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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

SOBRE SONHAR - Marcelo Roque

Sobre Sonhar

Sonhe, sonhe muito,
sonhe alto
Sonhe com tudo,
com todos
e a todo instante
Pois, de real, em cada um de nós,
apenas os sonhos
e nada mais

Marcelo Roque

DE onde veio a escola - 1 / 4

As primeiras sociedades que criaram instituições de ensino foram a mesopotâmica e a egípcia.No império dos faraós, o acesso às escolas era restrito aos membros da elite,e os menos abastados se limitavam a aprender o necessário para tornarem-se bons artesãos e agricultores.


Uma das principais funções da escola no Egito era formar os ESCRIBAS. Esses profissionais aprendiam a usar os hieróglifos e o sistema cuneiforme de escrita (mais utilizado na comunicação com outras nações) para fazer a contabilidade estatal do império faraônico.



http://www2.uol.com.br/historiaviva/multimidia/de_onde_veio____a_escola.html

AINDA SOBRE O ARTISTA MÍTICO QUE HABITA A MEMÓRIA DA SUA CANÇÃO

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Depois de finalizado, postado e expedido o artigo Vandré: de rei a trapo em 58 dias, ocorreu-me outra solução para a charada, que honestamente dividirei com vocês, já que nunca tive compromisso com prestígio e infalibilidade.

Freud nos ensinou que lapsos são significativos, costumam trazer à tona a verdade que não se pode revelar ou não se quer admitir.

Então, chamou-me a atenção que, na entrevista de 2004, Vandré situou sua volta ao Brasil no final da década de 1970. Evidentemente, a imprecisão foi atribuída a problemas mentais.

No Dossiê Globo News, entretanto,  ele agora forneceu as datas de chegada e de anúncio da chegada com total precisão: 14 de julho e 11 de setembro.

Parece que, tanto em 2004 quanto agora, ele nos deu uma dica: os motivos de sua mudança de comportamento devem ser buscados em 1973.

Veio-me à lembrança o episódio do dirigente bolchevique que, ao depor num dos julgamentos stalinistas, admitiu os crimes mais inverossímeis, como espionagem a serviço das potências ocidentais e tentativa de envenenar os reservatórios de água soviéticos.

Mas, lá pelas tantas, encaixou a frase: "Todos sabemos que a tortura é um instrumento medieval de justiça".

Os tacanhos Torquemadas acreditaram que ele estivesse negando a existência da tortura na URSS. Mas, na verdade, mandara um recado cifrado, de que se acusava daqueles absurdos para que não o supliciassem mais.

Não fui o único a notar que Vandré nos deu toques nas entrelinhas.

Mas, por que tantos rodeios, afinal? O que o impedia de, em plena democracia, dar os nomes aos bois?

Aí, lembrei-me das três ou quatro horas que papeamos em 1980, no seu apartamento da rua Martins Fontes (SP).

O mais significativo de tudo foi a resposta que deu quando perguntei se, aproveitando a liberação pela censura da "Caminhando" e o sucesso que fazia na voz da Simone, ele não aproveitaria para reatar sua carreira.

Respondeu que a música poderia voltar mas, se ele tentasse voltar junto, correria sério risco pessoal.

Perguntei se havia sido ameaçado. Desconversou.

Concluí que ele estivesse se referindo aos atentados terroristas então cometidos pela  linha dura, na tentativa de inviabilizar a  distensão lenta, gradual e progressiva  do ditador Geisel. Se incendiavam bancas de jornais e expediam cartas-bombas a torto e a direito, o que lhes impediria de atentarem contra um artista-símbolo?

Mas, e se a razão do seu temor fosse outra? E se houvesse passado por situações tão traumáticas que a possibilidade de revivê-las fosse totalmente inadmissível para ele?

Ora, com certeza os militares se aproveitariam disto. Por exemplo, com uma variante do velho artifício do  policial ruim x policial bom.

Com os presos políticos mais jovens essa jogada era quase sempre tentada. Uns torturadores se mostrando mais bestiais ainda que de hábito, enquanto outro agente fingia compadecer-se e estar tentando ajudar.

Com militantes quase nunca colava. Mas, com um artista, quem sabe?

E, se os espantalhos seriam naturalmente os gorilas das outras Armas, mais identificadas com a repressão política, os aviadores se constituiriam na opção óbvia para o papel de amigos e protetores do Vandré.

Terão tentado isso com ele? Terá ele acreditado?

O certo é que esta possibilidade faz muito mais sentido do que aceitarmos como normal sua devoção pela FAB, a tecla mais desafinada de toda sua entrevista de sábado e de todas as suas declarações de um bom tempo para cá.

Em 1980, ele deixou transparecer  para mim que utilizava as esquisitices para ser considerado inofensivo por aqueles que poderiam fazer-lhe mal.

Agora também ele ora parece estar encenando uma farsa, ora ter um motivo para suas ações que não quer ou não pode revelar.

Entre os que foram submetidos a essa máquina de triturar seres humanos, há os que continuam paranóicos até hoje. Não seria nada surpreendente e inaudito se Vandré ainda temesse estar na mira dos antigos algozes, e visse nos oficiais da FAB seus guardiães.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

GENÉRICOS AMEAÇADOS - ACTA - SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR!

ACTA - SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR!

Agora mesmo, negociadores em reuniões secretas estão discutindo um acordo que poderá cortar o acesso à medicamentos genéricos.

Milhões de pessoas dependem deles para tratar doenças como a malária e HIV. Se o ACTA - Acordo Comercial Contra Falsificações for adiante, milhões não terão condições de comprar os remédios que os mantém vivos.

Se trata de uma retaliação de países ricos contra o Brasil, Índia e China, movida pelos interesses da indústria farmaceutica que não quer competir com genéricos. A oposição pública está crescendo e eles querem apressar as negociações. As nossa vozes podem impedir que um acordo ruim seja assinado quando ninguém estiver olhando.

Assine a petição agora pedindo um processo aberto e justiça para medicamentos essenciais -- a Avaaz irá entregá-la durante as negociações em Tóquio.

ACTA - SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR!

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O SABIÁ E AS ELEIÇÕES

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Está terminando o horário político, ou “horário de propaganda eleitoral gratuita”. Confesso que ainda não entendi a justiça do critério para a divisão desse horário entre os partidos. Observem que pela Lei Eleitoral Os candidatos a presidente dividem entre si seis minutos em cada dia, inclusive aos domingos.

     Um terço do tempo do horário eleitoral gratuito é dividido igualmente entre todos os candidatos e dois terços proporcionalmente às bancadas dos partidos no Congresso.

     Se tivermos três minutos de propaganda eleitoral gratuita entre três partidos dos quais dois deles tem representação igual no Congresso e o terceiro nenhuma representação, este, o sem representação terá pouco mais de 20 segundos para divulgar suas idéias e propósitos. Os outros dois, terão o restante do tempo.

     Não vejo nenhuma justiça nisso. Justiça haveria se todos os partidos pudessem veicular as suas ideias em igual espaço de tempo. O que acontece hoje no que chamam de “propaganda eleitoral gratuita” é o mesmo que, por exemplo, em uma partida entre Flamengo e Grêmio Prudente, o Flamengo já começasse a partida com dois gols de vantagem porque é o time com maior torcida.

     Daí, surgem as coligações. Quanto mais os partidos se unem, mais representação e mais tempo no rádio e na televisão. E com as coligações, vemos a diluição das propostas partidárias, o fim das ideologias.

     Geralmente, os partidos que se coligam o fazem com fins estritamente eleitoreiros, o que já demonstra a ausência de ideias e a única preocupação em eleger os seus candidatos, os quais, obviamente, apresentam-se apenas como representantes do nada ideológico que os ampara o que resulta em auto-propagandas ridículas de pessoas que se dizem capazes de “fazer e acontecer”, quando, na verdade, para fazer seja o que for elas dependerão totalmente dos acordos dentro dos partidos a que pertencem, entre os partidos de cada coligação e da vontade dos seus chefes partidários.

     Além do que, deverão obedecer aos interesses daqueles que patrocinaram as suas campanhas eleitorais, que não dão dinheiro de graça. Geralmente, os “patrocinadores” são grandes empresas que desejarão ver favorecidos os seus grandes interesses econômicos no Congresso. Assim, em última análise, o voto do povo não vai para o candidato ou partido de sua preferência, mas para os interesses daqueles que pagaram as campanhas dos candidatos e partidos nos quais o povo votou.

     Por isto, os partidos que representam um todo ideológico, uma determinada forma de pensar a política do país, e que, por isso mesmo, para não abrirem mão de sua ideologia não se coligam a outros partidos, que tenham formas de pensar diferentes ou opostas, não elegem os seus candidatos.

     Não porque o povo brasileiro seja ignorante, ou não saiba votar, como se propala, mas porque esses partidos não tem tempo suficiente para divulgarem as suas ideias e não aceitam dinheiro para comprarem mais tempo nos meios de comunicação.

     São os partidos que defendem o povo e nos quais o povo não vota porque mal os conhece ou os conhece mal, devido à contra-propaganda dos demais partidos que entram em coligações, aceitam todos os favores e alianças e quase obrigam o povo a votar neles devido à sua propaganda maciça e enganadora.

     Este é um tempo em que os partidos que dominam o Congresso, aliados às grandes empresas de comunicação, são os agentes principais da tentativa de despolitização e alienação do povo brasileiro.

     Quanto ao sabiá? Pois o sabiá voltou. Aqui perto da minha casa tem um matinho, além de várias árvores na frente de casa. Durante o ano inteiro cantam os bentevis de papo amarelo. Aquele cantar conhecido, mas nunca monótono: “ben-te-vi!” ben-te-vi!” – e eu quase respondo: “eu também te vi!” “eu também te vi!”. O ano inteiro, não interessa a época. É claro que tem outros pássaros, também: joão-de barro, tico-tico e outros que não lembro agora.

     Mas sabiá só no tempo quente. Porque, eu não sei. Passamos o inverno inteiro tentando ouvir sabiá, e nada! Mas agora, com a Primavera, ele voltou. Eu digo “ele”, porque é como se fosse um só, mas são vários, com trinados diferentes. Uma festa para o coração! Cantam primeiro que todos os pássaros, de manhã cedinho e, quando a tarde já vai indo, ouve-se de novo aquele belo cantar.

     Como tudo na natureza, são puros. Não querem ser mais do que os bentevis, nem os bentevis querem ser mais do que os sabiás. Em uma única árvore há lugar para todos, e cada um faz o seu ninho à sua maneira e vive a sua vida. A única tristeza, é que quando vem o tempo frio eles vão embora. Mas sempre temos a certeza de que voltarão na Primavera.

Corte dos EUA mantém liberação de financiamento público de pesquisas com células-tronco

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29/09/2010 - 12h18 / Atualizada 29/09/2010 - 12h49

A Corte de Apelações dos EUA decidiu que o financiamento federal de pesquisas com células-tronco embrionárias pode continuar até que uma decisão final seja tomada. Em 9 de setembro, a corte já havia suspendido temporariamente a proibição do uso de fundos públicos nas pesquisas.

O Departamento de Justiça argumentou que a suspensão da proibição de financiamento era necessária para evitar que projetos de anos fossem terminados na metade impedindo o progresso cientifico na busca de novos tratamentos para doenças como diabetes e problemas do coração.
O juiz Royce Lamberth havia proibido o financiamento em agosto baseada em uma lei de 1996 que proíbe o uso de dinheiro federal para pesquisas em que um embrião é destruído. A decisão não se aplica aos estudos iniciados durante o governo de George W. Bush, que, em 2001, permitiu uma limitada linha de pesquisa com culturas já existentes.
A pesquisa com células-tronco embrionárias é uma das bandeiras do presidente norte americano desde sua eleição, quando anunciou que os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) receberiam financiamento público para avançar nas pesquisas.


http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2010/09/29/corte-dos-eua-mantem-liberacao-de-financiamento-publico-de-pesquisas-

Anvisa determina recolhimento do Avandia em todo país

29/09/2010 - 10h27

Em reunião finalizada na terça-feira (28), a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) cancelou o registro do medicamento Avandia, fabricado pela empresa GlaxoSmithKline, que tem como princípio-ativo a substância rosiglitazona. O remédio é utilizado no tratamento contra a diabetes tipo 2.

Avandia é tirado do mercado na Europa e sofre restrição nos EUA

A decisão foi tomada após a avaliação de estudos que demostraram que os riscos da utilização do medicamento superam seus benefícios. Também foi determinado que o laboratório produtor do medicamento faça o recolhimento do produto em todo o território nacional.

Segundo nota divulgada no "Diário Oficial da União", "os medicamentos contendo rosiglitazona como princípio-ativo apresentam relação custo/benefício desfavorável em relação ao benefício, especialmente pela alta probabilidade de ocorrência de doenças isquêmicas, considerando que existem alternativas terapêuticas mais seguras para as mesmas indicações".

Entre os problemas identificados durante a avaliação do Avandia, está a alta probabilidade de ocorrência de infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, derrame e outros distúrbios cardíacos associados à utilização do produto.

Os pacientes que fazem uso deste medicamento devem procurar o seu médico para realizar a mudança necessária no tratamento, de acordo com a Anvisa. O órgão informou que atualmente existem nove classes de remédios para este tipo de diabetes.

Segundo o médico Leão Zagury, diretor da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), os pacientes não serão prejudicados com a saída do Avandia do mercado. "Podemos utilizar outras no tratamento dos diabéticos. Hoje existem muitos remédios para controlar o nível de açúcar no sangue", afirmou.

Zagury disse que não vê muitos problemas no Avandia. De acordo com o especialista, o remédio da GlaxoSmithKline não está entre os mais vendidos no país para tratar a diabetes.

EUROPA E EUA

Na última quinta-feira (23), em comunicados simultâneos à imprensa, a European Medicines Agency e a FDA (agência reguladora nos EUA) anunciaram suas decisões sobre a droga. A agência europeia disse que não vai mais autorizar a venda de Avandia e que o remédio será retirado do mercado nos próximos meses.

No início do mês, a agência reguladora britânica afirmou que um painel independente de especialistas havia concluído que o Avandia aumenta os riscos de infarto e recomendou que a droga fosse retirada do mercado. A farmacêutica GlaxoSmithKline, baseada na Grã-Bretanha, é a fabricante do remédio.

A agência reguladora de remédios na Europa decidiu banir o medicamento com base em evidências de que ele aumenta riscos de infarto. Nos EUA, o medicamento ainda poderá ser receitado, mas com restrições.

A FDA anunciou que os pacientes que forem usar o remédio a partir de agora só conseguirão uma receita de Avandia se eles não conseguirem controlar os níveis de açúcar no sangue com outros remédios. Os médicos terão que registrar que seus pacientes podem receber o remédio e que estão a par dos riscos. A FDA espera que as restrições limitem significativamente o uso de Avandia.

A decisão da FDA marca a segunda vez em três anos que a agência decide manter o Avandia no mercado, apesar da pressão crescente para o banimento do remédio por parte de especialistas, políticos e até de cientistas que trabalham na própria agência.

A droga foi aprovada pela FDA em 1999 e se tornou o comprimido mais vendido contra diabetes no mundo. Mas o uso despencou desde que uma análise em 2007 ligou o remédio ao risco de infarto.

Críticos da FDA consideram a decisão sobre o Avandia um teste para as lideranças indicadas pelo presidente Obama para a agência, que prometia endurecer as regulamentações depois de uma série de problemas com a segurança de remédios no governo anterior.

"A FDA está tomando essa decisão hoje para proteger os pacientes, depois de um esforço cuidadoso para pesar benefícios e riscos", disse Margaret Hamburg, da FDA.

Em julho, um painel de 33 especialistas votou em 20 a 12 pela manutenção do Avandia no mercado americano. Dos 20 que votaram para manter o remédio, 10 disseram que ele deveria estar disponível com restrições.


http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/806435-anvisa-determina-recolhimento-do-avandia-em-todo-pais.shtmlBookmark and Share

terça-feira, 28 de setembro de 2010

(E)TERNO - Marcelo Roque

(E)Terno

Deitemo-nos, um sobre o outro,
e demais coisas que não sabemos
E deixemos os dias e noites
seguirem o curso de nossas horas
Para que assim então, juntos,
façamos do tempo não mais
que a íntima parte de nós dois

Marcelo Roque

O FILHO DO BRASIL

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Como todos nós, Lula é um filho do Brasil. Mas um filho que esperávamos há muito tempo. Tempo demais, talvez. Quando nasceu, todas as promessas que projetávamos para ele foram, aos poucos, se diluindo. Talvez por ser temporão ou por ter passado de atrevido a medroso, Lula deixou de ser o filho do Brasil para ser o filho das classes dominantes, das oligarquias que fingem duelar com ele e com o seu triste partido aburguesado, que já foi dos trabalhadores.

     Mas Lula não tem culpa da decepção causada. Os culpados fomos nós, os brasileiros, que acreditamos que uma única pessoa alicerçada por um partido oportunista poderia não se tornar uma pessoa oportunista. Grave erro. O meio transforma as pessoas, e Lula foi mais um exemplo dessa asserção. É claro que existem pessoas que não se deixam influenciar pelo meio, mas, para isso, é necessário ter muita personalidade e objetivos definidos como projeto de vida.

     Os objetivos de Lula mudaram conforme o seu partido mudou, porque Lula nunca existiu na política sem aquela âncora. Era um líder sindicalista que foi usado e que também usou um projeto partidário - que visava apenas o poder pelo poder - para eleger-se presidente.

     No pós-ditadura dos anos ’80 o PT apareceu como uma espécie de partido “salvacionista”, devido à desagregação das esquerdas, o que o levou a se transformar em um partido que comportava todas as tendências – da esquerda radical ao centro complacente. Enquanto partido, o PT não tinha nenhuma ideologia, mas formou-se através das diversas correntes que representavam alguma vertente marxista, social-democrata e até de centro-direita.

     Mas a característica mais marcante do PT era o fato de ter um eterno candidato a Presidente da República que vinha da classe operária. Ninguém se perguntava se aquele eterno candidato tinha ou não alguma consciência política e ideológica, porque ficava implícito que deveria ser um ungido pelos sacerdotes da confraria oculta da esquerda petista, alguém que viria como um Messias, para transformar a sociedade brasileira e para por um fim à espoliação do nosso povo. E esse messianismo em torno do Lula, essa quase sacralização daquela pessoa tão carismática deu aos verdadeiros donos do partido a visão concreta da tomada do Poder através do voto popular que elegeria, cedo ou tarde, a pessoa do Lula, o partido do Lula, como se o próprio povo estivesse tomando o Poder naquele momento em que isso acontecesse.

     Há uma grande diferença entre o período de João Goulart presidente – que apoiou as Ligas Camponesas e as reformas de base e que prometia uma reforma do ensino com Paulo Freire como Ministro da Educação – quando havia maior participação e consciência popular, através do constante debate a respeito do Brasil que realmente desejávamos – nós, o Povo – e o período após a ditadura militar, que tinha golpeado Jango e o povo, com a crescente ascensão do PT até chegar ao poder. Uma grande diferença, principalmente no que diz respeito à ideologia e a um projeto para o Brasil democrático.

     Naquela época, sabia-se que democracia não se restringe ao direito de votar periodicamente. Procurava-se uma democracia participativa e não meramente representativa, como agora. Buscavam-se alternativas para que essa democracia participativa realmente funcionasse e para que as classes operárias tivessem consciência do seu papel histórico. A própria classe média engajava-se no processo, através da busca de novas possibilidades culturais que mostrassem o Brasil dentro do contexto latino-americano, com uma cultura própria, na tentativa de evitar-se a orgia da subcultura estadunidense que já invadia o país desde o fim da II Guerra Mundial.

     Tudo isso foi golpeado em 1964, e não só o Governo João Goulart. Naquela época, o governo era apenas a representação das forças populares em ação. O que as Forças Armadas fizeram naquela madrugada de 31 para 1º de abril, ao tomarem o poder, foi evitar que o povo brasileiro continuasse o processo de transformação que faria do Brasil um país mais justo e com identidade própria.

     Quando “devolveram” o poder, nos anos ’80, os militares subservientes aos Estados Unidos e ao capital internacional já sabiam que era possível deixar o povo novamente votar – mas apenas votar – porque o trabalho de dissolução do ideal de um Brasil verdadeiramente brasileiro já estava feito. Os partidos de esquerda estavam amortecidos pelo longo e violento processo de repressão e os novos partidos que surgiram, entre eles o PT, não pretendiam nenhuma revolução, nem social nem cultural. Mas alguns retoques ainda foram feitos: o sindicalismo foi atrelado ao Estado e a massificação da nova geração foi intensificada, com a conseqüente alienação das massas populares que passaram a acreditar que o salvacionismo viria através das eleições, ficando implícito que no dia em que o Lula fosse eleito tudo iria mudar.

     O povo esperou por seis vezes que o Lula vencesse as eleições presidenciais, como se ele fosse um santo que faria os milagres da reforma agrária, educação, saúde, moradia, emprego e justiça social. E Lula e seu partido realmente prometiam isso, ao perceberem que o povo estava entregando o seu poder transformador em troca de uma esperança imaginária e beatífica. Não houve preocupação do partido do Lula em esclarecer ao povo que o Poder a ele – povo – pertence e que só pode ser conquistado depois de muita luta e não através de uma única pessoa.

     Naquele momento em que o PT percebeu que o povo brasileiro esperava por Lula como quem espera pela volta de Jesus, ficou claro a eles que todas as alianças seriam possíveis para alcançar o Poder e suas benesses. Foi quando aquelas diversas tendências políticas que formavam o PT começaram a transformar-se em duas ou três fortes tendências – aquelas que realmente dominavam o partido – que convergiram para o objetivo claro de buscar a social-democracia – o reformismo maquiador das diferenças sociais – e não mais a transformação social. Ao mesmo tempo, o PT alcançava vitórias eleitorais, elegendo vereadores, prefeitos, deputados e senadores. Toda uma nova geração ansiosa pela sua fatia de Poder e disposta a todas as concessões para alcançá-la.

     Quando, depois de todas as alianças, acordos, conchavos secretos, finalmente Lula foi eleito presidente, o PT já se transformara em um partido conciliador de classes, claramente de direita e Lula era um presidente fabricado pelos donos desse partido que buscava apenas regalias, dinheiro e Poder.

     Já não era um filho do Brasil, mas o filho do Brasil das oligarquias vendidas ao capital estrangeiro, objetivando a massificação do povo, a destruição do ensino, contra a reforma agrária e a justiça social, contra os verdadeiros movimentos populares. Lula tinha se transformado de um messiânico sindicalista em mais um presidente sul-americano aliado militarmente dos EUA, pronto para fazer do Brasil a principal filial do império na nossa latino-américa.

     E o seu partido, o PT, que tanto prometera, virou um partidinho que sobrevive das alianças com os partidos mais reacionários do país e que teve como única missão histórica a de atrasar o mais possível as verdadeiras lutas populares no Brasil.

     Esta a herança do Lula: o assistencialismo do Bolsa Família. E a miséria, a corrupção, o analfabetismo, a doença, a fome, o desemprego... Além de deserdar o povo do poder que só a ele pertence.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O CIENTISTA E O POETA -Marcelo Roque

O Cientista e o Poeta

Sei que é em azul
que enxergas o mundo, cientista
E também azul é o teu céu
E eu só quero que saibas que, azuis,
meus olhos também os percebem,
e que assim, juntos, seguimos;
entre sonhos, versos
e calor laboratorial
Dividindo dentre tantas coisas
este mesmo olhar celestial

Marcelo Roque

LUARES

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Em luares vago,
Mas não só luares.
Não esses luares
Cegos de luares.
Reclamo aos luares
Aos sonhos luares,
Recriar luares,
Tornar-me em luares.

Aos luares vedo
Este só luares,
O suar luares
Nesses vãos luares.
Espelho aos luares,
Narcisos luares,
Seus lumes luares.
Falsos, mas luares.

Em luares mago.
Cavalgo luares.
Neste pó luares
Sumo-me em luares.
Proclamo aos luares
Meu saber luares,
Este estar luares:
Eu, Lua, luares.

Fausto Brignol

VANDRÉ: DILACERANTE

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"Não há por que mentir ou esconder
a dor que foi maior do que é capaz meu coração"
("Pequeno Concerto Que Virou Canção")


Foi um banho de água fria, um anticlímax, o Dossiê Globo News que marcou o reencontro dos telespectadores brasileiros com Geraldo Vandré, aos 75 anos de idade e 37 depois do última e deprimente aparição.

De positiva há a intenção manifestada por ele de retomar as atividades musicais, nem que seja gravando composições em espanhol, num país latino-americano qualquer.

E sua intenção de enveredar por poemas sinfônicos não é  tão despropositada como possa ter parecido para os que ignoram ser ele autor de uma missa apresentada em conventos dominicanos, Paixão Segundo Cristino.

Mas, não foi desta vez que a pergunta do repórter Geneton Moraes Neto – e de todos nós – teve verdadeira resposta: o que aconteceu, afinal, com Geraldo Vandré?

Só nos resta torcer para que o jornalista Vitor Nuzzi, na biografia que logo lançará do cantor e compositor paraibano, consiga desvendar o enigma.

Em primeiro lugar: Vandré foi torturado antes de partir para o exílio?

Há ex-preso político que garante tê-lo visto desmaiado numa sala de tortura. Mas, naquelas circunstâncias tão dramáticas, pode-se tomar uma pessoa por outra, ou confundir imaginação e realidade.

Quando eu estava preso na PE da Vila Militar, ouvi de cabos e sargentos relatos terríveis sobre as humilhações e indignidades a que submeteram Caetano Veloso e Gilberto Gil. Orgulhavam-se de haver colocado “no seu lugar” aquelas “bichas choronas”...

Mas, as torturas brutais não eram decididas por cabos da guarda e carcereiros entediados, e sim pelos oficiais, que as reservavam para os casos em que havia informações a serem arrancadas.

Então, Vandré só haverá sido massacrado se os ressentimentos contra ele, de tão exacerbados, tiverem feito com que recebesse tratamento diferente do habitual.

Pode ser, os militares nunca engoliram a estrofe famosa da “Caminhando”:
“Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos, de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
De morrer pela pátria e viver sem razões”
É estranha a seletividade de sua memória, ao reconhecer, p. ex., que se refugiou na casa da viúva do Guimarães Rosa, mas omitir que o então governador de São Paulo, Abreu Sodré, o escondeu no próprio Palácio dos Bandeirantes. Quem me revelou isto, um companheiro jornalista que então atuava na imprensa palaciana, é totalmente confiável.

O certo é que, ou fugiu do País ao receber aviso da Dedé, mulher do Caetano (conforme alega) ou foi preso e depois despachado para o exterior (a versão mais plausível), vagou pelo Chile e pela França, sentiu-se infeliz e amargurado, teve problemas com drogas.

Seu disco francês (Das Terras de Benvirá) é pungente, inventário das dores de uma geração que viu seus sonhos destruídos e pagou altíssimo preço pela derrota. Chega a chorar nitidamente no meio da interpretação.

Mas, ainda era Vandré:
“Eu canto o canto
Eu brigo a briga
Porque sou forte
E tenho razão”
("Vem Vem")
Acabou não agüentando a barra do exílio e, como era usual, teve de negociar com a ditadura as condições de sua volta, para “não ter na chegada/ que morrer, amada/ ou de amor, matar” ("Canção Primeira").

Indagado sobre a entrevista que concedeu de imediato, na qual declarou a intenção de só fazer dali em diante canções de amor, ele agora diz:
“Gostaria de rever as imagens. Houve a gravação. O que foi para o ar, não sei. Queriam que fizesse uma gravação. Não lembro mais. Mas nada disse que não tenha querido dizer. Aquela declaração foi feita a pedido de alguém que se apresentou como policial federal. Fiz um depoimento aqui, no Rio. Depois disseram que tinha que ir para Brasília. Cheguei ao Brasil em 14 de julho. Em 11 de setembro de 1973, apareço como se estivesse chegando em Brasília. O depoimento foi gravado antes. Gravaram minha imagem descendo do avião em Brasília. Tudo muito manipulado. Tive que passar por um processo de readaptação ao voltar”.
A gravação era sempre parte do acordo, previamente combinada, e não “feita a pedido de alguém que se apresentou como policial federal”.

Com Gilberto Gil aconteceu o mesmo. Foi mostrado em pleno aeroporto, declarando: “Não tenho mais compromissos com a História”. Uma variante de “agora só farei canções de amor”. Os serviços de guerra psicológica das Forças Armadas não eram lá muito sutis...

Também não acredito que o depoimento tenha sido prestado a uma produtora independente. Quem costumava cumprir tais tarefas para a ditadura era a própria Globo.

E está inteiramente confirmado que o alegado "processo de readaptação" foi algo bem diferente: Vandré recebeu tratamento psiquiátrico, sob controle da ditadura, nesse período entre 14 de julho e 11 de setembro de 1973. 

Pode-se, sim, levantar a hipótese de lavagem cerebral.

De que, nesses quase dois meses em que o tiveram indefeso em suas mãos, extremamente fragilizado, hajam nele incutido a bizarra devoção pela Aeronáutica, a ponto de ele compor uma canção homenageando a FAB e de dar agora entrevista em instalações da Aeronáutica, trajando abrigo da Academia da Força Aérea.

Que o tenham condicionado a gostar do  policial bom  faz mais sentido do que uma  síndrome de Ícaro num homem com sua idade e história de vida.

Mas, é claro, trata-se apenas de uma hipótese.


* Jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia. blogspot.com
SOBRE O MESMO ASSUNTO, LEIA TAMBÉM:

Notícias ABRADIC - nº112 - Setembro de 2010

Nesta edição:

Replicantes, Homens e Técnica
Glória Kreinz

Divulgação Científica no Séc. XXI:
Poeta do Orkut - Marcelo Roque - Glândula de Skene

CNPq
Irana Mariano

O uso da imagem na divulgação científica: Os Cientistas
João Garcia
http://abradic.com/abradic/
ABRADIC

REPLICANTES, HOMENS E TÉCNICA
Glória Kreinz

Neste início de milênio, quando as tecnotopias invadem o cotidiano em forma de avanços tecnológicos impensáveis, algumas vezes busca-se nas artes uma transfiguração da realidade, e no ciberespaço uma fuga.

O pensador francês Paul Virilio no seu livro Cybermonde, La Politique du Pire*, deu demonstrações concretas de mudanças sociais e comportamentais ocorridas em pouco mais de sete anos. O livro pode ser visto no endereço que citamos Nesta obra Virilio chama atenção para o desvio perverso que pode ocorrer na relação homem/computador:

“Há o perigo da perversão. Da diversão que se converte em perversão – como o sexo normal que se transforma na zoofilia –, a diversão tecnofílica. A possibilidade da relação sexual sem contato. A Internet e a tecnologia como substituto da sexualidade. Cybersexualidade”.

Em 1989, na segunda edição de Esthétique de la Disparition, Paul Virilio destacava a importância da mulher na sociedade, afirmando: “Amante da passagem, a mulher tem até agora organizado efetivamente tudo aquilo que é velocidade; tudo que pertence ao movimento da vida dos homens se inscreve nela ou entra em concorrência com ela”

A poesia , por exemplo, que usamos em nossas publicações para facilitar a divulgação científica, age exatamente neste espaço, recuperando o papel do jogo da sedução mesmo no ciberespaço. Não permite que o espaço do jogo da sedução homem/mulher seja alterado por um novo elemento, quebrando uma lei natural de atração.

Ampliando-se este contexto, se anularmos a sexualidade, a clonagem de seres humanos seria uma derivação quase necessária e alguns cientistas sociais se inquietam com esta constatação.

Também nos anos noventa, em Nova York, mais exatamente em 1994, Arthur Kroker e Michael Weinstein lançam o livro Data trash. The theory of the virtual class e alertam para a linguagem da perversão substituindo a sedução natural da atração entre corpos como se vê:

“O corpo conectado é perfeito. Viajando como um nômade eletrônico através dos fluxos circulatórios da mediascape (paisagem medial), ele é apenas a forma biológica virtual de uma imagem escaneada multiplamente reproduzida. Abandonando a pesada história referencial de um sistema nervoso central, o corpo conectado realmente torna-se um sistema nervoso telemático, livremente distribuído pelo espelho eletrônico da Internet. Produto da sangria neural e do processamento de imagem, o corpo conectado é a forma tecnóide de vida que finalmente abre seu caminho rompendo a concha morta da cultura humana”.

Kroker e Weinstein traçam os contornos do apocalipse ao concluírem que a “tecnotopia tem a ver com desaparecimentos” e que ao aparecer a tecnologia como espécie diferente encontramos enfim o fim da história (humana) e o início da história virtual. “O quadro que se tem é o da sociedade ocidental entrando numa fase de desaparecimento, onde a energia do social reclina-se, com delírio e êxtase, no corpo eletrônico”. (Kroker e Weinstein, 1994)

É uma luta travada no ciberespaço para manter vivo aquilo que temos de diferente das máquinas, nossa capacidade de amar acordada, com uma linguagem própria de seu tempo. A sedução permanece como jogo amoroso, o mistério da atração sobrevive além do virtual.

É luta do homem e da máquina, no próprio universo maquínico. E a poesia vence, para nossa sorte de divulgadores científicos em ação, e daquilo que existe de humano em nós. Replicantes de Blade Runner, fazemos do amor e da contingência da técnica nossas armas. Continuamos indagando sobre nós mesmos, sobre o que queremos, o que divulgamos, e sobre nossos sonhos.

Nota-1-http://www.scribd.com/doc/6544969/Paul-Virilio-Cybermonde-La-Politique-Du-Pire



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Boletim Cátedra UNESCO José Reis - nº49 - Setembro de 2010

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO SÉCULO XXI -- Nesta edição:

O Guerreiro da Ciência
Crodowaldo Pavan

Divulgação Científica e Poesia: Poeta do Orkut
O Belo - Marcelo Roque

Divulgação Científica
José Reis

O uso da imagem na divulgação científica - Os cientistas
João Garcia
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Documento sem título

O GUERREIRO DA CIÊNCIA

Crodowaldo Pavan


A SPBC foi criada por Maurício Rocha e Silva, José Reis, Paulo Sawaia e Gastão Rosenfeld. O grande salto cultural que ocorreu no Brasil após a fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência é comparável ao que ocorreu depois de 1934 com a criação da Universidade de São Paulo. A SBPC era tão respei-tada pela população brasileira que até os governos do regime militar de 1964-85 a respeitavam. Era a única organização social que em suas reuniões anuais dava liberdade a seus associados e dirigentes de criticarem o quanto quisessem o regime vigente. As críticas ao governo eram ditas em altos brados para audiências de milhares de participantes e com freqüência comentadas pela mídia sem que nada de negativo acontecesse para a Sociedade. É interessante evidenciar que, a despeito de a SBPC ser contra o regime militar e em suas reuniões anuais dizer tudo o que queriam contra esse governo, essas reuniões anuais realizadas em vários Estados do país de norte a sul eram custeadas por esse mesmo governo.

Na realidade, uma coisa extraordinária é que todas as reuniões anuais da SBPC, durante o Regime Militar, foram custeadas pelo governo, com exceção de 1977. Não foi o governo que não quis que a reunião desse ano se realizasse. Foi alguém do vigésimo escalão, que burramente impediu que a reunião se realizasse em Fortaleza, no Ceará. Com isso, tivemos que ir para São Paulo. Tentou-se fazer na USP, mas o reitor pediu: “Não me metam nesta jogada”. Da PUC recebemos um: “Nós topamos”. E aí ocorreu uma coisa extraordinária que até amedrontou o próprio governo militar. Naquela situação, a reunião da SBPC foi igualzinha às demais, sem um tostão do Governo Militar, porque nela os artistas se cotizaram, forneceram obras, a população se mobilizou e foram organizadas várias atividades de apoio à Reunião Anual, que foi uma coisa extraordinária e comemorada com pompas em 1997 (20 anos) pela PUC.


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DRÁUZIO VARELLA E A FITOTERAPIA NO BRASIL II (VIA AMIGA REGINA M.)

Dráuzio Varella e a Fitoterapia no Brasil II

“Não há porque envergonhar-se de tomar do povo o que pode ser útil à arte de curar.”
Hipócrates (460-380 a.C.)


Há muito tempo a Antropologia se recusa a utilizar categorias inadequadas para estudar e compreender o pensamento popular à respeito da saúde e da medicina. Os folcloristas no passado se referiam à medicina popular como superstições, crendices, práticas consideradas abomináveis por médicos ou pessoas de formação acadêmica. Esta rejeição pejorativa do pensamento popular ocorre sem nenhuma análise de sua função social, já que as práticas da medicina popular necessitam melhores observações e não podemos destacá-las pura e simplesmente sem estudar o seu contexto cultural, sem participar da vida, da interação com aqueles que nos deram os informes, geralmente extraídos e exibidos em função de sua estranheza ou seu exotismo. (1)
Muitas práticas consideradas crendices no passado, atualmente são plenamente explicáveis cientificamente. O uso da laranja mofada ou do queijo embolorado, por exemplo, para tratar feridas tem sido uma prática muito mais antiga do que a descoberta da penicilina por Fleming em 1932. Atualmente sabemos que a laranja abandonada no fundo do quintal, quando apodrece é atacada por um fungo do mesmo gênero (*) do bolor utilizado por Fleming para produzir o primeiro antibiótico. E o raizeiro raspa a casca da laranja onde estava o bolor e passa externamente nas feridas crônicas. Em pouco tempo a inflamação cede e começa o processo de recuperação do paciente. Da mesma forma, em Cesárea, antiga cidade fundada pelos romanos, os armênios tratavam as feridas atônicas, cobrindo-as com queijo mofado, também produzido por um bolor semelhante ao bolor que deu origem à penicilina.
A vacinação anti-variólica, descoberta por Jenner em 1798, responsável pela erradicação da varíola em todo o mundo, uma doença extremamente virulenta e mortal, somente foi possível graças aos próprios camponeses na Inglaterra que, pelo menos, a partir de 1675, se vacinavam, inoculando em si mesmos as secreções do gado atingido pela varíola bovina. Isto porque eles sabiam que a cow-pox (varíola bovina) era benigna e não matava como a varíola humana. Inclusive o próprio Jenner, médico que, ao atender uma camponesa, e suspeitar de que estivesse com varíola humana, obteve como resposta, e com extrema segurança, o seguinte: “ Não posso ter varíola, porque já tive cow-pox.” Esta foi a informação que Jenner necessitava para descobrir o princípio da vacina e iniciar o combate a esta terrível doença de maneira rigorosamente científica. Graças à uma crendice de origem popular, Dr. Dráuzio Varella!
Mas não somente os camponeses ingleses conheciam esta técnica. A inoculação de varíola a fim de provocar uma forma atenuada da mesma era conhecida secularmente na China. A crosta de uma pústula era pulverizada e introduzida no nariz ou insuflada por meio de um tubo de bambu até que se formasse uma erupção local. Os armênios também se vacinavam muitos séculos antes de Jenner. O padre Lucas Indjidjian, em seu livro “Darap atum” (História dos Séculos), publicado em 1827, descreve as minúcias do método nos seguintes termos: “Os armênios praticavam, há muito tempo, a vacinação contra a varíola, de modo empírico. Consistia seu método em recolher as crostas das pústulas de varíola na fase de descamação e conservá-las nos resíduos de passas de uvas. No momento oportuno, administravam-se essas passas às pessoas que se pretendia preservar da varíola. Mais tarde, os armênios puseram em prática o método de inoculação por incisão ou fricção, procurando levar o agente portador da varíola por baixo da pele do indivíduo são. Este método profilático foi introduzido em Constantinopla por emigrantes armênios no ano de 1718. Lady Montague, esposa do embaixador inglês junto ao sultão, experimentou sua utilidade em seu próprio filho”. (2)
Assim os exemplos são inumeráveis de supostas crendices populares que, com o desenvolvimento da ciência, e a superação dos preconceitos por parte dos cientistas, acabam sendo esclarecidas e enaltecendo a grandeza do pensamento médico popular. O próprio Rousseau afirmava que “sábios tem menos preconceitos do que os ignorantes, porém ficam mais presos aos que possuem.” Por isso é muito difícil convencer um médico preconceituoso e limitado como Dráuzio Varella. O paradigma cartesiano está tão profundamente arraigado e internalizado em seu pensamento que o torna obcecado pelas suas convicções pseudo-científicas.
Sabemos hoje que inúmeras plantas medicinais tiveram suas propriedades medicinais descobertas em ambiente não científico. A planta chinesa ma huang (**) que contém efedrina (alcalóide utilizado como agente cardiovascular) foi empregada empiricamente pelos médicos nativos, hoje em dia, chamados de médicos de pés-descalços, durante mais de 5.000 anos! O receituário chinês menciona que a planta é útil como antipirética, sudorífica, estimulante circulatório e sedativo da tosse. E eu pergunto, isto também era uma crendice, Dr. Dráuzio Varella?
Na Inglaterra, as folhas da planta dedaleira (***) era utilizada sob a forma de infusão para o tratamento da hidropisia (ascite) provocada pela insuficiência cardíaca. Esta prática popular foi recolhida pelo médico inglês Withering em 1771, que documentou toda esta experiência em livro publicado na época. Entretanto somente em 1910 a ação da digitalina (hoje digoxina), glicóside contido na planta, sobre o músculo cardíaco foi explicada de forma científica e até hoje vem sendo aplicada com grande aceitação pela medicina científica e até mesmo pelo médico Dráuzio Varella.
O isolamento da vitamina C e a definitiva explicação das causas do escorbuto são atribuídas a Szent-Gyorgi e King em 1932. Entretanto, o tratamento do escorbuto com cítricos era conhecido desde 1498, quando os marinheiros de Colombo foram acometidos de escorbuto, os homens quase moribundos, pediram para serem deixados numa ilha. Quando meses depois, Colombo retornou à ilha, encontrou seus homens vivos e saudáveis. Durante o período tinham se alimentado de frutos tropicais existentes na ilha e por isso passou a ser chamada de “Curaçao”. Em 1593, Mathiolus publicou, na Europa, uma receita em que preconiza o emprego dos frutos da rosa silvestre (****) contra as hemorragias dentárias, assegurando que o pó dentifrício de rosa silvestre fortalece as gengivas. Hoje sabemos que o fruto da rosa silvestre possui altos teores de vitamina C (900 mg). Portanto uma crendice fitoterápica perfeitamente esclarecida.
Um fitoquímico brasileiro, Walter Mors, inclusive, reconheceu que na verdade só podemos admirar a experiência milenar de povos primitivos que, muito antes do surgimento da ciência moderna, descobriram, por exemplo, todas as plantas portadoras de cafeína: o chá na Ásia, o café e a noz-de-cola na África, o guaraná e o mate na América. E o efeito estimulante da cafeína nem é tão flagrante que possa ser reconhecido num simples mascar de folhas ou sementes. (3)
Segundo Muszynski, atualmente conhecemos 12.000 espécies de plantas medicinais que são usadas por diferentes povos em todo o mundo. Convém acrescentar que essas espécies são as selecionadas por diversos povos durante milhares de anos. A ciência moderna não descobriu nenhuma planta nova medicinal ou comestível, mas somente estuda e introduz as já conhecidas popularmente. (4)
Apesar de tudo, o menosprezo pelo saber popular permanece. Para a ciência cartesiana, o único saber válido que existe é apenas o pensamento científico e com isso os demais saberes são na verdade não-ciência, e se um raizeiro descobre alguma propriedade medicinal em uma planta com que convive há anos, este conhecimento faz parte da biodiversidade na qual está inserido, portanto passível de expropriação por quem possua direitos sobre a área. Tal como no período dos grandes descobrimentos, os direitos são concedidos muito antes da conquista efetiva através da ocupação do território. (5)
Entretanto a história da ciência tem mostrado que as grandes descobertas científicas ocorrem fora do espaço teórico-científico ou universitário. No século XIX, todos os historiadores da química reconheceram o furor experimental dos alquimistas e acabaram rendendo homenagem a alguns descobrimentos positivos, tais como o ácido sulfúrico e o oxigênio, ainda que para eles não fosse uma descoberta. René Dubos, inclusive, talvez o mais importantes biólogo e cientista do século XX, afirma que as principais invenções que deram impulso surpreendente à ciência foi promovida por mecânicos, curiosos, bricoleurs, inventores, etc. (6)
No livro “O Pensamento Selvagem”, Lévi-Strauss reconhece a legitimidade e a grandeza do saber indígena e popular. Segundo ele, o pensamento selvagem não é uma estréia, um começo, um esboço, parte de um todo não realizado; na verdade forma um sistema bem articulado; independente, neste ponto, desse outro sistema que constituirá a ciência (cartesiana). Cada uma dessas técnicas, muitas delas oriundas do período neolítico, a cerâmica, a tecelagem, agricultura, o tratamento de doenças com plantas e a domesticação de animais supõe séculos de observação ativa e metódica, hipóteses ousadas e controladas, para serem rejeitadas ou comprovadas por meio de experiências incansavelmente repetidas. Por isso foi preciso, não duvidamos, uma atitude de espírito verdadeiramente científica, uma curiosidade assídua e sempre desperta, uma vontade de conhecer pelo prazer de conhecer, porque uma pequena fração apenas das observações e das experiências poderia dar resultados práticos e imediatamente utilizáveis. As diferenças entre o saber científico e o saber selvagem ou popular se situam não ao nível dos resultados, mas sim quanto à estratégia para chegar ao conhecimento, o saber popular muito perto da intuição sensível e o outro mais afastado. (7)
E com isso toda a criatividade desenvolvida por raizeiros, parteiras, mateiros, pajés, pais-de-santo, rezadores, curadores de cobra, ao longo de uma vivência pessoal acumulada através dos anos, sem nenhum apoio externo institucional, agora está sendo valorizada e expropriada com tenacidade pelos grandes laboratórios. Afinal de contas, uma tradição não expressa senão a longa e penosa experiência de um povo. Nasce da batalha travada para manter a sua integridade ou, para dizê-lo com mais simplicidade, da sua luta para sobreviver, buscando na Natureza um remédio para seus males.
Com certeza o aumento da longevidade ocidental e oriental se deve ao avanço da ciência e do conhecimento, mas não apenas dos medicamentos farmacêuticos, pois os recursos terapêuticos da medicina alopática tiveram um papel muito pequeno nos resultados obtidos. O conjunto dos atos médicos modernos é impotente para reduzir a morbidade global. (8)
Na verdade, as moléstias infecciosas, tais como, tuberculose, disenteria, tifo que dominaram o nascimento da era industrial vinham gradativamente reduzindo sua incidência, depois da Segunda Guerra Mundial, antes do emprego dos antibióticos. Quando a etiologia dessas moléstias foi compreendida e lhes foi aplicada terapêutica específica, elas já tinham perdido muito de sua atualidade. É possível que a explicação se deva em parte à queda natural de virulência dos microrganismos e à melhoria das condições de habitação e da disseminação de redes de esgoto e de água tratada, mas ela reside, sobretudo, e de maneira muito nítida, numa maior resistência individual, devida à melhoria da nutrição e conseqüentemente do fortalecimento do sistema imunológico humano.
Portanto o Dr. Dráuzio Varella se equivoca quando atribui a maior expectativa de vida dos povos orientais aos avanços da medicina e dos antibióticos. As estatísticas mostram que os índices de morbidade dos povos orientais são bastante inferiores aos padrões ocidentais. A diferença fundamental reconhecida mundialmente está no regime alimentar e no estilo de vida e principalmente no consumo maior de proteínas de origem vegetal.
Por outro lado, é necessário reconhecer os grandes avanços tecnológicos obtidos pela biomedicina no mundo inteiro. Porém sabemos todos, que as pesquisas e os investimentos são realizados por grandes empresas que monopolizam o mercado mundial e, como tem propósitos lucrativos, somente investem no tratamento de doenças que lhes permitam elevada lucratividade. Por isso as doenças mais comuns dos países do terceiro mundo recebem pouca atenção e pesquisas no sentido de produzir novos medicamentos eficazes para combatê-las. Na verdade os medicamentos utilizados no tratamento de doenças degenerativas, como o câncer, o diabetes, as doenças cardio-vasculares, e os equipamentos eletrônicos de monitoramento de pacientes terminais são o grande foco da indústria farmacêutica e médica. E o raciocínio de seus dirigentes chega a ser bastante simplório, tal como a declaração de um financista da indústria farmacêutica, numa entrevista ao Herald Tribune (01/03/2003): “O primeiro desastre é se você mata pessoas. O segundo desastre é se as cura. As boas drogas de verdade são aquelas que você pode usar por longo e longo tempo.” Sem comentários. (9)
Com relação à avaliação da eficácia dos medicamentos fitoterápicos promovida pelo quadro “É Bom pra Quê?” do Fantástico, é realmente lamentável que um médico como Dráuzio Varella não saiba que em epidemiologia é necessário analisar uma grande quantidade de resultados para se chegar a uma conclusão. Inclusive, sabemos todos, que uma clínica não pode ser avaliada pelo número absoluto de óbitos. Deve-se comparar os resultados com o número médio de óbitos mensal para saber se alguma anormalidade está ocorrendo. Apenas quando o número de óbitos está muito acima da média, as autoridades médicas acionam o alarme e começam a investigar os motivos que extrapolaram à média esperada.
Portanto trata-se de desonestidade intelectual condenar o uso da babosa no tratamento do câncer utilizando um caso negativo isolado. Medicina não é matemática. Para obter uma avaliação válida do uso da babosa no tratamento de câncer, o médico/repórter Dráuzio Varella deveria buscar os resultados médios obtidos nos diferentes postos de saúde que a utilizam ou até mesmo na extensa bibliografia existente não somente no Brasil, mas no mundo inteiro.
Se fosse necessário avaliar os resultados do tratamento de uma doença por um medicamento sintético teríamos, no campo da ciência, de agir desta maneira. Porque no caso da fitoterapia é diferente? Dois pesos e duas medidas.
Com relação à necessidade de pesquisas com as plantas medicinais a Universidade Brasileira desenvolve, há vários anos, padrões de avaliação científica das plantas medicinais. Desde a realização do 1o Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil em 1967, quando foram apresentados 22 trabalhos científicos até o XVII o Simpósio em Cuiabá em 2002, que recebeu 870 trabalhos científicos, houve um incremento de 3800 % (10). Talvez ainda seja muito pouco, para um país com as dimensões do Brasil. Mas estamos buscando um caminho, com dificuldades, é claro. Portanto são inúmeros os pesquisadores no Brasil habilitados para elaborar projetos e pesquisas sobre plantas medicinais. Portanto nós não necessitamos da ajuda do Dr. Drauzio e muito menos do Fantástico para fazer esse trabalho de avaliação. E, além disso, o Dr. Dráuzio é um simples médico/repórter sem experiência e habilitação para fazer esse tipo de trabalho, inclusive sem título de mestrado. Na verdade sua formação de médico não lhe permite isso. A pesquisa nesta área é fundamentalmente multidisciplinar e o Dr. Dráuzio teria com certeza um espaço para atuar na equipe, se tivesse alguma especialização na área, e se examinarmos seu currículo Lattes, verificamos uma escassa experiência de pesquisas com plantas medicinais. Sua alegação de que pesquisa há 15 anos na Amazônia, não lhe garante direito algum para decidir o que deve ser feito. E porque estas pesquisas não são publicadas? Por isso as posições do Dr. Dráuzio são ridículas. Qualquer pesquisador da área reconhece a necessidade de várias etapas de pesquisa para validar a ação medicinal de uma planta. Mas quem vai decidir sobre a metodologia adequada para sua validação não pode ser o Dr. Dráuzio e muito menos o Fantástico. Trata-se de uma inversão de valores e de interesses escusos.
A enorme quantidade de críticas surgidas após a entrevista do Dr. Dráuzio à revista Época de 13/08/2010 explicitam a indignação de pacientes e profissionais da área de pesquisa de plantas medicinais no Brasil. Como a motivação pela pesquisa de plantas medicinais e sua defesa é muito grande devemos reconhecer que todos objetivam encontrar uma alternativa válida para cuidar de nossa saúde. E diga-se a verdade, não somente com plantas medicinais, mas também buscando técnicas terapêuticas milenares, como a acupuntura, o shiatsu, a medicina tradicional chinesa, a medicina ayurvédica, a auto-hemoterapia, a iridologia, a homeopatia, a antroposofia, o psicodrama, o naturismo, a aromaterapia, a musicoterapia, a meditação transcendental, a yoga, a biodança e inúmeras outras terapias. E essa busca não ocorre por acaso, não é mesmo?
Trata-se apenas da busca desesperada de uma nova filosofia médica que compreenda o ser humano de maneira integral. As pessoas não suportam mais serem fragmentadas e segmentadas tal como as inúmeras peças de um quebra-cabeça. Segundo a Organização Mundial da Saúde a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças. Eu complementaria acrescentando ao texto o bem estar cultural e espiritual. E a biomedicina alopática ou convencional ao invés de atender a estas necessidades fundamentais do ser humano fragmenta ainda mais, criando novas especialidades médicas apenas para atender às necessidades do médico e nunca as do paciente e, com isso, a cada dia existem mais médicos que sabem muito sobre muito poucas coisas e que acabam por perder de vista o todo, o homem enfermo. Poder-se-ia chamar isso de fragmentação da responsabilidade frente ao paciente. (11) Com isso estabelecem um campo cirúrgico no corpo do paciente e esquecem todo o resto. O paciente é apenas um objeto que carrega uma enfermidade.
Quando alguém adoece, seu sistema imunológico está em baixa, com pouca resistência aos micróbios ou germes invasores de seu corpo que se aproveitam da fragilidade para se reproduzir e com isso gerando os sintomas da doença. Portanto a doença depende do que Pasteur definia, pouco antes de falecer, como o “terreno” favorável ou não ao desenvolvimento das colônias microbianas.
Portanto a partir desta noção, aceita pelos que defendem as medicinas integrais, o paciente necessita urgentemente nesse momento de buscar a restauração do equilíbrio de todo o organismo e não apenas da supressão de sintomas incômodos, aparentemente o mais afetado pela enfermidade. E é por isso que não basta suprimir sintomas, combater as dores ou a febre com analgésicos, levantar o paciente da cama, ou no jargão economicista, restaurar apenas a força de trabalho, característica fundamental da terapêutica alopática. ´
É necessário buscar terapêuticas que ajudem a recuperar o sistema imunológico. E as medicinas integrais caminham neste sentido e, com certeza, será a medicina do futuro, que cada vez fica mais próximo. Quem viver, verá.

Prof. Douglas Carrara
Antropólogo, Professor, Pesquisador de medicina popular e fitoterapia no Brasil
www.bchicomendes.com
djcarrara@hotmail.com
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Bibliografia Consultada:
(1) ARAUJO, Alceu Maynard:
1979 – Medicina Rústica – Cia. Ed. Nacional – São Paulo – 301 p.
(2) MISSAKIAN, B.:
1951 - A Medicina Popular Armênia – in Actas Ciba – Ano XVIII – N. 1 – ABR/1951 - pp. 33-38
(3) MORS, Walter:
1982 – Plantas Medicinais – in Ciência Hoje – n. 3 – NOV/DEZ/1982 – Rio – pp. 14-19.
(4) MUSZYNSKI, Jan:
1948 – Volta à Fitoterapia na Terapêutica Moderna – in Revista da Flora Medicinal – Ano XV – n. 9 – SET/1948 – Rio – pp. 363/384.
(5) SHIVA, Vandana:
2001 – Biopirataria – A Pilhagem da Natureza e do Conhecimento – Ed. Vozes – Petrópolis – 152 p.
(6) DUBOS, René:
1972 – O Despertar da Razão – Ed. Melhoramentos/Edusp – São Paulo – 194 p.
(7) LEVI-STRAUSS, Claude:
1970 – O Pensamento Selvagem – Cia. Ed. Nacional – São Paulo – 331 p.
(8) ILLICH, Ivan:
1975 – A Expropriação da Saúde – Nêmesis da Medicina – Ed. Nova Fronteira – Rio – 196 p.
(9) ALMEIDA, Eduardo & Luís PEAZÊ:
2007 – O Elo Perdido da Medicina – Ed. Imago – Rio – 250 p.
(10) FERNANDES, Tânia Maria:
2004 – Plantas Medicinais – Memória da Ciência no Brasil – Fiocruz – Rio de Janeiro – 260 p.
(11) JORES, Arthur:
1967 – La Medicina em la Crisis de Nuestro Tiempo – XXI Ed. – México – 80 p.
CARRARA, Douglas:
1995 – Possangaba – O Pensamento Médico Popular – Ribro Soft – Maricá – 260 p.
DIEPGEN, Paul:
1932 – Historia de la Medicina – Ed. Labor – Barcelona – 435 p.
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(*) Penicillium digitatum
(**) Ephedra vulgaris
(***) Digitalis purpurea
(****) Rosa canina


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