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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

TORTURADORES ALIVIADOS: NEM MESMO AÇÕES CIVIS OS AMEAÇAM

Por Celso Lungaretti
Não sou adivinho, nem escrevo com base em  chutes, desejos pessoais ou hipóteses improváveis.

Quando aponto a meus leitores o cenário que provavelmente prevalecerá adiante, raciocino exatamente como o enxadrista que sou: de várias evoluções possíveis da situação presente, elejo a que mais se adequa à correlação de forças e às características dos grupos e indivíduos que tomarão as decisões.

Então, quem se der ao trabalho de reler os artigos sobre o Caso Battisti, verificará que as minhas principais previsões viraram realidade.

Quando alguns companheiros se desesperaram com a tendenciosidade do presidente do Supremo Tribunal Federal e do outro ultradireitista que ele escolheu para relatar o processo, sugerindo o lançamento de uma campanha pública para pressionar o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a libertar imediatamente o escritor (o que implicaria passar por cima do STF), rechacei de imediato a proposta e recomendei aos outros líderes do movimento que manifestassem inequivocamente sua desaprovação. Deu certo.

Tendo acompanhado a trajetória de Lula desde o sindicalismo, eu tinha certeza absoluta de que ele jamais confrontaria o STF. Então, pedir o impossível nos atrapalharia na conquista do possível, seja por ensejar antipatias contra nós dentro do Governo e do PT, seja por dar a nossos inimigos a possibilidade de alegarem que temíamos a decisão do Supremo e dela estávamos tentando fugir.

Depois, com esforços titânicos, conseguimos deter a escalada de arbitrariedades de Gilmar Mendes e Cezar Peluso. Eles já haviam induzido três dos seus colegas a revogarem na prática a Lei do Refúgio, usurpando prerrogativa do Congresso Nacional; e a cassarem uma decisão legítima do ministro da Justiça, usurpando prerrogativa do Executivo.

A terceira usurpação concretizaria a infâmia: eles tentaram tornar definitiva a decisão do STF, apropriando-se também de uma prerrogativa do presidente da República, qual seja a de dar a última palavra nesses casos.

Agressão tão extrema às tradições seculares do Direito não seria tão facilmente aceita: o mais legalista dos ministros que Mendes e Peluso estavam arrastando na sua  brietzkrieg  não os acompanhou na consumação do estupro de leis e jurisprudências. Ganhamos a parada.

No mesmo dia escrevi que, tendo o STF depositado nas suas mãos o destino de Battisti, Lula jamais o entregaria aos inquisidores italianos.

Anunciada a decisão presidencial, foi também no mesmo dia que antecipei: Peluso e Mendes ainda esperneariam um pouco antes de reconhecerem a derrota, mas não havia como o Supremo renegar o que ele próprio estabelecera. Dito e feito.

Mas, claro, como revolucionário eu preferiria mil vezes que tivéssemos força política suficiente para impor a libertação imediata de Battisti, encurtando sua agonia. Infelizmente, não a tínhamos.

AS MIRAGENS E O PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO

 Da mesma forma, o caminho para a punição dos torturadores dos anos de chumbo passava obrigatoriamente pela revogação da anistia preventiva que os déspotas concederam a si e a seus esbirros em 1979.

Quando o Governo Lula se curvou às pressões militares em 2008, posicionando-se pela manutenção da  pax  do ditador Figueiredo, intuí que a parada estava perdida e passei a conclamar os companheiros a lutarem pelo que ainda tínhamos chance de conseguir: um veredicto final do Estado brasileiro repudiando a usurpação de poder e estabelecendo a responsabilidade dos envolvidos no festival de horrores subsequente.

Tarso Genro e Paulo Vannuchi, logo após serem derrotados na refrega ministerial pela corrente encabeçada por Nelson Jobim, indicaram aos cidadãos inconformados com a capitulação do Governo o caminho dos tribunais.

Avaliei que os torturadores não corriam maiores riscos, pois nossa Justiça é tão lenta e faculta tantas manobras protelatórias que todos eles estariam mortos bem antes de a primeira sentença chegar à fase de execução.

Quanto à condenação em si, ao menos para efeito moral, dependeria do posicionamento do Governo Lula. Resolvi tudo fazer para evitar que continuasse alinhado com a impunidade, embora intimamente estivesse cético.

Quando os advogados de torturadores pediram o primeiro pronunciamento da Advocacia Geral da União, escrevi vários artigos sobre o absurdo que seria coonestar uma anistia imposta pelos vencedores aos vencidos em plena ditadura e mediante chantagem (a moeda de troca foi a libertação dos companheiros ainda presos e a permissão de volta dos exilados).

Não adiantou: a AGU passou a sempre informar aos juízes que considerava válida a anistia de 1979.

A pusilaminidade do Governo Federal e a omissão do Congresso Nacional deixaram o terceiro Poder de mãos livres para detonar definitivamente qualquer possibilidade de verdadeira justiça.

E o STF não se fez de rogado, produzindo em 2010 uma de suas decisões mais escandalosas e estapafúrdias de todos os tempos. Por ela, bastaria os nazistas terem previamente anistiado os próprios crimes para não existir tribunal de Nuremberg.

Extinta de vez a possibilidade de se responsabilizar criminalmente os torturadores --só ingênuos acalentam a esperança de que seja acatada a decisão do tribunal da OEA, não percebendo que a própria instituição da Comissão da Verdade está servindo como um prêmio de consolação neste sentido--, restaram as ações civis, por meio das quais os algozes poderiam ser declarados torturadores, ter sua pensão cortada ou pagar a conta dos prejuízos por eles causados à União, obrigada a indenizar suas vítimas.

É mais um oásis que evapora ao nos aproximarmos dele: o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo) acaba de decidir que os militares acusados de torturar presos políticos no DOI-Codi paulista durante a ditadura não podem mais ser condenados porque seus crimes já prescreveram.

Ao julgar o caso, a 6ª Turma do TRF respaldou-se na decisão do STF de manter a validade da Lei de Anistia.

Alguém duvida de que será este também o entendimento das instâncias superiores?

Resumo da opereta: só nos resta lutarmos com todas as forças para que a Comissão da Verdade cumpra verdadeiramente seu papel, permitindo que a opinião pública e os pósteros adquiram pleno conhecimento das atrocidades do período, dos nomes de quem as cometeu e de quem as ordenou. 

Todo o resto parecia sólido, mas se desmanchou no ar.

De Gaulle pode não ter dito tal frase, mas ela continua sendo o melhor diagnóstico já feito sobre o Brasil: não é um país sério.

ESQUERDISTAS SELVAGENS DEFENDEM DITADORES SELVAGENS

Por Celso Lungaretti
A informação é do Clóvis Rossi (ver íntegra aqui):
"O relatório da comissão da ONU que investigou a violência na Síria (...) é duríssimo: diz que as forças de segurança sírias cometeram 'graves violações dos direitos humanos', o que inclui execuções sumárias, prisões arbitrárias, desaparições forçadas, torturas, violência sexual, violação dos direitos das crianças -enfim o catálogo completo a que recorrem as ditaduras mais selvagens.

Para o Brasil, não dá mais para repetir a torpe declaração emitida após visita de uma delegação do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) a Damasco, na qual condenaram 'a violência de todas as partes'. Equivalia a igualar vítimas e algozes.

Agora, há um relatório com a chancela de Paulo Sérgio Pinheiro, o brasileiro que preside a comissão..."
O qual, acrescento eu, é um personagem acima de qualquer suspeita de favorecer manobras imperialistas.

Foi, p. ex., indicado pela Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça para representar a sociedade civil no grupo de trabalho que preparou o anteprojeto de lei da Comissão Nacional da Verdade. Constitui exemplo inatacável de dignidade e idealismo, sempre colocando seu brilho intelectual a serviço das causas justas. Uma unanimidade, enfim.

Então, a habituais desqualificações a que recorre uma parcela da esquerda tão selvagem quanto os ditadores que apoia, neste caso não  colarão.

O que me deixa estupefato é a defesa em bloco que tais desatinados fazem dos  tiranos das Arábias.

Um Gaddafi da vida, embora não tenha chegado ao poder graças a revolução nenhuma, mas sim por meio de uma quartelada, teve lá seus rompantes antiimperalistas antes de acertar os ponteiros com os senhores do mundo (revelando grande afinidade com o que o Império tinha de pior, o fascistóide, mafioso e debochado Sílvio Berlusconi).

É algo de que ninguém jamais acusaria o  açougueiro de Damasco, Bashar al-Assad, despótico, conservador e reacionário até a medula, desde sempre.

A vergonhosa tibieza do Governo brasileiro face a uma das piores tiranias do século 21 se deve tão somente a interesses econômicos. Uma variante do  critério  de que "ele pode ser um grandíssimo fdp, mas é nosso fdp".

A esquerda não caudatária do petismo, entretanto, está desobrigada de coonestar o oportunismo governamental.

Mesmo assim, com um primarismo abissal, os esquerdistas selvagens encaram a mais do que necessária derrubada de al-Assad como uma tramóia dos países da Otan para apoderarem-se de riquezas sírias.

Ainda que assim fosse, que cabimento tem tomarmos partido em disputa na qual ninguém é antagonista do capitalismo? Se são só vilãos brigando por um butim, o que importa para nós qual vilão prevalecerá?

Mas, a própria razão de ser da esquerda é defender o povo contra os que o tiranizam e massacram. São milhares as vítimas fatais do  açougueiro de Damasco nos oito últimos meses, 256 crianças incluídas. Até a Liga Árabe vê premência em deter-se a matança.

Estarrecedores também são os casos citados no relatório de abusos sexuais contra menores, como um jovem de 15 anos violado na presença do pai.

O hipotético repúdio à Otan implica o bem real repúdio ao povo sírio e uma vergonhosa cumplicidade com a carnificina que lhe é imposta.

Está mais do que na hora de voltarmos a ter um ideário positivo, priorizando o que se afirma e não o que se nega. Direcionar-se apenas por negações, como uma bússola invertida da imprensa burguesa, nem sempre leva à posição correta e às vezes desemboca em absurdos.

Caso atual: é um completo absurdo a promiscuidade dos herdeiros de Karl Marx com um herdeiro de Vlad Dracul.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Avaaz - Dilma: Salve a Amazônia!

Avaaz - Dilma: Salve a Amazônia!

Esta semana nossa Presidente pode aprovar o novo Código Florestal que colocaria a Amazônia e seus protetores em grande perigo.

Ativistas ambientais foram assassinados e os ruralistas no Congresso estão fazendo uma campanha desavergonhada para que a Presidente Dilma Rousseff sacrifique nossas florestas. Mas quando mais de 1.2 milhões de pessoas se mobilizaram, conseguimos adiar o texto no Congresso, e convencer conselheiros presidenciais a se pronunciarem. Agora o futuro da Amazônia está na caneta da Dilma. Somente uma pressão massiva do público pode fazer com que ela proteja nossas florestas e rejeite a política de ameaças e intimidação.

Os próximos dias são cruciais -- vamos mostrar à Dilma que várias pessoas em todo o Brasil querem que ela vete esse texto retrógrado e preserve o Brasil como um lugar lindo. Clique para enviar uma mensagem diretamente para a caixa de emails da Dilma, para impedir o desmatamento e salvar a Amazônia.

GOVERNOS TOTALITÁRIOS E CORRUPTOS TÊM MESMO DE SER DERRUBADOS

Grandes jornalistas do passado, como Carlos Heitor Cony, são leitura obrigatória para quem procura alternativa à mesmice insossa e ao reacionarismo hidrófobo da imprensa atual.

Seus lampejos são cada vez mais esporádicos mas, quando acontecem, produzem mais luz do que os escribas medíocres durante uma carreira inteira.

Neste domingo (27), p. ex., foi Cony quem melhor definiu (ver aqui) a onda de derrubada dos  tiranos das Arábias --absurdamente defendidos por uma esquerda que perdeu o rumo e o prumo. Marx deve estar se revirando na cova.

Talvez por temerem que a onda chegue às praias de cá e atinja seus homens fortes prediletos, certos esquerdistas enfiaram a cabeça na areia, como avestruzes, alheando-se aos sentimentos populares de acolá.

Se antes os reacionários enxergavam o  dedo de Moscou  em tudo, agora são esses companheiros desatinados que atribuem revoltas mais do que justificadas à instigação da Otan, confundindo coadjuvante com protagonistas.

Então, Cony encontrou a medida certa para dimensionar a onda de revoltas que está sendo apelidada de  Primavera Árabe (na esteira das primaveras de Paris e de Praga em 1968):
"...eu diria que há dois denominadores comuns. O primeiro, e mais óbvio, é o fato de nações subjugadas por tiranos de vários calibres se revoltarem contra governos totalitários e corruptos.

O segundo denominador comum é que ninguém sabe -nem o pessoal de lá nem o de cá, ou seja, do Ocidente que se diz democrático ou liberal- o que está sendo preparado para substituir os regimes depostos.
 Não há uma liderança clara, um programa nacional de corte positivo. Em cada país, há o ostensivo repúdio ao existente, mas não está claro, ainda, o que virá depois. Somente o sentimento da revolta não basta para haver uma Primavera Árabe de fato.
Essa falta de liderança -pensando bem- não afeta apenas os países que estão se movimentando em busca de um destino maior e melhor.

Tanto na Europa como nas Américas, não há líderes convincentes..."
Ou seja, os povos da região não sabem direito aonde querem chegar, mas não aguentavam mais continuarem onde estavam.

Quase sempre é assim que os povos reagem às tiranias: um belo dia se convencem de que o  grande ditador  pode ser defenestrado e, arriscando-se à morte e às piores torturas, levantam-se contra o velho regime.

Aí, cabe à vanguarda assumir e direcionar essa revolta espontânea.

Inexistindo uma vanguarda apta, como parece ser o caso, fica-se depois nesse limbo. Tudo pode acontecer, desde a estabilização capitalista até revoluções anticapitalistas. O jogo agora está aberto.

Alguém que se pretenda revolucionário não pode, jamais, querer que o povo de qualquer país permaneça sob o tacão de "governos totalitários e corruptos".

Assim como nos livramos do nosso em 1985, os árabes têm todo direito de se livrarem dos deles.

E, assim como os EUA de Jimmy Carter nos ajudaram a expelir os tiranos que os EUA de Lyndon Johnson e Richard Nixon nos haviam enfiado goela adentro, os árabes têm todo direito de buscar qualquer ajuda que possam obter.

Quem enfrentou verdadeiramente uma ditadura, sabe muito bem como é difícil travar lutas tão desiguais, tendo poder de fogo infinitamente menor e confrontando inimigos totalmente sem escrúpulos.

Exigir que, além disto, os revoltosos recusem apoios oferecidos é pedir-lhes demais --atitude típica dos revolucionários de boteco. (Celso Lungaretti)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

BONEQUINHA DE LUXO - MARCELO ROQUE


Bonequinha de Luxo

Outro dia, assistindo tv, me deparei com um comercial
direcionado às crianças, onde se promovia uma boneca
de mais uma destas apresentadoras infantis, da qual,
sinceramente, não lembro o nome, afinal, todas as
apresentadoras de programas infantis são iguais
Neste instante, ao ver aquela "inocente" bonequinha,
e sabendo do voraz apetite comercial de todos os envolvidos
nas vendas destes brinquedinhos, somado ao desprezo que
possuem pelo real bem estar das crianças, pois, para esta gente,
criança é sinônimo de lucro fácil, pensei :
"Muito me admira ainda não terem criado a boneca da mulher
melancia, melão, uva, ou de qualquer outra "fruta"
Chocante ??? Claro que não, já não fabricam a Barbie ?!

Marcelo Roque

ANISTIA INTERNACIONAL CRITICA BOICOTE A REUNIÃO SOBRE BELO MONTE

DIRETOR DE ANISTIA INTERNACIONAL CRITICA AÇÃO BRASILEIRA CONTRA REUNIÃO DA CIDH DA OEA NO CASO BELO MONTE




Carlos A. Lungarzo

Numa das suas primeiras aparições públicas, o novo diretor no Brasil de Anistia Internacional, o historiador e cientista político brasileiro ATILA ROQUE, manifesta sua decepção pelo boicote do Brasil à audiência da COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS DA OEA, em que se discute a questão de Belo Monte, um super empreendimento que antecipa uma espécie de genocídio tecnológico contra as nações indígenas do Xingu. 
Roque faz notar, gentilmente, que esta atitude do governo "não corresponde ao histórico do Brasil". No intuito de tornar o mais eficaz e isenta possível a luta pelos direitos humanos, AI evita sempre se envolver em questões estritamente políticas que não sejam essencialmente relevantes ao caso em apreço. Entretanto, creio que vale a pena lembrar que o estado brasileiro participa em quase todas as reuniões multilaterais para as quais é convocado, mas apenas de maneira formal. Na prática, está entre os países que menos cumprem acordos sobre direitos humanos, refúgio, direitos da mulher e da criança, ecologia, etc. Contam-se com os dedos às vezes que foram aplicadas algumas punições por crimes de tortura e racismo. Já o número de refugiados do Brasil (menos de 6000) está por baixo do nível 80º na escala mundial. Brutalidade policial, maltrato de mulheres e crianças, trabalho escravo não são seriamente inibidos, a tal ponto que nem são acessíveis estatísticas sobre os casos em que se cometem estes crimes.
Genocídios rurais e urbanos são quase desconhecidos hoje em dia em Ocidente: casos como Carandiru, Vigário Geral, Candelária, El Dorado, etc., ocorrem em poucos países (eventualmente Colômbia e México), e sempre em proporção menor. Uma chacina numa prisão de Guatemala cobrou 8 vítimas, contra 111 de Carandiru, e o ministro de justiça deveu fugir o pais, mas foi encontrado com mandato de busca internacional. O assassinato de Dorothy Stang, e a super-chacina de El Dorado foram alvo de numerosos truques jurídicos. Autores de crimes do nível dos aplicados pelo nazismo são promovidos pelo governador de São Paulo para liderar as forças e choque policial. Todos estes fatos, além de contrários aos direitos humanos, são também contrários a numerosos acordos que o Brasil assinou.
O Diretor de AI tem enfatizado, corretamente, que Brasil há subtraído da miséria absoluta uma parte significativa da população, mas estas políticas sociais, apesar de imprescindíveis, não podem ser permanentemente usadas para banalizar os direitos humanos e das comunidades. Apesar da afirmação irônica feita pelo então candidato a presidente Lula em 2002, dizendo que os direitos humanos consistiam em dar três refeições por dia a cada popular, deve reparar-se que para comer é necessário estar vivo e saudável, além de ser tratado com dignidade, o que talvez seja considerado um luxo por alguns políticos.
O Estado Brasileiro aspirou sempre a consolidar sua hegemonia regional com base nas construções de obras faraônicas que depredaram em muitos casos os habitat de populações inteiras, e distorceram radicalmente a ecologia e o clima. Esta política tem uma antiga base no chauvinismo de Itamaraty, associado com a paranoia das casernas, que fabricam projetos gigantescos para defender-se da “cobiça” dos estrangeiros, os quais, em realidade, não precisam de nenhuma ação violenta para ter acesso às riquezas do país.
Obtenção de energia elétrica e nuclear a qualquer custo, ou industrialização poluidora nos moldes do primitivo capitalismo, tem sido constantes na política nacional. Neste caso, a situação se agrava porque, ao estar envolvidas principalmente nações indígenas, a tradição etnocida das sempre vicejantes “bandeiras” das altas classes nacionais, banaliza os perigos do projeto Belo Monte. Ele, certamente, não seria assumido se pudesse afetar, por exemplo, o Estado de São Paulo.
Aliás, há ainda um ponto mais essencial, levantado por algumas pessoas de bom senso, mesmo alheias aos detalhes técnicos do projeto. TANTA ENERGIA ELÉTRICA SERÁ DESTINADA A QUÊ?
Trata-se do consumo normal de famílias e instituições para cuidar do dia-a-dia, da saúde, da alimentação, da educação, ou para multiplicar as indústrias poluidoras que só s existem graças ao consumismo das grandes cidades, onde os desastres das populações, flora e fauna do XINGU não será percebidos?




O seguinte é o texto da Agência Brasil sobre as Manifestações de Atila Roque

A Anistia Internacional considerou “decepcionante” a ausência do Brasil na audiência da Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), no fim de outubro, que discutiu os impactos socioambientais da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no Rio Xingú, no Pará, e que deve ser a terceira maior do mundo.
Para o novo diretor regional da organização no Brasil, Atila Roque, o governo brasileiro se comportou como governos de países que violam os direitos humanos e ignoram tratados internacionais quando são contrariados. “Essa atitude não corresponde ao histórico do Brasil em relação aos organismos internacionais de direitos humanos, que sempre foi o de fortalecê-los. Esvaziar e tentar desqualificar organismos multilaterais que lançam alertas sobre assuntos ligados ao Brasil demonstram que ainda há um despreparo do país para ocupar um lugar de mais destaque porque, para se almejar um papel de peso na esfera global, é preciso estar preparado para lidar com essas situações. Espero que esse tenha sido um desvio momentâneo”.
Em abril, a Comissão de Direitos Humanos da OEA pediu a suspensão imediata da construção da usina para que as comunidades ribeirinhas e os índios da região pudessem ser ouvidos pelo Congresso Nacional, como determina a Constituição. O Brasil respondeu que os Poderes Executivo e Legislativo são os responsáveis por fiscalizar as obras de Belo Monte e que a Justiça supervisiona, de forma imparcial e independente, o respeito aos direitos humanos dessas populações.
Sobre a posição brasileira em relação à ausência de representantes do governo brasileiro na audiência da comissão, o Itamaraty alegou que não surgiram fatos que justificassem um novo debate. E assegurou que o país age dentro da legalidade na questão dos direitos humanos.
O novo diretor regional da Anistia Internacional, que assumiu ontem (21) o escritório provisório da organização, na zona sul do Rio, também chamou a atenção para a responsabilidade do Brasil em ações no exterior. “O Brasil, hoje, é um ator que investe muito fora do Brasil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES] apoia, tem várias linhas de financiamento que beneficiam empresas brasileiras e grandes projetos na África e na América do Sul e tudo isso tem um forte impacto na agenda de direitos humanos”, disse Atila.
Carioca do subúrbio de Bento Ribeiro, o cientista político Atila Roque é um dos fundadores do Fórum Social Mundial, foi diretor executivo da ActionAid International, em Washington, entre 2003 e 2006, e, antes de integrar a Anistia Internacional, trabalhou para o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
Atila explicou que a Anistia Internacional vai priorizar, em uma  primeira etapa, temas considerados mais críticos, como situação dos índios, segurança pública e reformas urbanas por causa da Copa do Mundo e das Olimpíadas. “Queremos cidades inclusivas, que não produzam exclusão em nome da modernização. Por isso, vamos acompanhar os impactos dessas reformas na população, daqui até as Olimpíadas”.
Criada em 1961 e presente em mais de 80 países, a Anistia Internacional recebe e investiga denúncias de perseguição, prisões políticas, torturas e execuções, entre outras violações de direitos humanos. Também envia missões de observação de julgamentos de violadores de direitos humanos nos países onde não tem escritório de representação.
“Nossa intenção é ter um olhar nacional e uma presença em outras cidades e que, ao longo dos anos, tenhamos, inclusive, escritórios em outras cidades do Brasil. Sempre com a coragem de ir fundo no levantamento das denúncias e de pressionar os governos para promoverem direitos humanos com a força dos nossos 3 milhões de integrantes espalhados pelo mundo”, disse Roque.
Fonte: Mercado Ético

ANISTIA INTERNACIONAL:NOMEADO DIRETOR PARA O BRASIL





Anistia Internacional: Nomeado Diretor para o Brasil
Carlos A. Lungarzo
AIUSA 9152711
No dia 21 de Novembro, a organização de Direitos Humanos com sede em Londres, ANISTIA INTERNACIONAL, anunciou a escolha de um novo diretor executivo, após de mais de 10 anos da saída da ONG do Brasil. Essa saída foi causada em 2001 por pressões que ainda não foram plenamente elucidadas, mas que, na época, incluíram o acionar de empresas privadas e de instituições e pessoas identificadas com a antiga ditadura, criando uma situação crítica que foi aproveitada por outras pessoas de ideologia diversa.
Para os defensores de Direitos Humanos, esta é uma boa notícia. Entretanto, sendo a memória a base das ações futuras, a existência de fatos obscuros no passado deve ser, quando possível, esclarecida, e isto é o que faremos em alguns artigos que ainda não possuem data marcada. Há vários estudos sobre aqueles problemas dos anos 90, mas é necessária uma apresentação objetiva e científica, dentro do estilo em que a ONG sempre trabalhou.
O comunicado oficial de Anistia Internacional (que publicamos na íntegra como continuação deste comentário) inclui a biografia do novo diretor Atila Roque. (Vide o comunicado.) Detalhes adicionais de sua biografia são os seguintes.
Atila Roque é cidadão brasileiro, ativo nos aspectos da advocacia por causas sociais e ambientais. Mediante a comunicação entre diversas organizações sociais, cujo diálogo ajudou a estabelecer, constitui-se num dos fundadores do Foro Social Mundial, que começou em Porto Alegre (RS), antes de tornar-se, como é atualmente, um foro globalizado.
AI possui vários tipos de instituições instaladas em diversos países. As mais completas, que estão estabelecidas em mais de 40 países, são as seções. Existem 8 seções nas Américas. Uma seção é uma unidade que pode realizar todas as tarefas aceitas pelo Secretariado Internacional de Londres, sob seu monitoramento, como as de recrutar voluntários, agitar campanhas com seus ativistas, realizar denúncias e aplicar na prática os resultados de investigações feitos pelo Secretariado. Para tanto, pode editar material informativo, organizar reuniões, atos, festivais e encontros, como é comum nas grandes seções mundiais.
O organismo de AI que existiu no Brasil até 2000 era uma seção. Ela foi criada nos anos 80, e sua autorização para funcionar dada por Londres pode atribuir-se ao entusiasmo gerado pelo fim da ditadura.
A seção brasileira teve pessoas de grande relevo como Rodolfo Konder, José Arbex e outros, mas os fatos não foram “propícios”.
Nessa época, foram criadas seções na Argentina, no Uruguai e no Chile, que funcionam normalmente. As normas anteriores, que exigiam 10 anos de prova como eficientes gestores de políticas de DH a seus fundadores, foram abrandadas por razões compreensíveis: a necessidade de lutar pelos DHs em países onde estes tinha sido proscritos e perseguidos durante décadas. De fato, a política deu certo e, nos três outros países do Cone Sul o resultado é satisfatório.
Além de seções, existem grupos de trabalho filiados, entidades chamadas estruturas que poderão eventualmente tornar-se seções se seu trabalho o justificar, e redes internacionais, que são redes mundiais de comunicação digital, veiculadas através da Internet, onde membros de diversos países colaboram para trocar informação e unificar esforços para ações específicas. A mais conhecida é a Rede de Ação Urgente (RAU), que fora fundada justamente para a proteção do professor brasileiro Luiz Basílio Rossi, preso durante a ditadura. Existem outras redes organizadas por AI.
A RAU funciona com base em apelos, denúncias e pedidos individuais de respeito a prisioneiros, de investigações sobre pessoas desaparecidas, e assim em diante. Seu sucesso até hoje tem sido excecional.
A coordenadora da RAU para a população lusófona é Cláudia Duarte, que fora membro da seção brasileira, cujo trabalho foi apoiado desde há muitos anos por vários membros da extinta seção.
O perfil de Cláudia pode ser visto em https://profiles.google.com/duarte.cau/about
Como fruto da atividade da equipe de tradutores voluntários existe um site em português:
Claudia, que é jornalista, coordena também alguns sites sobre proteção a jornalistas:
www.cpj.org

Existem também membros internacionais, que são membros semi-independentes, que aplicam os princípios da organização e estão obrigados a não afastar-se dos valores e metodologia da mesma, mas estão ligados a uma seção que não está em seu país. Isto acontece com frequência, mas não unicamente, quando os ativistas moram em países que não possuem seção.
No atual caso, a instituição aberta no Brasil é um escritório (office), cujo objetivo é recolher informação, interagir com a sociedade, expressar a situação dos DH no país, e fazer denúncias ou recomendações, inclusive às autoridades do poder público. Por enquanto, não foi estabelecido se este escritório mobilizará voluntários para ações de tipo grassroots.
É sabido que a motivação mais forte para implantar este escritório foi a necessidade de confrontar os abusos sofridos pela população brasileira, com as expulsões em massa das favelas e os avanços das milícias, mas isto não exclui a ação geral de AI na preservação dos DH, como luta internacional contra a pena de morte e a tortura, violência contra a mulher, racismo, etc.
A urgência do deterioro da situação dos Direitos Humanos no RJ é a causa de que este escritório esteja instalado na cidade do Rio de Janeiro.
Não sabemos se está sendo cogitada a criação de uma seção como a que já existiu, nem, em caso afirmativo, quando será isso. A experiência internacional mostra que quase todas as seções têm funcionado bem, mas, para tanto, é necessário um amadurecimento dos ativistas, e a capacidade de blindar sua ação dos ataques de diversas fontes externas, que podem não apenas obstruir fisicamente, como difamar seu trabalho, tentar politizá-lo, e distorcê-lo por meio de canais que certos setores da sociedade dominam.
Enquanto isso, os membros da antiga seção que continuaram dedicando-se à Organização, ou os filiados às seções de outros países, possivelmente continuem como membros independentes, até que se perfile uma seção nacional.
Que eu saiba, este assunto ainda não foi tratado, mas, certamente, a presença de um escritório de AI no Brasil já é um forte estímulo para nós.

COMUNICADO DE ANISTIA INTERNACIONAL

Anistia Internacional nomeia diretor para novo escritório no Brasil
A Anistia Internacional anunciou hoje a nomeação de Atila Roque como Diretor do novo escritório da organização no Brasil.                                
"Estamos muito animados com a abertura de nosso novo escritório no Brasil, num momento tão importante de sua história, e tendo alguém com a experiência e o talento de Atila Roque para conduzir nosso trabalho no país", disse Salil Shetty, Secretário-Geral da Anistia Internacional. 
"Com uma presença permanente no país poderemos somar nossos esforços aos de um vibrante movimento nacional de direitos humanos, para que os direitos humanos de todas as pessoas sejam respeitados, bem como para aumentar a conscientização no Brasil sobre questões internacionais de direitos humanos."
Atila Roque vem integrar a Anistia Internacional num momento em que a organização busca fortalecer as vozes dos países em desenvolvimento em sua mensagem global de direitos humanos e quando o Brasil assume uma posição cada vez mais influente no palco internacional.
A Anistia Internacional no Brasil seguirá trabalhando sobre questões globais tão diversas quanto a pena de morte nos Estados Unidos, os prisioneiros de consciência na China e os despejos forçados em Angola.
No plano doméstico, a organização enfocará questões de segurança pública, de direitos dos povos indígenas e de direitos à moradia, assim como a contínua falta de justiça para os abusos cometidos durante a ditadura militar.
"O Brasil fez avanços significativos na consolidação da democracia e no desenvolvimento social. Nos últimos anos, o país experimentou um crescimento econômico acelerado que favoreceu a redução da pobreza extrema. Entretanto, ainda há muito a ser feito para que todos os brasileiros e brasileiras tenham os seus direitos humanos realizados plenamente,  sem discriminações", afirmou Atila Roque.
"Junto com nossos parceiros da sociedade civil e com as organizações de defesa dos direitos humanos, a Anistia Internacional quer contribuir para melhorar a vida das pessoas mais seriamente afetadas por violações de direitos humanos e para consolidar uma cultura de direitos humanos no Brasil."
"Em um contexto internacional no qual o Brasil desempenha um papel mais ativo no palco mundial, a Anistia Internacional pode trazer uma dimensão global às campanhas locais. Esperamos inspirar cidadãos e cidadãs brasileiros a se juntarem aos ativistas da Anistia em todo o mundo para combater as violações de direitos humanos onde quer que aconteçam", disse Atila.

Informações complementares

Atila Roque nasceu no Rio de Janeiro em 1959.
Antes de juntar-se à Anistia Internacional, ele integrou o Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC) onde, desde 2006, fazia parte do Colegiado de Gestão da organização.
Entre 2003 e 2006, foi Diretor Executivo da ActionAid International-EUA, em Washington/DC.
Anteriormente, Atila havia sido Coordenador de Políticas Públicas e Globalização do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), posição na qual também atuou como coordenador do Social Watch (Observatório da Cidadania), uma rede global que monitora os compromissos assumidos pelos governos em conferências sociais promovidas pela ONU, tais como as conferências de Viena (Direitos Humanos, 1993), Pequim (Direitos das Mulheres, 1995), Copenhague (Desenvolvimento Social, 1995) e Durban (Racismo, 2001). Ele foi Diretor da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (ABONG) e um dos fundadores do Fórum Social Mundial, em 2001.
Atila é Bacharel em História pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Ciências Políticas pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). 
Ele é autor de diversos artigos, entre os quais: “Construção e desconstrução do silêncio: reflexões sobre o racismo e o antirracismo na sociedade brasileira”, publicado no livro Caminhos Convergentes: Estado e sociedade na superação das desigualdades raciais, e “Desafios e dilemas sobre o debate do racismo no Brasil”, publicado na obra Sociedade e Novas Políticas.
FIM DO COMUNICADO DE ANISTIA INTERNACIONAL
Anistia Internacional
Comunicado à Imprensa – Índice AI:
21 de novembro de 2011
 

MINISTÉRIO PÚBLICO DENUNCIA TRUCULÊNCIA DA PM NA USP

Por Celso Lungaretti

A Folha.com noticia: o Ministério Público solicitou abertura de inquérito para apurar brutalidade policial durante a desocupação da reitoria da Universidade de São Paulo, no último dia 8: utilização de bombas de efeito moral, ameaças aos estudantes, bloqueio desnecessário dos seus caminhos, etc. 

Em suma, as intimidações e provocações de sempre.

Uma estudante que mora no Crusp -- ala residencial para alunos da USP -- me escreveu dizendo-se sexualmente assediada por um PM durante a versão brasileira de As invasões bárbaras. Mas, teme revelar o seu nome e a humilhação que sofreu.

O promotor Eduardo Ferreira Valério revelou possuir mais de dez relatos sobre a atuação dos PMs no Crusp, que ele qualificou de "truculenta".

Como diria o Nelson Rodrigues, é o  óbvio ululante...

Eu gostaria que a PM tratasse os mandachuvas da grande imprensa de forma tão civilizada quanto agiu na USP, segundo a versão edulcorada, engana-trouxa, que seus veículos difundiram.

O caso foi enviado para o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), para a Corregedoria da PM e para o Gecep (grupo do Ministério Público que fiscaliza a polícia).

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ARQUIBANCADA - MARCELO ROQUE; Glória Kreinz divulga


Arquibancada
Uma imagem, verdadeiramente, perfeita - digitalizada
Com uma gama de cores infindáveis, e onde nenhum detalhe, por menor
que seja, escapa aos nossos olhos
Um número imenso de câmeras, estrategicamente posicionadas, vão
buscar o lance por todos os ângulos - fica claro saber se foi ou não
impedimento ou, se o penalti foi corretamente marcado
Sem contar com os comentaristas que ficam sempre à disposição, para
comentarem desde o desempenho de cada jogador e tecnico, como
também da comissão de arbitragem, visando esclarecer assim, todas as nossas dúvidas
Definitivamente, cada vez mais, assistir uma partida de futebol pela
televisão esta, tecnologicamente, mais sedutor
E confortavelmente sentado no sofá, tendo o controle remoto à mão,
mais e mais pessoas desfrutam de tamanha regalia
Porém, ainda assim, resistem àqueles que preferem ir ao estádio.
Que gostam mesmo é de sentir na pele toda a atmosfera que envolve
uma partida
Enquanto diante da tv, perde-se toda a visão periférica do jogo, já que
ele se reduz ao quadro fechado onde esta a bola, no estádio,
acompanha-se não apenas a jogada, como tudo que esta a sua volta
Pode-se ouvir a respiração tensa do torcedor que esta ao seu lado;
o grito do vendedor de água tentando vender o seu peixe; o sussurro
de um pai no ouvido do filho, estimulando-o a cantarolar o nome do time
do coração; o apito estridente do árbitro na marcação de uma falta
prontamente e, efusivamente, contestada por torcedores mais exaltados;
dá pra se observar toda a distribuição dos jogadores em campo e, inclusive, perceber quais os melhores atalhos para se chegar ao gol
do adversário; pode se perceber, também, o erro de posicionamento da defesa do seu time, o que poderá proporcionar a equipe adversária, a oportunidade de tirar bom proveito em um contra-ataque
Por fim,por mais que a televisão busque seduzir os amantes do futebol,
oferecendo-os inumeros atrativos tecnológicos, o máximo que conseguirá o telespectador é, passivamente, e de forma estreitíssima, assistir ao jogo, enquanto na arquibancada, tendo o campo de visão bem mais aberto e sem se prender aos comentários de nenhum "especialista" da matéria, o torcedor terá a oportunidade de fazer sua própria leitura da partida

Pois bem, como em uma partida de futebol vista pela tv, é assim que
a Grande Mídia quer que vejamos as coisas - de uma forma simplista e reduzida - onde tudo nos é passado devidamente "enquadrado" e comentado
Querem que nos concentremos na bola, apenas nela. O que acontece perifericamente não interessa
Querem que acreditemos que, a bola, em si, representa a causa e o efeito - e enquanto uma infinidade de coisas acontecem ao seu redor, e resultam direta ou, indiretamente, na direção que tal esférico objeto irá tomar, as ignoramos completamente, para nos focarmos somente no resultado final de todas estas articulações, ou seja, ao mínimo espaço no gramado onde encontra-se justamente ela, a bola

Marcelo Roque

Ataque contra comunidade Kaiowá Guarani registra morte e desaparecimentos

CIMI - Conselho Indigenista Missionário

Renato Santana

De Brasília

O saldo é de um indígena assassinado, quatro desaparecidos e uma porção de feridos no acampamento Tekoha Guaiviry, entre os municípios de Amambai e Ponta Porã (MS), onde uma comunidade Kaiowá Guarani foi atacada por um grupo com cerca de 40 pistoleiros - munidos com armas de groso calibre - na manhã desta sexta-feira (18).

Os números deverão ser mais bem esclarecidos durante a próxima semana, quando os indígenas estiverem recompostos no acampamento – por enquanto estão espalhados, em fuga.

Conforme o apurado junto a sete mulheres indígenas que fugiram pela mata e chegaram aos municípios de Amambai e Ponta Porã, durante a correria três jovens – J.V, 14 anos, M.M, 15 anos, e J.B, 16 anos - teriam sido baleados, sendo que um encontra-se hospitalizado e os outros dois desaparecidos.

“A gente não sabe se os dois desaparecidos tão mortos ou se foram sequestrados pelos pistoleiros, mas a certeza é de que foram atingidos e caíram”, disse uma das indígenas. Na fuga, elas eram um grupo de 12 mulheres. Cinco acabaram ficando para trás. Uma mulher e uma criança, conforme outros indígenas relataram ao Ministério Público federal (MPF), também são dadas como desaparecidas.

A Polícia Federal, integrantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e conselho Aty Guassu (Grande Assembleia Guarani), Fundação Nacional do Índio (Funai) e MPF estiveram no acampamento. Conforme nota, o MPF abriu investigação e na perícia constatou marcas de sangue que remontam a cena de um corpo sendo arrastado.

Possivelmente o do cacique Nísio Gomes, 59 anos, executado com tiros de calibre 12. Depois de morto, o corpo do indígena foi levado pelos pistoleiros – prática vista em outros massacres cometidos contra os Kaiowá Guarani no MS. As informações foram passadas logo depois do ataque por um indígena que correu para pedir socorro. Não há confirmação se além de Nísio outros indígenas foram mortos – mesmo os dois rapazes baleados e que estão desaparecidos.(...) leia mais em : http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=5953&action=read



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Cacique Kaiowá Guarani é morto por pistoleiro em acampamento - 24 Horas News - Seu portal de notícias em Mato Grosso

Cacique Kaiowá Guarani é morto por pistoleiro em acampamento - 24 Horas News - Seu portal de notícias em Mato Grosso
Adital


A luta dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul (Brasil) por paz e pelo direito de usufruir de sua terra parece estar longe de acabar. Na manhã desta sexta-feira (18), Tonico Guarani-Kaiowá, membro do Aty Guasu, denunciou, por meio do Programa Kaiowá/Guarani da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, a massacre praticado no acampamento Tekoha Guaiviry, no município de Amambaí.

Por volta das 6h30 desta sexta, 42 pistoleiros mascarados e fortemente armados invadiram o acampamento e tiraram a vida do cacique Nísio Gomes, de 67 anos, morto com vários tiros de calibre 12 nos braços, pernas, peito e cabeça. Ao se retirarem da comunidade os pistoleiros levaram consigo o corpo do cacique.

De acordo com o kaiowá Valmir, filho de Nísio, uma mulher e uma criança também foram assassinados e seus corpos levados por uma caminhonete de cor cinza. Ao tentar apurar o fato, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) recebeu informações de que, além dos assassinatos, dois jovens e uma criança haviam sido sequestrados, no entanto, ainda não há informações precisas já que a comunidade está apreensiva e abalada com o fato.

Alguns indígenas ainda permanecem no acampamento, mas a maior parte dos 60 Kaiowá Guarani da comunidade fugiu para o mato. Em sua denúncia ao programa da UCDB, Tonico afirmou que alguns pistoleiros ainda permanecem no local cercando o acampamento e impossibilitando o retorno dos que estão na mata.

Em entrevista ao Cimi, um indígena cujo nome foi mantido em sigilo por segurança, deixou claro que os Guarani-Kaiowá não vão abandonar o local. "O povo continua no acampamento, nós vamos morrer tudo aqui mesmo. Não vamos sair do nosso tekoha”, afirmou. Lideranças do Aty Guasu Guarani e Kaiowá estão se organizando para voltar ao local do ataque.

O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal de Ponta Porã e a Fundação Nacional do Índio (Funai) já foram informadas sobre o caso.

Massacre de índios em acampamento em Amambaí

Massacre de índios em acampamento em Amambaí: (recebida de Guilherme Valle) Segue a carta dos estudantes Guarani e Kaiowa dos cursos de ciências sociais e história. As informações contidas na carta foram recebidas por pessoas que estavam no acampamento na hora do massacre. Peço, por gentileza, que ajudem na divulgação para que possamos agregar mais gente na luta contra a violência contra os povos indígenas. "Por volta das seis horas chegaram os pistoleiros. Os homens entraram em fila já chamando pelo Nísio. Eles falavam segura o Nísio, segura o Nísio. Quando

é visto, recebe o primeiro tiro na garganta e com isso seu corpo começou tremer. Em seguida levou mais um tiro no peito e na perna. O neto pequeno de Nísio viu o avô no chão e correu para agarrar o avô. Com isso um pistoleiro veio e começou a bater no rosto de Nísio com a arma. Mais duas pessoas foram assassinadas. Alguns outros receberam tiros mas sobreviveram. Atiraram com balas de borracha também. As pessoas gritavam e corriam de um lado para o outro tentando fugir e se esconder no mato. As pessoas se jogavam de um barranco que tem no acampamento. Um rapaz que foi atingido por um tiro de borracha se jogou no barranco e quebrou a perna. Ele não conseguiu fugir junto com os outros então tiveram que esconder ele embaixo de galhos de árvore para que ele não fosse morto. Outro rapaz se escondeu em cima de uma árvore e foi ele que me ligou para me contar o que tinha acontecido. Ele contou logo em seguida. Ele ligou chorando muito. Ele contou que chutaram o corpo de Nísio para ver se ele estava morto e ainda deram mais um tiro para garantir que a liderança estava morta. Ergueram o corpo dele e jogaram na caçamba da caminhonete levando o corpo dele embora. Nós estamos aqui reunidos para pedir união e justiça neste momento. Afinal, o que é o índio para a sociedade brasileira? Vemos hoje os direitos humanos, a defesa do meio ambiente, dos animais. Mas e as populações indígenas, como vem sendo tratadas? As pessoas que fizeram isso conhecem as leis, sabem de direitos, sabem como deve ser feita a demarcação da terra indígena, sabem que isso é feito na justiça. Então porque eles fazem isso? Eles estão acima da lei? O estado do Mato Grosso do Sul é um dos últimos estados do Brasil mas é o primeiro em violência contra os povos indígenas. É o estado que mais mata a população indígena. Parece que o nazismo está presente aqui. Parece que o Mato Grosso do Sul se tornou um campo de fuzilamento dos povos indígenas. Prova disso é a execução do Nísio. Quando não matam assim matam por atropelamento. Nós podemos dizer que o estado, os políticos e a sociedade são cúmplices dessa violência quando eles não falam nada, quando não fazem nada para isso mudar. Os índios se tornaram os novos judeus. E onde estão nossos direitos, os direitos humanos, a própria constituição? E nós estamos aí sujeito a essa violência. Os índios vivem com medo, medo de morrer. Mas isso não aquieta a luta pela demarcação das terras indígenas. Porque Ñandejara está do lado do bom e com certeza quem faz a justiça final é ele. Se a justiça da terra não funcionar a justiça de deus vai funcionar". Estudantes Guarani e Kaiowá dos cursos de ciências sociais e história e moradores da aldeia de Amambaí.