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terça-feira, 31 de janeiro de 2012
SOLIDARIEDADE E NUM PAIS PAIS DE ASSALARIADOS, MARCELO ROQUE PROTESTA, Glória Kreinz Divulga
Solidariedade
Em meio a tantos casos, como a repressão na USP,
a higienização na área da Cracolândia, e o violento
despejo sofrido pelos moradores do Pinheirinho,
presto aqui também, toda a minha solidariedade
ao banco Bradesco que, neste último trimestre,
teve um lucro de apenas 2.7 bilhões de reais,
100 milhões a menos que no trimestre anterior
Marcelo Roque
................................................................
Num país de assalariados
Empresários, fazendeiros, advogados, engenheiros,
médicos, políticos de carreira, enfim ...
Eis o perfil da maioria de nossos legisladores
Definitivamente, tanto o Congresso Nacional,
como as Câmaras estaduais e municipais,
não se legitimam como Casas de representação
popular
Marcelo Roque
PONTUALIDADE - MARCELO ROQUE; Glória kreinz divulga
Jornal Folha e Prefeitura do Rio - Imagem não é tudo
Começo este meu texto, pedindo para que imaginemos a seguinte
cena :
Vou eu ao supermercado comprar alguns pãezinhos para o meu café
matinal
Chegando lá, e passando pela gôndola onde ficam expostas as bolachas,
eis que me interesso por uma em particular
Como qualquer outra pessoa no meu lugar faria, pego o pacote em
questão, para melhor avaliar o produto. Porém, depois de alguns
segundos de avaliação, por alguma razão que nem vem ao caso, decido
não comprar a tal bolacha, e novamente a coloco em seu lugar
Então sigo até a padaria do mercado, compro meus pães, e vou embora
Mas, na manhã do dia seguinte, ao passar em frente a banca de jornais
de um jornaleiro amigo, acabo sendo surpreendido por uma indagação
do mesmo :
- Marcelo, era você na foto do jornal ?
De imediato, penso ser algum tipo de brincadeira;
- Como assim, minha foto estampada em um jornal ?
- Tá de brincadeira comigo, meu camarada ?
- Claro que não, Marcelo, mas se não é você, só pode ser um irmão
gêmeo
Bem, lá vou eu dar uma olhada neste "irmão gêmeo"
Mas, eis então que, pasmem, sou eu mesmo !
Segurando um pacote de bolacha e sob o seguinte título;
"Flagrante de furto em supermercado"
Ora, alguém me clicou justamente quando o pacote estava em minha
mão. Porém, o que a imagem não mostra, é que em seguida, aquele
pacote voltou para a gôndola, seu lugar de origem, e que sai
do mercado apenas com os pães, devidamente pagos
Pois bem, esta cena absurda que acabei de descrever, foi para
tentar ilustrar uma matéria que li no jornal Folha de São Paulo que,
categoricamente, acusa de desvio, ou furto, funcionários que
trabalham em um terreno onde os entulhos dos prédios que desabaram
no Rio estão sendo colocados
As imagens mostram os funcionários manuseando objetos encontrados
entre os entulhos - principalmente papéis - agora, uma coisa ficou
clara; nenhum deles foi flagrado colocando objeto algum dentro do bolso,
cena :
Vou eu ao supermercado comprar alguns pãezinhos para o meu café
matinal
Chegando lá, e passando pela gôndola onde ficam expostas as bolachas,
eis que me interesso por uma em particular
Como qualquer outra pessoa no meu lugar faria, pego o pacote em
questão, para melhor avaliar o produto. Porém, depois de alguns
segundos de avaliação, por alguma razão que nem vem ao caso, decido
não comprar a tal bolacha, e novamente a coloco em seu lugar
Então sigo até a padaria do mercado, compro meus pães, e vou embora
Mas, na manhã do dia seguinte, ao passar em frente a banca de jornais
de um jornaleiro amigo, acabo sendo surpreendido por uma indagação
do mesmo :
- Marcelo, era você na foto do jornal ?
De imediato, penso ser algum tipo de brincadeira;
- Como assim, minha foto estampada em um jornal ?
- Tá de brincadeira comigo, meu camarada ?
- Claro que não, Marcelo, mas se não é você, só pode ser um irmão
gêmeo
Bem, lá vou eu dar uma olhada neste "irmão gêmeo"
Mas, eis então que, pasmem, sou eu mesmo !
Segurando um pacote de bolacha e sob o seguinte título;
"Flagrante de furto em supermercado"
Ora, alguém me clicou justamente quando o pacote estava em minha
mão. Porém, o que a imagem não mostra, é que em seguida, aquele
pacote voltou para a gôndola, seu lugar de origem, e que sai
do mercado apenas com os pães, devidamente pagos
Pois bem, esta cena absurda que acabei de descrever, foi para
tentar ilustrar uma matéria que li no jornal Folha de São Paulo que,
categoricamente, acusa de desvio, ou furto, funcionários que
trabalham em um terreno onde os entulhos dos prédios que desabaram
no Rio estão sendo colocados
As imagens mostram os funcionários manuseando objetos encontrados
entre os entulhos - principalmente papéis - agora, uma coisa ficou
clara; nenhum deles foi flagrado colocando objeto algum dentro do bolso,
debaixo da blusa, da calça, escondido entre as meias, botas ... enfim
Como podemos ler na própria matéria, o jornal diz que estas pessoas
MANUSEAVAM os objetos e GARIMPAVAM o entulho - ou seja, desde
quando os termos manusear e garimpar, são sinônimos de furto ?
Mas a questão é que estas pessoas foram acusadas de um crime
e, infelizmente, a própria prefeitura do Rio de Janeiro, por meio de
uma nota, e pelo que entendi, baseada apenas nas imagens divulgadas
pelo jornal que, repito, não provam nada, tratou de repudiar a ação
destes funcionários e, publicamente, e sem que tivessem direito a defesa,
Como podemos ler na própria matéria, o jornal diz que estas pessoas
MANUSEAVAM os objetos e GARIMPAVAM o entulho - ou seja, desde
quando os termos manusear e garimpar, são sinônimos de furto ?
Mas a questão é que estas pessoas foram acusadas de um crime
e, infelizmente, a própria prefeitura do Rio de Janeiro, por meio de
uma nota, e pelo que entendi, baseada apenas nas imagens divulgadas
pelo jornal que, repito, não provam nada, tratou de repudiar a ação
destes funcionários e, publicamente, e sem que tivessem direito a defesa,
os condenou, dizendo que quatro deles já foram identificados através
das fotos, e serão demitidos
Bom, como o trabalho de separação dos objetos pertencentes às vitimas
Bom, como o trabalho de separação dos objetos pertencentes às vitimas
do desabamento estão sendo feitos, não sabemos ao certo,
e nem se a colocação destes entulhos naquele local, garantem
que possíveis bens que ainda estejam ali, possam ser preservados
com segurança, mas uma coisa é certa, acusar alguém de um crime,
e, pior, condena-lo sumariamente, sem as devidas provas, é um ato
gravíssimo, ainda mais quando estas pessoas têm suas imagens expostas
e nem se a colocação destes entulhos naquele local, garantem
que possíveis bens que ainda estejam ali, possam ser preservados
com segurança, mas uma coisa é certa, acusar alguém de um crime,
e, pior, condena-lo sumariamente, sem as devidas provas, é um ato
gravíssimo, ainda mais quando estas pessoas têm suas imagens expostas
em um jornal de grande circulação
Todo este episódio é lamentável, e esperamos que a justiça, de fato,
seja feita, através de todo um processo cauteloso, onde todo
e qualquer indivíduo, seja considerado inocente, até que se prove
o contrário
E apenas para finalizar, quanto a fictícia estória do pacote de bolacha,
processei o jornal pela absurda distorção dos fatos, e nem preciso
dizer que ganhei a causa
Marcelo Roque
Todo este episódio é lamentável, e esperamos que a justiça, de fato,
seja feita, através de todo um processo cauteloso, onde todo
e qualquer indivíduo, seja considerado inocente, até que se prove
o contrário
E apenas para finalizar, quanto a fictícia estória do pacote de bolacha,
processei o jornal pela absurda distorção dos fatos, e nem preciso
dizer que ganhei a causa
Marcelo Roque
"SÓ ACREDITO NO EMPREGO DA VIOLÊNCIA EM CIRCUNSTÂNCIAS MUITO ESPECIAIS"
Por Celso Lungaretti
A mensagem que recebi do companheiro Plínio de Arruda Sampaio, em resposta ao meu artigo Nossas melhores armas são o espírito de justiça e a superioridade moral, foi exatamente a que dele esperava.
Nunca duvidei de suas convicções, mas temia que o artigo publicado na Folha de S. Paulo (ver íntegra aqui) servisse como estímulo a uma radicalização que, neste momento, só interessa à direita golpista. Houve, inclusive, quem o divulgasse euforicamente nas redes sociais, destacando e aplaudindo o apelo às armas.
Então, é-me muito gratificante ter proporcionado ao nosso imprescindível Plínio a oportunidade de esclarecer melhor sua posição.
Segue a íntegra da mensagem:
"Prezado Celso
Pelo respeito que tenho pela sua militância, venho dar-lhe uma explicação a respeito do artigo sobre o massacre do Pinheirinho.
A proposta de emprego da violência não se referia aos ocupantes daquela área mas à necessidade de que a massa trabalhadora estivesse preparada para enfrentar a burguesia.
Não ficou claro e deu essa impressão equivocada, que causou estranheza a você, à Marietta e, imagino, a muito mais gente.
Na verdade, cometi o erro de tratar de um assunto complexo como este sem o espaço requerido para uma exposição adequada. Até porque, defensor, como sou, do socialismo democrático, só acredito no emprego da violência em circunstancias muito especiais e qualificadas.
Quero agradecer-lhe pelos comentários, que me fizeram ver o erro cometido, e agradecer as elogiosas referencias à minha pessoa.
Seu amigo e admirador, Plinio"
N Vítimas de Pinheirinho continuam em Perigo
N Vítimas de Pinheirinho continuam em Perigo
Carlos A. Lungarzo
Segundo informações de alguns blogs, as vítimas estão em perigo porque:
1. A imprensa deixou o local, e os moradores estão agora a mercê da brutalidade policial e do governo do estado. É necessário que grupos de voluntários com câmeras se posicionem perto do lugar.
2. O padre que administra a paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da região pediu a polícia a expulsão dos que estavam refugiados na Igreja, que agora estão desamparados, recebendo apenas um pouco de comida em estado de decomposição.
3. Pessoas em todos os estados físicos e com as mais diversas idades, foram obrigadas a caminhar sob um sol de 35º durante 4 quilómetros, como nas deportações nazistas dos anos 40.
4. Pessoas doentes, obviamente afetadas de convulsões e outros problemas graves, NÃO FORAM ATENDIDAS PELAS AMBULÂNCIAS, mas algumas delas foram enfiadas em viaturas que partiram rapidamente. Alguns observadores supõem que essas pessoas foram silenciadas por algum método.
5. Uma estudante diz que chegou ao local com uma carga de doações e percebeu que, logo após ter saído do lugar, os policiais carregavam as doações numa viatura e iam embora. Elas e seus amigos se queixaram, mas os policiais disseram que estavam mentindo.
Tudo isto está relatado no excelente Blog de RENATO ROVAI, editora da Revista Fórum.
No mesmo blog vocês encontrarão um link para apoiar o pedido de políticos e juristas brasileiros que pretendem, com excelente critério, denunciar o ato de terrorismo de estado de Pinheirinho aos organismos internacionais.
Devemos atuar todos!!
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Carlos A.
Lungarzo
Nos últimos meses, alguns
políticos, magistrados, repressores (armados ou não) e comunicadores estão se
tornando obsessivos com algo que eles pretendem vender como se fosse uma “lei”
brasileira:
O ESTRANGEIRO DEVE FICAR CALADO em qualquer assunto político, ou que
possa parecer político, ou que alguém com suficiente poder diga que é político.
Não estou aludindo,
obviamente, as atitudes de algumas pessoas públicas que lembram a existência desta mordaça, justamente para proteger estrangeiros vulneráveis que,
por distração, poderiam emitir alguma opinião que os comprometa. Pelo
contrário, esses dignitários estão fazendo um ato importante, e seu valor é
ainda maior quando se percebe que conseguem transmitir essa mensagem de maneira
sutil.
Nesse sentido, acho que é
fundamental que dignitários públicos lembrem sempre isto de maneira amigável,
para evitar que os inquisidores possam aproveitar algum erro desses
estrangeiros.
O que se fala nos meios
inquisitoriais não é apenas que o estrangeiro não pode ter militância partidária, que é algo que está proibido também em
outros países com democracias simbólicas (não naqueles com democracias
substantivas onde, às vezes, um estrangeiro não naturalizado até pode votar e
ser candidato).
O que estas pessoas
tentam proibir, aqui no Brasil, é a simples declaração, ou seja, o uso da fala, da opinião, do direito de dizer
ou escrever. Isto significa proibir um direito humano extremamente básico,
porque uma opinião é apenas a transformação de um conteúdo do pensamento em
mensagem externo. Proíbe-se opinar porque
os inquisidores não conhecem um método que proíba pensar. Se eles descobrissem, o pensamento também seria punido.
Sabemos que o direito à
crítica está permitido até em países relativamente autoritários, e só está
vedado em ditaduras truculentas, ou em sociedades teocráticas onde existe o
“crime” de blasfêmia. Mas, os que estão criando onda em torno à proibição de
emitir declarações políticas para estrangeiros estão indo além. Eles não proíbem
apenas a crítica: proíbem qualquer manifestação
que possa ser rotulada (com qualquer critério) como política.
É importante lembrar que
a Lei 6815/80 chamada Estatuto do Estrangeiro, criada pela
ditadura militar em agosto de 1980 (e considerada pelos parlamentares de
oposição da época como “fascista e stalinista”), não proíbe o direito do estrangeiro à opinião política. É claro que
a lei é draconiana e as acusações contra essa são corretas, e que sua atual
vigência apenas contribui a desconstruir o mito da ausência de xenofobia, mas,
mesmo assim, ela não coloca uma mordaça tão grande quanto a que está sendo
criada agora.
Por parte das elites, a
boa recepção do estrangeiro vale no caso das elites de outros países, mas não
vale no caso dos que, por causa de classe, ideologia ou sensibilidade, assumem
posições que contariam seus interesses ou alianças.
Em realidade, todas as
leis de imigração dos países Latino Americanos seguem o modelo xenófobo
estabelecido pela tradição colonialista dos países católicos (neste caso,
Espanha e Portugal), que recolhe o espírito de perseguição da Igreja contra
qualquer “de fora” (seja em sentido nacional, racial ou religioso).
Mas,
a lei brasileira contra os
estrangeiros talvez não seja a pior do Continente. Em seu artigo 107, ela
proíbe apenas a ação política do
estrangeiro, e não a opinião sobre situações
políticas. Eu tenho uma experiência pessoal positiva sobre essa lei.
Durante
a ditadura, quando comecei como professor da UNICAMP, eu ofereci várias
declarações à imprensa sobre a barbárie das ditaduras argentina e chilenas, e não
fui punido nem pela ditadura brasileira nem pela magistratura, apesar da
“fraternidade” existente entre todos os tiranos. A punição contra mim foi
gestada exclusivamente por três colegas dos países afetados por minha crítica,
e foi aprovada por meu chefe que era brasileiro. Ainda assim, perdi o emprego,
mas nunca fui expulso do país.
Decidi ir a México com minha família por alguns anos, temendo que os
denunciantes favorecessem um atentado, mas a ditadura não me ameaçou em momento
nenhum. Dou este exemplo para mostrar que este clima de terror contra alguns estrangeiros específicos não
existiu na durante a segunda parte da ditadura. (Imagino que deve ter existido
na primeira parte, até 1976, mas eu nunca tinha estado no Brasil antes dessa
data).
Observem
o que diz o artigo 107 da lei 6815,
onde se fala da relação entre estrangeiro e política.
Art. 107. O estrangeiro admitido no
território nacional não pode exercer atividade de natureza política, nem se
imiscuir, direta ou indiretamente, nos negócios públicos do Brasil, sendo-lhe
especialmente vedado: (Renumerado
pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
I - organizar, criar ou manter
sociedade ou quaisquer entidades de caráter político, ainda que tenham por fim
apenas a propaganda ou a difusão, exclusivamente entre compatriotas, de idéias,
programas ou normas de ação de partidos políticos do país de origem;
II - exercer ação individual, junto
a compatriotas ou não, no sentido de obter, mediante coação ou constrangimento
de qualquer natureza, adesão a idéias, programas ou normas de ação de partidos
ou facções políticas de qualquer país;
III - organizar desfiles, passeatas,
comícios e reuniões de qualquer natureza, ou deles participar, com os fins a
que se referem os itens I e II deste artigo.
Vejamos o que significam estes três itens:
a.
O estrangeiro não pode criar uma
“filial” de um partido de seu país de origem.
Mas, será que fazer declarações sobre a situação política é o
mesmo que fundar um partido??
b. Não pode impor suas idéias políticas com coação e constrangimento, ou seja, pela violência. Então, os
linchadores atuais acham que opinião
e violência são a mesma coisa?
c. Não pode mobilizar as
pessoas com uma finalidade política. Mas isso, nada tem a ver com proferir
conferências que esclareça sobre assuntos políticos, por exemplo, pintando a
verdadeira natureza de certos sistemas fascistas.
Não estou defendendo uma causa pessoal. Eu votei por última vez em
meu país de origem, com 23 anos. Passou muito tempo. Desde então, nunca pedi
documento de eleitor em nenhum dos 19 países onde estive, e tampouco tenho votado
através do consulado de meu país de origem. Dificilmente, alguém pode dizer que
tenho interesse em algum partido político nacional ou estrangeiro.
Então, pareceria que: se um
estrangeiro não trabalha para um partido político, e atua sempre de maneira
pacífica, não teria nada de temer. Mas, lamentavelmente isso não é
verdade, porque esta confraria de linchadores e inquisidores interpreta as
coisas de maneira “original”.
Os
inquisidores têm uma definição própria de “política”, de maneira que qualquer
um pode ser pego se eles quiserem.
Para eles, é política esclarecer as pessoas, educar a juventude, combater o
racismo, pedir liberdade de pensamento, defender o direito de asilo,
posicionar-se contra a tortura, tomar lado pela paz e contra os que fazem a
guerra, e assim em diante.
Se você diz, por exemplo, que a energia nuclear é um desafio à paz
mundial, um mecanismo de terror maior que qualquer outro já conhecido, e que a
sociedade deve unir-se para combatê-la, aparecerão os bajuladores do poder
dizendo, enquanto apontam como o dedo: “Tá vendo, tá vendo... estes subversivos
criticam nossa política...”
Para estas mentes, tudo é igual: direitos humanos, política,
estudo da sociedade, pacifismo, ecologia, e assim em diante. Um estrangeiro não
poderia nem mesmo escrever um texto de história, sociologia, filosofia, economia,
etc., porque com muita probabilidade aparecerá nela algum termo político.
Também a ciência para eles é política, como ficou claro há pouco
tempo. Em 2004, a ultradireita moveu uma campanha obscurantista sem precedentes
para derrubar uma liminar do juiz Marco Aurélio de Mello que concedia a mãe de
um embrião sem cérebro o direito de abortar. Hordas fanáticas e ensandecidas
acusaram a decisão com numerosos impropérios, e se falou confusamente de
subversão, de “moral” exótica, em fim, um caso científico, ético e humanitário foi
usado como se fosse político. Observe que, neste caso, a vítima não era
estrangeira. O que teria acontecido se o fosse?
Ou seja, o estrangeiro vulnerável (nem todos são) não pode falar de nada salvo que seja para adular
aos que têm o poder, seja poder próprio ou delegado.
Entretanto, esta proibição paleolítica contra os estrangeiros, que
lhes impede falar de quase qualquer coisa, deve ser tida em conta, porque ela
oculta uma brutal ameaça para os estrangeiros
vulneráveis. Eles devem RESPEITÁ-LA por sua própria segurança.
Para alguns inquisidores, frases como “São Paulo tem 15 milhões de
habitantes” podem interpretar-se como intromissões políticas. Claro... afinal,
esse enunciado pertence à disciplina chamada geografia política. Não pertence a geografia física como seria
enunciar a altura de um morro.
Alguém que faz um pronunciamento sobre geografia política pode ser
considerado um espião de outro país, que está calculando o potencial
demográfico do Brasil no caso de uma eventual guerra. Não se deve esquecer que grande parte dos fascistas são mentes privadas de saúde, e que o traço que
mais domina sua precária personalidade é o ódio e a paranoia. Quem duvidar,
veja por exemplo o caso do padre italiano recentemente readmitido ao Brasil, do
qual fora expulso há várias décadas. O motivo foi ter sido denunciado pela mais
grotesca figura que já viu a política do continente, que o acusou de negar-se a
celebrar uma missa encomendada pela ditadura.
Não adianta dizer que estes argumentos usados para a expulsão de
estrangeiro são absurdos disparates. Se o estrangeiro recorrer a justiça para
evitar sua expulsão, o juiz dirá (como já aconteceu milhares de vezes) que o judiciário não tem condições de
avaliar a conveniência do ato administrativo.
Vocês devem estar pensando que isto não seria lógico. Com efeito, vários juízes anularam sem qualquer
hesitação atos irreprocháveis do poder executivo, alguns absolutamente
discricionários como a concessão de asilo.
Mas, lembremos que a lógica
que usa o judiciário é a de Santo Tomás, exposta na Summa Theologiae. O juiz tem raciocínio “sagrado” e pode usar um
argumento para beneficiar um amigo e o argumento exatamente oposto para
destruir um inimigo. A verdade não interessa; aliás, muito pelo contrário,
incomoda.
domingo, 29 de janeiro de 2012
NOSSAS MELHORES ARMAS SÃO O ESPÍRITO DE JUSTIÇA E A SUPERIORIDADE MORAL
Por Celso Lungaretti
Convidado pela Folha de S. Paulo a expressar a posição contrária à blietzkrieg sobre Pinheirinho, como contraponto à defesa do cumprimento cego de decisões errôneas e desumanas da Justiça feita por um tal de João Antonio Wiegerinck, o grande Plínio de Arruda Sampaio produziu uma análise corretíssima da doença, mas receitou um remédio letal para o paciente que pretende curar e para muitos mais: a defesa das ocupações pela via armada (ver íntegra aqui). Eis sua argumentação:
"Pacífica, despolitizada e sem organização, essa população tem aceitado a situação intolerável sem recorrer à violência. Até quando?
Isso vai continuar acontecendo enquanto os partidos de esquerda deixarem de cumprir seu papel de conscientizar e organizar essa massa, para que ela resista a esses ataques de armas na mão.
Na hora em que isto for uma realidade, não haverá violência, porque a consciência dessa realidade será suficiente para manter os cassetetes na cintura".
A revolta do Plínio é pra lá de justificada e compreensível. Seu impecável relato dos acontecimentos mostra mesmo uma situação inaceitável numa democracia. Mas, se a esquerda conscientizar e organizar a massa das ocupações, para que resista aos jagunços fardados com armas na mão, vai se tornar ela própria parte do confronto.
Aí, as hipóteses serão apenas duas:
"Há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos de armas na mão" |
- organizando tão somente os ocupantes, não os explorados e excluídos em geral, as lições do passado apontam para um quadro bem diferente do sonhado por Plínio, com os cassetetes permanecendo, sim, na cintura, mas porque substituídos por fuzis e lança-chamas --ou seja, a esquerda e os ocupantes acabariam esmagados pelos efetivos a serviço da propriedade, cujo poder de fogo, claro, é infinitamente superior;
- se a esquerda partir para a organização dos trabalhadores e excluídos em geral, no sentido de respaldarem a resistência de armas na mão aos crimes consentidos pelo Executivo e avalizados pelo Judiciário (como foi o caso do Pinheirinho), a radicalização de parte a parte inevitavelmente desembocará numa luta armada como a que foi travada contra a ditadura de 1964/85.
Daquela vez, estavam bloqueados todos os caminhos democrátivos para a contestação do regime implantado mediante golpe e sustentado por meio do terrorismo de estado. Entre resignarmo-nos à lei do mais forte ou lutarmos contra o arbítrio, alguns milhares fizemos a opção mais digna, pegando em armas a despeito de estarmos plenamente conscientes do quanto a correlação de forças nos era desfavorável.
Fomos heróis. Fomos mártires. Fomos massacrados.
"Nos quartéis lhes ensinam antigas lições de morrer pela pátria e viver sem razões" |
Já predominamos na web e isto nos deu fôlego suficiente para vitórias antes improváveis, como a que obtivemos no Caso Battisti e ao rechaçarmos o atentado à liberdade de expressão perpetrado em São Paulo, quando a Marcha da Maconha foi reprimida.
Então, com todo o respeito que Plínio de Arruda Sampaio, com sua exemplar trajetória de lutas, merece dos que travamos o bom combate, desta vez ele foi traído pela emoção. A análise serena nos recomenda que:
- continuemos levando sempre em conta a correlação de forças --ou seja, que não radicalizemos as lutas além de nossa capacidade real;
- não forneçamos trunfos e pretextos para a direita golpista que mostrou suas garras na USP, na cracolândia e no Pinheirinho;
- prossigamos disseminando nossas idéias em escala cada vez mais ampla e resistindo às investidas autoritárias com as armas do espírito de justiça e da superioridade moral, não com armas de fogo.
O que faltou em Pinheirinho não foram necessariamente armamentos. Se, posicionados ao lado dos coitadezas da ocupação, lá estivessem, digamos, 50 mil cidadãos pacíficos e determinados, provavelmente isto teria sido "suficiente para manter os cassetetes na cintura".
Vamos é trabalhar para termos 50 mil bons cidadãos no lugar certo e na hora certa, da próxima vez.
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PARA RELATORA DA ONU, JUDICIÁRIO DE SP TRANSGREDIU LEIS INTERNACIONAIS
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Filipe Catto - Luz Negra de Nelson Cavaquinho
Enviado em 6 de nov de 2011
Uma Flor para Nelson Cavaquinho - Centro Cultural São Paulo - 05/11/2011
sábado, 28 de janeiro de 2012
POLÍCIA DE SP É FLAGRADA DE NOVO EXALTANDO A DITADURA MILITAR
Por Celso Lungaretti
"Em 31 de março de 1964 iniciou-se a Revolução, desencadeada para combater a política sindicalista de João Goulart. Força Pública e Guarda Civil puseram-se solidárias às autoridades e ao povo."
Este parágrafo aberrante, tratando a quartelada de 1964 como Revolução (com inicial maiúscula!) e justificando a participação da Força Pública e da Guarda Civil no golpe contra o presidente constitucional do País, constava até esta 6ª feira (27) da página virtual da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, alojada no portal do Governo paulista.
Ilustrando-o, havia uma imagem apoteótica da Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade, a maior arregimentação da classe média lograda pelos conspiradores durante a preparação do cenário para a derrubada de Goulart. Em primeiro plano, um oficial fardado.
Como a permanência deste entulho autoritário veio à tona exatamente no momento em que a escalada autoritária do Governo Alckmin recebe críticas generalizadas, a SSP correu a deletar texto e foto. O ano de 1964 foi apagado da linha do tempo, que agora salta diretamente da criação da Polícia Científica em 1956 para a instituição do Departamento de Trânsito em 1967.
Ao portal Terra foi encaminhada nota afirmando o seguinte:
"O texto relacionado ao ano de 1964 não reflete o pensamento da Secretaria da Segurança Pública e foi retirado do site. A SSP agradece a observação, sempre atenta, da imprensa".
A última atualização da página havia sido efetuada em 2010 --ou seja, 25 anos depois da virada dessa página infame da nossa História, a SSP continuava exaltando o arbítrio e o totalitarismo... à custa dos impostos dos contribuintes de São Paulo!
ESTAVA "APOIANDO A SOCIEDADE"?!
E não se tratou de caso isolado: também a unidade mais truculenta da Polícia Militar paulista, a Rota, vangloriava-se no seu site da seguinte campanha de guerra:
"Revolução de 1964, quando participou da derrubada do então Presidente da República João Goulart, apoiando a sociedade e as Forças Armadas, dando início ao regime militar com o Presidente Castelo Branco" (o grifo é meu).
Indignado com esta exaltação do golpismo e, noutro trecho, com os autoelogios da Rota ao seu papel de coadjuvante das Forças Armadas na repressão aos cidadãos que pegaram em armas contra a ditadura militar, enderecei carta aberta ao então governador José Serra em outubro de 2008.
Tive de repetir a dose com os governadores Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, escrever mais de duas dezenas de textos (ver balanço aqui) e esperar quase três anos para ver suprimida, pelo menos, a referência à derrubada de Goulart.
Até então, a PM descumprira promessa feita ao portal Brasil de Fato, de eliminar tais absurdos; e Serra, respondendo a uma pergunta que lhe enderecei na sabatina da Folha de S. Paulo, admitira publicamente que tal retórica era despropositada, sem que Goldman (o vice a quem transmitira o cargo para disputar a eleição presidencial) tomasse qualquer providência.
Até que Ivan Seixas --também ex-preso político e meu companheiro nesta denúncia-- cientificou a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, cujo firme posicionamento finalmente demoveu Alckmin da intransigência que ele e os outros governadores tucanos vinham mantendo. Em setembro de 2011!
Salta aos olhos que o ranço totalitário ainda não foi extirpado da polícia paulista, daí o papel chocante que vem desempenhado ultimamente, com tanta convicção: na USP, na cracolândia e no Pinheirinho, foram os brucutus da ditadura que atuaram --prendendo, batendo, arrebentando e expulsando.
Não os efetivos policiais de um estado de direito.
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GIANNAZI: BLIETZKRIED EM PINHEIRINHO É "GRANDE TRAGÉDIA HUMANITÁRIA"
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
DILMA QUALIFICA A AÇÃO DA PM EM PINHEIRINHO DE "BARBÁRIE"
Por Celso Lungaretti
A presidente Dilma Rousseff, no Fórum Social 2012, somou sua voz à indignação nacional contra a truculência mais uma vez desencadeada pela Polícia Militar paulista contra os excluídos.
O que aconteceu em Pinheirinho foi "barbárie", disse ela.
Foi barbárie, dizemos todos os que penamos 21 anos sob uma brutal ditadura e não assistiremos passivamente às sorrateiras tentativas de restabelecerem o primado da repressão como resposta aos problemas sociais --mais um passo de uma caminhada que poderá conduzir a novo estupro da nossa liberdade, se não esmagarmos o ovo da serpente enquanto é tempo.
Dilma está certa quanto aos limites da atuação do governo federal no caso. Mas, o PT não tem tal inibição e precisa colocar a militância protestando na rua, até para honrar os seus princípios, sua história e sua mística: É UM PARTIDO QUE NÃO TEM O DIREITO DE OMITIR-SE DIANTE DA BARBÁRIE!
Eis o relato do enviado da Folha de S. Paulo a Porto Alegre, Felipe Bächtold:
"Em reunião fechada ontem com movimentos sociais em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff fez críticas contundentes à reintegração de posse na área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo).
A Folha ouviu seis participantes do encontro. Segundo eles, Dilma se referiu à operação da Polícia Militar paulista como 'barbárie' e disse que não esperava que ocorresse dessa maneira.
Falou ainda que o modelo usado na reintegração, realizada no domingo passado, nunca será adotado pelo governo federal.
Mas, ainda segundo os espectadores da reunião, a presidente disse que o país é uma federação e que o caso estava sob responsabilidade de um Estado e do Judiciário, o que limita a atuação do governo federal".
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
A VIDA É BELA - MARCELO ROQUE - Glória Kreinz divulga
A Vida é Bela
Não chorem crianças do Pinheirinho,
tudo não passou de uma grande festa,
com fogos de artifício sendo lançados
por malabaristas fantasiados de soldadinhos
e que fingiam fazer cara de mau
Não chorem crianças do Pinheirinho,
o vermelho não era sangue,
era catchup,
as balas eram de morango
com recheio de caramelo
e os gritos não eram de horror,
mas de contentamento
Não chorem crianças do Pinheirinho,
as bombas eram de chocolate,
os cassetetes de algodão doce
e aquelas armas só disparavam bolinhas de sabão
Não chorem crianças do Pinheirinho,
pois tudo foi uma grande brincadeira,
assim, como estas brincadeiras que vemos nos circos
Porém, onde os palhaços, desta vez,
ao invés de vestirem aquelas roupas coloridas
e sapatos esquisitos,
vestiam terno, gravata
e toga
Marcelo Roque
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
GIANNAZI: BLITZKRIEG EM PINHEIRINHO É "GRANDE TRAGÉDIA HUMANITÁRIA"
Por Celso Lungaretti
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) vai pedir ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à Comissão de Direitos Humanos da OEA "uma profunda investigação dos atos da juíza da 6a. vara de São José dos Campos, Márcia Faria Loureiro, e da presidência do Tribunal de Justiça que avalizou a decisão de retirar mais de 6 mil moradores do bairro do Pinheirinho, causando uma grande tragédia humanitária que afrontou e violou a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos elementares, inclusive de crianças, mulheres grávidas e idosos".
A intenção foi anunciada no site de Giannazi (ver aqui), que está finalizando o dossiê a ser encaminhado ao CNJ e à OEA.
Participante das negociações para que o episódio tivesse desfecho pacífico, ele estranhou "o comportamento da juíza em manter a todo o custo a execução da liminar, mesmo com a suspensão por 15 dias do processo da massa falida, acordado no dia 18 de janeiro".
A suspensão visava exatamente dar tempo aos governos federal, estadual e municipal para encontrarem outra solução que não fosse a transformação do Pinheirinho numa "praça de guerra", conforme bem definiu o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República.
"Qual o motivo que levou ao apressamento da retirada dos moradores se a massa falida, responsável pelo pedido de reintegração de posse estava suspendendo o processo na perspectiva de uma saída negociada e pacifica?" --indaga Giannazi.
Ele também levanta um ponto que me causara idêntica estranheza: a desobediência à liminar do Tribunal Federal de Recursos, suspendendo a desapropriação. Havendo conflito entre a Justiça estadual e federal, cabia ao Governo Alckmin aguardar que o Superior Tribunal de Justiça o dirimisse.
Na minha opinião, a pressa em criar-se um ato consumado foi suspeitíssima.
Na minha opinião, a pressa em criar-se um ato consumado foi suspeitíssima.
ESTRATÉGIA DE TENSÃO
O jornalista Hélio Gaspari, em sua coluna desta 4a. feira (25), também veio ao encontro de uma afirmação que eu faço desde o primeiro momento: a de que o Governo Alckmin buscou e forçou o confronto (Gaspari responsabiliza também os organizadores da ocupação e a a Prefeitura de São José):
"Na operação militar que desalojou 1.600 famílias da área ocupada do Pinheirinho, em São José dos Campos, ganhou quem jogou na tensão. Conseguiram mobilizar 1,8 mil PMs, numa operação que resultou em dois dias de choques, no desabrigo de 2.000 pessoas, dez veículos destruídos, quatro propriedades incendiadas e 34 presos.
A gleba foi invadida em 2004 e está avaliada R$ 180 milhões. É o caso de se perguntar o que poderia ter sido feito ao longo de sete anos para evitar que o maior beneficiado pelo espetáculo fosse a massa falida de uma empresa do financista Naji Nahas, que deve R$ 17 milhões à prefeitura".
Faltou Gaspari acrescentar que a mesma estratégia da tensão está sendo adotada na USP e na cracolândia, o que caracteriza algo maior e mais perigoso: um processo de fascistização, que eu vejo como balão de ensaio e ponta de lança do golpismo em escala nacional. Se não for detido, vai se radicalizar cada vez mais e servir como modelo para os reacionários de outros Estados.
Finalmente, repito um alerta que já lancei: o reinício das aulas na USP se dará sob os piores augúrios, depois da provocativa expulsão de seis estudantes durante as férias, reeditando os tempos nefandos da ditadura militar e seu decreto 477.
Se a tropa de ocupação e o reitor imposto não saírem até lá, haverá graves turbulências e talvez até vítimas fatais. A contagem regressiva está em curso.