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terça-feira, 25 de novembro de 2008

TATARANETO DO INSETO (JORGE MAUTNER)

Uns transmitm malária
Outros outras doenças
Mas há política de agrotóxicos
Pelo ar

Cada inseto tem um neto
Tataraneto de outro inseto
De acordo com uma lei estabelecida
De driblar sempre a morte
Com a vida
Cada neto de outro inseto
Fica mais forte
Tomando inseticida


Ele havia nascido de um pântano qualquer
Um belo dia pousou em cima das páginas
Do filósofo alemão Nietzsche
Onde o filósofo diz que:
"Os fortes quando tomam veneno
O veneno só os torna mais fortes."
Ah! olhou para aquela bela lata de DDT à sua frente
E tomou todo o seu conteúdo num só gole
Neste dia estouraram-se os neurônios
E eis que nasceu o primeiro super-mosquito
De todas as gerações
E ele me manda este recado para vocês:
"Canalhas seres humanos, arrependei-vos!
Vós sereis julgados pelo
Tribunal popular da Frente de Libertação Nacional e
Universal dos Mosquitos
Sob o meu comando
Acusados de massacres, torturas
E cruéis assassinatos
De milhares de beb~es-mosquitos,
Mulheres grávidas mosquitos,
Anciões-mosquitos...
Canalhas, arrependei-vos!
É chegada a vigésima quinta hora!
Ouvi falar que uma pulga e um piolho
Estão no mesmo caminho!"
- Mãe, mãe! Olha o céu de Araraquara
Tá preto de mosquito!
Eu tô com medo,mãe! -
"Canalhas! Arrependei-vos!!!"


(Tataraneto do Inseto, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, do disco Anti-Maldito, 1985)

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