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sexta-feira, 22 de maio de 2009

O QUE A SOCIEDADE PENSA DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES?

Principais resultados da Pesquisa Ibope - Instituto Patrícia Galvão (2004)

A partir de uma lista de problemas, homens e mulheres reconhecem que a
violência contra a mulher, tanto dentro como fora de casa, é o problema que mais
preocupa a brasileira na atualidade.
30% apontam a violência contra a mulher dentro e fora de casa em
primeiro lugar, na frente de uma série de outros problemas, como câncer de
mama e de útero (17%) e a Aids (10%). Os indicadores de preocupação com a
questão da violência não mostram diferenças entre os sexos, tampouco na
maioria das variáveis estudadas. Isto é, trata-se de um problema amplamente
difundido no conjunto da sociedade.

91% dos brasileiros consideram muito grave o fato de mulheres serem
agredidas por companheiros e maridos. As mulheres são mais enfáticas
(94%), mas, ainda assim, a grande maioria dos homens (88%) concorda com a
alta gravidade do problema.

A percepção da gravidade da violência contra a mulher se confirma quando
90% dos brasileiros acham que o agressor deveria sofrer um processo e
ser encaminhado para uma reeducação. O contraste entre a quase
unanimidade destas opiniões e a realidade concreta na vida das mulheres é
gritante. São poucos os casos que chegam a processo e escassas as
instituições que lidam com reeducação do agressor.

A idéia de que a mulher deve agüentar agressões em nome da
estabilidade familiar é claramente rejeitada pelos entrevistados (86%), assim
como o chavão em relação ao agressor, “ele bate, mas ruim com ele, pior sem
ele”, que é rejeitado por 80% dos entrevistados.

Com relação ao chavão conformista “ele bate, mas ruim com ele, pior sem
ele”, há diferenças significativas e culturalmente relevantes: as mulheres (83%)
tendem a rejeitar mais do que os homens (76%); os mais jovens (83%), mais do
que os mais velhos (68%).

Em uma pergunta que pede um posicionamento mais próximo daquilo que o
entrevistado pensa, 82% respondem que “não existe nenhuma situação que
justifique a agressão do homem a sua mulher”. Em contrapartida, 16% (a
maioria homens) conseguem imaginar situações em que há essa possibilidade.
Observa-se que 19% dos homens admitem a agressão, assim como 13% das
mulheres.

Homens e mulheres fazem o mesmo diagnóstico: 81% dos entrevistados
apontam o uso de bebidas alcoólicas como o fator que mais provoca violência
contra a mulher; em segundo lugar, mencionadas por 63% dos entrevistados,
vêm as situações de ciúmes em relação à companheira ou mulher.

Menos importantes, mas citadas por três em cada dez entrevistados, vêm as
questões econômicas: desemprego (37%) e problemas com dinheiro (31%).
13% citam a eventualidade de falta de comida em casa e 14%, dificuldade no
trabalho.

É opinião geral, em todos os segmentos da amostra, que os que mais perdem
nas situações de violência doméstica são os filhos do casal: assim pensam 63%
dos entrevistados. 14% das mulheres dizem que elas perdem mais e 16% dos
homens se reconhecem como os maiores perdedores. O que estes números
sugerem é que todos perdem quando há violência na casa.Trata-se de um
flagelo e uma epidemia que atinge a todos.
Veja a seguir mais detalhes sobre a Pesquisa Ibope – Instituto Patrícia Galvão
sobre violência contra as mulheres.

coordenação editorial
Marisa Sanematsu
análise da pesquisa
Fátima Pacheco Jordão

elaboração da pesquisa

Fátima Pacheco Jordão
Jacira Vieira de Melo

Sobre o Instituto Patrícia Galvão

O Instituto Patrícia Galvão – Comunicação e Mídia é uma organização da
sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 2002.
Suas áreas de trabalho são a comunicação e a mídia, consideradas estratégicas
nos projetos de transformação cultural, social e política.
Seu ideal é uma comunicação de massa cada vez mais democrática, plural,
não-sexista e não-racista.
Seu objetivo é colaborar para a construção, na mídia, de uma imagem de
mulher mais adequada à realidade e ao protagonismo das mulheres na sociedade
brasileira.
O Instituto Patrícia Galvão entende que as tarefas desafiadoras colocadas no
campo da comunicação política não podem ser enfrentadas isoladamente. O
Patrícia Galvão orienta seus projetos e ações para fomentar, incentivar, impulsionar e
influir na formação de alianças estratégicas para a realização de ações de impacto.
O Instituto Patrícia Galvão responde pela coordenação geral da Campanha
Onde tem violência, todo mundo perde. Para mais informações sobre a Campanha,
acesse www.patriciagalvao.org.br ou www.violenciamulher.org.br.

Quem foi Patrícia Galvão?

Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), conhecida como Pagu, foi jornalista,
escritora e ativista política.
Atuou nos movimentos modernista e antropofágico.
Em 1931 lançou, juntamente com o escritor Oswald de Andrade, um tablóide
político no qual assinava a coluna feminista “A Mulher do Povo”. No mesmo ano,
Patrícia Galvão foi presa por participar de uma manifestação, tornando-se uma das
primeiras brasileiras a serem presas por motivo político no século 20.
Estudou na França (Sorbonne), onde foi presa por suas atividades políticas.
Repatriada, é presa novamente. Sofre torturas e fica detida até 1940.
Patrícia Galvão sempre acreditou e lutou para que as mulheres tivessem um
papel mais ativo na sociedade e na política.(...)

ler mais em :
http://www.violenciamulher.org.br/pesquisa.pdf.

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