode ser conectado em qualquer uma de suas partes ou dimensões, é reversível e suscetível de receber montagens de qualquer natureza, ser (re)construído por um indivíduo ou por uma formação social, como obra de arte ou ação política, como uma meditação. Ele tem entradas múltiplas, "(...)contrariamente ao decalque, que volta sempre ao mesmo". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 22)

É preciso, no entanto, não opor os dois sistemas, restaurando assim um dualismo binário: "É preciso sempre projetar o decalque sobre o mapa". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 23) O decalque pode estruturar um rizoma, codificá-lo, "neutralizando assim as multiplicidades segundos eixos de significância e de subjetivação" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 23), mas o que o decalque reproduz do rizoma são apenas os impasses, os bloqueios, seus pontos de estruturação. (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 23)

A psicanálise e a lingüística apenas tiraram fotos ou decalques do inconsciente e da linguagem. É importante tentar uma outra operação, religando os decalques ao mapa, relacionando árvores e raízes ao rizoma. Estudar o inconsciente seria mostrar como ele tenta constituir um rizoma, com a casa da família, mas também com a linha de fuga da rua, mostrar como tais linhas são obstruídas, enraizadas na família, decalcado sobre o pai e a cama materna. (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 24) Podemos entrar no rizoma até mesmo pelos decalques e árvores-raízes. Há agenciamentos muito diferentes neste ponto, como mapas-raízes, rizomas-decalques, uma dimensão de raiz pode brotar no rizoma e inversamente, um rizoma pode surgir na árvore. "Um acontecimento microscópico estremece o equilíbrio do poder local" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 25): Onze de setembro. A história está repleta de tais acontecimentos.

O próprio pensamento é descentralizado, mesmo tendo um órgão que age como centralizador. "O pensamento não é arborescente e o cérebro não é uma matéria enraizada nem ramificada. (...) É mais uma erva que uma árvore". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 25) É um sistema nervoso, probabilístico e incerto que compõe o pensamento, não apenas o cerébro: "uncertain nervous system". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 25)

Neurólogos e psicofisiólogos distinguem uma memória longa e uma curta, da ordem de um minuto, e sua diferença não é somente quantitativa. A memória curta é do tipo rizoma, diagramática, enquanto que a longa é árvore - centralizada. A memória curta pode ir e voltar em questão de momentos ou minutos, é descontínua, faz rupturas e opera por descontinuidade. As memórias não se tipos temporais diferentes de apreensão da mesma coisa, não são as mesmas idéias que apreendem nem a mesma recordação. "A memória curta compreende o esquecimento como processo", e não se confunde com o instante mas sim com o rizoma temporal, coletivo e nervoso. A memória longa é a família, raça, sociedade, civilização, opera por decalque e tradução, mas os dados que ela traduz continuam "a agir nela, à distância, a contratempo, intempestivamente, não instantaneamente". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 26)
A psicanálise do "pequeno Hans" : O que a psicanálise faz é quebrar seu rizoma, manchar seu mapa, colocando-o em um lugar de onde a saída é bloqueada, "até que ele deseje sua própria vergonha e culpa, fobia. (...) Deixarão que vocês vivam e falem, com a condição de impedir qualquer saída". (id. pg. 23) Existem sempre estruturas de árvores e raízes no rizoma, mas das árvores também brotam os rizomas. A psicanálise coloca o 'paciente' dentro do sistema centrado na significância a partir do inconsciente, mas o 'psicanalizado' não se cansa de colocar novamente os rizomas, quebrando a ordem psicanalítica com linhas de fugas. "A melhor posição para se ouvir o inconsciente não consiste necessariamente em ficar sentado atrás de um divã.". (GUATARRI, 1988:189) O psicanalista vira o ditador, fundando seu poder a partir do estabelecimento de uma ordem ditatorial do inconsciente concebido como árvore. Poderíamos mostrar as linhas, como fez Guattari na cartografia (mapa) do caso Hans :

Figura 1:


As linhas que constituem o diagrama do "pequeno Hans" seriam:

A - território familiar;
B - território do leito conjugal dos pais;
C - aparência da mãe;
D - objeto do poder fálico;
E - territorialidade maquínica do fantasma inconsciente.

Observa-se nesse diagrama do inconsciente do "pequeno Hans" como sua libido foi levada a investir na produção de micropolíticas de existência a partir da análise do conjunto de suas produções semióticas - tais como o território familiar, a aparência da mãe. O que a psicanálise de Freud faz é conceber esse inconsciente enquanto estádio genético estrutural, como estádio-árvore, em suma, procede a uma paradigmatização sistemática de todos os conteúdos e estratégias enunciativas a partir de referências abstratas ou estruturais centradas sobre materiais verbais e interpretações semióticas dos afetos e dos comportamentos. "Você está acuado, você está acuado. Confessa!" (DELEUZE, 1996:12) A esquizo-análise, enquanto pragmática do inconsciente maquínico, propõe a construção de uma carta de inconsciente de acordo com cada caso ou situação, de modo a determinar quais são as principais linhas micropolíticas dos agenciamentos de enunciação e das formações de poder em seus níveis mais abstratos.

"É curioso como a árvore dominou a realidade ocidental e todo o pensamento ocidental, da botânica à biologia, a anatomia, mas também gnoseologia, a teologia, a ontologia, toda a filosofia". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 28-29) Enquanto o ocidente é a floresta e o campo, o oriente apresenta outra figura, as relações com a estepe, jardim, deserto e oásis. "Ocidente, agricultura de uma linhagem escolhida com muitos indivíduos variáveis; Oriente, horticultura de um pequeno número de indivíduos remetendo a uma grande gama de clones". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 29) A América inverteu as direções tradicionais do ocidente, colocando seu oriente ao oeste, "como se a terra tivesse se tornado redonda precisamente na América". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 30) Bem sabemos que foi ela que conectou uma parte do mundo à outra, e ela é "(...)ao mesmo tempo árvore e rizoma". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 31) A história da América é aquela em o europeu, branco, macho, dominante, perdeu sua civilidade na barbárie da conquista do Eldorado, mas também foi onde deixou para os "novos corpos" ali formados alguns elementos próprios de sua idéia de civilidade, estado, etc. Desterritorialização, territorialização e reterritorialização. Vejamos um exemplo dado por Guattari de uma cartografia para um processo histórico, neste caso, a formação histórica do stalinismo, como apresentada na Figura 1 :

Figura 2:


Na figura acima percebemos com mais clareza a combinação das diversas linhas que compõem o rizoma, que, nesse caso, (as linhas) assumem um caráter molar, de segmentariedade dura - no caso, um processo de dominação política ditatorial. Elementos moleculares, como a ruptura leninista e a máquina de seu partido, atuaram primeiramente em um movimento de dissolução da antiga molaridade aristocrata da Rússia do início do século passado, para, posteriormente, serem capturados nos bloqueios efetuados por outras linhas - desencadeadas pela morte de Lênin e pela crise econômica e social. Neste ponto, uma molecularidade capturada é anulada por segmentariedades que efetivam o impasse e a levam ao nível molar, instaurando o regime centralizador de Stalin

Bem sabemos que o capitalismo agiu no fim dos anos 80 como um vetor de desterritorialização - linha de fuga que explode o rizoma que configurou o comunismo soviético -, desencadeando toda uma reterritorialização dos agenciamentos, uma reorganização das linhas. Em Anti-Édipo fica clara este caráter desterritorializante-reterritorializante do capital, sempre disposto a ir assimilando elementos novos que podiam fazer parte até mesmo de sua crítica, como por exemplo, nos anos 60, onde:

"O capitalismo "endogeneizou" as reinvindicações por autonomia e por responsabilidade até então consideradas como subversivas, e conseguiu substituir o controle pelo autocontrole, tornando o trabalho mais atraente para uma mão de obra jovem e com mais escolaridade que nas décadas anteriores". (PELBART, 2003: 106)

Como mencionamos ao início, o rizoma é uma segunda espécie de conjunto de linhas de linha. Somos atravessados e constituídos por estas linhas. O rizoma é o contrário da estrutura, pois enquanto esta se apresenta constituída como um "(...)conjunto de pontos e posições que opera por correlações binárias entre os pontos e relações biunívocas entre as posições" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 32), o rizoma procede por variação, conquista, captura, é heterogêneo, um mapa "(...)sempre desmontável, conectável, reversível". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 33) É uma produção de inconsciente (individual, dual, coletivo, social), e não uma representação de conteúdos desprovidos de significância e de subjetivação. Fazer um rizoma é traçar estas linhas. A esquizo-análise se apresenta como uma tentativa de uma pragmática das linhas, de produção de rizoma, de seus bloqueios nas raízes, suas rupturas em linhas de fuga, a transformação das árvores em rizomas subterrâneos - ou aéreos, a aliança entre o homem e a máquina para constituir outras máquinas que já não são nem um nem outro, mas elementos constitutivos de uma ontologia maquínica no qual tudo é coextensivo a tudo.

Conclusão

O conceito rizoma funciona como a porta de entrada ao pensamento deleuze-guattariano, porta cujo local de aparição é variável, indeterminado, vagamente dado, uma porta pela qual entramos e caminhamos a qualquer lugar destes platôs: qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo. O rizoma "(...) é feito de direções móveis, sem início nem fim, mas apenas um meio, por onde ele crescre e transborda, sem remeter a uma unidade ou dela derivar". (PELBART, 2003: 216) O rizoma não é um sistema hierárquico, é "(...)uma rede maquínica de autômatos finitos a-centrados" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 28), não-significante e heterogêneo. Não há uma força coordenadora dos movimentos, o rizoma é uma circulação de estados, uma combinação anômala cujos resultados não podemos prever ou organizar, pois ele está sempre em um meio. Um conjunto de devires e sempre um intermezzo - tais seriam as proposições constitutivas de um rizoma, lembrando que o rizoma trata-se de produção de inconsciente e de novos enunciados e de outros desejos.
No trajeto esboçado ao longo dos cinco volumes de Mil Platôs, podemos compreender como os conceitos possuem uma conectividade - variável e indeterminada - sem que haja uma unidade ou um conceito determinante para o funcionamento de tal rede de conexões conceituais. O rizoma funciona como um princípio cosmológico, caixa de ferramentas, um sistema aberto.
O rizoma talvez seja o mais deleuziano dos conceitos de "Mil Platôs". É possível perceber ressonâncias da idéia de diferença tal como Deleuze a coloca: diferença como pura imanência, não remetendo a nada senão a ela mesma, numa superfície onde tudo se esvai - plano de consistência ou máquina abstrata .
Deleuze desenvolve uma concepção inteiramente diferente das idéias e conceitos, introduzindo a noção de multiplicidade: "As Idéias são multiplicidades; cada idéia é uma multiplicidade, uma variedade" e considera que:

"A multiplicidade não deve designar uma combinação de múltiplo e uno, mas, pelo contrário, uma organização própria do múltiplo como tal, que de modo nenhum tem necessidade da unidade para formar um sistema." (DELEUZE, 1988: 303)

Deleuze opõe a um universo extensivo, constituído por coisas e representações, por identidades e diferenças referidas a uma unidade, um universo intensivo, constituído por singularidades pré-individuais, espaço de diferenças puras onde a noção de repetição se liberta da idéia de mesmo, para sempre constituir a pura diferença. Isto que será ampliado em Mil Platôs, desembocando na idéia do rizoma. É clara a presença do conceito nietzschiano de vontade de potência, força criativa e intempestiva - imanência do desejo e da diferença, irrupção da multiplicidade . Apenas sob esta concepção cosmológica de vontade de potência subordinada à intempestividade que a diferença pode afirmar-se sem as negatividades de uma outra identidade, conseqüentemente, é apenas sobre ela que o rizoma pode ser caracterizado. O rizoma funciona apenas quando desistimos das oposições binárias, e funciona como a grande cosmologia que atravessa todos os Platôs - no rizoma entraímos e saímos em qualquer lugar.
É importante colocar agora as questões: "É possível uma analítica rizomática?". E conseqüentemente: "Como e onde podemos fazê-la?" Esperamos que nosso texto tenha apontado algumas diretrizes gerais para a investigação em vários níveis e áreas do conhecimento, seja ele histórico, sociológico, psicológico, político, etc. O rizoma pode perfeitamente funcionar como um princípio geral para o norteamento de análises em grupos, indivíduos, sociedades e culturas. Podemos pensá-lo como uma metodologia, um questionamento que pode atuar tanto em níveis materiais como os imaterais (pensando-se os enunciados enquanto "materialidades do imaterial"), pois é um conceito ontológico e pragmático: De que linhas isto é feito? Como são elas? Onde formam sistemas arborescentes, centrados, mas, onde estão suas fugas, impasses, bloqueios, explosões e rupturas?
Vários estudos podem expandir essas questões, colocando outras igualmente. Várias cartografias são possíveis, mas não as "montaremos" agora. Nosso objetivo com o presente texto é de apenas apresentar uma proposição-introdução sintética ao pensamento deleuze-guattariano, através do conceito de rizoma. Pode-se ver bons resultados da aplicação dos conceitos deleuze-guattarianos nos trabalhos do italiano Antonio Negri, do brasileiro Peter Pál-Pelbart, do americano Michael Hardt, não esquecendo do impacto (e diálogo) que a filosofia deleuziana teve na obra e no pensamento de Michel Foucault e de vários outros pelo mundo.
Para lembrar Nietzsche, em seu prólogo para "Além do bem de do mal": O arco ficou tenso e as flechas foram lançadas, cabe a nós agarrá-las e atirá-las para novos rumo, para alvos ainda mais distantes. (NIETZSCHE, 1992: 06) O presente trabalho se constitui como um esforço para propiciar novas tentativas de se pensar velhos temas, como a condição humana, a economia, a subjetividade, a política, e a sociedade. Temas velhos, mas sempre atuais - talvez até mesmo inatuais e extemporâneos - e passíveis de constantes reconstruções, revezamentos e modificações - tal como o rizoma.

Estudante de graduação do curso de Letras (bacharelado em Português) da UFMG.
Estudante de graduação do curso de História (bacharelado/licenciatura) da PUC-MG.
1 -Doravante, iremos nos referir aos autores utilizando-nos da abreviatura D&G (Deleuze & Guattari).
2-O "Édipo" ao qual nos referimos e ao qual aludem os autores é apresentado como um construto, um dispositivo histórico que estabelece um certo número de relações de poder entre a sociedade e os indivíduos.
3Enciclopédia On-line Wikipédia Disponível em . Acessado em Março, 2005.
4DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia. Vol. 5. São Paulo, Ed. 34. 1997. pg. 220.
5DELEUZE, Gilles. GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1. Pg.15.
6A heterogênese seria algo como a produção do inusitado em nossas vidas, algo como desfazermo-nos de um território existencial e criar outros simultaneamente. A heterogênese é um processo similar à noção de linhas de fuga (outra noção proposta por D&G). Para maiores esclarecimentos ver DELEUZE, Gilles. GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vols. 1 e 5. Ed 34. 2004
7"S" aqui se refere à sentença como axioma central de um diagrama em forma arborescente que procede sua analítica pela hierarquização sucessiva de elementos locais que remontam a tal axioma. Tal descrição é espelhada na proposta apresentada pela gramática gerativa de Noam Chomsky de análise dos elementos sintáticos constituintes de uma competência lingüística supostamente comum a todos os seres humanos.
8A propósito da desterritorialização e suas relações com o território, ver também "Conclusão: Regras concretas e Máquinas Abstratas", In: Mil Platôs - capitalismo e esquizofrenia, vol. 5.
9A "psicanálise do pequeno Hans" trata-se da monografia-príncipe de Freud sobre psicanálise da criança encontrada na obra Cinco psicanálises.
10 GUATTARI, Félix. Notas para uma esquizo-análise. In: O inconsciente maquínico: ensaios de esquizo-análise. Ed. Papirus, 1988. Pg. 169.
11GUATTARI, Félix. Notas para uma esquizo-análise. In: O inconsciente maquínico: ensaios de esquizo-análise. Ed. Papirus, 1988. Pg. 172.
12Em oposição a ontologia naturalista que opõe homemXmáquina, Deleuze e Guatarri propõem uma simbiose, uma aliança, uma sinergia entre o homem e a natureza, a natureza e a indústria. Tal ontologia maquínica é concebida por eles como sendo uma "geo-ontologia" na qual a terra, como a grande máquina, a "máquina de todas as máquinas", hibridiza natureza e artifício em mecanosfera.
13Para maiores esclarecimentos acerca das noções de "máquina abstrata" e de plano de consistência, ver DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia. Vol. I. Pgs. 87 e 88. Ver também GUATTARI, Félix. ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. Pgs. 320 e 321.
14A respeito do conceito de nietzschiano de vontade de potência e sua utilização por Deleuze, ver o texto "Mistério de Ariadne segundo Nietzsche", in DELEUZE, Gilles, Crítica e Clínica. Ed. 34. Para uma concepção cosmológica de vontade de potência, ver o trabalho de Scarlet Marton: Nietzsche: Das forças cósmicas aos valores humanos. Belo Horizonte: Ed. Ufmg, 2000.

Referências bibliográficas:

DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
_______________. Conversações. Tradução: Peter Pál Pelbart. - Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia. Vol. I. São Paulo, Ed. 34. 2004.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia. Vol. V. São Paulo, Ed. 34. 1997.
GUATTARI, Félix. O inconsciente maquínico: Ensaios de esquizo-análise. Campinas, Papirus. 1988
GUATTARI, Félix. ROLNIK, Suely. Micropolítica: Cartografias do desejo. Petrópolis, Ed. Vozes. 1986.
PELBART, Peter Pál. Vida capital: Ensaios de biopolítica. São Paulo, Iluminuras. 2003.

Diogo Borges e Cleber Cabral Integram um grupo de pesquisas interdisciplinares sob a orientação da Professora Doutora Ester Eliane Jeunon (PUC - MG), estudando temas diversificados, como a formação histórica dos saberes/poderes contemporâneos; articulações entre capitalismo, ética e subjetividade; entre outros temas.

FONTE: http://www.revista.criterio.nom.br/artigo-rizoma-mil-platos-deleuze-guattari-diogo-borges-cleber-cabral.htm

12 comentários:

  1. NADIA, BEIJOS MAQUÍNICOS RIZOMÁTICOS POR TODA A WEB...O "SARAU PARA TODOS" SE ESPALHANDO NA PRIMAVERA CINZENTA...MOSAICO COLORIDO DO CIBERESPACE...BEIJOS...

    BOM TEXTO...SABIA QUE DELEUZE GOSTAVA DE MÚSICA TECNO? RSRS...RIZOMAS...BEIJOS...

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  2. E citando chomsky. “ as palavras são folhas. Os ramos são frases, os idioma maternos são limbos. As famílias de linguagem são troncos e as raízes estão no céu”

    Rizoma. Simulacro de possiblidades.

    Ritornelos. Mamadjambos. Saltarellos.libicocos.

    Lhe desejo sonos baixos!

    fellini

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  3. eu gloria...q coincidencia....esse texto do deleuze e musica tecno e teu..sempre adorei le-lo

    -a musica tecno inspira filosofos"

    "Tonal, modal, atonal não significam mais quase nada.
    Não existe senão a música para ser arte como cosmos
    e traçar as linhas virtuais da variação infinita."
    (DELEUZE e GUATTARI, 1980)


    putz...preciso parar de vir aqui...!!!!

    fellini ?

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  4. gloria....vc escrevia para o site RIZOMA.NET??? vi esse texto lá....e parece que ele saiu do ar...que pena....depois da morte do ricardo rosas ficou varias tempos fora do ar e agora não ta linkando....melhor site de contra-informação. (des)informação.comunicação-guerrilha e (des)construção que vi....parabens moças!!!

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  5. ainda sobre o rizoma e o ricardo rosas...vcs lembram do barraco que o brito junior armou no festival MIDIA TATICA BRASIL (MTB) organizado nas casas das rosas tempos atras??? quiseram deturpaR as instalações em detrimento horario do SPTV e a tatiana chutou o balde...

    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/03/249719.shtml

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  6. Glória!!?? vc escrevia no site RIZOMA.NET?? agora fiquei hiper curiosa....e é mesmo uma grande perda pra web e pra tudo este site ter saído do ar...apesar de que FELLINI? ,felino...se vc clicar em "EM CACHE" lá no Google...dá sim pra ler...foi assim que copiei e colei este aqui...e que tal a gente copiar outrso!? vou ver se acho o da Glória...não estou sabendo disto!! mas se for verdade!!! CARAMBA!!! Glória...Glória!! mais esta.... kkkkk
    vou ver o link daí de cima... até e me explique esta coisa de sonos baixos!! Nadia

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  7. iiiiii....me enganei....mas já copiei outros textos de lá desta forma que descrevi acima!!

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  8. RSRS...O MEU TEXTO SAIU NO FILOCOM...MÚSICA TECNO INSPIRA FILÓSOFOS...DELEUZE E MANGANARO...RSRS...DAI GOSTARAM E SAIU PELO MUNDO...FELLINI SABE DISSO...NÃO VIM ANTES PQ EM OUTRO TIPO DE GUERRILHA...RSRS...

    MAS FELLINI,GURU ATUAL, TOCOU NO EIXO...INFORMAÇÃO/COMUNICAÇÃO/ GUERRILHA/BLOGS...

    FELLINIIII...BEIJOS...CONSIGO NÃO OS TAIS SONOS...

    BEIJOS NADIA...RSRS...CHEGUEI AGORA...PERDI A CONVERSA...CHORANDO...BEIJOS...

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  9. OI GLÓRIA!!! que demais este teu texto!!! abração
    SURPREENDENTE GLÓRIA!!! 3.000 anos na frente!! rsrssss abração Nadia

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  10. NADIA,MINHA QUERIDA, ESTAMOS AGORA DE NOVO NO CENTRO DA GUERRILHA!!!VC BLOGUEIRA AMADA,A TURMA DO MARKETING DESCOBRINDO OS BLOGS NAS EMPRESAS E UNIVERSIDADE, PELO MENOS COM NÓS
    ENTRA EM AÇÃO, PQ ALUNOS PERCEBENDO QUE CAMINHO PARA COMUNICAÇÃO LIVRE...O FELLINI, CARA SABIDO, MOSTROU QUE ESTÁ POR DENTRO DA TAL GUERRILHA DA COMUNICAÇÃO..FAZEMOS AQUI,DE FORMA DEMOCRÁTICA, E FUI LUTAR ACFADEMICAMENTE POR NÓS...PORTAL DO NJR,ONDE ESTÁ O SARAU, E FAZER ACADEMIA RECONHECER ESTA FORMA DE COMUNICAÇÃO...BEIJOS...CAMINHO CERTO AMIGA...

    RSRS...GOSTO DO ARTIGO QUE VC CITOU, MAS HOJE TINHA QUE ESTAR NA ACADEMIA...RSRS...PELOS BLOGS...E POR NÓS...LIVRES...BEIJOS...AMEI A CONVERSA DA TARDE...BEIJOS...AMO VCS...

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  11. SSIIMMM!!! FELLINI? FELINO é mesmo demais!!! (me parece que já o conheço faz tempo, mas ele não quer dizer quem é ele!! quando o encontrei no FACEBOOK...vários antigos contatos vieram-me a cabeça!! mas... é isso... talvez ele seja vc!! KKKKKKKKK Glória, que luta é essa daí? conte-me algo...hoje tive uma intuição forte em relação a vc!! sabe...daquelas...telepáticas!!??rsrsrsrss....bom, o fato é que as mídias livres são feitas por gente muito boa e que precisam de cestas básicas e de grana pra viajar e documentar coisas que precisam ser ....bom.... seria a economia solidária uma saída pra blogueiros não morrerem de fome????!!! KKKKK RESPONDA-ME GRANDE MESTRA!!!! (esta resposta nem Deus SABE!! kkkkk) mas estamos aí na luta SEMPRE!!! e em lutas....as companhias são nossos tesouros!! GRANDE ABRAÇO PRA VC E PRA FELLINI? seja lá quem for ele!! bom descanso! Nadia

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