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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
BATALHA - "SUN TZU"
e conhece a si mesmo,
não precisa temer o resultado
de cem batalhas.
Se você se conhece
mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha
sofrerá também uma derrota
Se você não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo,
Perderá todas as batalhas...
************************************
SUN TZU
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
TELEVISÃO X INTERNET(NOVAS MÍDIAS)
há muito tempo sentem-se ameaçadas pela Internet!
A integração que as emissoras andam se esforçando por fazer,
com a utilização de sites, blogs e etc,é um dobrar-se forçado
a esta nova mídia que de início era uma grande ameaça à televisão,
assim como esta foi ameaça para as emissoras de rádio,no passado!
Por mais que as emissoras de televisão esforcem-se em não perderem
audiência por causa da Internet,será inevitável! na Espanha isto já é
real,assim como em muitos outros países! Passamos por uma verdadeira
guerrilha das novas mídias! Mídias que não são de massa,como a televisão
e o rádio,e justamente por este motivo é que a revolução é estrutural!
A interatividade está no cerne desta revolução! a antiga apatia e alienação
dos telespectadores cai por terra! A autonomia,o auto-didatismo, encontram caminhos
espetaculares! Pela primeira vez na história da humanidade o povo pode deter
uma tecnologia de comunicação tão acessível e capaz de criar colmeias!
Colmeias de cidadãos que unem-se em torno de uma causa! e conseguem comunicar-se com perfeição com outras colmeias! e assim a ALDEIA GLOBAL que McLuhan previa,concretiza-se
desta vez na base da comunicação cidadão-cidadão! e não mais pela tv,mídia de massa!
McLuhan achava que a tv seria o meio que iria fazer deste planeta uma ALDEIA GLOBAL!
Mas não, só hoje com a Internet,com a telefonia móvel,e etc,é que isto começa a concretizar-se!
Este blog é um exemplo destas novas mídias formadoras de colmeias!
Estamos em plena revolução! e por mais que a tv critique e amaldiçoe a Internet,
ambas num futuro próximo poderão integrar-se de forma muito mais humana e
contribuir e muito para a evolução humana!
Nadia Stabile - 30/12/08
EMISSORAS DE TELEVISÃO SÃO CONCESSÕES PÚBLICAS. CONCEDIDAS A PESSOAS JURÍDICAS QUE PROVEM TER CAPACIDADE PARA TAL! ESTA CAPACIDADE ...
NADIA STABILE - 30/12/08
2 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DE CONCESSÃO PÚBLICA
Existem várias espécies de concessão, destacando-se como principais a concessão de serviço público, concessão de obra pública, concessão de uso de bem público e concessão de execução de obra ou serviço público. A nós interessa a concessão de serviço público. Antes, porém, implica delimitar qual o conceito de "bem" e "serviço público".
Bem público, segundo DI PIETRO [01], "designa os bens afetados a um fim público, os quais, no direito brasileiro, compreendem os de uso comum do povo e os de uso especial". Com relação aos bens de uso comum e de uso especial, não existe diferença de regime jurídico, pois ambos estão destinados a fins públicos. Essa destinação pode ser inerente à própria natureza dos bens ou pode decorrer da vontade do poder público, que afeta determinado bem ao uso da Administração para realização de atividade que vai beneficiar a coletividade, direta ou indiretamente.
Por sua vez, BANDEIRA DE MELLO [02] conceitua serviço público como sendo
toda a atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade fruível preponderantemente pelos administrados, prestada pela Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público, instituído em favor de interesses definidos como próprios pelo ordenamento jurídico.
A noção de serviço público é ampla, e abarca, dentre outras, as atividades de oferecimento de comodidades ou utilidades materiais, enquadrando-se, aí, as de telecomunicações e os serviços de radiodifusão sonora de sons e imagens. A prestação é da Administração Pública (órgãos, agentes e material) ou de seus delegados (concessionários, permissionários).
Assim, os concessionários do serviço público de telecomunicações e de radiodifusão sonora de sons e imagens, utilizando-se de um bem público – o espectro de radiofreqüências, expressamente elevado à categoria de bem público pelo artigo 157 da Lei 9.472/97 [03] – recebem delegação do Estado para atender a finalidades e interesses públicos, por meio da exploração de tais serviços, tudo conforme o disposto no artigo 21, XI, XII, "a" da CF/88.
Nesse contexto, a concessão de serviço público é definida pelo artigo 2º, II da Lei 8.987/95, como sendo a transferência da prestação de serviço público, feita pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, mediante concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas, que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.(...)
LEIA MAIS EM : http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7654
PAISAGEM VERDE ESPERANÇA! ESPERANÇAR! ESPERANÇAR QUE SANTA CLARA CLAREIE E ESVERDEGE A CABEÇA DOS DETENTORES DAS REDES TELEVISIVAS DESTE PAÍS! ...
Saia Justa -Maitê Proença
CARLA - "MIRO"
seus olhos brilhavam como alumínio ao sol...
pisou na lata como pisam os policiais nos internos da Febem.
jogou no saco com a precisão
que os internos jogam monitores dos telhado...
Os olhos de Carlos nem desse poema precisavam..
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Miro
O atual sonho dourado de milionário Roberto Carlos
CIDADE DA MUSICA
http://diariodorio.com/novas-fotos-da-cidade-de-msica/
PATROCINADORES E VOLUNTÁRIOS,PARTICIPEM!! CIDADE DA MUSICA NO RIO DE JANEIRO!!!
Patrocinadores e voluntários participem, por favor!
Se não temos Guggenhein, que tenhamos arte dentro de nossa realidade. Arte na pobreza crescente, chega a ser assustador ver o numero de favelas e de construções precárias que surgem a cada instante no Brasil.
A Cidade da Musica que inaugurou na Barra da Tijuca é monumental, nela caberiam Museus, Bibliotecas e Videotecas Públicas, apresentações culturais de toda espécie.
Caberia até uma Bienal de Arte. Porque não a Primeira Bienal do Rio de Janeiro, já que a de São Paulo faliu?!
ARTE NA FAVELA_ LINK ABAIXO
Tico (43), artista morador do Conjunto Confisco, há seis anos faz arte com jornal. Com uma roupagem própria e inovadora, a qualidade de seu trabalho está tanto na sensibilidade estética quanto social.
Herbert Dias de Oliveira, morador do Conjunto Confisco, conhecido artisticamente como Tico, faz um trabalho artesanal incomum e de rara beleza. Ele utiliza como matéria-prima jornais, verniz e cola para compor maquetes, normalmente miniaturas de projetos arquitetônicos; quadros, além de acessórios como bolsas, cintos, sandálias e objetos de decoração como cestas, estantes e mesas. O trabalho do artista tem como resultado uma textura semelhante à madeira. Com muita habilidade e sensibilidade, ele dá forma a obras belíssimas, inspiradas em cartões postais, fotos, e, comumente, no conjunto arquitetônico da Pampulha, do qual tem a Igreja de São Francisco de Assis, como um de seus temas preferidos. A cidade de Belo Horizonte, a arquitetura barroca mineira, animais e templos são outros assuntos trabalhados com perfeição pelo artista.
A técnica foi aprendida há seis anos, com um artesão que fazia cestas, foi aperfeiçoada com maestria por Hebert, que desenvolveu a arte a seu modo. O magnetismo de seu trabalho está tanto na inventividade estética quanto na preocupação social de transmitir seus conhecimentos, democratizando e disseminando suas técnicas junto às comunidades, gerando para seus alunos novas possibilidades de renda e de vida, transformando as notícias de dias passados em arte e solidariedade.
Durante quatorze anos, Hebert teve uma barraca na Orla da Lagoa da Pampulha, onde vendia cocos e comercializava suas obras. Neste período fez muitas amizades e contatos, que resultaram em parcerias fundamentais para alcançar reconhecimento. Um de seus clientes era Wilson Frade, jornalista do Estado de Minas, que o apoiou e incentivou abrindo as portas para publicações de matérias em jornais e revistas, mostrando o trabalho ímpar do artista, que o encantava. Também na Pampulha fez contato com Guilherme Mendes, do Globo Esporte, que apreciou seu trabalho e indicou o artista para a produção do MGTV. O trabalho de Herbert, na mesma semana, em 2005, ganhou espaço no Jornal Nacional, cuja equipe gravou a matéria em sua casa.
Em 2001 realizou sua primeira exposição individual, no Centro Cultural Lagoa do Nado, batizada como “Estruturas Templárias”, na qual o artista trouxe trabalhos inspirados em templos e igrejas. O artista conta que os gostos pela leitura e por pesquisas de temas relacionados às suas obras foram essenciais para o enriquecimento de detalhes das mesmas.
Em 2003 participou do Projeto Cestaria, realizado em parceria com a Fundação CDL Pró-Criança, no qual ministrou aulas em dois cursos oferecidos à crianças e jovens moradores do Morro das Pedras, numa escola da comunidade. No mesmo ano, ofereceu outro curso voltado para a terceira idade na casa Dom Bosco, em Betim.
Esse foi um dos trabalhos que mais emocionou Tico. Ao final do curso, ministrado para 20 senhoras, ele recebeu delas uma carta de agradecimento na qual chamavam Tico de professor e diziam estar muito felizes por ele ter “renovado” a vida delas, oferecendo a possibilidade de obtenção de renda e ajudando a resgatar a auto-estima perdida. Segundo Tico, os artigos elaborados pelas senhoras foram vendidos com sucesso na feira de artesanato de Betim.
Em 2004, deu oficinas em Ibirité, numa escola pública, das quais participaram em média 520 crianças e adolescentes, mobilizando toda a comunidade escolar. Este projeto foi viabilizado pela Ibiritermo em parceria com a Petrobrás. Como voluntário em algumas escolas, no Confisco, em 2005, pelo Projeto Escola aberta. Criou tudo, são peças únicas, criadas pela sua mente. Entre 2001 e 2005 expôs no Mercado da Lagoinha, Vitalles Club, Cervejaria Pau e Pedra (2002), Bahia Shopping e Big Shopping (2003), Shopping Del Rey (2004) e Carrefour Pampulha (2005).
Peças exclusivas criadas por Tico chegaram a ser vendidas na Europa, gerando excelentes ganhos e seu trabalho lá fora era bastante valorizado. Ele tinha um amigo que morava em Londres e que fez parceria com uma loja de design, onde as bolsas de jornal chegavam a atingir o valor de R$1.000,00. No entanto, o contato com esse amigo foi perdido e Tico deseja firmar outra parceria para poder voltar ao mercado europeu.
Ano passado, parte da obra de Tico foi publicada num catálogo com apoio da Universidade FUMEC e da C/ Arte – Projetos Culturais, com texto e fotografia de Fernando Pedro, cronologia de Jacqueline Prado de Souza e Design da C/ Arte.
O artista conta que teve que retirar sua barraca da orla da Lagoa por determinação da Prefeitura e com isso, depois de quatorze anos, sua vida mudou de rotina. Habituado a comercializar seu trabalho naquele local, perdeu sua renda e teve que procurar outra profissão para arcar com suas despesas e o sustento da filha. Há quatro meses, Herbert trabalha como auxiliar administrativo numa empresa de telecomunicações e este ano ainda não pode se dedicar a montar uma exposição, como fez desde o inicio da carreira. Com o artesanato e a barraca sua renda era bem maior do hoje. No momento, está comercializando suas peças fazendo boca-a-boca entre amigos, no ônibus, nas filas de bancos para onde leva acessórios pequenos como brincos e colares feitos também de jornais, papel de revista e encartes de supermercado.
Tico
Telefone de Contato: (31) 3476-4947 / (31) 9935-3650
http://www.favelaeissoai.com.br/artistas.php
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
इवान लिनस/सेल्सो Viáfora
Ter voltado,já perdoei
perdoei você reviver
o que me faz sofrer.
E só não lhe perdôo
por ter me obrigado a ver
que nunca amei você
**************************
Aos queridos leitores deste blog,meus amigos virtuais!
Seus defeitos perto de suas qualidades se comparam a uma Formiga perto de um Elefante.
Por tanto não precisa mudar. Sabe porque? Você é maravilha!!
A HUMANIDADE AINDA ESTÁ CAPENGA!!
pode sim ter origem na disparidade
de visões entre os gêneros feminino e masculino!
desde o início dos anos oitenta,que feministas diziam
que a humanidade está capenga,porque a visão feminina é deficitária!
em tudo! nas artes, na ciência, na política!
enfim,em todos os campos do conhecimento,
a mulher sempre esteve muito pouco presente!
diremos então, "é culpa da própria mulher"!
será? geralmente a responsabilidade de quase
a totalidade de problemas da humanidade, é de todos!
e não "culpa"....deixemos esta palavra um pouco pra lá!
vamos nos lembrar de tantos mal entendidos da história!
de tantas injustiças causadas por causa da pressa, da ganância,
da falta de amor, da falta de discernimento de tantos!
se só uma pessoa com falta de discernimento faz tantos estragos!
o que poderíamos esperar de tantas pessoas juntas com tão pouco discernimento!
tem uma frase que diz que é de pequeno que se torcem os pepinos!
muito usada pela geração de minha mãe, que hoje teria 88 anos!
se desde pequenos não fomos colocados em situações
éticas e nos disseram; RESOLVA!! como poderíamos ter aprendido a sermos éticos
agora, na vida adulta!? algum dia seu pai chegou pra você e lhe disse:
nestes próximos anos começaremos a cozinhar, lavar, passar e cooperar ao máximo com
as "tarefas" domésticas para que sua mãe possa estudar e levar uma vida profissional
em frente!...não, raras serão as pessoas que terão ouvido esta frase em suas infâncias! veja o seguinte, os serviços domésticos, a mão de obra das mulheres,
ainda são vistas como TAREFAS, palavra esta que significa o último dos trabalhos feitos pelo ser humano!! mulheres são tarefeiras!! elas sabem falar, mas não dizem nada! não possuem união entre si! não valorizam suas ideias! colocam todos na sua frente, elas sempre ficam por último! hoje as coisas estão mudando!
há sim mulheres que dão-se o direito de muitas coisas!
Karl Marx foi um dos únicos filósofos que escreveu sobre o custo do trabalho
doméstico que geralmente nunca é contabilizado! é como se o trabalho doméstico fosse inexistente! a medicina é machista, isto é, é estudada com a visão dos homens! em pleno século XXI o estudo da TPM, por exemplo,é considerado sem muita razão de ser!
porque a maioria dos médicos e pesquisadores é homem!
este mal que atinge tantas mulheres, aqui em São Paulo, por exemplo, possui um único centro de atendimento para tratá-lo! no HC! e este não dá conta de atender tantas mulheres com TPM!!
enquanto as mulheres não perceberem que se elas não atuarem na sociedade, na ciência, na política, nas artes, enfim! os homens nunca darão conta de tentarem resolver os problemas que são das próprias mulheres! e ainda nunca largarão mão de seus antiquíssimos privilégios! acredito que homens de verdade saberão cooperar de verdade com a efetiva inclusão das mulheres neste mundo, que ainda é dos homens!
Nadia Stabile - 29/12/08
ASSÉDIO MORAL E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
experts falando sobre Maria Madalena.
o debate era sobre Jesus Cristo,sua existência,
e sua importância na história!
através de textos apócrifos, textos que não eram públicos,
isto é,textos que não eram lidos nos cultos das igrejas, mas lidos
em locais privados,e que contrariamente ao que muitos imaginam,
são textos sérios, lidos até hoje,não possuem nada de esotérico e nem de ocultismo!
em textos como esses pode-se ler que Jesus beijava Maria Madalena na boca.
o expert no assunto Mário Sérgio Cortella,frisa bem, que nunca Jesus foi casado com Madalena, e muito menos consta que Madalena fosse prostituta!
o que consta é que Madalena era a apóstola mais importante!
e que os outros apóstolos tinham ciúmes de Madalena por ser ela a escolhida,
ou dizendo melhor,era ela a única que recebia tais beijos de Jesus!
Jesus sempre valorizou muito as mulheres!
e o beijo na boca simbolizava a troca de sabedorias internas!
a troca entre as almas!ou mais ou menos isso!
o que é interessante notar,é que sempre o clero tratou as mulheres com indiferença,
excluindo-as de todas as liturgias e etc da vida monástica!
assim como as bibliotecas na idade média eram restritas aos pouquíssimos letrados,
que no caso ,eram em sua maioria os poderosos do clero!
se nossa cultura é cristã, e se o que seguem é o que está na Bíblia,muito mais do que o que consta nos textos apócrifos!... estaria aí uma das causas, da origem da
mentalidade tacanha de assediar moralmente as mulheres e ainda causar-lhes tantos
males físicos e injustiças inomináveis!
convém destacar aqui que esses males por serem causados dentro do âmbito privado,
dos "lares",assim como o caso do trabalho doméstico tão vilipendiado por toda a sociedade,custa muito que seja detectado com profunda realidade,por tratar-se
de injustiças escondidas por debaixo dos panos geralmente omitidos pelas próprias vítimas!
as mulheres em geral custam a dar-se conta dos males que causam, escondendo tais injustiças! tentam sempre salvar seus "barcos" do afundamento,e nunca percebem,
a não ser quando os fatos tornam-se impossíveis de serem escondidos,
que injustiças devem e podem ser corrigidas!
esta Lei Maria da Penha poderá contribuir! mas lógico! até que todo este atraso
seja recuperado,muitos sofrimentos inúteis ,muitas mulheres ainda passarão!
neste nosso país que se diz tão cristão, é totalmente inaceitável que as mulheres
não se compenetrem de que lutar por ter vida digna e valorizar-se,
é urgente! lembre mo-nos sempre de Maria Madalena!! a apostola de Jesus mais valorizada e mais amada por ele!
Nadia Stabile - 29/12/08
MALES
"que um mal que você sofreu..."
ou "que seus antepassados sofreram um grande mal",
que você ,ou eu,não presenciássemos,
não provocássemos...não causássemos
ainda que pelas mãos de outros...!
males semelhantes!
parece que a vingança,a ganância,
a intolerância,a falta de discernimento,
ainda causarão muitas mortes,
muitos mal entendidos,
muitas injustiças!
não podemos continuar
confundindo as coisas!
nossa memória,
nossa capacidade de nos
informarmos dignamente!
se forem falhas!
assim como nossa capacidade de perdoar!...
como disse Gandhi a seus seguidores,
que se não fossem capazes de amar os ingleses,
que não o seguissem!...
se não entendermos Gandhi,
continuaremos negando
a essência do ser humano.
lutar por direitos,
lutar por vida digna,
não tem nada a ver com
prejudicar ou matar
nossos semelhantes!
sempre que há muitas mortes,
é porque o poder leviano
do estado meteu-se onde não devia!
todas as lutas são difíceis,duras!
mas podem ser mais leves
quando vários lutadores unem-se,
quando os próprios interessados,
lutam por suas causas.
Nadia Stabile - 29/12/08
domingo, 28 de dezembro de 2008
Alice Ruiz - Se
se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra
eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto
ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio
daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...
Alice Ruiz
जे.दर्रिओं/म.M.LEIGH (versão de Chico Buarque e Ruy Guerra) SONHO IMPOSSÍVEL - Fragmento
SE ESSE CHÃO QUE EU BEIJEI
FOR MEU LEITO E PERDÃO
VOU SABER QUE VALE
DELIRAR E MORRER DE PAIXÃO
*****************************
EO MUNDO VAI VER
UMA FLOR BROTAR
DO IMPOSSIVEL CHÃO
Oswaldo Antonio Begiato
De onde será
Invento os sonhos que não tenho?
De palavras bem ditas e mal ditas
Ao passar da leveza e da brisa
E por elas levadas?
De olhares intrigantes e deixados
Escondidos atrás da porta
Que o vento fechou?
De gestos ímpios e invisíveis
Gravados no deserto da alma
Que as tempestades apagaram?
De onde será vêm
Os sonhos que não consigo ter?
De mim mesmo
desenganado e fragmentado
Ou de minhas imagens
refletidas nos cacos do espelho
Que se quebrou de tantos desencantos?
Oswaldo Antonio Begiato
sábado, 27 de dezembro de 2008
"CARLOS ROBERTO DE SOUZA" - REBELDIA
Cantar pneus, quebrar tudo... Ir à zona.
Mas a vida inesperadamente mostrou-me suas facetas:
“O que vem fácil, vai fácil”, assim diz o ditado.
Tudo que desejei realmente não existiu
- Fui traído pelas propagandas e “outdoors”
Que tanto encheram minha ansiedade de adrenalina
Deixando minha mente vazia e precária de consciência.
Quem vai ressarcir-me desse engodo?
Hoje me sinto um moribundo,
Sem passado, presente ou futuro;
Largado nas voltas do mundo.
Tento a cada dia escapar dessa frustração
Com copos fétidos de cachaça
Que embriagam os meus problemas
Adiando-os para o dia seguinte.
Quer saber?
Eu vou encher a cara!
Não estou nem aí...
Já que me encontro na lama
Não vou evitar me afundar.
Tentarei, embora em vão,
Ludibriar o que resta da minha lucidez
Que a cada instante insiste em preencher
A lacuna entre as minhas trevas
E o meu amanhecer.
(Agamenon Troyan)
"CECÍLIA MEIRELES" - A VIAGEM (AMIGA MARLENE KJELLIN ENVIA)
E a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste
Sou poeta
Irmão das coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
No vento
Se desmorono ou se edifico
Se permaneço ou me desfaço
não sei, não sei. Não sei se fico
Ou passo
Sei que canto. E a canção é tudo
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo
mais nada
Cecília Meireles
"RAINER MARIA RILKE" - HORAS DO MEU SER (AMIGA VANIA GONDIM ENVIA)
"Amo as horas sombrias do meu ser
em que os meus sentidos se aprofundam;
nelas encontrei, como em velhas cartas,
o meu dia a dia já vivido,
ultrapassado e vasto como numa lenda.
Elas me ensinam que possuo espaço
p'ra uma intemporal segunda vida.
E por vezes sou como a árvore
que, madura e rumorosa, sobre uma campa
cumpre o sonho que a criança de outrora
(abraçada por suas cálidas raízes)
perdeu em tristezas e canções".
(Rainer Maria Rilke. Trad.: Ana Hatherly)
"MARCELO ROQUE" - CONTRADIÇÃO
para aliviar-se em seu bálsamo ...
Mostrar-se fraco
e assim
fortalecer-se em sua condição humana ...
Embriagar-se com a loucura
servida pela própria razão ...
Prender-se a pessoa amada
e sentir que é essa
a liberdade que sempre sonhou ...
Viver na ordem contraditória do querer
e ter a certeza
que amar
é encontrar calmaria
no olho do furacão
Marcelo Roque
"RICARDO SANT'ANNA REIS" - FRUIÇÃO
olhar para um céu que se azula
assim, sem mais, nem menos...
Ah, quão grandes são
os prazeres pequenos!
Ricardo S. Reis
"CARLOS ROBERTO DE SOUZA" - FILHOS DO OCEANO
Arrancado-lhe um grito das profundezas.
O vermelho surge manchando as águas de sangue.
Em ondas suas lágrimas fugitivas rebelam-se
A procura de rochedos onde possam se refugiar.
Sorrisos largos revelam a face do predador
Que sob os auspícios da lei esconde-se
Atrás da máscara da selvagem ética humana.
... E o quinto arpão se faz ouvir.
Os oceanos não mais presenciarão os saltos,
Os mares não mais sentirão alegria,
Em solidariedade os rios se uniram,
A natureza em seu minuto de silêncio
Ajoelhou-se na praia:
Uma lágrima,
Um soluço,
Um “por que?”...
*Este poema é parte integrante do livro (O ANJO E A TEMPESTADE),de Agamenon Troyan
"MAXINE CHONG" - A FORÇA DE UM HOMEM (AMIGA DRIKA BUENO ENVIA)
é vista na largura de seus ombros.
Vê-se na largura de braços que o rodeiam.
A força de um homem não
está no tom profundo de sua voz.
Está nas palavras delicadas que sussurra.
A força de um homem não
é medida por quantos amigos ele têm.
É medida no quanto é um bom amigo com seus filhos.
A força de um homem não
está em como é respeitado no trabalho.
Está em como é respeitado no repouso.
A força de um homem não
está no cabelo em seu peito.
Está no coração que se encontra dentro de seu peito.
A força de um homem não
está em quantas mulheres amou.
Está em se ele pode verdadeiramente amar uma mulher.
A força de um homem não
está em como duramente bate.
Está em como amorosamente ele toca.
A força de um homem não
está no peso que pode levantar.
Está na carga que pode compreender e superar.
Maxine Chong
"ADÉLIA PRADO" - EXAUSTA (AMIGA ANICE ENVIA)
perdão para descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes."
"MARCELO ROQUE" - COLHEITA
morna e úmida
planto meus versos
para depois, então
poder colher em teus beijos
meus poemas
Marcelo Roque
"CARLOS ROBERTO DE SOUZA"- O SILÊNCIO DO FURACÃO
Concebido jaz no útero
De sua natureza morta.
Ávida em prantos, uma flor sobrevive.
Aprisionada em liberdade se apodera
Germinada morre em vazias sementes.
Em campos férteis explodem espinhos
Que sangram os pensamentos
Enterrando-os sob as trevas da razão.
Os ventos chegam inesperadamente,
Cavalgados por anjos da morte
Que calados despertam o silêncio do furacão.
* (Agamenon Troyan)
"RICARDO SANT'ANNA REIS" - ERAM VERDES
Caminhava pela calçada
E tinha olhos verdes
Que aludiam ao mar
Era tão linda esta moça
E tinha olhos tão verdes
Imaginei as paisagens
Que a permitiram olhar
Imaginei, tão somente
Se eu morreria de amor
Pusesse em mim tal olhar
Tão verde e tão lindo
Olhos vívidos e reveladores
Naquele tão moço olhar
De desidérios infindos
Pensei- não serem então, olhos
- senão pedacinhos de mar
Ricardo S. Reis set/2007
"MARCELO ROQUE" - CORAIS
sob a mais absoluta escuridão
corais de pensamentos dançam
silenciosamente
embalando as águas
influenciando assim
o iluminado balé das ondas
Marcelo Roque
"SYLVIO NETO" - QUE DIABOS !
Essa pela estrela
viva na tv, rádio
revista
E na idílica ilha
do coração bobo
Quanto mais é tola
mais é profunda
Quanto mais inefável - mais
minha - só minha
QUE DIABOS
Ói! Uma barata
sobre meus sonhos
postos nas músicas, livros
e folhas
donas de poemas perdidos
sobre a estante
Onde repousam
meus amores
QUE DIABOS
Uma barata!
Cucaracha
que nem dança...
Espanta minha
inspirada letra
Entorta minha
" ignota, monada' palavra
Me invade ar
Me consome céu
Me envolve mar
Augusto! Pelos Anjos
saia daqui
Que não há ceu
em mim
E nem nojo em
minha paixão
Deveras haverá
nunca
se não - nada
de porco
em minha
poesia
Barata chata! Porca
feia, inconveniente
Bom!!!!
É minha mesmo
Esta loucura e perdida
noção
de encontro, reforma
e performance
de entrega
pelo bum bum
baticumbum
que existe memorável
em qualquer ato
força, contrato
que abriga aqui
Meu insensato?
co-ra-ção
Não havia
alegria suficiente
em Sócrates
Nem solidarie
Nem solidariedade
suficiente
em Cristo - Jesus
como a paixão palestina
de meu coração
menino
Pelas estrelas lindas
que não alcança
indefeso
qual livro de visitas
Não houve destruição
suficiente
em N.York City
quando de sua formação
Nem espetáculo
maior na queda
gemea
Quanto há naquela
maldita barata
Que causou
a minha confissão
palavra viva
palavra ação
meio e fim
Aquela que dava
a meus amores
e ao coração
bobo, perdido -
largado, batido
dentro de mim -
Sylvio Neto
"SYLVIO NETO" - REFENS DO SER VIL
Por quem?
Por que? Por que?
Bororó civilizado neném
Cunhatã, Pavuna, Itaguaí
Magé, Saracuruna, Acari
Quase todos te amam
Mas ninguém te quer
Por aqui...
Quantos beijos você pode dar?
Quantos beijos você deu
Naquele Yanomami
Antes do jantar?
Estariam Bush e Ariel Sharon
Na Cis-jor-da-ni-a?
Estariam George e Sharon
Na História?
Siox, Cherokee, Iroqui
Tupi, Maia, Asteca, Meri Oriedi
Estariam aqui?
Bororó?
Gil e o discurso de Ministro?
Estariam aqui?
Faluja Xiita, Tupi Guarani
Anchieta, Antonil, Tomé de Souza
E tome Tomé
E tome Men de Sá
“ E por mais de mil léguas de praia
estendidos os corpos foi o que se viu”
Ser vil
Estaria ainda aqui, Men de Sá?
E Sabra e Satila de Sharon?
E a triste história da noite
Dos mil mortos?
Eu vi na televisão
Gilberto dizer de harmonia
No renascer da cultura calada
Do Povo Novo
Junção harmônica
Entre a tradição e a invenção
Como num conto de fadas
Como Domingo no Parque
Tribo, aldeia , taba
Tribo, aldeia , taba
A-flu-en-te,
Negro, Ji-Pará
Andiroba, xique-xique, jequitibá
Calango, Jesuíta, redução
Aldeiamento, reino de fogo, trovão
Assentamento, refugiado, Hebron
Sem Terra, MST, Funai
A-flu-en-te,
Paraty, Goias, Goytacaz
Pimenta do reino na feitoria
Faz backing vocal no tempero
E tem cheiro
Cor de ouro e prata
A bota, o arcabuz e o facão
Arriam a floresta no chão
E impõe o concreto da razão
Sem
O alicerce de cocar e o louvor a Terra
Que o Xamã vermelho chamou
Para despistar Anhangá
Durante o Huka-Huka dos Kamaiurá
No Kuarup
Araribóia, Sardinha
Vieira, Tchucarramã, Raoní
Eu quero os irmãos Villas Boas aqui
Estamos todos marcados
Mas
Há apenas um deus que corre nas veias
E que nos acaricia o rosto
E sustenta os pássaros?
Não,
Eles são mais de um
Em Guarací, Jaci e Rudá
Eu vejo o Brasil na TV
E o que foi o início
De EU a VOCÊ
Mas não sinto o canto da mata
Quase não ligo
Quando você mata
E talvez finja não ver
Quando matam você
Não há aqui
Um problema comum
E não se reduz ele
A apenas um
Guanabara, guaraná, Araribóia
Vatapá, acarajé, feijão, tutu
Feijoada, Xavantes, Yanomamis
Xingú
"SYILVIO NETO" - REMINISCÊNCIA
Chegou carregada
Forte e potente
A velha Meriti
Hoje Duque de Caxias
Ficou inundada por eternos
Vinte e cinco minutos
Será que o mergulhão vai resistir?
Enquanto pensava
Nos compromissos adiados
Olhava a chuva
Lavava a alma
Os pesadelos
Limpava os sonhos
Uma fileira de baratas
Subia pelas soleiras das lojas
Inundadas
Caxias está a beira mar
Se chove
A maré sobe ou aumenta
E as galerias pluvias
Não descarregam a água do céu
No mar
Pensei...
Foi preciso sair
Na estiagem
Encontrei o professor Vicente
Aquele do instituto Buriti
O verdadeiro nome de Meriti
São João de...
Minha cidade Natal
Ah!!!Rua São Pedro
Na outra esquina
Joel e Cosme do Afro Reggae
me cercam
Que alegria ver Belford Roxo
realizado
A me amar
Estou com pressa
Estamos com pressa
Sigo na chuva fina...
Pensando...
"SYLVIO NETO" - SOBRE A VELOCIDADE CÍNICA DO TEMPO
Navegarem iluminado
Céu azul
Reprovei as putas
Rugas a brotar
De meu rosto cansado
Entre o tempo e a memória
Corro sempre do passado
Assusto-me no presente
E cultuo o riso cínico
Do amanhã potente
16/06/08
"SYLVIO NETO" - NO ÉDEN ANTRÓPICO, UM TEMPO SEVERO DESTRÓI A FANTASIA
Clama rangendo dentes:
Chama teu deus
Chama teus entes
E num batismo de sangue
Engole, soterra, enterra
Afoga, desabriga e mata
Um tempo severo
Retorna ao não
Da calmaria do tempo inerte
Obedece a palma da mão
Que em rezas a Sebastião e Maria
Entrega-se todo povo sem sorte
No medo soturno da morte?
Um tempo severo retorna
Ao não da calmaria
Do tempo inerte
Por ser este matéria portentosa
Que move a história em ventos
Que cura feridas em ungüentos
Que se acomoda em violenta
Geologia e em antrópica destruição
Da fantasia?
Um tempo severo
Batiza meu sacrifício
E me emprenha de poesia
अ कर दा ESPERANÇA - "CARTOLA" E "ROBERTO NASCIMENTO"
A tristeza vai transformar-se em alegria,
Eo sol brilhar no céu de um novo dia,
Vamos sair pelas rua,pelas ruas da cidade,
Peito aberto,cara ao sol da felicidade.
E no canto de amor assim,
Sempre vão surgir em mim,novas fantasias,
Sinto vibrando no ar,
e sei que não é vá,a cor da esperança,
A esperança do amanhã.
**********************************************
Cartola/Roberto Nascimento
"FERNANDO PESSOA" - FRASE (DO AMIGO E POETA RONALDO FRANCO)
pudesse pensar,
pararia."
Fernando Pessoa
"San Juan de la Cruz" -AS CONDIÇÕES DE UM PÁSSARO SOLITÁRIO SÃO CINCO (AMIGA CAMPESINA ENVIA)
Primeiro:
Que ele voe ao ponto mais alto;
Segundo:
Que não anseie por companhia,
Nem a de sua própria espécie;
Terceiro:
Que dirija seu bico para os céus;
Quarto:
Que não tenha uma cor definida;
Quinto:
Que tenha um canto muito muito suave.
"NADIA STABILE" - PALAVRAS
palavras fúteis
não são palavras
são corpo sem alma
DOIS
palavra tem alma
diga
de corpo e alma
TRÊS
além dos sentidos
pode-se encontrar palavras
num email
QUATRO
nem desenterrando palavras
dá para se fazer entender
para alguém
que não quer entender,
ou que está ocupado
desenterrando palavras
CINCO
ressuscitar palavras
perdidas
esquecidas
caídas em desuso...
AGORA!! é a hora!
SEIS
tudo pode regenerar-se!
o ciberespaço fará
as pessoas desenterrarem
"vitais" palavras
que perderiam suas almas
junto com quem as dizia
SETE
coletivo,
blog coletivo,
mídias sociais,
wikis,grupos,
substantivo coletivo,
na escola você estudou,
estude agora a essência
dos cardumes, das matilhas,
e dos molhos de chaves!
OITO
a intersecção do conjunto A
com o conjunto B,
forma outro conjunto C,
coletivos interseccionados!
NOVE (de 2009)
palavras nos celulares
blogs coletivos
redes autônomas ou heterônomas,
novas mídias...
comunicação celular,
aldeia global,
só AGORA!!
McLuhan nasceu
um século antes!
Nadia Stabile - 27/12/08
"NADIA STABILE" - SOCORRO
preciso dizer o indizível!
ver o invisível!
ouvir o inaudível!
e ainda ir além dos sentidos!
além das células da comunicação!
descobrir os substantivos coletivos!
cardumes,matilhas e molhos de chaves!
preciso sair correndo para tentar destramelar
os cães e entender a dinâmica dos peixes!
voltarei com outras configurações!
Nadia Stabile - 27/12/08
"ADÉLIA PRADO" - ORFANDADE (AMIGO ANTÔNIO AUGUSTO DOS SANTOS ENVIA.ELE TAMBÉM É DE DIVINÓPOLIS - MG)
me dê cinco anos.
Me dê um pé de fedegoso com formiga preta,
me dê um Natal
e sua véspera,
o ressonar das pessoas no quartinho.
Me dê a negrinha Fia
pra eu brincar,
me dê uma noite
pra eu dormir
com minha mãe.
Me dê minha mãe, alegria sã e medo remediável,
me dá a mão,
me cura de ser grande.
Ó meu Deus, meu pai,
meu pai."
*Poema da divinopolitana Adélia Prado.
Carlos Drummond de Andrade - Receita de Ano Novo
(Carlos Drummond de Andrade)
Para você ganhar belíssimo Ano Novo...
Não precisa fazer lista de boas
intenções para arquivá-las
na Gaveta.
Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto
da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens
e as nações, liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Um maravilhoso Ano Novo para você !
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
ESTAMIRA - Trabalho Realizado para a disciplina de Semiótica no 5o. periodo da Pontificia Universidade Católica de Minas Gerais.
"ESTAMIRA" - DOCUMENTÁRIO DE MARCOS PRADO - 2000
"NANÛ SILVA" - VÁRIAS
São putoesias
Ke desencanta
Senso comum.
(Cristina - “No Brasil havia 4 milhões e 400 mil famílias na pobreza absoluta em 1980 e, em 1985, mais de 60 milhões de jovens eram carentes, ou seja, suas famílias não tinham meios para garantir seu bom desenvolvimento físico e mental. Para se ter uma idéia, em 1974 um órgão do governo gastou 20 milhões de dólares para investigar o que comiam os brasileiros. Foram entrevistadas 55 mil famílias, e o resultado foi tão aterrador que se proibiu a divulgação dos resultados. Havia famílias que comiam ratos, crianças que disputavam fezes...”)
A CURA ESTÁ NO MATO
BHC – provoca câncer
Clordane – provoca câncer
Heptacloro – provoca câncer
DDT – provoca câncer e distúrbios nervosos
Parathion – provoca danos em feitos e distúrbios nervosos
Toxafeno – provoca câncer
(Trinitrotolueno - A medicina fabrica mais doenças do ke cura.)
TODAS AS PESSOAS TEM UM CHEIRO PRÓPRIO
A diferença existe
O babaçu sabe disso
O vento ke o diga.
(Luiz - Não é preciso sentir bem os cheiros para uma relação sexual satisfatória. Mas com cheiro é muito melhor.)
SERÁ QUE X HUMANX É BURRO?
Desejos artificiais para uma vida quadrada.
Quadrada vida para desejos artificiais
A verdade é mais um
É plural.
(Xantófila - A destruição do meio ambiente, o perigo ke a Terra corre e o risco de o humano desaparecer são verdades afirmadas por ecólogos de todas as correntes científicas e políticas. Se é assim por ke x humanx não reage?)
FONTE : http://ladesgracione.blogspot.com/
"NANÛ SILVA" - PUTOEMAS
8 horas
11 horas
12 horas
17 horas
horas...
enjaulado
no tempo
ke é
reflexo
de um mundo de mentiras
(Nunu - A série de falácias se harmoniza para transformar o ke poderia ser uma sociedade feliz e abundante em infeliz abundância.)
FONTE: http://ladesgracione.blogspot.com/
"NANÛ SILVA" - GLUTAMATO MONOSSÓDICO
Faz sombras
Para dois pernilongos.
Discutiam a pluralidade
Da vida nesse planeta.
(Lixívia – Tal como o vinhoto, a lixívia é o resto do processo químico que as usinas de álcool despejam nos rios, intoxicando peixes e exalando terrível mau cheiro.)
FONTE : http://ladesgracione.blogspot.com/
"LA DESGRACIONE" - PORROEZIA E INCÓGNITA
MONÓLOGO DA INCÓGNITA Incógnitamente Permanece o ácaro Ao lado do clitóris (João - Carnes, queijos, iogurtes, biscoitos, bolos, doces, sorvetes, pastéis, massas etc., tudo está “batizado” com essas parafernália química que nos mata aos poucos – ou, às vezes, rapidamente.) AS MAQUINAS MENTEMEm um mundo urbano Onde o ter assassina o ser A ganância para o beija-flor É apenas um leve sutil vazio Que leva a destruição. (Beto - “O deus gentil que amorosamente projetou todxs nós e salpicou o céu com estrelas brilhantes para o nosso deleite – esse deus é, como o papai Noel, um mito da infância, não é uma coisa que um adulto são e honesto poderia literalmente crer. Esse deus deve ser abandonado de uma vez”.) POESIA EM EXTINÇÃO Caminhando no RESTA A FLOR sobrevive Putoesia está (Luiz - Ker ter passarinhos em casa. Plante flores. Arvores frutíferas. Evolua!)
Postado por La desgracione
incógnita
INCÓGNITONa superfície Na superfície No lado norte No lado norte Do lado errado Do lado errado Do lado esquerdo Do lado esquerdo No meio do trilho No meio do trilho Atravessando a fronteira Atravessando a fronteira Da viela Da viela Da vida Da vida Na ponte Na ponte No morro No morro Na capoeira Na capoeira Ao longo do rio Ao longo do rio Ao lado... ao lado... Em cima do muro Em cima do muro Sentado na cadeira dois Sentado na cadeira dois Coçando o saco Coçando o saco Não adorando ninguém Não adorando ninguém Assassinando o policial que existe em si Assassinando o policial ke existe em si Tatuando jardins Tatuando jardins Bebendo odores Bebendo odores Na calada Na calada Na tristeza Na tristeza Na observação da sonoridade Na observação da sonoridade Colhendo imagens Colhendo imagens Na escrita bêbada Na escrita bêbada Na masturbação vaginal Na masturbação vaginal Na anarquia Na anarquia Na escada Na escada No quiabo com carne de soja No quiabo com carne de soja Na fagulha Na fagulha No alho com feijão No alho com feijão No respirar outro dia No respirar outro dia Na eterna finita putoesia Na eterna finita putoesia Cortando caminhos Em busca da liberdade Com nossa amiga solidariedade Permaneço incógnito. (Jorge - O sistema capitalista ainda não enloqueceu, porém chegou ao ápice de seu mecanismo suicida e nada pode fazer para remediar o absurdo sem negar a sua própria essência: isto é, chegou a tal ponto, que todas as medidas corretivas seriam anticapitalistas, negando o processo de busca ao lucro e induzindo ao prejuízo como o meio de sobrevivência, um evidente paradoxo do sistema.)
Postado por La desgracione
FONTE : http://monologodalapide.blogspot.com/
A importância da literatura para o homem de cultura universitária, qualquer que seja sua especialização (clique aqui e leia mais)
A mensagem literária dirige-se hoje para um homem que vive numa época de especialização, que exige o culto às ciências naturais como o único digno de si. Partindo dessa premissa, uma evidência nos aponta: encontramos médicos, engenheiros e advogados, mas não o “homem” inserido nessas profissões. Essa especialização diferencia-os do resto da humanidade. Submergidos em suas atividades estes não têm oportunidade para serem no meio dos homens, “iguais entre iguais”.
A especialização é o signo de nossa época. O gigantesco desenvolvimento do conhecimento nas ciências naturais, a centralização de esforços dos Institutos Universitários em torno das pesquisas físicas longe de prescindirem de um sentido humano à sua atividade, colocam-no com mais dramaticidade.
É o espantoso desenvolvimento das ciências naturais que revela o fato do homem achar-se num período de transição. Os velhos valores fenecem e os novos não foram ainda encontrados. Esse vácuo é preenchido pela incerteza do homem quanto ao seu destino.[1]
Numa época de especialização [2], a literatura define os ideais de um período de crise e transição. Daí toda grande obra literária ser de um período de transição (veja-se a importância da mensagem de Dante, Dostoievski ou Kafka).
Pois é nesses períodos que se põe dramaticamente ao homem essa interrogação: qual o sentido de sua vida, qual a significação do mundo que o cerca?
O médico, engenheiro, advogado, encarnam especializações necessárias ao exercício de suas atividades, mas têm em comum, um atributo, o de serem humanos e o de enfrentarem idênticos problemas numa sociedade em transição.
Somos filhos de uma sociedade individualista e liberal e caminhamos para um outro tipo de sociedade planificada. Como dar-se-á tal mudança? Quais os agentes desse processo? Não o sabemos. O que sabemos é que assistimos a um espetáculo de crise, de transição, onde os velhos quadros sociais desaparecem e os novos ainda não se estruturaram.
A literatura é uma forma de resposta a essa interrogação. Ela, pelos escritos de Homero transmitia-nos uma mensagem corporificando um tipo de homem: o cavaleiro e o nobre; pela pena de Hesíodo, transmitia-nos uma ética do trabalho e sua dignificação como sentido da vida.[3] Os escritos de Joyce, Kafka e Faulkner, constituem uma mensagem adequada aos tempos novos: as formas clássicas do romance estão fenecendo; cabe ao homem descobrir uma nova linguagem para exprimir novas experiências de uma nova vida.[4]
De todas as formas de arte a literatura é a mais próxima da vida e a mais sintética, pois reúne a arquitetura, quando no processo de composição do romance, a música, na estrutura melódica da frase, a pintura, no traçar o caráter dos personagens, a filosofia, ao definir seus ideais de vida. Daí sua importância para a cultura.
Sendo ela acessível aos diferentes especialistas, poderá formular novas formas de ação ética e padrões morais. Como um sismógrafo poderá ela captar o sentido interno da mudança que se opera no mundo. Para tal, conta com a intuição artística, que faz com que as mudanças sejam pressentidas antes pelos seus possuidores, passando depois aos campos sistemáticos do conhecimento.
A transição do século XIX e XX foi assinalada, em primeiro lugar, pelos impressionistas, pelo naturalismo literário e posteriormente pelos teóricos de política, economia e filosofia.
A literatura pertencendo a um dos campos assistemáticos do conhecimento tem esse poder. Pode auscultar as mudanças que se operam no mundo e pela imaginação de seus grandes nomes, definir ao homem comum, novos caminhos.
Se não conseguir formulá-los com nitidez, pelo menos servirá como testemunho de uma época. A época que produz Camus, Kafka e Faulkner [5], já escolheu seu destino: eles testemunham por ela.
Na época moderna à literatura cabe um papel integrador. O papel de superar o abismo existente entre a arte e a vida, arte e ciência, na medida em que ela mesma é concebida como uma forma de conhecimento dessa totalidade, que é o homem.
Cabe ao escritor viver plenamente sua época, pois só atinge a grandeza, aquele que sentiu seu próprio tempo. Este é o segredo da universalidade de um Goethe, Balzac ou Cervantes.
Nessa tentativa de traçar com lucidez os quadros do mundo, onde se desenrola o drama humano, num período de transição, é que a literatura deixará de ser o “sorriso da sociedade”, para ser testemunho de uma época, uma mensagem acessível a todos, que permitia ao homem independente de sua especialidade sentir-se junto ao seu semelhante, como “igual entre iguais”, cumprindo um sábio preceito chinês.
Se as profissões diferenciam o homem, cabe à arte uni-lo em torno de ideais comuns. Isso ela pode fazê-lo, pois sua linguagem é universal e a condição humana idêntica em toda a face da terra.
__________
* Trabalho premiado – prêmio Graciliano Ramos – no concurso de literatura para os universitários do país, instituído pelo Ministério de Educação e Cultura e pela revista O Cruzeiro, conforme sua publicação de 2-1-60. Fonte: Separata da Revista de História Nº 44 (FFCL - USP), São Paulo. Publicado na Revista Espaço Acadêmico, nº 07, dezembro de 2001. Disponível em http://www.espacoacademico.com.br/007/07trag_literatura.htm ** Licenciado em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
LEIA MAIS EM:
FONTE: http://mauricio-tragtenberg.blogspot.com/2008/12/importncia-da-literatura-para-o-homem.html
Nanotecnologia leva quimioterapia contra o câncer
Nanotecnologia leva quimioterapia contra o câncer
Uma empresa australiana de biotecnologia disse na quinta-feira ter desenvolvido uma maneira de levar medicamentos anticâncer diretamente às células cancerosas, estratégia que visa a evitar a toxicidade associada à quimioterapia.
O método usa a nanotecnologia, ou seja, micromáquinas menores que uma célula humana. Segundo a empresa, a estratégia de levar a quimioterapia direto para as células afetadas permitirá utilizar doses muito menores, que serão bem mais toleradas pelos pacientes.
A EnGeneIC publicou o trabalho na edição de maio da revista Cancer Cell. As nanocélulas desenvolvidas pela empresa ligam-se às células cancerosas, por meio de anticorpos de sua superfície. A nanocélula então é absorvida e a droga, liberada diretamente dentro da célula afetada.
A empresa disse que a nanocélula, feita com bactérias e chamada de veículo de entrega, comprovou-se segura em ensaios com primatas, e sua interferência resultou numa regressão mais significativa do câncer.
A EnGeneIC espera realizar ensaios com seres humanos ainda em 2007, se obtiver a aprovação das autoridades da Austrália, dos EUA, da Europa e do Japão.
"Pela primeira vez existe uma possibilidade real de que essa tecnologia leve ao uso de combinações entre várias drogas e eventuais terapias individualizadas para pacientes de câncer", disse a pesquisadora Jennifer MacDiarmid.
"Em termos de terapia contra tumores, a maioria dos pacientes de câncer em estágios avançados possuem células tumorais que apresentam várias formas de resistência a drogas. Nossa tecnologia pode oferecer a primeira solução in vivo (dentro de um organismo) a esse grave obstáculo."
Reuters
FONTE: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1605867-EI8148,00.html
"VINICIUS DE MORAES" - SERENATA DO ADEUS (AMIGO JOSÉ CARLOS JANUÁRIO ENVIA) O ADEUS É PARA O ANO DE 2008!!!
Não é a mesma que te viu
Nascer dos braços meus…
cai a noite sobre o nosso amor
E agora só restou do amor
Uma palavra: adeus…
Ai, vontade de ficar
Mas tendo de ir embora…
Ai, que amor é se ir morrendo
Pela vida afora
É refletir na lágrima
O momento breve
De uma estrela pura
cuja luz morreu…
Ò mulher, estrela a refulgir
Parte, mas antes de partir
Rasga o meu coração…
crava as garras no meu peito em dor
E esvai em sangue todo o amor
Toda a desilusão…
Ah, vontade de ficar
Mas tendo de ir embora…
Ai, que amar é se ir morrendo
Pela vida afora
É refletir na lágrima
O momento breve
De uma estrela pura
cuja luz morreu
Numa noite escura
Triste como eu…
Vinícius de Moraes
Milhares de pessoas voltam a dançar e a cantar devido a esse procedimento
Repassem essa mensagem de amor ao próximo, façam campanhas de esclarecimento dos benefícios deste tratamento, salve vidas e proporcione muitos anos de felicidade e longa vida a todos. Música, maestro!
"MÁXIMO GORKI" - PEQUENOS BURGUESES -peça teatral
Ainda em 1901, em julho, escreve Ralé, peça em que a fala é menos pronunciável e os gestos reconstituídos que o intangível fluxo de almas humanas no interminável e escorregadio contato de uma com as outras. A peça reúne suas cambiantes sobre um foco definido e sua conclusão tem uma firmeza clássica. Em 1902 acontece a estréia de Pequenos Burgueses no Teatro de Arte de Moscou, e a peça obtém um grande sucesso, mesmo com os cortes impostos pela censura.(...)
LEIA MAIS SOBRE GORKI:
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1ximo_Gorki
O suicídio como protesto - SYLVIO BACK (escreve sobre Stefan Zweig)
O suicídio como protesto
Por Sylvio Back
Não é de hoje que o tema da "morte voluntária" me fascina. Desde a juventude. Talvez porque eu mesmo seja filho de um suicida, ainda que eu só viesse a saber do trágico destino deste judeu húngaro, que se envenenou no Rio de Janeiro em 1950 e pelo gesto, como escarmento aos seus, foi enterrado do lado de fora do cemitério, - já homem feito.
Certamente alguma "osmose cármica" tenha pairado no ar nesses anos todos de ignorância e censura familiar. Sempre curti ler biografia de suicidas, noticiário de imprensa, suas cartas de adeus, as razões e as desrazões do ato, a minudicente e produzida encenação da morte, a teatralização de quase todos, solitários performers sem platéia alguma, a não ser o prazer de antecipar-se à natureza e flertar com o infinito.
Em 1984, realizando o doc "O Auto-Retrato de Bakun" sobre o suicídio do genial pintor paranaense, Miguel Bakun, me vali do transe mediúnico como instância de uma, digamos, "não-história memorial", para ir ao âmago do mistério. Cheguei, sim, muito perto de perguntas irrespondíveis, mas também perto e perdido em respostas mágicas que atiçaram ainda mais o desejo em penetrar no mistério da morte procurada de Stefan Zweig.
Calabouço do próprio sentido do viver, aquela irresistível "atração para o nada" (Albert Camus) que alguma vez em nossas vidas todos sentimos, o suicídio é sempre um gesto insondável. Diria que ele é própria metáfora do indizível e do indecifrável. Em "Lost Zweig" jogo com a liberdade poética de que o suicídio, por mais planejado ou tresloucado que seja, é sempre a irrupção de uma volúpia quase erótica instalada no íntimo da pessoa como se um vírus fora. Um dia, ele emerge e pronto. Quase como um poema: você não premedita, simplesmente comete!
Parto dessa premissa não apenas pela impecável e premonitória descrição que Zweig faz do suicídio na biografia do dramaturgo alemão, Heinrich von Kleist (1777-1811), que convidou a sua melhor amiga para se matarem juntos, mas por ter fracassado em convencer a primeira mulher, Friderike, a morrer com ele em 1921. Quatro anos mais tarde publica a biografia de Kleist. E vinte e um anos depois, a segunda esposa, Lotte, não lhe trai a compulsão e a aposta existencial de que "quanto mais voluntária a morte, mais bela ela é" - Zweig fazendo suas as palavras de Montaigne, sobre quem investigava em Petrópolis.
Como o sonho, a "auto-morte" tem o estranho dom de permanecer desdatada. Nem com o passar dos anos ela se torna mais transparente ou, na melhor das hipóteses, menos opaca. Ao contrário, o imaginário só cresce, maximiza e engessa a sombra do que fica para sempre irrevelado. Pior ainda, de tempos em tempos como que vai atualizando a tragédia. A fria e premeditada queda dos Zweig rumo à imortalidade é paradigmática nesse sentido. Daí ainda hoje despertar tanta curiosidade e perplexidade.
Foi a partir da publicação da biografia, "Morte no Paraíso", do jornalista e escritor, Alberto Dines, em 1981, que a idéia de realizar um filme sobre o famoso autor de "Brasil, País do Futuro" foi tomando forma. É que Dines, dedicando-se a esmiuçar a "vida brasileira" do casal Stefan Zweig, soube com rara habilidade entrelaçar os angustiantes meses que antecederam à morte dele, aos sessenta anos, juntamente com a jovem esposa, Lotte, de apenas trinta e três, e todo o seu passado europeu e o próprio ato terminal em Petrópolis (RJ). Como o assunto e o personagem me desafiavam há anos, comprei os direitos de filmagem. Após as primeiras versões em português, incorporei ao projeto o engenho do roteirista irlandês, Nicholas O`Neill, e juntos o reescrevemos diretamente para o inglês. Da nossa parceria de cinco anos, inúmeros tratamentos, frutificou o roteiro agora filmado.
Quanto maior a traição ao livro que inspira um filme - melhor para ambos. Cinema é visibilidade, literatura - invisibilidade. Mas, não tivesse lido "Morte no Paraíso", jamais teria escrito o roteiro de "Lost Zweig". E mais, não tivesse entrevistado Alberto Dines e os macróbios amigos de Zweig (entre eles, o editor, o advogado e o tradutor) para o doc "Zweig: A Morte em Cena", que realizei em 95 para a TV alemã 3sat, "Lost Zweig" teria sucumbido à tentação da mera biografia factual. Junto às minhas próprias pesquisas, os depoimentos tomados em Petrópolis e no Rio de Janeiro me abriram ainda mais o conhecimento escamoteado em torno do cotidiano (e da morte) do escritor e de sua mulher. Desde o polêmico visto de permanência concedido pela ditadura Vargas, ostensivamente anti-semita, à tensão entre as recordações da "dourada era da segurança" européia pré-Hitler e a nostálgica ilusão de reencontrá-la no Brasil, do drama conjugal às aventuras eróticas e à bissexualidade dele, esta sempre omitida ou não intuída, aliás, chave para a compreensão de inúmeros de seus personagens.
Ainda que desça ao inferno moral de Stefan Zweig e de Lotte, na ilusória tentativa de preencher os inúmeros "buracos" negros que foram sendo deixados sem resposta ao longo dos seis meses que o casal passou no Brasil, "Lost Zweig" não vai atrás de explicações ou justificativas, como também não condena o suicídio. Apenas lhe dá a dimensão ontológica e ética que o próprio ato em si guarda.
A modernidade de Stefan Zweig pode ser medida pela sua incoercível vocação libertária, condenando todo e qualquer regime autoritário, qualquer Estado que interferisse na criação do artista e na ampla e irrestrita circulação de suas obras. Depois, aqui, no Brasil, junto aos poucos amigos costumava dizer que jamais deixava de sonhar com uma Europa sem passaporte, com moeda única, onde se pudesse viajar sem barreiras, respeitando a cultura e a língua de cada país. Como todos os poetas, Stefan Zweig era um visionário. Geralmente, cada um do seu jeito, o mundo os expele, só que as suas idéias e o seu imaginário resistem ao tempo e terminam por serem confrontados com a história. A posteridade acabou premiando a sua premonição.
"Lost Zweig", no entanto, antes que um mergulho no "suicídio", é um filme sobre a dor do exílio, a perda da língua-pátria e a compaixão. Filho de imigrantes, pai judeu húngaro e mãe alemã, sou testemunha desse sentimento, seja junto aos meus pais, seja junto a outros imigrantes que freqüentavam a nossa casa e os que conheci ao longo da vida. A dor do exílio é um sentimento voraz e sorrateiro, se parece a um incêndio de cinemateca - inextinguível. Passam os anos, as pessoas se naturalizam, se "abrasileiram", mas a sensação do despaisamento continua ali, introjetada como um segundo coração, uma "segunda" memória afetiva e cultural.
Pressinto que "Lost Zweig" reproduz o mesmo olhar de compaixão com que Zweig via a humanidade afundada no racismo, na intolerância, na imposição do pensamento único. A solidariedade a este pacifista encurralado é o mote do filme: flagrar a vida e a obra de um livre pensador, um homem eqüidistante das ideologias e palavras de ordem do seu tempo. Stefan Zweig, ao tentar junto ao ditador Vargas um território para homiziar os milhares de judeus caçados na Europa, acabou vítima do seu "paraíso", que é como chamava o Brasil, um país em forma de harpa, por isso tão musical - escreveu.
Stefan Zweig se mata pelos outros, pelos seus - fugitivos do nazismo, pela civilização sob ameaça da perda completa da liberdade de opinião, pelo direito de ir e vir. Essa perspectiva se torna insuportável para ele, especialmente, em fevereiro de 42: o Brasil rompe com o Eixo, abandonando sua neutralidade, os primeiros navios mercantes brasileiros são postos a pique, e a Europa invadida parecia impotente diante da barbárie hitlerista. Sua auto-morte, acompanhada pela jovem esposa, Lotte, é um ato de extrema coragem, talvez por isso, executado com requintes estéticos, até de poesia. O suicídio como protesto moral, como revolta política, como um "basta" contra toda e qualquer ditadura, como um chamamento à resistência, nem que seja através da própria imolação.
*Sylvio Back é cineasta, poeta e escritor. Filho de imigrantes húngaro e alemã, é natural de Blumenau (SC). Ex-jornalista e crítico de cinema, autodidata, inicia-se na direção cinematográfica em 1962, tendo escrito, dirigido e produzido até hoje trinta e seis filmes - entre curtas, médias e dez longas-metragens, esses, a saber: "Lance Maior"(1968), "A Guerra dos Pelados" (1971), "Aleluia,Gretchen" (1976), "Revolução de 30" (1980), "República Guarani" (1982), "Guerra do Brasil" (1987), "Rádio Auriverde" (1991), "Yndio do Brasil" (1995), "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro" (1999) e “Lost Zweig” (2003).
Tem editados vinte livros - entre poesia, ensaios e os argumentos/roteiros dos filmes, "Lance Maior", "Aleluia, Gretchen", "República Guarani", "Sete Quedas", "Vida e Sangue de Polaco", "O Auto-Retrato de Bakun", "Guerra do Brasil", "Rádio Auriverde", "Yndio do Brasil", "Zweig: A Morte em Cena" e "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro" (tetralíngüe).
Obra poética: "O caderno erótico de Sylvio Back" (Tipografia do Fundo de Ouro Preto, MG, 1986); "Moedas de Luz" (Max Limonad, SP, 1988); "A Vinha do Desejo" (Geração Editorial, SP, 1994); "Yndio do Brasil" (Poemas de Filme) (Nonada, MG, 1995); "boudoir" (7Letras, RJ, 1999); “Eurus” (7Letras, RJ, 2004); e “Traduzir é poetar às avessas” (Langston Hughes traduzido) (Memorial da América Latina, SP, 2005).
Com 71 láureas nacionais e internacionais, Sylvio Back é um dos mais premiados cineastas do Brasil.
FONTE : http://www.cronopios.com.br/blogdotexto/blog.asp?id=1120.
"ALBERTO DINES" - LIVRO:Morte no Paraíso - a tragédia de Stefan Zweig
Alberto Dines, um dos responsáveis pelas grandes transformações que a imprensa tem conhecido no Brasil, é pesquisador senior do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp e coordenador do Observatório da Imprensa on-line e pela TV. Autor de diversos livros, tem desenvolvido um trabalho sistemático em pesquisas biográficas, área em que publicou o excelente Morte no Paraíso - a tragédia de Stefan Zweig, em 1981, pela Nova Fronteira, preparando atualmente sua terceira edição. Stefan Zweig, escritor, autor de Brasil país do futuro, considerava-se grande amigo de Freud. Fugido da perseguição nazista, refugiou-se na Inglaterra e no Brasil, onde suicidou-se após 6 meses. Foi a partir do texto dessa biografia que aconteceu a entrevista com Alberto Dines.
Com Ciência - O seu livro Morte no Paraíso - a tragédia de Stefan Zweig, é uma biografia preciosa e apaixonada de um homem e de um autor também apaixonado, com um sentido de missão intelectual e existencial muito fortes. Há alguma identificação, neste sentido, entre o biógrafo e o biografado?
Dines - Identificação não vem pronta, ela faz-se, vai acontecendo. Neste processo, conta tanto a admiração como a rejeição. Há coisas em Zweig que sempre me deixaram irritado, outras são tocantes. Sobretudo o seu medo.
Com Ciência - Stefan Zweig, mais do que uma grande amizade, tinha por Freud uma verdadeira veneração, que aliás incomodava o psicanalista. Você acredita que o fato de Stefan Zweig não ter conseguido seduzir inteiramente Freud, tenha produzido nele um sentimento de frustração que viria a contribuir com o seu suicídio?
Dines - Stefan venerava grandes figuras. O caçador de almas - como foi chamado - fascinava-se com os gigantes. E a alguns ele incomodava (cito dois: Hoffmannstahl e Thomas Mann). Mas com Freud foi diferente,o Pai da Psicanálise - et pour cause - sabia perceber os movimentos íntimos do jovem amigo. Apreciava (ou precisava ?) desta veneração. Mas entre as causas do suicídio de Zweig eu não incluiria a frustração por não ter seduzido Freud. Afinal, Zweig e o discípulo Ernest Jones foram escolhidos como os únicos oradores na cerimônia fúnebre de Freud. É uma homenagem que não deixaria ninguém sentir-se rejeitado.
Com Ciência - Stefan Zweig, no entanto, era "paciente só de carteirinha" de Freud, como você mesmo registra no seu livro. Nessa relação analítica ocasional Freud não teria tido a sensibilidade de perceber os mecanismos do grande conflito que sempre acompanhou Zweig?
Dines - Impossível perceber tendências suicidas numa relação protocolar, embora amistosa. Viena era muito formal, cheia de divisões e distâncias. As tensões íntimas de Zweig não poderiam aparecer à distância. Não existe nenhuma comprovação de que Zweig tenha sido paciente de Freud mesmo de forma fugaz (como foi o caso de Gustav Mahler). Há apenas insinuações e suposições. Sabe-se que Mme. Freud não aprovou o segundo casamento de Zweig com uma mulher muito mais jovem. Mas isso tem muito a ver com os próprios problemas dela.(...)
LEIA NA ÍNTEGRA EM:
http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/sobre_dines/zweig.htm
"Stefan Zweig"- BRASIL,PAÍS DO FUTURO (clique aqui e leia o ebook)
Brasil, País do Futuro
Agosto de 1936, Stefan Zweig, escritor mais traduzido do mundo na época, chegou ao Brasil. Stefan Zweig era muito lido na URSS, Europa, EUA e América do Sul. Zweig era nascido e criado em Viena, autor de biografias, novelas e romances, veio ao Brasil, a convite do governo Getúlio Vargas, ficou dez dias no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1940, retornou ao Brasil, escapando da 2 ª Guerra Mundial. Ficou seis meses no país, em janeiro de 1941, viajou para Nova York, para finalizar o livro “Brasil, País do Futuro”, que descrevia os encantos e impressões que Zweig assimilou em terras brasileiras. O livro foi lançado em 6 idiomas em agosto de 1941. O livro “Brasil, País do Futuro” propagou nosso país em todo o mundo, só em nosso país o livro vendeu mais de cem mil exemplares. Em épocas de Estado Novo e governo Getulista, Zweig retornou à nossa terra pela terceira vez, na qual percebeu o nível de descaso governamental para determinadas urgências e investimentos, sem desmanchar a positiva impressão que adquiriu em viagens e pesquisas anteriores. Zweig e a esposa, Lott Zweig, foram morar em Petrópolis até o fim da Segunda Guerra Mundial, temiam todo o tempo o holocausto que avançava pelo velho mundo. Em virtudeda solidão e do afastamento das terras de origem, o casal Zweig suicidaram-se em 23 de fevereiro de 1942, por sentirem não poder mais esperar por melhores dias.
http://www.infoescola.com/livros/brasil-pais-do-futuro/.
LEIA O LIVRO NO eBook Libris:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/paisdofuturo.html
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
J.G. deAraújo Jorge _ A festa triste ...
Não, o Natal não é uma festa alegre,
é uma festa triste.
De repente
as crianças (logo as crianças!)
separam o mundo em duas metades
desiguais:
- de um lado, a abastança, indiferente ou piedosa;
do outro, a necessidade, a mendigar seus restos
como há milênios faz...
As crianças (logo as crianças!)
Algumas com presentes, brinquedos, esperanças,
e as puras alegrias que o bom Velhinho
lhes traz do céu;
outras, sem terem nada, e mesmo tendo pais,
são "órfãos do Natal",
não tem Papai Noel...
Não. Neste mundo como está,
(neste mundo profano
que a um olhar mais humano
não resiste),
o Natal pode ser uma festa,
(quem contesta?)
mas é uma festa triste...
( Poema de J. G. de Araujo Jorge
in " O Poeta Na Praça " - 1981 )
Vinícius de Moraes - Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrela a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.
Vinícius de Moraes
(1913-1980)
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Escultor Frans Krajcberg critica o vazio artístico
Frans Krajcberg critica o vazio artístico
Por Thays PradoPlaneta Sustentável - 01/12/2008
No dia 29 de novembro, o precursor da arte ecológica no Brasil, Frans Krajkberg, participou de uma mesa redonda na Oca, no Parque do Ibirapuera (SP), onde expõe, até 14 de dezembro, 65 esculturas e 40 fotografias que denunciam a destruição da Amazônia e dos povos da floresta.Ao lado do ambientalista Fábio Feldman e da artista plástica Floriana Breyer, Krajcberg disse que esta é a primeira vez na história da humanidade em que estamos discutindo a saúde do planeta. “E o homem ajudou muito a machucá-lo. Em 92, falamos sobre os desertos, mas eles continuam crescendo e nada foi feito. Vai faltar água e oxigênio. No Brasil, estão acontecendo coisas que nunca aconteceram antes e ninguém se pergunta o que há de errado”, se indigna. O artista conta que, depois da 2ª Guerra Mundial, jurou que fugiria dos homens, mas não conseguiu. Então, resolveu trazer mais consciência para as pessoas. Durante sua fala, ele se mostrou preocupado com o futuro que deixaremos às crianças, mas se mostrou esperançoso com a eleição de Barack Obama e a possível assinatura dos EUA na segunda fase do Protocolo de Kyoto. Krajcberg criticou o vazio absoluto em que se encontra o movimento artístico, entregue à dominação do mercado desde o final do século passado. Ele lembrou que, no início do século 20, a arte estava completamente atrelada à política e abria portas para as mudanças. Hoje, na opinião dele, apenas a fotografia serve de denúncia à barbárie. Quando questionado sobre o significado de sua arte, responde: “Na Amazônia, vi três montanhas de lixo esperando para serem queimadas e vi centenas de índios mortos pendurados em árvores, que arte eu devo fazer? Eu gostaria de pegar aquelas três montanhas e mostrar que a minha revolta é enorme”.
"A ECONOMIA DO NORDESTE INVENTA A SECA" - O SOCIÓLOGO FRANCISCO DE OLIVEIRA E SEU LIVRO "OPERAÇÃO NORDESTE"
16/05/2008
‘A economia do Nordeste inventa a seca’
Em ciclo sobre o pensamento de Celso Furtado, o sociólogo Francisco de Oliveira, seu colega na Sudene, destaca a visão de desenvolvimento do Nordeste do estrategista, a quem nomeia de “Dom Quixote”
Marina Lemle
Celso Furtado era Dom Quixote e seus técnicos, o exército de Brancaleone. Assim o sociólogo Francisco de Oliveira define o mentor da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e seus assessores, entre os quais se inclui, no fim dos anos 1950, início dos 60.
“Celso era um visionário, e nós, 20 amalucados, reformistas fantasiados de revolucionários”, afirmou o professor titular aposentado da USP em palestra realizada em 15 de maio, no Rio. A empreitada dos técnicos desenvolvimentistas em prol do Nordeste terminou com o golpe militar, quando alguns, como Oliveira, foram presos, e outros, como Furtado, forçados ao exílio.
Na palestra “A questão Nordeste”, parte do Ciclo sobre o pensamento de Celso Furtado promovido pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, Francisco de Oliveira destacou a importância do livro A Operação Nordeste, de 1959, “que vai da economia à política e depois volta para a economia”. “É a política que governa a economia”, atesta.
Para Oliveira, A Operação Nordeste é a obra prima de Celso Furtado, mais do que O mito do desenvolvimento econômico. Ele ressaltou que Furtado nunca foi autonomista, jamais tendo concebido o Nordeste como fora do Brasil, mas sim como uma região dentro do país.
“No livro, no capítulo 11, que fala do sistema econômico nordestino, ele inverte o tema da seca: ela não causa a fragilidade do Nordeste, mas sim a sua economia causa a seca, tornando-a uma tragédia dos pontos de vista econômico e social. A economia do Nordeste inventa a seca”, disse.
Segundo Oliveira, Furtado tinha uma compreensão dualista, em que a economia nordestina funcionava de forma arcaica e avançada ao mesmo tempo. Ele enalteceu o fato do economista ter sempre evitado bater de frente com os usineiros da zona do açúcar e com os latifundiários, não fazendo um programa de reforma agrária, o que incomodou a esquerda.
“Era uma tática para chegar mais longe”, defendeu. O sociólogo explicou que, para Furtado, a terra não era o ponto nodal da contradição, e seria infrutífero colocar a questão. A seu ver, o problema no agreste era o minifúndio, e não o latifúndio, e sua estratégia era integracionista.
De acordo com o Oliveira, até a criação da Sudene, a seca era um instrumento de reivindicação, trazendo a corrupção que devastava os recursos e tornando invisíveis os esforços para melhoramentos regionais. “Os políticos do Nordeste controlavam o congresso e emperravam os processos. O 1º plano diretor da Sudene levou três anos para ser aprovado, em 1962, e não há nada de revolucionário nele. E liquidaram a lei de irrigação”, rememorou.
Apesar das dificuldades, o sociólogo tributa a Furtado os avanços conquistados na época. Uma das ações que provam o talento de Furtado como estrategista foi, para Oliveira, a incorporação ao Nordeste do estado do Maranhão, para onde migraram muitos nordestinos do semi-árido.
“A distância entre Celso e nós era enorme, ele tinha uma formação e uma experiência internacional que ninguém tinha. Ele tinha uma retaguarda intelectual formidável, mas negociava politicamente o tempo todo, e assim foi ganhando respeito e credibilidade nacional e internacional. É a política que move as alavancas”, concluiu.
Presente ao evento, o especialista em direito econômico e também ex-técnico da Sudene José Maria de Aragão foi convidado por Francisco de Oliveira a participar do debate. Ele destacou o caráter pioneiro e inovador da Sudene, qualificando-a como o projeto de política administrativa mais ousado do país. De acordo com Aragão, ao reunir num único fórum representantes do governo federal e governadores do Nordeste, foi possível que se mudasse da visão estadual para uma visão de cunho regional, formulada a partir da realidade nacional.
O Ciclo de Conferências O Pensamento de Celso Furtado se encerra em 27 de maio, às 16h, com a participação da professora Maria da Conceição Tavaresa e a exibição de um filme com entrevistas de Celso Furtado e de um documentário de 1961 sobre as a situação no Nordeste na época das Ligas Camponesas e da presença de Celso Furtado à frente da Sudene.
http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1625.