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terça-feira, 30 de junho de 2009

Projeto Calo na Mão - Maracatu Bloco de Pedra



O Projeto Calo na Mão desenvolve oficinas de percussão e construção de intrumentos, ambas direcionadas ao Maracatu de Baque Virado. O projeto, que foi criado em 2002, realiza suas atividades na Escola Alves Crz, Zona Oeste de São Paulo. As atividades são gratuitas e sem restrições. Dentre os seus objetivos, além da promover o ensino da percussão e da luthieria, o projeto busca o sociabilidade dos seus participantes, a prática da tolerância, a multiplicação do conhecimento, a manutenção do espaço público e a difusão da cultura popular brasileira.
Categoria: Entretenimento

FONTE: http://www.myspace.com/projetocalonamao

Cada momento me estranho ( Walder Maia do Carmo)

Remexendo o passado
encontro guardiões
de ideais desvanecidos
Remexendo o passado
teu ósculo que ficou
nos lábios tão presente
do meu romantismo.
Prantos, meus olhos
chorando a chuva.
No hodierno
A insistência da pena
a rabiscar palavras
na rima hercúleo.
Cada momento me estranho...

Folha e São Paulo - ABL LANÇA VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

A Academia Brasileira de Letras lançou oficialmente, no Rio de Janeiro, a quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, com as novas regras do acordo ortográfico vigentes no Brasil desde 1º de janeiro.

O volume, de 976 páginas, impresso pela Editora Global, contém mais 370 mil verbetes apresentados sob a forma de lista por ordem alfabética, além de cerca de 1.500 estrangeirismos.

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa também reúne o texto integral do acordo ortográfico de 1990, com todos os anexos, relatórios e justificativas, assinado pelos representantes dos países lusófonos, além dos decretos presidenciais sobre a adoção e a implantação do acordo no Brasil e a legislação anterior, como o formulário ortográfico de 1943 e o decreto de 1971.

O presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, afirmou que a reforma ortográfica que pretende unificar a forma de escrita do português é "fundamental para a consolidação de uma posição" da lusofonia.

"O Brasil é um país emergente e Portugal tem um grande papel no equilíbrio Europeu. Hoje o português é a quinta língua mais falada no mundo e passa a ter uma ortografia 99% idêntica tanto na América, como na África e na Ásia", disse Sandroni à Lusa.

O acadêmico considerou o lançamento do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa um ato histórico entre o Brasil e Portugal que "só tem a ganhar", e principalmente no campo da literatura "porque abre mercados no Brasil, em Portugal e na África".


Vocabulário
A primeira edição do Vocabulário Ortográfico no Brasil foi em 1938. Sandroni explicou que a quinta coincidiu com o decreto do acordo ortográfico. "Foi um desafio importante vencido pelos nossos lexicólogos", ressaltou.

A elaboração desta edição de 100 mil exemplares levou cerca de seis meses e reuniu uma equipa de lexicógrafos e lexicólogos.

Para o acadêmico Evanildo Bechara, coordenador da comissão que elaborou o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e adaptou à nova ortografia, a equipe de acadêmicos da Academia Brasileira de Letras "prestou atenção ao espírito do acordo, que era a simplificação".

"O novo sistema ortográfico veio realmente para simplificar e não para complicar a vidas dos que escrevem, dos utentes da língua portuguesa", destacou o filólogo.

No Brasil, o acordo foi regulamentado pelos decretos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 29 de setembro de 2008, e entrou em vigor em 1٥ de janeiro deste ano.

O Brasil cedeu em seis pontos principais: o fim do hífen, do trema, do acento circunflexo nos verbos no plural, a mudança do acento em ditongos abertos e a inserção de letras k,y,w no alfabeto.

Em Portugal, as mudanças deverão modificar 1,42% do dicionário português. Os brasileiros terão de alterar apenas 0,43%.

Amigo ( Pablo Neruda, in "Crepusculário" )

Amigo,toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas,dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.

Amigo-faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.
Bebe do meu cântaro e tens sede.
Amigo-faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas roseiras
me pertençam.
Amigo, e tens fome come do meu pão.

Tudo,amigo,o fiz para ti.Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelos muros direitos
-como o meu coração-sempre buscando altura.

Sorris-te - amigo.Que importa!Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma,ânfora suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...

...Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...

MICHAEL JACKSON (1958-2009): DO BOI SÓ SE PERDE O BERRO

Do boi só se perde o berro, diziam os antigos. Foi o que me veio à cabeça ao assistir à overdose de Michael Jackson em jornais, revistas, rádios e tevês.

A mesma indústria cultural que deu projeção exageradíssima a quem tinha talento, é verdade, mas nunca foi um revolucionário da música como os Beatles; que tanto glamourizou suas esquisitices de adulto malresolvido, como se fosse desejável que quarentões se comportassem à maneira de impúberes; que foi de uma crueldade ímpar ao expor o que me pareceu ser mais uma atração platônica pelos jovens do que pedofilia propriamente dita (ou seja, ele continuaria estacionado na sexualidade infantil, impotente para chegar às vias de fato); e que o relegou ao ostracismo quando sua imagem se tornou politicamente incorreta - agora transforma sua morte num repulsivo espetáculo de canonização midiática.

Nunca apreciei a música do Jacksons 5, nem a que ele fez depois na sua carreira-solo. Comercial demais para o meu gosto de rockeiro apegado às origens bluesísticas.

Ademais, os malditos videoclips, de quem Jackson foi o rei, marcam a retomada do controle por parte da indústria cultural, depois de ter sido obrigada a submeter-se à explosão roqueira durante alguns anos gloriosos, entre o final dos '60 e o início dos '70.

Nunca esquecerei de Joe Cocker, depois de um animado passeio por São Paulo, entrando diretamente no palco, com a roupa que vestia. Para arrasar, com sua entrega incondicional à música.

Nunca esquecerei de uma gloriosa temporada do Cream, em que os fulgurantes improvisos de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker faziam com que, noite após noite, os números tivessem duração diferente.

Nunca esquecerei de Jimi Hendrix, com sua beleza selvagem, implodindo o hino estadunidense em Woodstock.

Os clips dos anos 70 significaram a substituição do talento bruto pela produção onerosa, da paixão pelo ensaio, da arte pelo espetáculo. E Michael Jackson acabou simbolizando essa domesticação.

Mas, seu destino como ser humano vitimado por essa engrenagem perversa sempre me inspirou compaixão. É triste vermos como um menino bonito, simpático e espontâneo, após receber o toque de Sadim (Midas às avessas) do sistema, tornou-se um adulto descaracterizado e sofredor.

Até sua cor quis negar, ao invés de orgulhar-se dela como o grande Muhammad Ali. Acabou ficando com imagem idêntica à dos vampiros mutantes de um clássico do terror, A Última Esperança da Terra (d. Boris Sagal, 1971), como se castigado pelos deuses.

Foi sugado, espremido e jogado fora. Aí a comoção causada por sua morte deu chance a um reaproveitamento do bagaço, para faturarem mais um pouquinho.

A indústria cultural é um dos componentes mais doentios e malignos do capitalismo putrefato. Casos como o de Michael Jackson dão uma dimensão total de sua capacidade de destruir seres humanos para saciar a curiosidade mórbida de seus públicos, movida pelo amoralismo do lucro.

CELSO LUNGARETTI

segunda-feira, 29 de junho de 2009

IGREJA UNIVERSAL É DENUNCIADA À ONU: "DITADURA RELIGIOSA" - CELSO LUNGARETTI (clique aqui)

Os fiéis da Universal fecharam olhos, ouvidos e mentes não só às matérias da imprensa escrita, mas até ao vídeo da "divisão do butim" , que as tevês exibiram em horário nobre.

A Folha de S. Paulo informa que a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa acaba de entregar ao presidente do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, Martin Uhomoibai, e à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial "relatório que diz existir uma 'ditadura religiosa' promovida pelos neopentecostais no Brasil".

Vale a pena reproduzir os principais trechos da notícia (cuja íntegra só os assinantes da Folha e do UOL podem acessar) .

"O documento aponta a Igreja Universal do Reino de Deus como propagadora da intolerância religiosa no país, incitando a perseguição, o desrespeito e a 'demonização', especialmente da umbanda e do candomblé.

"...relata 15 casos atendidos pela comissão que se transformaram em 34 ações judiciais no Rio de Janeiro, além de três vítimas que vivem ameaçadas e outros 10 casos de intolerância religiosa em outros quatro Estados.

"A Igreja Universal do Reino de Deus, copiada por outras independentes, vem tentando intimidar a imprensa livre. Centenas de ações judiciais são movidas contra veículos de comunicação e profissionais da área", diz o relatório.

"Não estamos perseguindo ninguém, mas mostrando que a democracia corre risco. Estamos sendo demonizados em programas de rádio e TV", afirma Ivanir dos Santos, presidente da comissão.

"Segundo Ronaldo de Almeida, antropólogo da Unicamp, a Igreja Universal cresce combatendo outras religiões. Autor do livro 'A Igreja Universal e seus Demônios', ele defende que a igreja fortalece seu discurso a partir da relação que estabelece entre religiões afro e problemas financeiros ou na família. 'Seu discurso fica mais forte se demonizar os outros. Há, de fato, uma intolerância religiosa', explica Almeida."

Nada tenho a acrescentar ao que escrevi sobre o assunto em setembro último (acessar), sem que até agora tenham sido tomadas as providências cabíveis contra os exploradores da fé:

"A Igreja Universal do Reino de Deus (...) não se enquadra entre as religiões. Suas atividades estão, isto sim, capituladas no Código Penal: estelionato, curandeirismo e lavagem cerebral.

"Chocante é a omissão das autoridades brasileiras, pois tais práticas criminosas já foram diversas vezes flagradas e escancaradas na imprensa.

"Os crédulos que fecharam olhos e ouvidos a tudo que era mostrado - inclusive aquelas imagens repulsivas de Edir Macedo e cúmplices dividindo o butim - já não são cidadãos no sentido pleno da palavra: viraram zumbis, incapazes de pensar por si próprios e, portanto, de defender seus interesses.

"Precisam da proteção do Estado. Dificilmente a terão, enquanto os governos não prescindirem do apoio das bancadas neo-pentecostais para ganhar votações espúrias na esfera legislativa.

"No afã de arrancar até o último centavo dos pobres coitados que lhes caem nas garras, esses devotos do Bezerro de Ouro erigiram os cultos afro-brasileiros em bicho-papão, repetindo uma jogada manjada desde que os nazistas incendiaram o Reichstag e botaram a culpa nos judeus.

"Quem não tem valores positivos a oferecer, imanta seu rebanho por meio da rejeição a um inimigo sinistro, real ou imaginário."

FONTE: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/

Sérgio Buarque de Holanda: o homem cordial

Segunda-feira, 29/7/2002

Alberto Beuttenmüller

Sérgio Buarque de Holanda faria 100 anos em 11 de julho de 2002. Lembro-me de nossos papos na rua Buri, 35. Não posso esquecer as profundas especulações de Sérgio. A casa vai tornar-se um centro de MPB. Será bom? Será ruim? O tempo dirá. Recordar é andar sobre ruínas. É o que sinto neste momento de saudade de Sérgio. Invadem-me versos de Fernando Pessoa de "Aniversário":

(...) "O que sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio" (...)

Andei lendo aqui e ali as homenagens ao Sérgio Buarque e nenhuma delas me acalentou. Demonstrações de vaidade, cada qual a querer mostrar mais sapiência que a outra. Sérgio Buarque era pesquisador sagaz, lúcido e humilde, daí sua grandeza. De tudo que li, o que mais me agradou foi uma descoberta de texto inédito de Sérgio, hoje no acervo da Praça Henfil, 50, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Unicamp, Biblioteca Central.

A família de Sérgio doou à Unicamp todos os documentos pessoais do historiador, depois que a universidade campineira comprou, em 1983, sua biblioteca de 8.513 volumes, 227 títulos de periódicos e 600 obras raras dos séculos 16 ao 20. Esse inédito tesouro, levado em meio a toda essa documentação, é uma dissertação de mestrado: Elementos Formadores da Sociedade Portuguesa na Época dos Descobrimentos, defendida em 30/07/1958 na Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo.

Recordar é ruminar entre ruínas. O que me lembro de Sérgio era do homem cordial, que me recebia à porta de sua casa da rua Buri e me levava ao seu esconderijo intelectual, sala cheia de livros, mesa de carvalho, estantes ao redor, e, esconsa atrás da poltrona, a cachaça mineira ou o whisky. A poltrona vestia-o, como um casaco nos dias frios; cabelos em desalinho, pelo constante passar e repassar da mão à cabeça, como se o gesto fosse melhorar ainda mais sua memória já prodigiosa. Falávamos de tudo um pouco.

De repente, dizia os versos de Hölderlin, com seu sotaque prussiano, que aprendera na Alemanha em 1929-30. Nesta época entrevistou Thomas Mann e viu a ascensão do III Reich:

Im dunkeln Efeu sass ich, an der Pforte
(Na hera escura estava eu sentado, às portas)

Des Waldes, eben, da der goldene Mittag
(da floresta, mesmo quando o meio-dia de ouro,)

E ficávamos a discutir qual era o nome do poema, embora esse fosse fácil, era o "Der Rhein" ("O Reno").

A literatura era sua paixão; a história, profissão. Às vezes, a nossa prosa se interrompia pela chegada de dona Maria Amélia, que trazia guloseimas com café. Os copos eram esconsos, notadamente o dele, já que não podia fumar nem beber, mas deles abusava. Ele ria de toda aquela dissimulação. Era dona Maria Amélia abandonar a sala, e a garrafa retornava à mesa e seu Gauloise, dos mais fortes fumos, sem filtro, voltava a espiralar fumaça pela sala.

Nessa revisitação ao universo de Sérgio, lembro-me dos papos sobre sua obra mais famosa: Raízes do Brasil (1936), que teve prefácio de Gilberto freire, na primeira edição, logo substituído por outro de Antonio Cândido. O motivo dessa desavença entre Sérgio e Gilberto é uma incógnita. Sérgio não gostava de Gilberto, nome que entrara para o índex do historiador e que passou a ser proibido em qualquer conversa com Sérgio. Ainda me lembro de ter manuseado a primeira edição de Raízes e de expor as questões que os estudiosos viviam a discutir sobre o "homem cordial". Sérgio ficava possesso. Era fácil perceber. Se comparada a Casa Grande & Senzala, a obra de Sérgio fora menos reconhecida, menos reeditada e menos lida. E quiseram fazer piada com a tese do brasileiro como "homem cordial", entendida a "cordialidade" como concórdia, bondade, subserviência, quando o que Sérgio queria dizer era passional, aversão a toda convenção ou formalismo social, e tanto podia ser positiva ou agressiva. O trecho de Raízes é claro: "A inimizade bem pode ser tão cordial quanto à amizade, visto que uma e outra nascem do coração, procedem da esfera do íntimo, do familiar, do privado".

O importante é que a obra de Sérgio Buarque vem crescendo com o passar dos anos e cada vez mais lida, discutida e reeditada. Essas lembranças me vêm à mente porque naquele tempo eu trabalhava no Jornal do Brasil e fazia entrevistas com intelectuais para o "Caderno B". Como tinha liberdade de pautar tais entrevistas, colocava sempre uma com o Sérgio só para matar as saudades. Ele começava a falar como se o tempo não se houvera interrompido, desde o nosso último encontro. E se lembrava do último assunto tratado. Ele anotava tudo e citava de memória os pontos principais.

Não é fácil andar sobre as ruínas que a memória marca para sempre. Duro é cumprir essa arqueologia da saudade. Sérgio Buarque de Holanda crescerá com o tempo. E as ruínas da memória serão cada vez mais escavadas, pedra por pedra, nessa nossa história do Brasil.

Nota do Editor
Texto inédito, especialmente redigido pelo autor, para o Digestivo Cultural. Alberto Beuttenmüller é poeta, jornalista e crítico de arte (membro da AICA).

Alberto Beuttenmüller
São Paulo, 29/7/2002

FONTE: http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=18

Raymundo Faoro

Raymundo Faoro nasceu em (Vacaria, 27 de abril de 1925 — Rio de Janeiro, 15 de maio de 2003) foi um escritor, advogado, cientista político e historiador brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de 1977 a 1979.

Formação histórico-social brasileira


Raimundo Faoro é autor de Os donos do poder, obra que aponta o período colonial brasileiro como a origem da corrupção e burocracia no país, colonizado por Portugal, então um Estado absolutista. De acordo com o autor, toda a estrutura patrimonialista foi trazida para cá. No entanto, enquanto isso foi superado em outros países, acabou sendo mantido no Brasil, tornando-se a estrutura de nossa economia política.

Nesta sua concepção de Estado patrimonialista, Faoro coloca a propriedade individual como sendo concedida pelo Estado, caracterizando uma "sobrepropriedade" da coroa sobre seus súditos e também este Estado sendo regido por um soberano e seus funcionários. O autor assim nega a existência de um regime propriamente feudal nas origens do Estado brasileiro. O que caracteriza o regime feudal é a existência da vassalagem intermediando soberano e súditos e não de funcionários do estado, como pretende Faoro.

Frase:

* "Acho que a história do Brasil é um romance sem heróis".

- Em entrevista à Revista Veja, em abril de 1976

"É um hábito brasileiro falar uma linguagem futurista e realizar uma política colonial" (frase atribuída a ele)

FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Faoro

Florestan Fernandes

Florestan Fernandes (São Paulo, 22 de julho de 1920 — São Paulo, 10 de agosto de 1995) foi um sociólogo e político brasileiro. Foi duas vezes deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores.

[editar] Principais obras

Florestan começou a escrever no final dos anos 40, e ao longo de sua vida, publicou mais de 50 livros e centenas de artigos. Suas principais obras foram:

* Organização social dos tupinambá (1949);
* A função social da guerra na sociedade tupinambá (1952);
* A etnologia e a sociologia no Brasil (1958) (resenhas e questioamentos sobre a produção das Ciências Sociais no Brasil, até os anos 50);
* Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959);
* Mudanças sociais no Brasil (1960) (nesta obra Florestan faz um panorama de seu trabalho e retrata o Brasil);
* Folclore e mudança social na cidade de São Paulo (1961) (esta obra reúne trabalhos e pesquisas realizadas nos anos em que Florestan foi aluno de Roger Bastide na USP, dedicados a várias manifestações de cultura popular entre crianças da cidade de São Paulo).
* A integração do negro na sociedade de classes (1964) (estudo das relações raciais no Brasil);
* Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968);
* A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios (1975) (reedição em volume de artigos anteriormente publicados em revisas científicas e dedicados à produção recente da antropologia brasileira);
* A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica (1975).

VER TAMBÉM :

FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Florestan_Fernandes
  • FRASES DE FLORESTAN FERNANDES:

  • "É muito complicada a vida de um intelectual na sociedade de consumo de massa".
- Em entrevista à Folha de São Paulo, em julho de 1977
  • "Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade"
- Ciências Sociais: na ótica do intelectual militante; Estudos Avançados; Print ISSN 0103-4014; Estud. av. vol.8 no.22 São Paulo Sept./Dec. 1994; doi: 10.1590/S0103-40141994000300011; [1]
  • "Em nossa época, o cientista precisa tomar consciência da utilidade social e do destino prático reservado a suas descobertas"
- Fonte: Nova Escola
  • "Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos"
- Fonte: Nova Escola, 1991

Jacob Gorender - UM DOS MAIS IMPORTANTES HISTORIADORES MARXISTAS BRASILEIROS

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Jacob Gorender (Salvador, 20 de janeiro de 1923) é um dos mais importantes historiadores marxistas brasileiros. Jovem, lutou na II Guerra Mundial, na Itália, como integrante da Força Expedicionária Brasileira.

Foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), do qual saiu nos anos 60, para participar da fundação do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Foi preso e torturado, quando da ditadura militar.

Entre seus trabalhos se destacam A burguesia brasileira, de 1981,e Combates nas trevas, de 1987. Sua principal obra foi a tese "O Escravismo Colonial", de 1978, de caráter revolucionário, na medida em que supera o debate sobre o caráter do passado do Brasil - feudalismo e capitalismo. Naquela obra, apresenta teoria para a compreensão da história colonial e imperial brasileira baseado na apresentação de modo de produção historicamente novo, a saber, o escravismo colonial.

Artigos e Ensaios

* 1958 “Correntes sociológicas no Brasil”. ESTUDOS SOCIAIS, n.º 3-4, Rio de Janeiro, set./dez. de 1958, pp. 335-352;
* 1958 “Política exterior em crise”. ESTUDOS SOCIAIS, Rio de Janeiro, 1958, nº 2, pp. 129-36;
* 1958 “Revista Brasiliense. ESTUDOS SOCIAIS, Rio de Janeiro, maio/junho de 1958, nº 1, pp. 125-7;
* 1959 “A espoliação do povo brasileiro pela finança internacional”. ESTUDOS SOCIAIS, nº 6, Rio de Janeiro, maio/setembro de 1959, pp. 131-48;
* 1960 “A questão Hegel”. ESTUDOS SOCIAIS, Rio de Janeiro, nº 8, julho. de 1960, pp. 436-58;
* 1960 “O V Congresso dos comunistas brasileiros”. ESTUDOS SOCIAIS, n. 9, Rio de Janeiro, outubro de 1960, pp. 3-11;
* 1960 “Perspective de l’homme/Roger Garaudy”. ESTUDOS SOCIAIS, Rio de Janeiro, nº 9, outubro de 1960, pp.113-16.
* 1963 “Direções da luta pela democracia em nosso tempo”. ESTUDOS SOCIAIS, Rio de Janeiro, nº 18, novembro de 1963, pp. 189-93.
* 1980 O conceito de modo de produção e a pesquisa histórica. In: Lapa, J.R. do Amaral (org.). Modos de produção e realidade brasileira. Petrópolis, Vozes, 1980.
* 1982 Introdução. In: Marx, Karl. Para a crítica da economia política. São Paulo, Abril Cultural, 1982. Coleção Os Economistas.
* 1983 Apresentação. In: Marx, Karl. O capital. vol. 1. São Paulo, Abril Cultural, 1983. Coleção Os Economistas.
* 1983 Questionamentos sobre a teoria econômica do escravismo colonial. Estudos Econômicos. São Paulo, IPE-USP, 1983. 1(13).
* 1984 Nota sobre uma questão de ética intelectual. Estudos Econômicos. São Paulo, IPE-USP, 1984. 2 (14).
* 1986 A participação do Brasil na II Guerra Mundial e suas conseqüências. SZMRECSANYI, T. & GRANZIERA, R.B. [Org.] Getúlio Vargas e a economia contemporânea. Campinas: UNICAMP, 1986.(...)

LEIA MAIS EM : http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacob_Gorender

JORNALISMO CIDADÃO - da Wikipédia

Jornalismo Cidadão, ou Jornalismo Colaborativo, Jornalismo Open Source ou ainda Jornalismo Participativo é uma idéia de jornalismo na qual o conteúdo (texto + imagem + som + vídeo) é produzido por cidadãos sem formação jornalística, em colaboração com jornalistas profissionais. Esta prática se caracteriza pela maior liberdade na produção e veiculação de notícias, já que não exige formação específica em jornalismo para os indivíduos que a executam.

A própria estrutura sobre a qual é construída a notícia pode, assim, variar, fugindo dos padrões aceitos no jornalismo tradicional, tais como o lead e a pirâmide invertida. Neste caso, o relato em primeira pessoa, repudiado no jornalismo tradicional, é bem aceito e até indicado nas reportagens produzidas sob o modelo colaborativo de jornalismo. Mas, por outro lado, assim como outros sistemas colaborativos (como o wiki), carece de precisão e controle de qualidade sobre o conteúdo publicado. Esse gerenciamento é, geralmente, feito por jornalistas profissionais, que assumem as tarefas de edição do espaço.

Conceito e polêmica

Para os adeptos e ativistas desta prática, o Jornalismo Cidadão é uma chance de democratizar a informação, a partir do momento em que qualquer pessoa teria acesso à mídia, não apenas como leitor ou espectador, mas colaborando na produção do material veiculado. Também seria, para os defensores do new journalism, uma oportunidade para valorizar a reportagem, incluindo a observação de testemunhas oculares dos fatos.

O relatório We Media: How Audiences are Shaping the Future of News and Information (Nós-Mídia: como o público está moldando o futuro do jornalismo e da informação), escrito pelos pesquisadores Shayne Bowman e Chris Willis, do The Media Center do Instituto Americano de Imprensa, define o jornalismo participativo como um ato de cidadãos "fazendo um papel ativo no processo de coleta, reportagem, análise e distribuição de notícias e informações". O documento acrescenta que "a intenção desta participação é fornecer informação independente, confiável, precisa, abrangente e relevante que a democracia requer"[1].

Num artigo publicado em 2003 pela Online Journalism Review, J. D. Lasica classifica a mídia do Jornalismo Cidadão em seis tipos:

1. ) participação do público (tais como comentários no rodapé das matérias, blogs de colunistas que aceitam comentários, uso de fotos e filmagens feitas por leitores, ou matérias escritas localmente por moradores de comunidades);
2. ) websites jornalísticos independentes (como o Drudge Report);
3. ) websites de notícias totalmente alimentados por usuários (OhMyNews, WikiNews);'
4. ) websites de mídia colaborativa e contribuitiva (Slashdot, Kuro5hin);'
5. ) outros tipos de "mídia magra" (listas de discussão, boletins por correio eletrônico);
6. ) websites de transmissão pessoal (podcasting de áudio e vídeo, blogs, fotologs)[2]

O ex-colunista de tecnologia do jornal estadunidense San Jose Mercury News Dan Gillmor é um dos mais ativos defensores do Jornalismo Cidadão. Ele fundou uma entidade sem fins lucrativos, o Centro para a Mídia Cidadã, para ajudar a promover esta prática. A televisão francófona canadense Canadian Broadcasting Corporation também criou um programa semanal chamado "5 sur 5" que desde 2001 organiza e promove o jornalismo feito por amadores. No programa, espectadores enviam perguntas sobre ampla variedade de assuntos e, acompanhados por uma equipe de jornalistas, entrevistam especialistas.

No Brasil, alguns jornais e veículos de mídia tradicionais já adotam seções ou subportais que recebem contribuições do público (como as fotos publicadas na coluna de Ancelmo Góis em O Globo ou a área Eu Repórter do Globo Online). O pioneiro desta prática foi o portal iG, com a seção Leitor-Repórter, criada em 2000 e depois extinta. No entanto, para a maior parte dos teóricos, esse não é um exemplo real de Jornalismo Cidadão, apenas um aproveitamento comercial do material gerado por leitores.

Ressalte-se que, no Brasil, desde junho de 2009, já não é mais é obrigatória a exigência de diploma universitário em curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo para o exercício da profissão. A profissão, no entanto, já não era regulamentada para a mídia internet antes da decisão da Justiça que derrubou a obrigatoriedade do diploma.

O Jornalismo Cidadão ganhou força nos últimos anos a partir do advento das ferramentas de edição e publicação na internet como wikis, blogs e a popularização dos celulares equipados com câmeras digitais, além de outras novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs).

Deve-se atentar que Jornalismo Cidadão não é sinônimo de Jornalismo cívico, que é o jornalismo profissional caracterizado pela cobertura jornalística dos veículos de imprensa voltada para o cidadão.

Outros termos para Jornalismo Cidadão são o original em inglês citizen journalism, networked journalism (jornalismo em rede), grassroots journalism (jornalismo de raiz), jornalismo amador, jornalismo participativo, jornalismo colaborativo ou jornalismo open source.

Críticas

Muitas vezes, "jornalistas cidadãos" são ativistas dentro das comunidades sobre as quais escrevem (por exemplo, autores de matérias sobre pirataria musical que fazem lobby contra a indústria fonográfica). Isto gera críticas por instituições de mídia tradicional como o jornal The New York Times, dos EUA, que acusou os defensores do Jornalismo Cidadão de abandonarem o princípio da objetividade jornalística.

Um artigo do acadêmico Vincent Maher, chefe do Laboratório de Novas Mídias (New Media Lab) da Universidade de Rhodes (África do Sul), delineou várias fraquezas das reivindicações feitas pelos defensores da idéia, denominadas "os três E fatais": a ética, a economia e a epistemologia. O artigo, por outro lado, foi criticado na imprensa estadunidense e na chamada "blogosfera"[3]. Um artigo do jornalista Tom Grubisich publicado em outubro de 2005 listou 10 websites de Jornalismo Cidadão e detectou falhas de qualidade e conteúdo em vários deles[4].(...)

Exemplos de jornalismo cidadão

Referências

CONTINUE LENDO EM :

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_cidad%C3%A3o

BRASIL E A CIVILIZAÇÃO

"A CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA AINDA NÃO COMEÇOU" OLGÁRIA MATOS

A professora de filosofia da USP em entrevista a TV Câmara diz, que precisamos entender a fundo o que Sérgio Buarque de Holandda,Gilberto Freire,Raymundo Faoro,Celso Furtado e Guimarães Rosa escreveram para que possamos iniciar de verdade nossa civilização!!!

Nadia Stabile - 29/06/09

PERCEPÇÕES - Álvaro Pacheco

Qual é o sentido das flores
e que sentido haverá
no subterrâneo das águas ?

Que sentido poremos
nos elementos da vida
que desconhecem o sentido ?

Que sentido têm as abelhas
e o sol que as fecunda
indicando-lhes as flores ?

Que sentido o som
que alimenta as nuvens dos ventos
e se despenca das tempestades ?

Que sentido, por acaso,
terão estas percepções ?

Folha de São Paulo ( 29/06/2009 )Masp prorroga exposição "Vik Muniz" para 19 de julho

Endereço: av. Paulista, 1.578, Bela Vista, região central, São Paulo, SP. Classificação etária: livre. Leia mais no roteiro
As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações.

Divulgação

Imagem "Soldadinho de Brinquedo", criada pelo artista em 2003, faz parte da série "Mônadas"

A mostra com obras do artista brasileiro Vik Muniz, em cartaz em São Paulo no Masp (Museu de Arte de São Paulo), foi prorrogada até 19 de julho. Até 21 de junho, 136.449 pessoas já tinham visitado a exposição.

A entrada é gratuita às terças-feiras, das 11h às 18h. Nos demais dias da semana a entrada custa R$ 15 (com desconto de 50% para estudantes).

Com 131 trabalhos realizados entre 1988 e 2008, a exposição traça um amplo panorama da produção do artista plástico e fotógrafo paulistano no período em que já residia em Nova York. Na época, chamava a atenção da crítica internacional com fotografias de obras feitas com materiais pouco utilizados nas artes, inclusive comida.

O Frankenstein feito de caviar, a Medusa desenhada com macarrão e molho vermelho e seu autorretrato feito de confete, entre outros trabalhos, notabilizaram sua obra ao redor do mundo.

Informações sobre eventos gratuitos e populares podem ser consultadas no site Catraca Livre.

PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS E ALUNOS DA USP NEGOCIAM FIM DA GREVE NESTA SEGUNDA - Folha de São Paulo ( 29/06/2009 )

O Fórum das Seis --que representa funcionários, professores e estudantes das três universidades paulistas (USP, Unesp e Unicamp)-- e o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) voltam a se reunir na tarde desta segunda-feira para discutir as reivindicações dos grevistas, que podem apresentar uma contraproposta salarial.

Segundo o Adusp (Associação dos Docentes da USP), a reunião está programada para ter início às 14h, mas antes os grevistas devem realizar um ato em frente ao prédio da reitoria da USP --local da reunião.

Esse é o segundo encontro para negociações realizado desde a saída da Polícia Militar no campus Butantã da USP, na zona oeste de São Paulo, na semana passada. A primeira reunião entre os dois grupos terminou sem acordo na última segunda-feira. Os funcionários da universidade estão com as atividades paralisadas desde o dia 5 de maio, enquanto os professores e alunos aderiram à paralisação um mês depois.

Segundo o diretor de base do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), Magno de Carvalho, existe a possibilidade de o Fórum dos Seis apresentar uma contra proposta em relação a questão salarial. Os grevistas reivindicam reajuste de 16%, mais R$ 200 fixos. O Cruesp oferece 6,05% de aumento.

Outra reivindicação dos grevistas é a readmissão do funcionário Claudionor Brandão e o fim de processos administrativos contra alunos e funcionários; e o fim da Universidade Virtual do Estado de SP (Cruesp diz que cursos a distância democratizam o ensino).

Unicamp

Na semana passada, os professores e funcionários da Unicamp decidiram suspender a greve. Segundo a assessoria da universidade, a paralisação possuía baixa adesão e todos os setores estão com o funcionamento normalizado. Mesmo assim, o reitora da Unicamp participa das negociações desta segunda.

MACHADO DE ASSIS - Texto escrito sem a letra A (clique aqui)

É possível sim...
Incrível e possível...
Realmente, interessante! Inegavelmente, arte e talento sãoAtributos, que se manifestam naturalmente em seres especiais...
Confira.

"Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é oportuguês e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que deinício, e somente de início, se pode ter com impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de Colombo. Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor empreendereste belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português,puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.
Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, emse querendo esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo.Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o 'E' ou sem o 'I' ou sem o 'O' e, conformemeu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplosem o 'P', 'R' ou 'F', o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo,repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todoum discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhorpreferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito emuito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, semimpedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientementeesquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendosubstituí-lo pelo inglês.
Por quê?Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porémincisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escríniode belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores.Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porémviril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobresdescobridores de mundos novos".

FONTE : Blog Loucademia Brasileira de Letras

ACREDITE QUEM QUISER: A "FOLHA DE S. PAULO" ESTÁ À DIREITA DA "VEJA"!

A grande imprensa é uma caixinha de surpresas. O cidadão que folhear neste domingo a Folha de S. Paulo e a última Veja, ficará em dúvida sobre qual é qual. Talvez até se belisque, para ter certeza de não estar sofrendo alucinações.

De um lado a Veja, na matéria Memórias do Extermínio (assinantes da Veja e do UOL podem acessar a íntegra aqui), não só admite tranquilamente a veracidade das confissões do Major Curió, segundo quem as Forças Armadas executaram a sangue-frio 41 guerrilheiros do Araguaia depois de prendê-los com vida e manterem-nos presos por variáveis períodos, como até acrescenta detalhes buscados em outras fontes, como se pode constatar nestes trechos:
"Sabe-se agora que o Exército perseguiu e executou os guerrilheiros, mesmo quando eles já não ofereciam mais qualquer perigo aos militares.

"VEJA entrevistou um militar que integrou a equipe de Curió - e participou da execução de ao menos três guerrilheiros. Esse experiente militar (...) aceitou contar em detalhes o que fez, contanto que seu nome permanecesse no anonimato.

"'A ordem era não deixar ninguém sair de lá vivo', rememora o militar. 'Era uma missão e cumprimos o que foi determinado.' Recorrendo a uma identidade falsa, o militar (...) se infiltrou junto à população civil para obter informações sobre a guerrilha. Tempos depois, ele passou a trabalhar na 'Casa Azul', (...) onde o Exército mantinha presos e torturava os guerrilheiros capturados. A ordem, lembra o militar, era extrair o máximo de informações dos presos, (...) quase sempre, por meio de torturas. Depois, assassiná-los. Tudo feito clandestinamente.

"O militar entrevistado foi dos algozes do cearense Antônio Teodoro de Castro, estudante universitário de 27 anos conhecido como 'Raul'. Ele conta que presenciou o interrogatório do estudante: 'Ele tinha fome, vestia farrapos e estava amarelo, parecia ter malária' (...). Mesmo desarmado, mesmo famélico e doente, mesmo depois de contar tudo que os oficiais queriam, Raul não foi poupado. Logo chegou a ordem: eles deveriam levá-lo para fazer um 'reconhecimento'(...), senha para matar. Curió e seus homens, entre eles o militar entrevistado por VEJA, embarcaram Raul e outro guerrilheiro, o estudante gaúcho Cilon da Cunha Brun (...), num helicóptero da Força Aérea...

"...até as terras da fazenda de um colaborador. (...) Após uma longa caminhada, o grupo parou para descansar. Todos se sentaram. Instantes depois, Curió disse aos colegas: 'É agora!' Levantou-se num átimo, mirou seu fuzil Parafal na cabeça de Raul e disparou. O corpo do estudante caiu imediatamente sem vida. Os outros oficiais levantaram-se e descarregaram as armas nos dois. 'Parecia pelotão de fuzilamento', lembra o militar. Eles tentaram cavar uma vala para enterrar os guerrilheiros, sem sucesso. Resolveram cobrir o local com galhos de árvores – e seguiram caminho. Alguns dias depois, o fazendeiro esteve com os militares e reclamou dos cadáveres. 'Os corpos começaram a feder. Os animais já tinham comido quase tudo. Tive que enterrar os restos', disse.

"Aconteceram ainda outras atrocidades. O fotógrafo baiano José Lima Piauhy Dourado, o 'Ivo', tinha 27 anos quando foi capturado pelos militares. Ele fora ferido na clavícula (...). Transportado para a Casa Azul, Ivo passou por uma longa sessão de torturas. Apanhou e conheceu os horrores do pau de arara (...). Conta o militar: 'O cara só gemia'. Gemia, mas, segundo a testemunha, não entregou ninguém. O depoimento do militar é perturbador: 'Ele estava agonizando, pendurado no pau de arara. Alguém se aproximou e derramou um copo-d’água em sua boca. Ele morreu afogado, estrebuchando'.

"O Exército também pagava pela cabeça dos guerrilheiros – e não era metaforicamente. 'Tinha que trazer a cabeça mesmo, para provar que tinha matado', lembra o militar. Cada cabeça rendia 5.000 cruzeiros ao matador. Em valores corrigidos, cerca de 11.000 reais. 'Vi pelo menos umas três', conta.
"FOLHA" DESPERDIÇA PAPEL
E SUBESTIMA OS LEITORES

Enquanto isto, a Folha de S. Paulo foi ouvir dois militares reformados que só repisaram as mentiras propaladas pelas Forças Armadas desde os massacres, mas que foram totalmente desmascaradas a partir da redemocratização: o coronel Gilberto Airton Zenkner e o tenente-coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel (assinantes da Folha ou do UOL podem acessar a íntegra aqui e aqui).

Para quê? Para nada. Deus e o mundo já sabiam das execuções. As únicas novidades das revelações de Curió foram o número exato dos executados (pensava-se que fossem menos) e a admissão da verdade por assassino categorizado.

Quem ainda quer ouvir essa conversa-pra-boi-dormir? Vejam, p. ex., a singela justificativa do tal Zenker para o sumiço que os militares deram nos restos mortais dos guerrilheiros executados (para quem acreditar nesta lorota, estou vendendo terrenos em Marte...):
"Numa guerra na selva, não havia muitas condições de sair carregando um corpo. Quando havia um combate, se fazia um buraco e se enterrava [o corpo] ali no mato mesmo. Depois era difícil achar".
Só um trecho não foi desperdício de papel e agressão à inteligência dos leitores, aquele que estabeleceu a hierarquia dos assassinos seriais:
"De acordo com Lício, a cadeia começava no presidente da República, Emílio Médici, passava pelo ministro do Exército, Orlando Geisel, pelo general Milton Tavares de Souza, comandante do CIE (Centro de Informações do Exército), e chegava ao chefe da seção de operações do CIE, coronel Carlos Sérgio Torres.

"Torres enviava as ordens para as equipes de campo, em sintonia com seu superior, Tavares, depois substituído na chefia do CIE pelo general Confúcio Avelino. 'As ordens vinham de Médici, de Geisel, de Milton e de Torres. Os nossos relatórios faziam o caminho inverso', disse Lício'."
GASPARI CONTINUA REVOLVENDO O
LIXO ENSANGUENTADO DA DITADURA

De quebra, a Folha dominical ainda traz o colunista Elio Gaspari repetindo sua já totalmente demolida alegação sobre a participação de Diógenes de Carvalho num atentado ao consulado estadunidense em 1968 (assinantes da Folha ou do UOL podem acessar a íntegra aqui):
"O cidadão que em 1968 perdeu a parte inferior da perna num atentado a bomba ao Consulado Americano recebe pelo INSS (por invalidez), R$ 571 mensais. Um terrorista que participou da operação ganhou uma Bolsa Ditadura de R$ 1.627".
Não vou perder meu tempo refutando de novo a falácia que já detonei em março/2008 (ver aqui) e fez com que o jornal da ditabranda fosse condenado a indenizar uma militante caluniada e Gaspari levasse uma humilhante reprimenda pública de um juiz em abril/2009 (ver aqui ):
"No caso em foco não se pode esquecer que a notícia inexata foi produzida por jornalista bastante respeitado por substancial obra em quatro volumes sobre a história recente do país, o que lhe impunha maior responsabilidade na divulgação de informações sobre aquele período."
Já que ele insiste em repetir essa bobagem que foi buscar nos Inquéritos Policiais-Militares da ditadura militar, fantasiosos e contaminados pela prática generalizada da tortura, só me resta repetir o juízo que então formulei sobre o Gaspari: "Como um mero araponga, ele se pôs a revolver o lixo ensanguentado da repressão".

E a Folha, se continuar nesse rumo, acabará não só à direita da Veja como, parafraseando o saudoso Paulo Francis, à direita até de Gengis Khan...

sábado, 27 de junho de 2009

Ópera - Chico Buarque

(Adaptação e texto de Chico Buarque sobre trechos de Rigolleto, de Verdi, Carmen, de Bizet, Aida de Verdi, La Traviata, de Verdi e Tannhauser, de Wagner
Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque)
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João Alegre:
Telegrama
Do Alabama
Pro senhor
Max Overseas
Ai, meu Deus do céu
Me sinto tão feliz

Terezinha:
Chegou a confirmação
Da United coisa e tal
Que nos passa a concessão
Para o náilon tropical

Max:
Então nós vamos montar
Em São Paulo um fabricão

Teresinha:
Depois vamos exportar
Fio de náilon pro Japão

Max:
Sei que o náilon tem valor
Mas começa a me enjoar
Tive idéia bem melhor
Nós vamos ramificar

Teresinha:
Já ramifiquei, ha ha
Fiz acordo com a Shell
Coca-Cola, RCA
E vai ser sopa no mel

Coro:
Que beleza
Que riqueza
Tá chovendo
Da matriz
Ai, meu Deus do céu
Me sinto tão feliz

Max:
Que tal juntarmos
Esses capitais
Pra abrir um banco
Em Minas Gerais

Teresinha:
Que brilhante idéia, meu amor
Que plano original
Com fundos do exterior
Você fundar
Um banco nacional

Capangas de Max:
E eu que já fui
Um pobre marginal
Sem documento
E sem moral
Hei de ser um bom profissional
Vou ser quase um doutor
Contínuo da senhora
E do senhor
Bancário ou contador

Coro:
Que sucesso
O progresso
Corta o mal
Pela raiz
Ai, meu Deus do céu
Me sinto tão feliz

Chaves:
Irmão
Nem começar eu sei
Receio te inibir

Max:
Tua vontade é lei
É falar
É mandar
É exigir

Chaves:
É que
Num mundo tão cruel
Cheio de inveja e fel
Não lhe fará mal
Ter à mão
Proteção
Policial
Quer os meus préstimos?


Max:
Eu acho ótimo


Barrabás:
(auxiliar de Chaves)

Serve um acólito?


Max:
Também vou te empregar


Lúcia:
Eu não
Tenho com quem deixar
Meu filho que já vem


Max:
Barrabás é um par
Exemplar
Quer casar
E adora neném


Coro:
Maravilha
Que família
Dois pombinhos
E um petiz
Ai, meu Deus do céu
Me sinto tão feliz


Vitória:
Só tenho um único
Breve reparo
A tão preclaro
Genro viril
É o esquecimento
Do sacramento
Afinal
Se casou
Só no civil
Oh oh oh
Oh oh oh
Só no civil
Oh oh oh
Oh oh oh
Só no civil


Max:
Mas nesse ínterim
Mudei de crença
Já peço a bênção
No santo altar


Vitória:
Que maravilha
Não perco a filha
E um varão
Bonitão
Eu vou ganhar
Ah ah ah
Ah ah ah
Eu vou ganhar
Ah ah ah
Ah ah ah
Eu vou ganhar


Duran:
Duran
Minha filha eu desejo pedir teu perdão


Teresinha:
Oh, meu pai, isso é bom demais!Finalmente! Até que
enfim!


Duran:
Duran
Não sei como fui pra você tão durão
Tão mandão, tão sem coração
Tão malvado assim


Max:
Meu sogro, o senhor não sabe
Quanta alegria
Me dá, ao dizer que já se juntou
Aos nossos


Duran:
Só Deus sabe há quanto tempo
Eu tanto queria
Poder apertar
esses ossos


Coro:
Que alegria
Quem diria
Como os grandes
São gentis
Ai, meu Deus do céu
Me sinto tão feliz


Duran:
Não quero ser
Nas suas costas um fardo
Porém, talvez
Eu necessite um resguardo


Max:
Tua instituição
Tão tradicional
Vai ter um padrão
Moderno
Cristão e ocidental


Funcionárias de Duran:
Vamos participar
Dessa evolução
Vamos todas entrar
Na linha de produção
Vamos abandonar
O sexo artesanal
Vamos todas amar
Em escala industrial


Todos:
O sol nasceu
No mar de Copacabana
Pra quem viveu
Só de café e banana
Tem gilete, Kibon
Lanchonete, Neon
Petróleo
Cinemascope, sapólio
Ban-lon
Shampoo, tevê
Cigarros longos e finos
Blindex fumê
Já tem Napalm e Kolinos
Tem cassete e rai-ban
Camionete e sedan
Que sonho
Corcel, Brasília, plutônio
Shazam
Que orgia
Que energia
Reina a paz
No meu país
Ai, meu Deus do céu
Me sinto tão feliz

Metamorfose (Walder Maia do Carmo)

Homem exterior
GUERNICA de Picasso...
Homem interior
Renovação constante
Aborta utopias
Fortalece ideais.
Mundo sem cercas
Pensamento livre
PIETÃ de Michelangelo...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

HUMANO

Se queres ser apenas homem,
viva sozinho;
Agora, se pretendes ser humano,
então viva ao lado de outros homens

"SONHOS" de AKIRA KUROSAWA (cinema - fragmento)

No quinto conto, "Corvos", um jovem pintor, ao observar as pinturas de Van Gogh, entra dentro dos quadros e se encontra com o pintor, que indaga por qual razão ele não está pintando se a paisagem é incrível, pois isto o motiva a pintar de forma frenética.

postagem atualizada em 30 08 2014 

Mais uma vitória do "choque de ordem" contra o movimento sem-teto ( Cassio Brancaleone ,Sociólogo andante envia)













>> FOTOGALERIA: Confronto entre invasores e Batalhão de Choque

"Somos todos seres humanos e merecemos respeito"


Após confusão, famílias deixam prédio do INSS

Bombas de efeito moral foram usadas e quatro pessoas foram detidas


Rio - Cerca de 30 famílias que ocuparam o prédio 234 da Avenida Mém de Sá, na Praça da Cruz Vernelha, Centro do Rio, começaram a deixar o local na tarde desta sexta-feira.
Foto: Felipe O' Neill / Agência O Dia
Sem-tetos são contidos com spray de pimenta | Foto: Felipe O 'Neill / Agência O Dia

Nesta manhã, soldados do Batalhão de Choque fizeram um cordão de isolamento em frente ao prédio. Bombeiros retiraram obstáculos na entrada do imóvel com a ajuda de uma motossera e oficiais de Justiça entraram para oficializar desocupação.

A ação revoltou os sem-teto e a polícia precisou usar bombas de efeito moral e gás de pimenta para controlar a confusão. Quatro pessoas foram detidas. A Rua Mém de Sá foi interditada, mas neste momento o tráfego já está liberado.Não há informações de feridos.

O edifício desativado pertence ao INSS, tem sete andares e está em péssimo estado de conservação. Cerca de 72 pessoas invadiram o local no início da semana, pois estavam morando sob a marquise de um edifício que pegou fogo na Rua Gomes Freire.

Os sem-teto penduraram nas sacadas do prédio da Rua Mém de Sá faixas com os seguintes dizeres: "Somos todos seres humanos e merecemos respeito" e "Sem guerra somos guerreiros". As pessoas foram cadastradas e devem ser encaminhadas para abrigos da Prefeitura.

conferir fotos da dramática e violenta desocupação em:

http://oglobo.globo.com/rio/fotogaleria/2009/9305/

Crise mundial: mais de um bilhão de famintos

Jornal do Brasil

DA REDAÇÃO - A barreira de 1 bilhão de pessoas que passam fome será superada neste ano em consequência da crise financeira internacional, anunciou sexta-feira a agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

“Pela primeira vez na história da humanidade, mais de 1 bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de subnutrição em todo o mundo”, adverte a FAO em um relatório sobre a segurança alimentar mundial.

“O número supera em quase 100 milhões o do ano passado e equivale a uma sexta parte aproximadamente da população mundial”, destaca a agência.

No Brasil, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome não tem dados próprios e atualizados em escala nacional. Toda a política da pasta tem sido estabelecida a partir das pesquisas do IBGE, a última delas sobre segurança alimentar publicada em maio de 2006. O estudo foi realizado para complementar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2004, e nele constatou-se que em 34,8% das residências (nos quais viviam 72 milhões de pessoas) foi detectada situação de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave). Nesse universo, em 18,8% dos domicílios, nos quais viviam 39,5 milhões de pessoas, existia insegurança alimentar moderada ou grave – definidas como “limitação de acesso quantitativo aos alimentos, com ou sem o convívio com situação de fome”.

Os dados mais atualizados que podem ser relacionados com a fome foram elaborados pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, dirigido pelo economista e professor Marcelo Neri, e referem-se à pobreza no Brasil.

Neri explicou ao Jornal do Brasil que, entre dezembro de 2008 e abril de 2009, houve aumento no percentual de brasileiros pobres, assim considerados os que ganham menos de R$ 134 por mês. E que interrompeu-se uma sequência de quedas que vinha de abril de 2004, quando viviam na situação de pobreza 30% dos brasileiros residentes em regiões metropolitanas. Em dezembro de 2008, o percentual de pobres caíra a 17,68%. Em abril de 2008 o percentual de pobres passou para 18,92% desse universo, segundo explicou Nery.(...)

LEIA MAIS EM : http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/06/19/e190618335.asp

João Bosco - Senhoras Do Amazonas

(Aldir Blanc E João Bosco)

Rio, vim saber de ti e vi.
Vi teu tropical sem fim
quadrou de ser um mar.
Longe Anhangá!
Tantas cunhãs e eu curumim!
O uirapuru
(oh! lua azul!)
cantou pra mim!
Rio, vim saber de ti, meu mar
Negro maracá jarí
Pará, Paris jardim
Muiraquitãs,
tantas manhãs - nós no capim!
Jurupari
(oh! Deus daqui!)
jurou assim:
- Porque fugir se enfim me queres!
Só me feriu como me feres
a mais civilizada das mulheres!
Senhoras do Amazonas que sois
donas dos homens e das setas,
porque já não amais vossos poetas?

POESIA EXPRESSIONISTA ALEMÃ - LIVRO Organizado por Claudia Cavalcanti (Org.)

Poemas de Johannes R. Becher, Gottfried Benn, Albert Ehrenstein, Iwan Goll, Walter Hasenclever, Georg Heym, Jakob van Hoddis, Wilhelm Klemm, Else Lasker-Schüler, Alfred Lichtenstein, Ludwig Rubiner, René Schickele, Ernst Stadler, August Stramm, Georg Trakl e Franz Werfel. Com gravuras de Max Beckmann, George Grosz, Lyonel Feininger, Ernst Ludwig Kirchner, Max Pechstein, Karl-Schmidt Rottluff, Lasar Segall, entre outros.

No contexto de um ressurgimento de interesse pelo expressionismo no Brasil, a Estação Liberdade lança esta antologia de poesia expressionista alemã organizada pela tradutora e germanista Claudia Cavalcanti. Não data de hoje o fascínio exercido por este movimento artístico primordial do século XX no Brasil, mas só agora pode-se dizer que há uma certa agitação em torno dele, para o que certamente contribuirá a grande exposição de artistas plásticos do expressionismo no Rio de Janeiro e (com inauguração em 10 de outubro) em São Paulo. Assim como contribuiu também a herança expressionista do período alemão do pintor Lasar Segall, entre outros.(...)

LEIA MAIS EM : FONTE : http://www.estacaoliberdade.com.br/releases/poesia.htm.

Poemas

O visiotário
Jakob van Hoddis

(1918)

Lâmpada, não esquente.
Da parede saiu um braço magro de mulher.
Era pálido e tinha veias azuis.
Os dedos estavam carregados de preciosos anéis.
Quando beijei a mão, assustei-me:
Estava viva e quente.
Arranhou-me o rosto.
Peguei uma faca de cozinha e cortei algumas veias.
Um grande gato lambeu graciosamente o sangue do chão.
Entretanto um homem de cabelos arrepiados subiu
Por um cabo da vassoura encostado à parede.

Programa
Wilhelm Klemm

(1915)

Não queremos poesia,
Queremos mágicas, artifícios,
Procuramos tapar na existência fatais vazios
E apesar de imenso esforço, uma atrofia.

Mas o que sabem vocês outros da secreta elevação,

Dos sagrados e histéricos soluços da garganta a chorar,
Quando, consumidos pelo haxixe da alma em imersão,
Beijamos o primeiro degrau, para além de cujo limiar
Os deuses moram?

Expressionismo Alemão no Cinema



Trabalho sobre o Expressionismo no Cinema Alemão, da matéria História e Cinema Mundial (2º/2008)
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O Despertar da Besta:
A alma do expressionismo alemão
e sua tradução estética no cinema


O expressionismo alemão é uma cultura de crise, reflexo do profundo desalento espiritual gestado nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. A face da morte, estampada nos rostos de milhões de jovens precocemente ceifados, despertou os sentimentos de terror, misticismo e magia, adormecidos nas mais recônditas paragens da alma alemã. A certeza positiva dos sonhos de glória do imperialismo germânico cedeu espaço à sombra da derrota, da humilhação e do desespero. O renascimento do horror foi, pois, o fermento ideal para o surgimento do espírito expressionista, fim de todas as ilusões de poder alimentadas pela lucidez delirante da Era Bismarckeana. Povoado de incertezas e sombras, surgia, inclemente, um novo mundo, e o movimento expressionista, apoteose do indistinto e do vago, se transformaria na estética perfeita para esta realidade atroz.(...)

LEIA NA ÍNTEGRA EM :
http://www.geocities.com/contracampo/expressionismoalemao.html.

UOL-Notícia Internacional

26/06/2009
Pesquisador revela crueldade de algo menos conhecido do terror nazista: os bordéis de prisioneiras

Mareike Fallet e Simone Kaiser
Der Spiegel

Os prostíbulos dos campos de concentração continuam sendo um capítulo resguardado dos horrores da era nazista. Agora, um pesquisador alemão estudou o assunto sombrio e revelou a crueldade meticulosa dos assim chamados "alojamentos especiais".

Chutando-as de botas, o soldado da SS tirou Margarete W. e outras prisioneiras do trem e levou-as para um caminhão. "Levantem a lona. Todo mundo para dentro", gritou. Pela janela de plástico da lateral da lona ela observou quando entraram em um campo masculino e pararam na frente de um dormitório com uma cerca de madeira.

As mulheres foram levadas para uma sala mobiliada. O alojamento era diferente daqueles que Margarete W., então com 25 anos, conhecia de seu tempo no campo de concentração feminino de Ravensbrück. Havia mesas, cadeiras, bancos, janelas e até cortinas. A supervisora informou às recém-chegadas que agora estavam em um "bordel de prisioneiros". Elas viveriam bem ali, disse a mulher, com boa comida e bebida e, se fossem obedientes, nada aconteceria elas. Então, cada mulher foi enviada a um quarto. Margaret mudou-se para o número 13.

O bordel de prisioneiras do campo de concentração de Buchenwald começou a operar no dia 11 de junho de 1943. Foi o quarto de um total de 10, chamados "alojamentos especiais" erguidos em campos de concentração entre 1942 e 1945, a partir de instruções de Heinrich Himmler, diretor da SS. Ele implementou um esquema de recompensas nos campos, pelo qual as "realizações particulares" dos prisioneiros lhes garantiam menor carga de trabalho, alimento extra ou bônus financeiros.

Himmler também considerou benéfico "fornecer aos prisioneiros trabalhadores mulheres em prostíbulos", como escreveu no dia 23 de março de 1942 para Oswald Pohl, oficial da SS encarregado dos campos de concentração. A visão cínica de Himmler era que as visitas aos bordéis aumentariam a produtividade dos trabalhadores forçados nas fábricas de munição e pedreiras.

"Especialmente pérfido"

Ainda é um aspecto menos conhecido do terror nazista que Sachsenhausen, Dachau e até Auschwitz incluíam bordéis e que prisioneiras de campo de concentração foram forçadas à prostituição. O acadêmico de Berlim Robert Sommer, 34, estudou arquivos e memoriais de campos de concentração no mundo todo e fez diversas entrevistas com testemunhas históricas nos últimos nove anos. Seu estudo, que será publicado neste mês, fornece a primeira pesquisa ampla e científica desta "forma especialmente pérfida de violência nos campos de concentração". Sua pesquisa serviu de base para a mostra viajante "Bordéis de campos - o sexo forçado nos campos de concentração nazistas", que viajará por diversos memoriais no ano que vem.

Sommer fornece inúmeras evidências para combater a lenda que os nazistas proibiam resolutamente e lutaram contra a prostituição. De fato, o regime tinha uma fiscalização total da prostituição, tanto na Alemanha quanto nos territórios ocupados -especialmente depois do início da guerra. A rede ampla de bordéis controlados pelo Estado cobriu metade da Europa, e consistia de "bordéis civis e militares assim como os de trabalhadores forçados e ao mesmo tempo eram parte dos campos de concentração", segundo Sommer.

A combatente da resistência austríaca Antônia Bruha, que sobreviveu ao campo de Ravensbrück, informou anos atrás que: "As mais bonitas iam para o bordel da SS, as menos bonitas para o dos soldados".

O resto terminava no bordel do campo de concentração. No campo de Mauthausen, na Áustria, nos dez pequenos quartos do "Alojamento 1", o primeiro bordel de campo começou suas operações com janelas fechadas em junho de 1942. Naquela altura, havia cerca de 5.500 prisioneiros do campo de trabalho forçado de Mauthausen, quebrando granito para as construções nazistas. No final de 1944, mais de 70.000 trabalhadores forçados moravam no complexo do campo.

A SS tinha recrutado dez mulheres para Mauthausen, seguindo as instruções da agência de segurança do governo para erguer bordéis nos campos de trabalho forçado. Isso significava entre 300 a 500 homens por prostituta.

Cerca de 200 mulheres compartilharam o destino dos prisioneiros de Mauthausen nos bordéis do campo. Prisioneiras saudáveis e de boa aparência de 17 e 35 atraíam atenção dos recrutadores da SS. Mais de 60% delas eram alemãs, mas polonesas, soviéticas e uma holandesa foram transferidas para "a força-tarefa especial". Os nazistas não permitiam mulheres judias por razões de "higiene racial". Primeiro, as mulheres eram enviadas para o hospital do campo, onde recebiam injeções de cálcio, banhos desinfetantes, alimentos e um banho de luz.

De 300 a 500 homens por prostituta

Perto de 70% das trabalhadoras forçadas à prostituição tinham sido presas originalmente por serem "antissociais". Nos campos, as mulheres eram marcadas com um triângulo preto. Dentre elas, havia ex-prostitutas, cuja presença supostamente garantia a administração "profissional" dos bordéis dos campos, especialmente no início. Era muito fácil para uma mulher ser considerada "antissocial", bastava, por exemplo, não cumprir as instruções de trabalho.

Até que ponto as mulheres se voluntariaram para essas "forças-tarefas especiais" não se sabe. Robert Sommer cita a combatente da resistência espanhola Lola Casadell, que foi levada a Ravensbrück em 1944. Ela disse que a diretora do seu alojamento ameaçou: "Quem quiser ir para um prostíbulo deve ir para o meu quarto. Advirto, se não houver voluntárias, vamos pegar vocês à força."

O testemunho de Antonia Bruha, forçada a trabalhar na área do hospital do campo de concentração, lembra de mulheres "que vieram voluntariamente, porque foram informadas que depois seriam liberadas". Essa promessa foi rejeitada por Himmler, que reclamou que "alguns lunáticos no campo de concentração feminino, ao selecionarem as prostitutas para os bordéis, disseram às prisioneiras que aquelas que se voluntariassem seriam liberadas depois de seis meses."

A última esperança de sobrevivência

Para muitas das mulheres vivendo sob ameaça de morte, contudo, servir em um bordel era a última esperança de sobrevivência. "A principal coisa era escapar do inferno de Bergen-Belsen e Ravensbrüc", disse Lieselotte B., prisioneira do campo de Mittlebau-Dora. "A principal coisa era sobreviver". A sugestão de que faziam isso "voluntariamente" é uma das razões "pelas quais as mulheres dos bordéis são estigmatizadas até hoje", explicou Insa Eschebach, diretora do memorial de Ravensbrück.

Mantendo a hierarquia nazista racista nos campos, a princípio, apenas alemães podiam visitar o bordel, depois os estrangeiros também foram incluídos. Os judeus eram estritamente proibidos. Recebiam esses bônus os capatazes, diretores de alojamento e outros ocupantes proeminentes do campo. Primeiro, eles tinham que ter o dinheiro para adquirir um bilhete, que custava 2 marcos. Vinte cigarros na cantina, enquanto isso, custavam 3 marcos.

As visitas aos bordéis eram reguladas pela SS, assim como as horas de funcionamento. Em Buchenwald, por exemplo, o serviço ficava aberto de 7 às 22h. Ele permanecia fechado na falta de água ou luz, em ataques aéreos ou durante a transmissão dos discursos de Hitler. Edgar Kupfer-Koberwitz, prisioneiro em Dachau, descreveu o sistema em um diário do campo de concentração: "Você espera no salão. Um soldado registra o nome e o número do prisioneiro. Depois, chamam o um número e o nome do prisioneiro em questão. Aí você corre até o quarto com aquele número. Cada visita é um número diferente. Você tem 15 minutos, exatamente quinze minutos."

A privacidade era um conceito estranho aos campos de concentração, inclusive nos bordéis. As portas tinham janelas, e um soldado da SS patrulhava o salão. Os prisioneiros tinham que tirar os sapatos e não podiam falar além do necessário. A única posição sexual permitida era a de missionário.

Freqüentemente, o encontro nem chegava à penetração. Alguns homens não tinham mais força física para isso e, de acordo com Sommer, "alguns tinham mais necessidade de conversar com uma mulher novamente ou sentir a sua presença".

A SS tinha muito medo de espalhar doenças sexualmente transmissíveis. Os homens recebiam unguentos desinfetantes nos hospitais antes de cada visita ao bordel, e os médicos tiravam amostras das mulheres para testar gonorréia e sífilis.

A contracepção, por outro lado, era um aspecto que a SS deixava para as mulheres. Entretanto, raramente engravidavam, já que muitas mulheres tinham sido esterilizadas à força antes de serem presas e outras tinham se tornado inférteis com o sofrimento nos campos. No evento de um "acidente ocupacional", a SS simplesmente substituía mulher e a enviava para um aborto.

Aquelas que aguentavam a dureza da vida num bordel tinham mais chances de escapar da morte e, de acordo com a pesquisa de Sommer, quase todas as mulheres na prostituição forçada sobreviveram ao regime de terror nazista. Pouco se sabe o que aconteceu com elas ou se jamais conseguiram se recuperar da experiência traumática. A maior parte delas manteve silêncio sobre seu fardo pelo resto de suas vidas.

O livro de Robert Sommer, "The concentration camp Bordello: Sexual Forced Labor in National Socialistic concentration camps" (o bordel do campo de concentração: o trabalho forçado sexual em campos de concentração), será publicado em alemão pela Schöningh Verlag, Paderborn.

Tradução: Deborah Weinberg

Cesare Battisti: da depressão à esperança - POR CELSO LUNGARETTI

22/05/2009 - 07h39
Celso Lungaretti*

Ex-preso político, jornalista Celso Lungaretti visita italiano na penitenciária da Papuda, em Brasília, e descreve encontro para o Congresso em Foco. “Olho no olho, percebo ser Cesare um homem pacato, do tipo não-faz-mal-nem-a-uma mosca”, afirma o brasileiro.

Cesare Battisti: liberdade de italiano nas mãos do STF

















Estou à espera de que Cesare Battisti seja trazido a um escritório do Centro de Internamento e Reeducação "Papuda", para que nós (vim com uma deputada e uma companheira do comitê de solidariedade) conversemos com ele numa mesa de canto, enquanto funcionários prosseguirão com seus afazares de rotina, ao redor.

Meus sentimentos são contraditórios. Para começar, fiquei surpreso com as características pouco opressivas deste presídio-modelo. Em 1970/71, quando fui preso político da ditadura militar, estive em terríveis centros de tortura como os DOI-Codi's de SP e RJ, e o quartel da PE na Vila Militar (RJ); e, de passagem, fiquei conhecendo o Presídio Tiradentes e o Deops de SP, igualmente soturnos. Além de haver mais tarde visitado um amigo, preso comum que cumpria pena no Carandiru, captando tanta energia negativa no ar que em nada me surpreendeu, em 1992, o massacre dos 111 detentos, iniciado exatamente no Pavilhão 9 que impressão tão má me causara.

E, depois de escrever mais de 60 textos em defesa de Battisti nos últimos meses, acabando por me tornar porta-voz do "Cesare Livre", inquieta-me a possibilidade de não ter tanta empatia com o homem como tenho com sua causa. Várias vezes já me decepcionei ao travar contato com os famosos do noticiário.

Battisti não me reconhece de imediato, mas abre um largo sorriso quando somos apresentados. Abraçamo-nos, sem que nenhum segurança se preocupe com a possibilidade de eu lhe passar sorrateiramente algum contrabando. Decididamente, não o consideram perigoso.

Aparenta exatamente os 54 anos que tem. É loquaz, fala rapidamente e enfatiza suas palavras com gestos, como bom italiano. Na sua agitação, às vezes assume, de relance, poses meio caricatas.

Tendo atuado como jornalista profissional nos 34 anos seguintes à minha passagem pelos porões e prisões da ditadura, sei que uma série de fotos do Cesare, feitas por um profissional, invariavelmente conterá muitas que o tornarão simpático aos leitores, enquanto outras tantas vão lhe dar aparência esquisita, desagradável. Invariavelmente, são as segundas que a grande imprensa brasileira pinça para ilustar as notícias sobre ele. Goebbels explica...

Olho no olho, percebo ser Cesare um homem pacato, do tipo não-faz-mal-nem-a-uma mosca. Nada do olhar de pedra dos verdadeiros assassinos, seja os que matam por dinheiro, seja os que o fazem em nome de causas (conheci exemplares dos dois universos). Pelo que valer, saí de lá convencido de que seria mesmo incapaz de haver cometido os três-assassinatos-que-eram-quatro a ele tardiamente imputados pela Justiça italiana. (...)

*Especial para o Congresso em Foco. Celso Lungaretti, 58 anos, é jornalista e escritor. Mantém os blogs O Rebate, em que publica textos destinados a público mais amplo; e Náufrago da Utopia, no qual comenta os últimos acontecimentos.

LEIA NA ÍNTEGRA EM :
FONTE : http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_canal=1&cod_publicacao=28263

Manifestação em Porto Alegre/RS Brasil - Contra o STF "Ministro Gilmar Mendes"(Revista Pobres & Nojentas envia)





Os jornalistas gaúchos ocuparam as ruas em defesa da profissão. Estudantes e profissionais formados. A decisão do STF de extinguir a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão, como disse a jornalista Elaine Tavares, está "criando cuervos"!

A ESCOLINHA DO PROFESSOR GILMAR

Ninguém mais do que eu fica satisfeito quando a imprensa faz aquilo para que serve, disponibilizando a seu público a verdade que os poderosos prefeririam nunca ver exposta.

Assim é que a CartaCapital, de atuação tão incongruente no Caso Cesare Battisti, pelo menos mantém um posicionamento crítico em relação ao mais polêmico presidente do Supremo Tribunal Federal em todos os tempos.

Então, é com prazer que recomendo a leitura da notícia O empresário Gilmar prospera, no site da CartaCapital (acessar). Eis os trechos principais:
"Assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) fez bem aos negócios de Gilmar Mendes. Desde que passou a ocupar o posto, sua escola, o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) expandiu o número de contratos com órgãos públicos. Todos sem licitação. Em 2007, quando Mendes ainda era só ministro do STF, o IDP faturou 216,3 mil reais com esses convênios. No ano passado, a quantia subiu para 577,8 mil. E no primeiro semestre de 2009, o Tesouro já empenhou 597,8 mil para pagar os cursos oferecidos pelo instituto.

"No corpo docente do IDP, como se sabe, figuram, entre outros, procuradores da República, auditores fiscais e ministros dos tribunais superiores, inclusive do STF (...). Sem ligar para o conflito, o IDP costuma ministrar cursos nestes tribunais e repartições."
Não cometerei a leviandade de sugerir que, por serem remunerados para lecionar na escolinha do professor Gilmar, os ministros Eros Grau e Carlos Ayres Britto se alinharão com o presidente nas votações do STF, ou que José Antonio Toffoli adequará os pareceres da Advocacia-Geral da União à orientação arquirreacionária de Mendes.

Mas, convenhamos, nem tudo que é permitido deve ser feito. De cidadãos com responsabilidades tão elevadas nos Poderes da república temos o direito de esperar que, por comezinho bom senso, evitem o entrelaçamento de suas outras fontes de receita. Nem aquele "sujeito na esquina", tão desprezado por Mendes, ignora esta regrinha elementar que os luminares mandaram às favas.

E o comezinho bom senso deveria também prevalecer na contratação dos cursos do tal IDP por parte dos órgãos públicos. Mesmo que haja algum respaldo legal para a ausência de licitação, ficará sempre a suspeita de que a influência pesou mais do que a competência.

Aliás, é hilária a contratação de uma escola de Direito Público sem licitação, um dos pilares do Direito Público. Parece até piada de português...

CELSO LUNGARETTI