http://www.redebrasilatual.com.br/saude/2017/01/populacao-mais-pobre-sera-prejudicada-com-o-fechamento-das-farmacias-dos-postos-de-saude
Gestão tucana
Fechamento de farmácias do SUS por Doria vai prejudicar população mais pobre
Farmacêuticos alertam que grandes
redes comerciais, defendidas pelo prefeito para a distribuição, estão
nos bairros mais centrais e não na periferia, que conta com pequenos
estabelecimentos
por Cida de Oliveira, da RBA
publicado
23/01/2017 19h05,
última modificação
24/01/2017 10h33
Edson Hatakeyama/PMSP
Farmácias do SUS, nos postos de saúde, poderão ser fechadas conforme projeto de Doria
São Paulo – O projeto do prefeito de São
Paulo, João Doria (PSDB), de fechar as farmácias dos postos de saúde e
passar a distribuir medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) por
meio da rede comercial deverá afetar sobretudo a população mais pobre. O
alerta é do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo
(Sinfar-SP), que já enviou ofício, ainda sem resposta, pedindo reunião
com o prefeito e com o secretário de Saúde, Wilson Pollara, para
esclarecimentos sobre a mudança na logística de medicamentos.
“As grandes redes de farmácias têm filiais nos bairros mais centrais,
melhor localizados. E não nos bairros mais distantes da periferia, onde
está a população mais pobre. Ali estão as pequenas farmácias. Sem a
entrega no posto de saúde, perto de sua casa, as pessoas teriam de se
deslocar até outros bairros, tendo até de pegar ônibus”, afirma a
secretária-geral da entidade, Renata Gonçalves.
Embora ainda pouco se saiba de oficial a respeito da privatização do
serviço, a agenda de Doria e de Pollara de hoje (23) previa encontro à
tarde com Antonio Carlos Pipponzi, vice-presidente do Instituto para
Desenvolvimento do Varejo (IDV) e presidente do Conselho da Raia
Drogasil, gigante do setor.
De acordo com Renata, os farmacêuticos vão se reunir na tarde desta
terça-feira (24) para discutir os impactos da medida à população e à
estrutura das farmácias do SUS montadas nos postos de saúde. “É claro
que há problemas, que faltam remédios. É feita licitação, e muitas vezes
o laboratório demora para entregar. Mas isso não significa que a falha
esteja na farmácia pública”, afirma o farmacêutico Deodato Rodrigues
Alves, integrante do Conselho Municipal de Saúde, onde o tema também
está sendo debatido.
“Essas farmácias que poderão ser fechadas estão estruturadas e
receberam investimentos na gestão passada. Atendem 700 mil receitas todo
mês, o equivalente a quase 10 milhões ao ano. Como uma rede privada vai
se organizar para isso? Como será o controle, a fiscalização? Creio que
o gestor não tem ideia da dimensão desse trabalho”, diz o conselheiro.
“Privatizar pode parecer a solução a princípio, mas não é porque o
problema é de subfinanciamento da saúde.”
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------