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quarta-feira, 24 de junho de 2009

O QUINTO PODER

OBSERVATÓRIO DA MÍDIA
O quinto poder

Ignacio Ramonet (*)

[Publicado na edição brasileira do Le Monde Diplomatique nº 45, outubro de 2003, ; tradução: Jô Amado; intertítulos da redação do OI]

Há muitas e muitas e muitas décadas que a imprensa e os meios de comunicação representam, no contexto democrático, um recurso dos cidadãos contra os abusos dos poderes. Na realidade, os três poderes tradicionais – legislativo, executivo e judiciário – podem falhar, se equivocar e cometer erros. Com maior freqüência, é claro, nos Estados autoritários e ditatoriais, onde o poder político se torna o principal responsável por todas as violações de direitos humanos e por todas as censuras contra as liberdades.

Mas também são cometidos graves abusos nos países democráticos, embora as leis sejam democraticamente votadas, os governos eleitos por sufrágio universal e a justiça seja – em teoria – independente do poder executivo. Ocorre o fato desta condenar, por exemplo, um inocente (como esquecer o caso Dreyfus, na França?); do Parlamento votar leis discriminatórias para com determinadas categorias da população (foi o caso, nos Estados Unidos, durante mais de um século, em relação aos afro-americanos, e volta a ser, hoje, em relação a pessoas originárias de países muçulmanos devido ao Patriot Act); dos governos adotarem políticas cujas conseqüências se revelarão funestas para todo um setor da sociedade (é o caso, atualmente, dos imigrantes "sem-documentos" em inúmeros países europeus).
Características novas

Nos últimos quinze anos, à medida que se acelerava a globalização liberal, este "quarto poder" se viu esvaziado de sentido, perdendo, pouco a pouco, sua função fundamental de contrapoder. Ao se estudar de perto como funciona a globalização, ao observar como se desenvolveu um novo tipo de capitalismo – agora, não só industrial, mas, principalmente, financeiro, ou, resumindo, um capitalismo de especulação – esta evidência chocante se impõe. Na atual fase da globalização, assiste-se a um confronto brutal entre o mercado e o Estado, entre o setor privado e os serviços públicos, entre o indivíduo e a sociedade, entre o íntimo e o coletivo, entre o egoísmo e a solidariedade.

O verdadeiro poder está atualmente nas mãos de um punhado de grupos econômicos planetários e de empresas globais cujo peso nos negócios do mundo inteiro parece, às vezes, mais importante do que o dos governos e dos Estados. São eles, os "novos senhores do mundo", que se reúnem anualmente em Davos, no âmbito do Fórum Econômico Mundial, e que inspiram as políticas adotadas pela grande Trindade da globalização: o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio.(...)

(...)Portanto, a questão que se coloca, em termos de cidadania, é a seguinte: como reagir? Como se defender? Como resistir à ofensiva deste novo poder que, de certa forma, traiu os cidadãos passando-se, com armas e bagagens, para o inimigo?
Basta, simplesmente, criar um "quinto poder". Um "quinto poder" que nos permita opor uma força cidadã à nova coalizão dos senhores dominantes. Um "quinto poder" cuja função seria a de denunciar o superpoder dos grandes meios de comunicação, dos grandes grupos da mídia, cúmplices e difusores da globalização liberal. Meios de comunicação que, em determinadas circunstâncias, não só deixaram de defender os cidadãos, mas, às vezes, agem explicitamente contra o povo. Como se pode constatar na Venezuela.

Neste país latino-americano – em que a oposição foi varrida do cenário político em 1998, quando se realizaram eleições livres, plurais e democráticas – os principais grupos de imprensa, rádio e televisão desencadearam, pela mídia, uma autêntica guerra contra a legitimidade do presidente Hugo Chávez [Ignacio Ramonet, "Un crime parfait", Le Monde diplomatique, junho de 2002](...)

LEIA NA ÍNTEGRA EM:


FONTE : http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/jd211020032.htm.

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A urgência do Quinto Poder

Por Venício A. de Lima em 7/8/2007

(...)Articulação cidadã

Haverá possibilidade de o jornalismo – econômico e político – aí produzido ser autônomo e/ou independente?

Há como negar o poder que o grupo News Corporation passará a ter na construção da agenda e da própria realidade econômica financeira – e, portanto, política – dos mercados onde atua e/ou possui interesses?

Há de se considerar, portanto, cada vez mais atuais as advertências feitas por Ignacio Ramonet no seu "O quinto poder". Diante dos gigantes da mídia é necessário que a cidadania articule um poder capaz de fiscalizar democraticamente o seu superpoder.

A compra da Dow Jones pela News Corporation torna ainda mais evidente que a grande mídia se transformou no "único poder sem um contrapoder".

LEIA NA ÍNTEGRA EM:

FONTE: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=445IMQ002

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