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terça-feira, 30 de junho de 2009

Amigo ( Pablo Neruda, in "Crepusculário" )

Amigo,toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas,dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.

Amigo-faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.
Bebe do meu cântaro e tens sede.
Amigo-faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas roseiras
me pertençam.
Amigo, e tens fome come do meu pão.

Tudo,amigo,o fiz para ti.Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelos muros direitos
-como o meu coração-sempre buscando altura.

Sorris-te - amigo.Que importa!Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma,ânfora suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...

...Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...

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