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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Papos de Multiply - Gabeira, um candidato na contramão

Gabeira, um candidato na contramão
Posted by Graca on Oct 26, '08 5:26 PM for everyone

Category:Other

Rio - Gabeira, um candidato na contramão
Blog do Noblat
Uma eventual vitória de Fernando Gabeira para prefeito do Rio de Janeiro quebrará sólidos paradigmas que orientam as campanhas eleitorais desde os tempos idos.

De frente para trás: neste momento, as regiões mais densamente habitadas da cidade, principalmente as zonas norte e oeste, estão coalhadas de cabos eleitorais de Eduardo Paes, candidato do PMDB.

Onde a vigilância da Justiça Eleitoral é frouxa (quer dizer: na maioria dos lugares), faz-se boca de urna - embora ela seja proibida. Onde há vigilância, distribue-se bandeirinhas de plástico.

A campanha de Gabeira, por orientação dele, descartou o uso de cabos eleitorais no dia da eleição. Falta material de propaganda. Gabeira levou ao pé-da-letra a promessa de não sujar a cidade.

Na manhã de ontem, atrás de cartazes, dezenas de pessoas invadiram o comitê central da campanha de Gabeira na avenida Rio Branco. Os únicos que havia estavam colados nas paredes. Foram arrancados.

Paes torturou-se ensaindo para os oito debates que travou com Gabeira no segundo turno. Aluno aplicado, memorizou estatísticas, preparou perguntas capciosas e bolou respostas para tudo.

Gabeira não perdeu muito tempo se preparando para os debates. No dia do último e mais importante, o da TV Globo, passou duas horas trocando figurinhas com seus assessores - sem deixar de atender o celular.

Em uma eleição renhida, candidato bate e apanha. Gabeira só apanhou - e apanhou bastante. Prometera não atacar o adversário - e cumpriu a promessa.

Dá para ganhar eleição em uma grande cidade sem gastar muito? Gabeira apostou que sim. Aceitou doações - desde que pudesse revelar na internet o nome dos doadores e quanto cada um deu.

A mais chulé das campanhas conta com a ajuda de um marqueteiro. Gabeiro foi o marqueteiro de sua campanha. Ninguém escreveu o que ele devia dizer no rádio e na televisão - nem ele mesmo. Improvisava.

Enfrentou o candidato do presidente da República, do governador do Estado e da Igreja Universal amparado por um PSDB que no Rio é raquítico, e por um DEM que não ousa dizer o nome.

Um candidato assim pode se eleger?

Com a palavra os cariocas.
Tags: eleições 2008, gabeira
Prev: Considerações finais - Todos serão bem-vindos !

nazabarcellos wrote on Oct 26
Este texto é muito bom.


mirandasan wrote on Oct 26
Ótimo!

anaparga wrote on Oct 26
Soube há pouco que, pelas pesquisas, tá dando empate técnico até com uma ligeira vantagem pro P... Combinei que ainda hoje telefono de novo pra saber a apuração final, que deve sair lá pelas 20 horas - é isso? Espero ter boas notícias pra comemorar com vocês!

deniseweller wrote on Oct 26
Chegando em casa, agora, lendo no GloboOnLine que está dando Gabeira por um ponto... sem saber de nada.. Até! Ligando a TV!

mariag wrote on Oct 26
Eu estou acompanhando pelo programa do TRE, que baixei.
Alguém sabe os números das zonas eleitorais da Zona Oeste ?

mariag wrote on Oct 26
anaparga said
Combinei que ainda hoje telefono de novo pra saber a apuração final, que deve sair lá pelas 20 horas - é isso?
Antes disso vc já vai saber....

HAJA CORAÇÃOOOOOO !!!!!

mariag wrote on Oct 26
Com 40% das urnas apuradas:
Paes na frente com 50,51
Gabeira com 49,49

É voto a voto MESMOOOO !

deniseweller wrote on Oct 26
Já na Folha, dá Paes por um ponto... cáspite!
tenho coração pra isso mais não, parece Copa de 70!

mariag wrote on Oct 26
Paes continua na frente - 50.53
Gabeira - 49.47

52.74% das urnas apuradas


Comment deleted at the request of the author.
ivandealmeida wrote on Oct 26
Vamos ver. Está eletrizante. Não me lembro de outra eleição assim.

mariag wrote on Oct 26
Novos números, Paes continua na frente

mariag wrote on Oct 26
ivandealmeida said
Vamos ver. Está eletrizante. Não me lembro de outra eleição assim.
Nem eu !

mariag wrote on Oct 26
Aumentou a diferença pró-Paes...

soniass wrote on Oct 26
mariag said
Aumentou a diferença pró-Paes...
E já são 72% das urnas apuradas.

deniseweller wrote on Oct 26
Desplugando...
tristeza...
:<( Tem jeito não... ivandealmeida wrote on Oct 26
Na política não adianta tentar, nem adianta o quase. O importante é conseguir. A partir do erro grave do Gabeira de chamar a vereadora de "suburbana", ele não soube reverter esse deslize. Não demonstrou nos debates verdadeira vontade de ganhar, e povo não aceita a relativa indiferença a ganhar. Fico bastante chateado, pois havia, agora vimos claramente, uma chance de ganhar mesmo, a diferença foi muito pequena, talvez 80.000 votos. pareceu-me as eleições primeiras que o Lula participou, nas quais houve muito sonho e pouco pragmatismo.

anaparga wrote on Oct 26
mariag said
É voto a voto MESMOOOO !
roendo as unhas aqui - tô longe mas vocês me fizeram ficar perto

carmenagonzalez wrote on Oct 26
acabou, ana - por uma diferença de apenas 50.000 votos... enquanto isso, quase 1 milhão de pessoas optaram pela abstenção...

soniass wrote on Oct 26
É, acabou mesmo. Perdemos nós, perdeu o Rio. E por tão pouco...

anaparga wrote on Oct 26
:((

ainda tive esperança até o finalzinho...

anaparga wrote on Oct 26
carmenagonzalez said
quase 1 milhão de pessoas optaram pela abstenção...
ô gente sem consciência! - como é que pode morar no Rio, viver os problemas que a cidade tem, e ainda se abster de votar?!!

soniass wrote on Oct 26
anaparga said
se abster de votar?!!
Vergonha, vergonha.

mariag wrote on Oct 26
soniass said
É, acabou mesmo. Perdemos nós, perdeu o Rio. E por tão pouco...
Perdemos e ganhamos porque a votação do Gabeira - sem UPA, sem Governador do Estado, sem Lula, sem panfletos apócrifos, sem baixarias - é um sonoro Não à política carioca. O que não se pode perder é a mobilização que gerou e o controle dos políticos e seus atos pela população.

Foi bonita a festa, pá...

eurosanechonchol wrote on Oct 26
com o tanto de gente analfabeta que temos, Paes pode convencer sim

soniass wrote on Oct 26
mariag said
Foi bonita a festa, pá...
Foi sim. Nunca pensei que um dia eu voltasse a me mobilizar por uma eleição. Esse favor eu devo ao Gabeira.

carmenagonzalez wrote on Oct 26
soniass said
Foi sim. Nunca pensei que um dia eu voltasse a me mobilizar por uma eleição. Esse favor eu devo ao Gabeira.
eu também, soneca, eu também!


mirandasan wrote on Oct 26
mariag said
Perdemos e ganhamos porque a votação do Gabeira - sem UPA, sem Governador do Estado, sem Lula, sem panfletos apócrifos, sem baixarias - é um sonoro Não à política carioca. O que não se pode perder é a mobilização que gerou e o controle dos políticos e seus atos pela população.

Foi bonita a festa, pá...
Isso mesmo, Graça.
Lamento muito pelo Rio, por Gabeira que sou fã desde muito tempo.

soniass wrote on Oct 26, edited on Oct 26
mariag said
não se pode perder é a mobilização
O Gabeira provou que não é preciso ser demagogo para conquistar pelo menos metade da população.

carmenagonzalez wrote on Oct 26
Do post "Gabeira ganhou" publicado aqui (blog do noblat) no último dia 20:

" A trajetória política de Gabeira é marcada por um extraordinário paradoxo: ele ganha quando perde. Para ser mais preciso: só ganha quando perde.

Perdeu para a ditadura, apesar de tê-la golpeado algumas vezes. Exilou-se. Mas ao cabo venceu porque a ditadura desmoronou e ele pode voltar ao país com fama de herói. Soube aproveitá-la para dar início a uma carreira política convencional. Coleciona quatro mandatos de deputado.

Gabeira perdeu para Severino Cavalcanti, na época presidente da Câmara dos Deputados. Não foi a ameaça feita por Gabeira de derrubá-lo que forçou Severino a renunciar ao cargo e depois ao mandato. Severino caiu porque um concessionário de restaurantes revelou que o subornara.

A queda de Severino acabou atribuída ao discurso moralizador de Gabeira. Por isso o episódio é explorado no horário de propaganda eleitoral do candidato.

Gabeira perdeu para Renan Calheiros, presidente do Senado. Renan foi acusado de ter usado dinheiro de um lobista de empreiteira para pagar despesas da ex-amante.

Aos safanões, Gabeira rompeu a barreira de agentes de segurança que impedia o acesso de deputados ao plenário do Senado. Cobrou dos senadores o voto aberto na sessão de julgamento de Renan. O voto foi fechado. Renan escapou à cassação. Mas Gabeira ganhou novamente porque estava, digamos assim, do lado do bem.

Antes de perder para depois ganhar de Severino e Renan, Gabeira perdera e ganhara do PT, partido pelo qual fora eleito em 2002.

Mal começou o governo Lula, ele se desentendeu com o partido, tomou um chá de cadeira de três horas do ministro José Dirceu, da Casa Civil, pediu as contas e voltou para o Partido Verde, que ajudara a fundar.

Saltou fora do PT pouco antes de o PT afundar no escândalo do mensalão e nos sucessivos escândalos que abalaram o primeiro governo Lula.

No imaginário popular, políticos tradicionais são aqueles que ganham eleições – para no momento seguinte começar a perder respeito e credibilidade.

Por antigo no epicentro da política fisiológica do país – a Câmara dos Deputados -, Gabeira poderia ser um político desse tipo. É justamente o contrário. Com uma vantagem: nem se parece com um político. E age como se não fosse.

Sua campanha para prefeito é o mais notável e eficiente exemplo de anti-campanha de um político anti-político.

Falta dinheiro para gastar com cartazes, folhetos e cabos eleitorais? Em cena, a campanha que não suja a cidade. Que outra vantagem tirar de uma campanha pobre? A transparência. Metam-se então gastos e nomes de doadores na internet.

O público está farto da troca de ataques entre candidatos? Sem ataques. Completado o tripé que sustenta o discurso de campanha: limpeza, transparência e delicadeza. Acrescentem: promessas zero, conceitos no lugar de propostas concretas e ótima música. Eis a receita Gabeira.

Para ser coerente com sua trajetória, Gabeira deveria perder a eleição do próximo domingo porque a essa altura já a ganhou. Quem imaginaria há dois meses que ele chegasse até aqui?" (...)

Acrescento: Gabeira acreditou que a comunicação direta com o eleitor poderia levá-lo à vitória. Quase levou. Mas ao fim e ao cabo ganhou a política real. E o que é isso? Em resumo é a política de alianças, do loteamento futuro da máquina administrativa, dos gastos milionários, da propaganda massiva e das manobras sujas, às favas todos os escrúpulos.

- Você está disposto a pagar qualquer preço para vencer, eu não - disse Gabeira a Paes durante debate promovido pela Rede Bandeirantes de Televisão.

Acertou quanto a Paes. Acertou quanto a ele mesmo.

Gabeira sai desta eleição como o maior eleitor individual do Rio. Poderá ser candidato ao Senado em 2010. Poderá até mesmo disputar o governo. A política do Rio não passava por ele, um franco atirador. Passará doravante

anaparga wrote on Oct 26
mariag said
Foi bonita a festa, pá...
não consigo ter o bom espírito de vocês e nesse momento quisera ter...

soniass wrote on Oct 26
carmenagonzalez said
Você está disposto a pagar qualquer preço para vencer, eu não - disse Gabeira
E isso pode animar outros políticos, pois, de agora em diante, ficou provado que o povo está aprendendo a valorizar o jogo limpo. É um ótimo começo.

ivandealmeida wrote on Oct 26, edited on Oct 26
Mas há um preço mínimo que deve ser pago, pois, afinal, se a alternativa é a melhor para a população, não pagar tal preço é colocar outros valores acima do bem público.

Não vou ficar aqui louvando o Gaberia por perder. Não. Perder é errado em política. É preciso ganhar para fazer algo, pois a realidade é que tendo perdido quem paga o pato é a população que ficará por quatro anos governada por essa máquina que trabalha por si. O Gaberia volta à Câmera dos Deputados, eleger-se-á novamente deputado facilmente, mas nós, povo do Rio, precisávamos da vitória, não apenas da manifestação de uma elegância que valeu mais que nossa vida nos próximos quatro anos.

Ninguém ganha quando perde. Não foi o Gabeira que perdeu. Ele mesmo pode ganhar com as derrotas, mas os que dependiam da vitória, o povo carioca que precisava emancipar-se dessa política das máquinas, do conchavo, de atraso cultivado, esse perdeu.

E é sob essa ótica que tem de ser visto o episódio.

Ao se fazer político, o homem precisa deliberar entre os males, porque na política não se delibera entre o bem e o mal, mas entre os males maiores e menores. A derrota do Gaberia pode frustrar nosso sonho, mas custará nossa vida na cidade por quatro anos.

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anaparga wrote on Oct 26
ivandealmeida said
É preciso ganhar para fazer algo, pois a realidade é que tendo perdido quem paga o pato é a população que ficará por quatro anos governada por essa máquina que trabalha por si.É isso mesmo, Ivan.
É isso que dói.
Mais quatro anos é muito, e a cidade já não aguenta mais.

eurosanechonchol wrote on Oct 26
as vezes se ganha quando perde sim
se não era a hora dele, esta virá depois
se para ganhar você tem de ser um canalha melhor perder

ivandealmeida wrote on Oct 26
Para quem acredita que é possível fazer política com o puro bem, recomendo "O Diabo e o Bom Deus", do Sartre.

renatobonfatti wrote on Oct 26, edited on Oct 26
Talvez o próprio Gabeira não acreditasse que pudesse ir tão longe...porque faltaram algumas ênfases no seu discurso, necessárias e suficientes para reverter o quadro. A tática que sobrou ao quinze foi colocá-lo como candidato elitizado, sem apoio efetivo do dito "povão". E ele escorregou aí mesmo no episódio da "suburbana", no discurso final rebuscado demais onde aparecem termos como "apócrifo" etc. , na escolha pelo passeio final pela orla onde já tinha seus votos garantidos enquanto o outro foi para Barros Filho etc.. Sabíamos que o Gabeira precisaria CONQUISTAR um público que não tinha votado nele, enquanto ao quinze bastaria, praticamente, manter os votos do primeiro turno, com o agravante de que , tanto o Crivella quanto a Jandira são da tal " Base aliada do Governo" e tenderiam a drenar os votos para o quinze.
Fora a desoladora influência explícita do tráfico e das milícias também a favor do quinze. Não era uma façanha nada fácil, mesmo!
Mas o incrível é que ele quase conseguiu! Perdeu no detalhe. Mas é como dizem: "O diabo mora nos detalhes!"
Tem razão Graça e Ivan. Gabeira foi um fenômeno muito importante no que significou de um grande, imenso "Não!" à políticalha sórdida. Mas é de se lamentar muito que por tão pouco estejamos fadados a mais quatro anos daqueles.
Abraço nos amigos todos!

ivandealmeida wrote on Oct 26
Não é questão de ser canalha. Há entre o preto e o branco várias posições intermediárias, e não adianta o cara se vestir de vestal e a população, que precisa de melhorias concretas, ficar à mercê da máquina.

Porque quem perde não é ele. Ele nada perdeu. Quem perdeu fomos nós.

eurosanechonchol wrote on Oct 26
eu sei, já li
adoro Sartre
lá no mato eu não tinha o que fazer

alicealbuquerqueszp wrote on Oct 26


mariag said
Perdemos e ganhamos porque a votação do Gabeira - sem UPA, sem Governador do Estado, sem Lula, sem panfletos apócrifos, sem baixarias - é um sonoro Não à política carioca. O que não se pode perder é a mobilização que gerou e o controle dos políticos e seus atos pela população.
Coloque a minha voz em coro com vc Gracinha!
beijo!

renatovwbach wrote on Oct 26


Quem perdeu foi o Rio e os cariocas (meus dois filhos que ai ainda vivem inclusos).

Mas discordo dos pragmáticos: Gabeira ganhou por perder, sim. Como Cristo, como Francisco de Assis, como Lutero, como... bem, na política quase não há exemplos. Ou os há? Churchill no pós-guerra imediato, Martin Luther King (que perdeu a própria vida), até mesmo Al Gore.

Pena que jamais saberemos como seria este Rio, o "Rio do Gabeira". Eu sonhava com um Rio com estilo, o mesmo com que nos premiou o Gabeira defensor da descriminalização da maconha, o importador de sementes de cânhamo (que não é maconha), o ciclista do Planalto Central (é, o deputado Gabeira quase só andava de bike por lá), o defensor das putas e dos gays e dos oprimidos de modo geral, sim ,este e tantos outros Gabeiras que conhecemos nesses anos de vida pública ilibada. O Gabeira do dedo em riste na cara do Severino, o Gabeira que disse "não" ao clientelismo do PT federal desde a prima hora.

Porque o "Rio do Paes" ("da paiz?"), este eu acho que já conheci: em suas versões Garotinho e Garotinha, Benés e que tais. Que pena.


lenario wrote today at 4:34 AM


excelente o artigo do Noblat

obrigado Graca


perdemos todos nós que não o teremos como nosso prefeito mas Gabeira sai fortalecido e nós também, somos 50% do eleitorado contra a MÁQUINA vencedora do governo e vamos ter que "engolir" este engomadinho do troca-troca por 4 anos pelo menos

estou de luto, perplexa e desiludida com o resultado de hoje mas provamos de todo jeito que se nos mobilizarmos teremos chance...não mais nesta mas nas próximas

beijos amiga

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